PONTO 1: Continuação sobre Serviço Público PONTO 2: Responsabilidade Civil do Estado 1. CONTINUAÇÃO SOBRE SERVIÇO PÚBLICO

Transcrição

1 1 DIREITO ADMINISTRATIVO PONTO 1: Continuação sobre Serviço Público PONTO 2: Responsabilidade Civil do Estado 1. CONTINUAÇÃO SOBRE SERVIÇO PÚBLICO Formas de extinção da concessão e permissão: o art. 35 da Lei 8.987/95 traz a lista das formas de extinção da concessão. Para a permissão, o art. 40 da Lei 9.987/95, dá a entender que se aplicam as mesmas formas da concessão. Lei 9.472/97 Marco regulatório da telefonia, art. 122 até o art. 124, auxiliam na construção das causas de extinção. a) Advento do termo contratual; b) Encampação apenas na concessão. Na permissão basta a revogação, porque o vínculo é precário; c) Caducidade na concessão e permissão. Em tese, decretar a caducidade é ato discricionário, art. 38. Excepcionalmente é vinculado, conforme art. 27 da Lei 8.987/95. d) ANULAÇÃO É forma de extinção unilateral da concessão e da permissão, por decisão do poder concedente após comprovar vício essencial presente no contrato. Anular contratos com vício essencial é uma obrigação. Anulação de ato e de contrato é a mesma coisa. Art. 35 da Lei 8.987/95 Não conceitua a anulação. Lei 8.666/93, no art. 59, conceitua a anulação. Lei 9.472/97, art. 122 trata da anulação na permissão. e) RESCISÃO AMIGÁVEL OU JUDICIAL Art. 39 da Lei 8.987/95. É forma de extinção da concessão e da permissão. A rescisão judicial viabiliza o particular a desincumbir-se das obrigações do contrato, mas dependerá de sentença transitada em julgado. Não se aplicam os prazos da lei de licitações, por exemplo: mais de 90 dias (art. 78, XIV e XV da Lei 8.666).

2 2 e) FALÊNCIA OU EXTINÇÃO DA CONCESSIONÁRIA Aplica-se tanto para a concessão quanto para a permissão. 2. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO Art. 37, 6º da CF. As pessoas jurídicas de direito público e as pessoas jurídicas de direito privado que prestam serviço público deverão responder pelos danos que seus agentes causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso nos casos de dolo e culpa. Particular pode propor Ação de indenização contra: União, Estado, Município, Distrito Federal, Autarquia, Fundação, Associação Pública, Empresa Pública, (que presta serviço público), Sociedade de Economia Mista (que presta serviço público), Concessionárias e Permissionárias. Esses entes e entidades podem propor Ação de Regresso contra o agente causador do dano. O dano pode decorrer de: a) Atos lícitos Não basta o prejuízo econômico para, do ato lícito da Administração, decorrer direito à indenização. Ex1: Prefeitura, que não tem sede própria, loca um prédio, por conseqüência, nasce um bairro novo em torno deste prédio, pessoas investem naquele entorno. Prefeitura se muda daquele prédio locado. Há um prejuízo econômico para essas pessoas que investiram, mas não há direito a indenização. Ex2: Cidadão compra um imóvel em área nobre, Prefeitura decide construir um loteamento popular no terreno ao lado, neste caso, há uma desvalorização do imóvel, mas não há direito a indenização. Ex3: Em frente a casa do cidadão há um terreno baldio, o Estado resolve instalar um presídio neste terreno, não decorre direito a indenização. Decorreria direito a indenização se, por exemplo, fosse mal planejado o presídio, se ele apresentasse problemas de esgoto, se não atendesse a demanda, impossibilitasse o sinal da rede de telefonia móvel. Ex4: viaduto construído em frente ao prédio, cabe indenização, pois certamente aumentará o barulho, a poluição, causando muito mais do que prejuízo econômico. Pelo menos quatro variáveis devem estar presentes para, do agir lícito, decorrer direito a indenização: a.1) a existência de um prejuízo;

3 a.2) a existência de um grupo determinado ou determinável de pessoas atingidas (dano específico); a.3) circunstância que possa ser considerada incomum (dano extraordinário); a.4) A restrição ou supressão de algum outro direito individual ou coletivo, além do prejuízo econômico. Ex1: no caso do loteamento popular que é construído ao lado de uma área nobre, há prejuízo econômico; um número determinado de pessoas é atingido; é um evento inesperado, incomum; mas não há uma restrição ou supressão de algum outro direito individual ou coletivo pelo simples fato de o loteamento existir. Todavia, se não foi bem planejado o empreendimento, causando outros prejuízos, como o meio ambiente sadio, cabe indenização. Ex2: No caso de um presídio construído a 1 km de poucas casas, também não há o requisito da restrição ou supressão de algum outro direito individual ou coletivo. O direito a segurança é um direito individual previsto no art. 5º, caput da CF; é um direito social previsto no art. 6º da CF; é um valor, pois está no preâmbulo, mas o direito a segurança não foi atingido pelo simples fato de o presídio ter sido construído. Ex3: No hipótese do viaduto, o poder público se antecipa e verifica quais construções não receberiam o alvará de licença pra construção caso o viaduto já estivesse construído, indenizando-os. Os outros atingidos podem demonstrar que foram afetados. Nesse exemplo, se tudo der certo, o meio ambiente será atingido, cumprindo assim o quarto requisito da restrição ou supressão de algum outro direito individual ou coletivo. Precedente: STF, RE A indenização em virtude de ato lícito tem relação direta com o princípio da igualdade, já a indenização em virtude de ato ilícito está relacionada ao princípio da legalidade. b) Atos ilícitos Como regra geral, o preceito inscrito no art. 37, 6º da CF, não exige que o agente público tenha agido no exercício de suas funções, mas sim na qualidade de agente público. Ex: Servidor não está no local de trabalho, não está fardado e empresta a arma da corporação para terceiro matar outro. Caso 1: STJ, Resp : PROCESSUAL CIVIL RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS PRISÃO ILEGAL ATO ILÍCITO PRATICADO POR AGENTE PÚBLICO ABUSO DE AUTORIDADE DENUNCIAÇÃO À LIDE DIREITO DE REGRESSO VIOLAÇÃO DOS ARTS. 165, 458E 535 DO CPC: INEXISTÊNCIA. 1. Os embargos de declaração devem apresentar razões que estejam correlatascom os pontos indicados como omissos ou contraditórios do recurso 3

