Aula nº Embargos de Declaração Para Fins de Prequestionamento

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1 Página1 Curso/Disciplina: Direito Processual Civil (NCPC) Aula: 274 Professor(a): Edward Carlyle Monitor(a): Éllen Borges Lefundes Aula nº. 274 Embargos de Declaração Para Fins de Prequestionamento Nesta aula finalizaremos o estudo dos embargos de declaração para fins de prequestionamento. 1. Finalidade: o prequestionamento passa a ser uma condição sine qua non para a interposição de certos recursos, de modo que os embargos de declaração para fins de prequestionamento são manejados com a finalidade de presquestionar a matéria. Os Tribunais de 2 grau devem realizar o prequestionamento da matéria para que o STJ /STF ao analisar o recurso especial ou extraordinário respectivamente, tenha uma total compreensão da discussão realizada no 2 grau de jurisdição, as teses desenvolvidas, o que chega ao STJ/STF é a análise de possível violação de lei federal ou dispositivos da Constituição respectivamente. Esse prequestionamento exigido no âmbito dos Tribunais deve ser realizado no bojo de um acordão, por vezes, o acordão não realiza o prequestionamento ou não o realiza de maneira adequada, nos temos a necessidade da interposição de embargos de declaração. Esses embargos de declaração tem a finalidade precípua de provocar o prequestionamento da matéria pelo tribunal. O objetivo é forçar o tribunal a corrigir um vício, normalmente chamado de omissão, no prequestionamento. 2. Recursos extraordinários: O legislador constituinte estabeleceu que caberá ao Superior Tribunal de Justiça uniformizar a interpretação que se deva dar a legislação federal e caberá ao Supremo Tribunal Federal dar a ultima palavra acerca da interpretação e aplicação da Constituição Federal da República, ele limitou a análise do recurso especial e do recurso extraordinário, respectivamente, a cada um desses Tribunais. Então, o recurso especial é dirigido ao STJ, porque compete ao STJ interpretar, aplicar e uniformizar o entendimento acerca da lei federal no país. E o recurso extraordinário, por sua vez, é da competência do STF, porque cabe ao STF dar a última palavra acerca da aplicação e interpretação dos dispositivos da CF. Perceba que tanto no caso do STJ, quanto no STF tem-se a previsão na CF de que os recursos devem ser interpostos a causas decididas. Quando a CF estabelece que para a interposição do recurso especial (art. 105,

2 Página2 CF/88) ou do recurso extraordinário (art.102,cf/88) tem-se a necessidade de que as causas tenha sido decididas, isso significa que surge como requisito para análise desses recursos, o chamado prequestionamento. O prequestionamento é uma condição sine qua non para que seja possível admitir o recurso especial e o recurso extraordinário. Entende- se como causas decididas, em um primeiro momento, aquelas decisões contra as quais não são mais cabíveis nenhum recurso ordinário (recurso cujo objetivo é a proteção do direito subjetivo da parte). Os recursos, porventura cabíveis, são os chamados extraordinários (cuja finalidade primordial é a proteção do direito objetivo, ou seja, proteção da lei e da Constituição). Art Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição. d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. Art Compete ao Superior Tribunal de Justiça: III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) Julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. 3. Espécies de recursos extraordinários: As espécies são: recurso especial e recurso extraordinário. 4. Prequestionamento: é uma discussão prévia, dentro do processo, no âmbito dos Tribunais inferiores, antes de chegar ao STJ e ao STF a questão de lei federal ou constitucional que se constitui no objeto do recurso especial ou extraordinário a ser interposto perante o STJ ou STF, respectivamente. É preciso uma manifestação expressa do órgão competente acerca dessa questão de natureza federal ou constitucional, já que a causa tem que ser decidida, não bastando apenas que não seja mais passível de recurso ordinário, precisa da discussão e da manifestação do órgão competente. Sob a ótica da Constituição, o prequestionamento é exigido

