UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU DO INSTITUTO QUALITTAS CLÍNICA CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS
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1 UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU DO INSTITUTO QUALITTAS CLÍNICA CIRÚRGICA DE PEQUENOS ANIMAIS CORPO ESTRANHO GASTRINTESTINAL LINEAR EM CÃO RELATO DE CASO Renato Afonso Glaser Filho Curitiba, dez. 2008
2 RENATO AFONSO GLASER FILHO Aluno do Curso de Pós-graduação de CCPA RELATO DE CASO CLÍNICO CORPO ESTRANHO GASTRINTESTINAL LINEAR EM CÃO Trabalho monográfico de conclusão do Curso de Pós-graduação Lato Sensu em CCPA (TCC) apresentado a UCB como requisito parcial para a obtenção do título de especialista em clínica cirúrgica de pequenos animais sob a orientação do Prof. Rogério Ribas Lange. Curitiba, dez.2008
3 RELATO DE CASO CLÍNICO CORPO ESTRANHO GASTRINTESTINAL LINEAR EM CÃO Elaborado por Renato Afonso Glaser Filho Aluno do Curso de Clínica Cirúrgica de Pequenos Animais do Instituto Qualittas de Pós-graduação Lato Sensu - UCB Foi analisado e aprovado com grau: Curitiba-PR, de de. Membro Membro Professor Orientador / Presidente Curitiba, dez.2008 ii
4 Dedico este trabalho aos meus familiares, em especial a minha esposa e meus filhos pela paciência e horas de ausência. iii
5 Agradecimentos À minha família que muito me incentivou neste trabalho. Ao meu cunhado Daniel pela colaboração na parte de informática. Ao meu pai que sempre foi e será o meu espelho profissional. Ao meu orientador, professor e amigo Rogério Ribas Lange que gentilmente prestou seu apoio e orientação para que este trabalho pudesse ser concluído. iv
6 Chegará um dia em que o homem conhecerá o íntimo de um animal; neste dia, todo o crime contra um animal será um crime contra a própria natureza. Leonardo D Vinci v
7 RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo relatar um caso de corpo estranho linear associado à presença de verminose e corpo estranho pontiagudo em um cão da raça Dogue Alemão, 1 ano e 4 meses com histórico de emese, anorexia e caquexia; os quais foram diagnosticados e tratados, com sucesso, por meio de laparotomia exploratória associada à enterotomia segmentar. Palavras-chave: cão, emese, enterotomia. ABSTRACT: This study aims to report a case of linear foreign body associated with the presence of worms and foreign body in an acute-bridge dog's breed Dogue German, 1 year and 4 months with a history of emesis, anorexia and cachexia, which were diagnosed and treated, successfully, by exploratory laparotomy associated with enterothomies target. Key words: dog, emesis, enterothomies vi
8 SUMÁRIO Epígrafe...v Resumo...vi Abstract...vi Lista de Quadros... viii Lista de Figuras... viii Parte 1. Introdução Revisão de Literatura Anatomia Cirúrgica Fisiopatologia Sinais Clínicos Diagnóstico Diagnóstico Diferencial Tratamento Material e métodos Discussão Conclusão Referências bibliográficas vii
9 LISTA DE QUADROS: Quadro I - Hemograma completo (eritrograma/leucograma) Quadro II Bioquímica Sanguínea LISTA DE FIGURAS: Figura 1 - Alças intestinais pregueadas e distendidas por gás Figura 2 - Remoção de corpo estranho linear Figura 3 - Parasitas intestinais (Toxocara sp.) removidos por enterotomia Figura 4 Intussuscepção Figura 5 Enterorrafia Figura 6 - Omentalização após enterorrafia Figura 7 Celiorrafia Figura 8 - Sutura de pele viii
10 1 1- INTRODUÇÃO: Obstruções gastrintestinais por corpos estranhos são bastante freqüentes em cães devido ao seu comportamento alimentar. A abertura orofaríngea é maior que qualquer outro orifício no trato gastrintestinal. (FOSSUM, 2005). Em alguns casos, os objetos ingeridos detêm a passagem dos alimentos ou ficam presos, provocando transtornos graves (síndrome oclusiva). (COUTO & NELSON, 2001). Corpos estranhos lineares (barbantes, fios, tecidos, plásticos, fitas cassetes ou fitas metálicas) prendem-se proximalmente ao piloro, enquanto o restante passa para o intestino através do peristaltismo (BISTNER & FORD, 1997). Não existe nenhuma predisposição racial ou sexual; no entanto, gatos ingerem mais comumente corpos estranhos lineares que cães. A maioria tem menos de 4 anos de idade, sendo os animais jovens e brincalhões os mais propensos à ingestão de corpos estranhos. (FOSSUM, 2005). Os sinais clínicos dependem da localização, da duração da obstrução e da integridade vascular do segmento envolvido (FOSSUM, 2005), porém o vômito persistente é o mais comum (SLATTER, 2003). Podem estar presentes anorexia, depressão, dor e dilatação abdominal (COUTO & NELSON, 2001). O diagnóstico pode ser feito através de um exame clínico se o corpo estranho é palpável, porém geralmente é preciso fazer o exame radiológico. A ultra-sonografia e a endoscopia também são elucidativas em alguns casos (BISTNER & FORD, 1997).