4 especial, a pretexto de violação do art. 535 do CPC, sob pena de inovação na lide. 2. Inexistindo omissão ou contradição e estando bem fundamentado o acórdão afasta-se a alegação de contrariedade aos arts. 165, 458 e 535 do CPC. 3. O direito de regresso fica garantido ao Estado na medida em que reconhece tenha o agente público agido com dolo. 4. Recurso especial improvido. Caso 2: STF, RE e RE Para o STF, na agressão praticada por soldado, com a utilização de arma da corporação militar, contempla a incidência do art. 37, 6º, mesmo porque, não obstante fora do serviço, foi na condição de policial militar que o soldado foi corrigir as pessoas. Essa mesma orientação predomina nos casos em que o agente público empresta arma para terceiro que causa dano, posteriormente, a um administrado (STF, RE ). Em regra geral, para os danos causados por ação, sejam lícitas ou ilícitas, aplica-se a TEORIA DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA OU TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO. c) Omissões Distinção: c.1) Omissões específicas: geram a aplicação da Teoria da Responsabilidade Objetiva ou Teoria do Risco Administrativo. Nessas omissões, o poder público aparece bem próximo do evento, tendo inclusive condições ou pelo menos o dever de evitar. Ex1: Ocupação realizada pelos trabalhadores do MST em propriedade particular na presença de força pública (STF, RE ). Ex2: Suicídio de preso (STJ, Resp ). É dever do Estado proteger o preso, inclusive contra si mesmo. Todavia, se o Estado comprovar a culpa exclusiva do preso no seu suicídio, admite-se a exclusão da responsabilidade (STF, RE ). Ex3: Quando preso mata outro preso (sob os olhos de agente penitenciário). Precedente: STJ, Resp c.2) Omissões genéricas: geram a aplicação da Teoria da Responsabilidade Subjetiva ou Teoria da Culpa Administrativa. 4 evitá-lo. O poder público está distante do evento, mas mesmo assim teria o dever de Precedente: STJ, REsp Responsabiliza-se o Estado pelo não recolhimento de entulho acumulado na estrada, evitando que o mesmo atingisse casa próxima.

5 5 Nos atos lícitos, ilícitos e as omissões específicas aplica-se a Teoria da Responsabilidade Objetiva. Contra quem a ação é proposta? Art. 37, 6º da CF pessoas jurídicas de direito público ou direito privado que prestam serviços públicos. Essas pessoas jurídicas devem ser entes da federação (entidade política), entidades administrativas, concessionárias e permissionárias. Não cabe contra órgão público. Na hora de propor a ação, o art. 37, 6º da CF consagra dupla garantia: uma em favor do particular, possibilitando-lhe Ação Indenizatória contra a pessoa jurídica de direito público ou de direito privado que presta serviço público; além de uma outra, em favor do servidor estatal, que somente responde administrativa e civilmente perante a pessoa jurídica a cujo quadro funcional pertencer. Precedentes: STF, RE e STF, RE Quando a ação está baseada na Teoria da Responsabilidade Objetiva, o particular deve demonstrar: o dano e o nexo causal. O pólo passivo dessa relação processual possui pelo menos cinco argumentos para excluir a culpa. PERGUNTA. Existe nexo causal na hipótese de o preso ter fugido do presídio e praticado um homicídio no período em que estava foragido? Não, não caberia indenização conforme o STF, que utiliza noção semelhante a do direito penal para o nexo causal. No caso de os agentes estarem ainda na perseguição do preso em fuga, e este atropelar pessoas, o nexo causal perdura, cabe indenização. Prudente que se adote a orientação de que, se cessou a perseguição, encerrou-se também o nexo causal. Precedentes: Caso 1: A fuga do preso que causa dano em curto espaço de tempo, com direito à indenização: STF, RE Caso 2: Apenado deveria estar dormindo em albergue, mas Estado permitiu que ele dormisse em casa, inexiste nexo de causalidade, não existindo direito a indenização: STJ, REsp Caso 3: STF, RE A teoria adotada é a teoria do dano direto e imediato, também denominada Teoria da Interrupção do nexo causal. Caso 4: STF, RE A maioria dos argumentos do pólo passivo será atacado pelo nexo causal.

6 6 Argumentos possíveis do pólo passivo: a) culpa exclusiva do particular; Estado prova de que não houve nexo causal. b) Culpa concorrente; Estado prova que há outros nexos, outras causas, visa minimizar a indenização. c) Caso fortuito. Estado prova que não houve nexo causal. d) Força maior. e) Utilização da Teoria da Reserva do Possível.