3 Página3 na medida em que as causa tenha que ser decididas, mas essa exigência não é expressa, pois não encontra o prequestionamento sendo mencionado em outro lugar. Na verdade, trata-se de uma exigência implícita do prequestionamento pela Constituição. Embora seja uma exigência implícita, é considerada como perfeitamente cabível, partindo-se da premissa de que a Constituição estabelece que as causas devam ser decididas para que se proceda a análise pelo STJ ou STF, isso significa que as questões de natureza constitucional ou envolvendo lei federal precisam ter sido examinadas e decididas pelo tribunal. Somente assim, a discussão já estando plenamente formalizada, poderá chegar aos Tribunais Superiores completamente organizada para julgamento (análise da violação ou não da lei federal ou violação ou não de dispositivo da constituição). 5. Finalidade do prequestionamento: o prequestionamento tem a finalidade de proteger a competência que foi atribuída ao STJ e ao STF de fazer a uniforme, adequada e correta aplicação e interpretação da lei federal (STJ) e dos dispositivos da Constituição Federal (STF). 6. Tipos de prequestionamento: o prequestionamento pressupõe o debate prévio. Temos diferentes tipos de prequestionamento. Tradicionalmente é possível se falar em prequestionamento explícito e prequestionamento implícito. O prequestionamento explícito seria aquele que os Tribunais ao se manifestarem acerca da lei federal ou da questão constitucional, eles afirmam taxativamente quais são os dispositivos da lei federal ou da constituição que estão sendo objeto de debate e decisão. Já o prequestionamento implícito, apesar dos Tribunais não indicarem de maneira expressa quais são os dispositivos que trata daquele tema, é possível pela análise da tese jurídica desenvolvida no debate, saber os dispositivos que estão sendo objeto de análise. Existe ainda, de acordo com grande parte da doutrina, o prequestionamento ficto, no sentido de fictício. O prequestionamento ficto tem previsão no art do CPC. O art do CPC traz uma inovação no nosso sistema. A regra do art CPC aplica-se ao STJ e ao STF, autorizando-os a aceitarem o prequestionamento ficto, ou seja, mesmo que os embargos de declaração para fins de prequestionamento sejam rejeitados, ainda assim, os Tribunais Superiores podem considerar os elementos atinentes ao prequestionamento como incluídos no acordão, desde que identificados um dos vícios dos embargos de declaração (obscuridade, contradição, omissão ou erro material). Art , CPC: Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.

4 Página4 7. Embargos de declaração para fins de prequestionamento não tem caráter protelatório: De acordo com uma antiga súmula do STJ n 98, embargos de declaração para fins de prequestionamento não podem ser considerados protelatórios. Súmula 98 STJ - Embargos de declaração manifestados com notório proposito de prequestionamento não tem caráter protelatório. 8. Abrangência do prequestionamento: para a primeira linha de entendimento, o prequestionamento ocorre quando há alegação pelas partes de suposta violação a lei federal ou Constituição (o debate entre as partes). Já para uma segunda linha de pensamento, o prequestionamento para ser considerado válido, se exige a decisão do tribunal inferior acerca dos debates, de forma a viabilizar o prequestionamento. E a terceira linha de entendimento reúne as duas orientações anteriores, ou seja, além dos debates entre as partes, é preciso haver a manifestação do tribunal sobre a eventual violação da lei federal ou da Constituição. 9. Exercício do contraditório: No caso de surgir uma questão de ordem pública no tribunal existe previsão expressa no art. 933 do CPC, para que se resguarde o contraditório no âmbito das partes. É indispensável à observância do direito de contraditório das partes, antes do Tribunal dar início ao julgamento a questão, sob pena de alegação de nulidade. Na doutrina há quem defenda os embargos de declaração pós questionadores, contudo, não são admitidos. Art. 933, CPC. Se o relator constatar a ocorrência de fato superveniente à decisão recorrida ou a existência de questão apreciável de ofício ainda não examinada que devam ser considerados no julgamento do recurso, intimará as partes para que se manifestem no prazo de 5 (cinco) dias. 10. Embargos de declaração pósquestionadores: Na doutrina há quem defenda os embargos de declaração pós questionadores, contudo, não são admitidos. Trata-se de uma situação na qual inexiste alegação de suposta violação de lei federal ou da Constituição. Todavia, por meio dos embargos de declaração a parte procura questionar matéria de lei federal ou constitucional de forma a viabilizar a admissibilidade de recurso especial e posterimente de recurso extraordinário. São denominados de embargos de declaração pósquestionadores porque apresentam uma suposta violação a lei federal ou a Constituição que não foi objeto de debate prévio e por tal razão não foi decidida. Só que nos embargos de declaração, sob o argumento de prequestionamento, resolvem formular essa alegação.

5 Página5 11. Continua na próxima aula