11 2 A enterotomia é a indicação mais comum para a remoção dos corpos estranhos intestinais intraluminais que causam obstruções em cães em gatos. (BOJRAB, 2008).
12 3 2- REVISÃO DE LITERATURA: 2.1- ANATOMIA CIRÚRGICA: Em cães, os intestinos têm aproximadamente cinco vezes o comprimento do corpo (da cabeça ao início da cauda), com 80% correspondendo ao intestino delgado o qual consiste do duodeno, jejuno e íleo. O duodeno é a porção mais fixa, começando no piloro, à direita da linha média, estendendo-se por aproximadamente 25cm. Ele corre dorsocranialmente por uma curta distância, vira caudalmente na flexura duodenal cranial e continua à direita, como duodeno descendente. Depois, vira cranialmente na flexura duodenal caudal, onde se fixa o ligamento duodenocólico. O duodeno ascendente se situa à esquerda da raiz mesentérica. Em cães, os dutos biliar comum e pancreático se abrem nos primeiros poucos centímetros do duodeno, na papila duodenal maior. O duto pancreático acessório entra caudalmente a isso, na papila duodenal menor. O jejuno forma a maioria das alças do intestino delgado que se situam no abdômen ventrocaudal. Trata-se do segmento mais longo e mais móvel do intestino delgado. Começa à esquerda da raiz mesentérica, onde o duodeno ascendente vira para a direita, na flexura duodenojejunal. O íleo possui um vaso antimesentérico e tem aproximadamente 15cm de comprimento. Ele cruza o lado esquerdo para o direito em um plano transversal, através da região meio-lombar, caudalmente a raiz do mesentério, e se junta ao cólon ascendente, à direita da linha média, no orifício ileocólico. A raiz do mesentério fixa o jejuno e o íleo na
13 4 parede corporal dorsal. Ramos das artérias celíaca e mesentérica cranial suprem o intestino delgado. Os linfonodos mesentéricos se situam ao longo de vasos do mesentério. A artéria mesentérica cranial se ramifica para formar as artérias pancreaticoduodenal caudal, jejunal, ileocólica direita e cólica média. (FOSSUM, 2005). Ceco, cólon ascendente, cólon transverso, cólon descendente e reto são segmentos do intestino grosso. O cólon ascendente e o ceco se localizam no término do íleo. Em cães, o ceco é uma bolsa cega, em forma de S, localizada a direita da raiz mesentérica; em gatos, trata-se de uma bolsa cega, reta e curta. O ceco fica ventral ao rim direito, dorsal ao intestino delgado e medial ao duodeno descendente. Um vaso antimesentérico curto ajuda a identificar o cólon ascendente, que repousa à direita da raiz mesentérica. O cólon ascendente se comunica com o íleo por meio do orifício ileocólico, e com o ceco por meio do orifício cecocólico (aprox. 1cm caudalmente ao orifício ileocólico). O cólon ascendente curto vira da direita para a esquerda na flexura cólica direita (flexura hepática) e torna-se o cólon transverso, prosseguindo cranialmente à raiz mesentérica. O cólon vira caudalmente na flexura cólica esquerda (flexura esplênica) e torna-se o cólon descendente que é o segmento mais longo. Ele começa na esquerda, onde fica dorsal ao intestino delgado, e continua caudalmente à entrada pélvica. O intestino grosso continua pelo canal pélvico até o ânus, como o reto. O suprimento sanguíneo para o intestino grosso provém da artéria ileocólica (um ramo da artéria mesentérica cranial) e da artéria mesentérica caudal. Os ramos das artérias ileocólica e cólica esquerda se anastomosam. A
14 5 drenagem venosa espelha essencialmente o suprimento arterial. A veia mesentérica caudal é curta e entra na veia porta. Os nervos vago e pélvico suprem o cólon com inervação parassimpática. A inervação simpática é suprida a partir do tronco simpático paravertebral por meio dos gânglios simpáticos. (FOSSUM, 2005) FISIOPATOLOGIA: Muitos objetos podem assumir configuração linear, incluindo barbantes, fios, meias de náilon, panos, sacos, fitas metálicas, plásticos e fitas cassetes. Parte do objeto se aloja geralmente na base da língua ou no piloro e o restante avança para o interior do intestino. A medida que as ondas peristálticas tentam avançar o objeto, o intestino se franze ao redor dele, causando obstrução parcial ou completa. Peristaltismo prolongado pode fazer com que o objeto fique esticado, corte a mucosa e depois lacere a borda mesentérica do intestino. Podem ocorrer perfurações múltiplas. Tal perfuração causadora de peritonite se associa com alta mortalidade. Alguns animais com corpos estranhos lineares apresentam intussuscepções intercorrentes. (FOSSUM, 2008). Em casos de obstrução intraluminal completa, o intestino oral à lesão se distende com gás e fluido. O acúmulo de fluido é causado tanto por retenção de fluido no lúmen intestinal quanto por secreção de fluido pelas glândulas intestinais. Durante a obstrução, aumenta a secreção e diminui a absorção (as secreções normalmente são reabsorvidas no jejuno interior e no íleo). O acúmulo
15 6 de gás no intestino proximal à obstrução consiste de ar engolido e gás formado no lúmen por meio de fermentação. Quando as pressões intraluminais atingem 30mmHg (o normal é 2 a 4mmHg), ocorrem estases linfáticas e capilares; impedese a drenagem venosa quando as pressões atingem 50mmHg. O suprimento arterial não é afetado e a pressão hidrostática aumenta no leito capilar, produzindo um desvio de fluido puro para o interstício causando edema de parede intestinal. Finalmente, o fluido se desvia não somente para o interior do lúmen, mas também da serosa para o interior da cavidade peritoneal. Prejudica-se a circulação na mucosa e submucosa, o consumo de oxigênio diminui, ocorre desvio arteriovenoso e a mucosa fica isquêmica. Pode ocorrer necrose de parede no local obstruído. Se a barreira de mucosa normal for prejudicada por distensão e isquemia, a permeabilidade poderá aumentar com a migração bacteriana e a absorção de toxinas na circulação sistêmica ou na cavidade peritoneal ou em ambos os locais. (FOSSUM, 2005). Desidratação, anormalidades ácido-básicas e desequilíbrios eletrolíticos são seqüelas comuns de vômito, diarréia e seqüestro hídrico. Essas anormalidades deverão ser corrigidas antes da indução anestésica, se possível. A maioria das obstruções intestinais é distal aos dutos biliar e pancreático, resultando na perda das secreções biliares, pancreáticas e duodenais altamente alcalinas. A acidose metabólica geralmente ocorre a partir da perda desse conteúdo duodenal rico em bicarbonato. (BOJRAB, 2008). Corrige-se a desidratação com solução de Ringer lactato e indica-se uma suplementação de cloreto de potássio e de bicarbonato de sódio, dependendo do estado ácidobásico e do nível de potássio sérico do paciente.
16 7 No caso das obstruções pilóricas ou no duodeno proximal vomitam-se fluidos gástricos ricos em k +,Na +,H + e Cl - o que pode resultar em alcalose metabólica com hipocloremia, hiponatremia e hipocalemia. Preenchem-se as exigências hídricas de manutenção e corrige-se a desidratação com cloreto de sódio 0,9% suplementando com cloreto de potássio, dependendo do nível de potássio sérico pré-operatório.(bojrab, 2005; FOSSUM, 2008) Sinais Clínicos: Animais com obstruções intestinais incompletas causadas por corpos estranhos lineares intraluminais geralmente vomitam esporadicamente e ficam anoréxicos; pelo contrário, as obstruções intraluminais completas geralmente causam uma distensão intestinal aguda e sinais clínicos inflexíveis. (BOJRAB, 2005). Os sinais clínicos são variáveis e inespecíficos, embora sejam comuns vômito, diarréia, anorexia, depressão e/ou perda de peso. Dor e choque podem resultar de traumatismo, oclusão vascular ou obstrução intestinal completa. Vômito intenso, choque ou abdômen agudo sugerem mau posicionamento, isquemia, perfuração intestinal ou obstrução intestinal superior.(fossum, 2008).
17 DIAGNÓSTICO: O diagnóstico se baseia em anamnese, sinais clínicos, exame físico, radiografias, ultra-sonografias, dados laboratoriais, endoscopias e/ou biópsias. (FOSSUM, 2008). A obtenção de radiografias de abdômen é um dos primeiros procedimentos de diagnóstico tendo como meio de exame suplementar a ultra-sonografia. (KIRK & BISTNER R.FORD, 2007). As radiografias simples podem mostrar numerosas alças em corte transversal do intestino. Isso não é um sinal definitivo porque o hiperperistaltismo pode formar esta aparência. Um estudo contrastado mostra pregueamento ou agrupamento de alças do intestino delgado (aparência serpentiforme). Pode ocorrer perfuração, resultando em presença de gás livre e/ou peritonite. (TODD R. TAMS, 2005). A ultra-sonografia pode identificar objetos estranhos com margem hiperecóica com ou sem acúmulo de fluido. Ela também permite que se avalie a motilidade. Poucos corpos estranhos intestinais são identificados endoscopicamente, pois, raramente se consegue avançar o endoscópio além do duodeno descendente. No entanto, pode-se reconhecer corpos estranhos lineares alojados no piloro evitando a passagem do endoscópio para o duodeno. (FOSSUM, 2008). Anormalidades hídricas, eletrolíticas e ácido-básicas frequentemente são identificadas em contagens sanguíneas completas e perfis bioquímicos. (FOSSUM, 2008).
18 9 Realiza-se hemograma completo em todos os casos de abdômen agudo para determinar se há infecção com risco de morte ou coagulopatia, inclusive CID.O perfil bioquímico avalia a função de sistemas e órgãos sendo o lactato sérico um indicador da diminuição da perfusão dos órgãos, diminuição do aporte ou extração de oxigênio e glicólise anaeróbica nos órgãos. A laparotomia exploratória (celiotomia) é o melhor meio de exploração completa e confiável da cavidade abdominal.(kirk & BISTNER R.FORD, 2007) DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: O diagnóstico diferencial inclui todas as outras causas de obstrução intestinal: intussuscepção, vólvulo ou torção intestinal, encarceramento intestinal, aderências, estenoses, abscessos, granulomas, hematomas, neoplasias ou mau formações congênitas. Outra causa pode ser um íleo paralítico fisiológico que ocorre secundariamente a uma inflamação. (FOSSUM, 2008) TRATAMENTO: Alguns corpos estranhos passam por todo o intestino sem exigir terapia, mas a grande maioria necessita de tratamento cirúrgico. A enterotomia é o tratamento de escolha em vez de ressecção e anastomose, a menos que haja necrose ou perfuração intestinal.
19 10 Se um objeto linear se encontrar presente por longo período, poderá ficar incrustado na mucosa, necessitando de uma ressecção intestinal. Frequentemente são necessárias enterotomias múltiplas para remover corpos estranhos lineares.(fossum, 2008; BOJRAB, 2008). Poderá ocorrer laceração iatrogênica da borda mesentérica se a tensão excessiva fizer o objeto cortar a parede antes ou durante a extração. (FOSSUM, 2008).
20 11 3- MATERIAL E MÉTODOS: Foi atendido na Clínica Veterinária Pet Show em Curitiba um cão da raça Dogue alemão, macho, 1 ano e 4 meses de idade, 46kg, o qual apresentava emese, caquexia e anorexia. Proprietário relatou que o cão alimentava-se com ração super premium (Royal Canin) e que mesmo assim não engordava, relatou ainda, que a última dose de vermífugo foi há 5 meses não sabendo precisar qual. As fezes apresentam-se pastosas. O cão foi internado e submetido a exames complementares (hemograma completo, bioquímica sanguínea e ultra-sonografia abdominal exploratória). (Quadros I e II). Hemograma revelou linfopenia com presença de linfócitos reativos, a ultra-sonografia revelou presença de gás e líquido em grande quantidade no trato gastrintestinal com alças dilatadas e com presença de motilidade. Apresentava temperatura retal 38,4 o C. Permaneceu na fluidoterapia e medicação de suporte e diante da persistência da emese e face os exames realizados não terem sido conclusivos optou-se pela laparotomia exploratória para fins de diagnóstico/tratamento antes que o cão perdesse condição cirúrgica. Durante o procedimento cirúrgico foram constatadas alças do intestino delgado pregueadas e distendidas com a presença de gás (Figura 1); após enterotomia foi constatada a presença de corpo estranho linear (plástico e restos de cobertor) além de pedaços de balde plástico e presença de parasitas adultos (Toxocara sp.) em todo o trato intestinal (Figuras 2 e 3). Constatou-se ainda, a presença de uma intussuscepção (Figura 4) a qual foi corrigida prontamente. Devido à extensão do material optou-se pela enterotomia segmentar para evitar danos à mucosa intestinal durante a tração e remoção completa do
21 12 material ali localizado. A enterorrafia foi realizada com poliglactina 3-0 em plano único de sutura com pontos simples isolados transfixantes totais (Figura 5). A seguir foi efetuada a irrigação abundante das vísceras e da cavidade abdominal, omentalização das áreas de enterotomia (Figura 6), reposição das vísceras e celiorrafia com Poliglactina 1 em pontos de Sultan na linha alba e Poliglactina 0 no tecido subcutâneo (Figura 7). A pele foi suturada com mononylon (Figura 8).
22 13 QUADRO I: Hemograma Completo Eritrograma Eritrócitos 8.16 milhões/μl 5,5 a 8,5 Hemoglobina 18.1g/dl 12,0 a 18,0 Hematócrito 47% 37 a 53 VCM 57.6 u 3 60 a 77 HCM pg 19,5 a 24,5 CHCM % 30 a 36 Leucograma Leucócitos / mm a Neutrófilos 87% /mm 3 58 a 80% a Metamielócitos 0% 0/mm 3 0% e 0 Bastonetes 0% 0/mm 3 0 a 3% 0 a 510 Segmentados 87% /mm 3 66 a 77% a Eosinófilos 1% 165/mm 3 2 a 10% 120 a Basófilos 0% 0/mm 3 0 a 1% 0 a 170 Linfócitos 1% 165/mm 3 12 a 30% 720 a Monócitos 11% 1.815/mm 3 3 a 10% 180 a Plaquetas /mm a Proteína plasmática 7.4 g/dl 5,5 a 8,0 Obs: Linfócitos reativos +
23 14 QUADRO II : Bioquímica sanguínea ALT 82,0 UI/L 10 a 88 Amilase 601,7 UI/L 371 a 1222 Creatinina 1,09 mg/dl 0,5 a 1,5 Fosfatase Alcalina 132 UI/L 20 a 150 Glicose 77,8 mg/dl 60 a 110 Proteínas Totais 7,2 g/dl 5,4 a 7,7 Lipase 79,2 UI/L 15 a 250 Uréia 36,6 mg/dl 10 a 40
24 15 FIGURAS: Figura 1 Cão da raça Dogue alemão submetido à laparotomia exploratória após quadro de emese e prostração, onde foi constatada alças do intestino delgado pregueadas e distendidas com presença de gás. Figura 2 Cão da raça Dogue alemão submetido à enterotomia em alça de intestino delgado para remoção de corpo estranho linear (plástico,restos de cobertor).
25 16 Figura 3 - Parasitas intestinais (Toxocara sp.) removidos através de enterotomia no intestino delgado de um cão da raça Dogue alemão com quadro de obstrução gastrintestinal por corpo estranho linear (plástico, tecido). Figura 4 Intussuscepção (intestino delgado) em cão da raça Dogue alemão submetido à laparotomia exploratória seguida de enterotomia segmentar para correção de obstrução por corpo estranho linear.
26 17 Figura 5 - Plano único de sutura com pontos simples isolados transfixantes totais em alça de intestino delgado de cão da raça Dogue alemão após enterotomia para remoção de corpo estranho linear. Figura 6 Omentalização após enterorrafia de intestino delgado de cão da raça Dogue alemão submetido à enterotomia segmentar para remoção de corpo estranho linear.
27 18 Figura 7 - Celiorrafia com Poliglactina 1 em pontos de Sultan na linha alba e Poliglactina 0 no tecido subcutâneo de cão da raça Dogue alemão após laparotomia exploratória e enterotomia segmentar para correção de obstrução gastrintestinal por corpo estranho linear. Figura 8 Sutura de pele com mononylon em um cão da raça Dogue alemão submetido à laparotomia exploratória seguida de enterotomia segmentar para correção de obstrução gastrintestinal por corpo estranho linear.
28 19 A anestesia utilizada foi a inalatória com isoflurano sendo a indução com Propofol (5mg/kg). No pré-operatório optou-se pela enrofloxacina (5mg/kg) e no trans operatório foi utilizado o metronidazol (50mg/kg), Vitamina C, Fentanil (0,005mg/kg) e solução hipertônica. No pós-operatório o paciente permaneceu com a associação dos 2 antibióticos e foi continuado o protetor de mucosa gástrica, analgésico e antiinflamatório e feito uso do vermífugo injetável (ivermectina + cestodan). Após 48 horas da cirurgia iniciou-se dieta líquida (ração intestinal em lata diluída em água) mostrando-se o paciente alerta e com apetite (alimentação fracionada para evitar sobrecarga). Os pontos foram retirados 10 dias após a cirurgia e o paciente reavaliado e liberado.
29 20 4- DISCUSSÃO: A manipulação atraumática dos segmentos intestinais somada ao cuidado de não tracionar excessivamente o corpo estranho linear, são essenciais para evitar lesões iatrogênicas. (FOSSUM, 2002). Uma cicatrização intestinal ideal depende de bom suprimento sanguíneo, aproximação de mucosa precisa e traumatismo cirúrgico mínimo. A cicatrização intestinal geralmente é rápida, mas pode ser atrasada por fatores locais e sistêmicos tais como hipovolemia, choque, hipoproteinemia, debilitação e infecções intercorrentes.(fossum, 2008). As três fases da cicatrização são: intervalar, proliferativa e maturação. A fase intervalar ocorre até o 4º dia e se associa com inflamação e edema do intestino em cicatrização. Forma-se uma selagem de fibrina durante as primeiras horas; os macrófagos são importantes no debridamento de ferimentos e na produção de fatores de crescimento que modulam fibroplasia e angiogênese (fator de crescimento transformador B, fator de crescimento derivado de plaquetas, fator de crescimento epidérmico, citocinas). A fase proliferativa da cicatrização ocorre entre o 3º e o 14º dia. Ocorre um reparo fibroso acompanhado por um ganho rápido na força do ferimento. A força do local de reparo se aproxima da do intestino normal 10 a 17 dias após a cirurgia. A fase de maturação da cicatrização ocorre entre o 10º e o 180º dia. Durante essa fase, reorganiza-se e remodela-se o colágeno.(fossum, 2008). Deve-se reintroduzir gradualmente a alimentação normal, começando 48 a 72 horas após a cirurgia. O paciente em questão permaneceu por 7 dias com
30 21 alimentação líquida e depois 10 dias com alimentação pastosa passando então para ração intestinal seca por mais 30 dias. Foi orientado o proprietário a trocar os comedouros e bebedouros por outro material mais resistente e mesmo assim retirá-los após o paciente alimentar-se para evitar recidiva por ingestão dos mesmos. No retorno do paciente após 10 dias para retirada dos pontos e reavaliação o proprietário informou que o mesmo estava ativo, brincalhão, alimentava-se e defecava normalmente; não houve um ganho de peso significativo.
31 22 5- CONCLUSÃO: O diagnóstico de corpos estranhos lineares ou não nem sempre é possível através dos exames de rotina sendo a laparotomia exploratória muito útil nestes casos pois ao mesmo tempo que diagnostica já pode-se tratar o problema prontamente.a retirada de corpos estranhos é mais segura por meio da celiotomia e enterotomia segmentar, evitando lesões iatrogênicas por tração dos mesmos. Deve-se estimular ambulação e alimentação precoces para minimizar o risco do íleo paralítico. O prognóstico sem cirurgia é reservado, pois os animais podem morrer de choque hipovolêmico ou endotóxico, septicemia, peritonite ou inanição.
32 23 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: NELSON,R.W.; COUTO,C.G. Medicina interna de pequenos animais. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, BISTNER,S.; FORD, R.B. Manual de procedimentos veterinários e tratamentos de emergências. 6.ed. São Paulo: Roca, SLATTER,D. Textbook of small animal surgery. Third edition. WB. Saunders, FOSSUM, T.W. Cirurgia de pequenos animais. 3.ed. São Paulo: Roca, BOJRAB, M.J. Técnicas atuais em cirurgia de pequenos animais. 3.ed. São Paulo: Roca, TAMS, TOOD R. Gastroenterologia de pequenos animais. 2.ed. São Paulo: Roca, FORD, RICHARD B.; MAZZAFERRO, ELISA M. Manual de procedimentos veterinários e tratamento emergencial segundo Kirk e Bistner. 8.ed. São Paulo: Roca, 2007.
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