ISOLAMENTO DE Escherichia coli DE LESÕES DE SACOS AÉREOS DE AVES ABATIDAS NO ESTADO DO TOCANTINS, BRASIL.

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1 ISOLAMENTO DE Escherichia coli DE LESÕES DE SACOS AÉREOS DE AVES ABATIDAS NO ESTADO DO TOCANTINS, BRASIL. Jayane Ricardo Monteiro da Silva 1 ; Sílvia Minharro 2 ; Helcileia Dias Santos 3 1 Aluno do Curso de Medicina Veterinária; Campus de Araguaína; ilmafofo@hotmail.com PIBIC/UFT 2 Orientador(a) do Curso de Medicina Veterinária; Campus de Araguaína; silviaminharro@gmail.com 3 Co-orientador(a) da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia; Campus de Araguaína; hdsantos@uft.edu.br RESUMO Neste trabalho foram analisados diferentes patotipos de Escherichia coli associados a Doença Respiratória Crônica das aves isolados de lesões de sacos aéreos, fenda palatina e traqueia de carcaças condenadas por aerossaculite e não condenadas no período de maio de 2011 a abril de 2012 em abatedouros com serviço de inspeção federal/estadual no Estado do Tocantins, com origem também de outros Estados. Utilizou-se para a detecção dos sorogrupos o teste de aglutinação em lâmina com os respectivos soros para cada sorogrupo. Foram estudados 60 lotes do qual destes 37 (61,66 %, 37/60) foram positivos para E. coli, sendo que a maior frequência foi de aves oriundas de Goiás com 54,05% (20/37) dos lotes positivos, seguido de 27% (10/37) do Distrito federal, 16,2% (6/37) do Tocantins e 2,7% (1/37) de São Paulo. Dos 37 lotes positivos foram isoladas 163 estirpes de E. coli, no qual 145 foram positivos para algum dos sorogrupos utilizados (88,96%, 145/163). Distribuídos 61,97% para grupo das Enteropatogênicas (EPEC), 22,08% para grupo de Enteroinvasoras (EIEC), 4,91% (8/163) para Enterohemorrágicas (EHEC) e 11,04 (18/163) não reagiram para qualquer um destes sorogrupos. Foi encontrado uma alta frequência de E. coli (61,66 %), associada com aerossaculite de aves abatidas no Tocantins, principalmente as provenientes do Estado de Goiás, enfatizando a presença de EHEC (4,91%). Palavras-chave: DCR; Escherichia coli; Sorogrupos. INTRODUÇÃO Na indústria avícola mundial, as doenças respiratórias continuam sendo as principais causas de perdas econômicas. Elas são frequentes em frangos de corte e variam na sua severidade. A doença respiratória, normalmente apresenta-se no campo como uma doença de etiologia complexa em que vários agentes atuam de forma sinérgica, agravando o quadro clínico das aves (GONÇALVES, 2005). No Brasil, alguns autores também já demonstraram a contribuição das enfermidades respiratórias no aumento do índice de condenações de carcaças em matadouros, além de afetarem as criações avícolas comprometendo os aspectos relacionados ao crescimento, a conversão alimentar e a uniformidade dos

2 lotes, no qual causam um impacto econômico, e consequentemente também no custo de produção de frangos de corte (MINHARRO et al., 2001; MACHADO et al., 2012;). Diversos patógenos podem estar implicados com as enfermidades respiratórias em frangos, porém a Escherichia coli (E. coli) (bactéria que faz parte da flora normal do trato respiratório das aves, sendo um agente oportunista que espera um fator para exacerbar sua patogenicidade), participa com frequência de tais enfermidades em associação ou não com outras bactérias, como os micoplasmas (PEREIRA, 2009). Pesquisas com cepas de E. coli de aves ainda são pouco realizadas, portanto necessitam de maiores estudos, uma vez que esta tem grande importância na produção e consequentemente na saúde pública, assim como também para um maior conhecimento da epidemiologia, que auxilia no desenvolvimento de métodos de diagnósticos, controle, prevenção e tratamento das doenças ocasionadas ou agravadas por essa bactéria. O objetivo do presente estudo é analisar quais os diferentes patotipos de Escherichia coli associados a Doenças Respiratórias Crônicas presentes em aves condenadas pelo serviço de inspeção federal (SIF) ou estadual (SIE) abatidas no Estado do Tocantins. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi realizada na Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal do Tocantins (UFT), no Laboratório de Microbiologia de Alimentos, município de Araguaína/TO. No qual, as amostras foram colhidas no período de maio de 2011 a abril de 2012 em abatedouros com serviço de inspeção federal/estadual no Estado do Tocantins, de lesões de sacos aéreos, fenda palatina e traqueia de carcaças condenadas por aerossaculite e não condenadas. Utilizouse para coleta swabs em dez carcaças por lote estudado. O qual foi transferido para um tubo de ensaio esterilizado contendo 0,9 ml de solução salina a 0,85% e armazenados em -20 C. Os swabs foram repicados em Ágar McConkey e incubados a 37 ºC por 24 horas. Para a detecção dos sorogrupos de E. coli foi realizado o teste de aglutinação em lâmina, em que para a determinação dos sorogrupos EHEC utilizou-se o soro anti E. coli O157 (PROBAC DO BRASIL), e para determinação dos sorogrupos EPEC foram utilizados os soros polivalentes anti E. coli enteropatogênica clássica (PROBAC DO BRASIL): Polivalente A: Anti O26, O55, O111, O119; Polivalente B: Anti O114, O125, O142, O158; Polivalente C: Anti O86, O126, O127, O128; e seus respectivos monovalentes. A determinação dos sorogrupos da E. coli Entero-invasiva EIEC (PROBAC DO BRASIL), deu-se também pelo soros Polivalente A: Anti- O28ac, O 29, O136, O144 e O152 e Polivalente B: Anti O112 ac, O124, O143,

3 O164 E Para aglutinação fez-se uma suspensão bacteriana na escala 10 8 de MacMaster sendo 10 µl da suspensão e 10 µl do anti-soro seguindo as recomendações do fabricante. Para avaliação dos resultados de identificação dos agentes envolvidos e a associação entre eles foram utilizados os testes de frequência absoluta e relativa (SAMPAIO, 2007). RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos 60 lotes estudados, 37 (61,66 %, 37/60) foram positivos para E. coli, sendo que destes a maior frequência foi de aves oriundas de Goiás com 54,05% (20/37) dos lotes positivos, seguido de 27% (10/37) do Distrito federal, 16,2% (6/37) do Tocantins e 2,7% (1/37) de São Paulo. Dos 37 lotes positivos isolou-se 163 estirpes de E. coli, no qual 145 foram positivos para algum dos sorogrupos utilizados (88,96%, 145/163). Distribuídos 61,97% para grupo das EPEC, 22,08% para grupo de EIEC, 4,91% (8/163) para EHEC e 11,04 (18/163) não reagiram para qualquer um destes sorogrupos (TABELA 1). Quanto a subdivisão dos patotipos de EPEC e EIEC, 32,52% (53/163) foi reagente para EPEC-A; 22,09% (36/163) para EPEC-B; 7,36% (12/163) para EPEC-C; 19,63% (32/163) para EIEC-A e 2,45% (4/163) para EIEC-B (TABELA 1). Tabela 1: Frequência (%) dos sorogrupos de E.coli isolados de aves abatidas no Tocantins de maio de 2011 a abril de EPECA EPEC B EPEC C EHEC EIEC A EIEC B Negativas TOTAL GO 33 (20,24%) 24(14,72%) 10 (6,13%) 5 (3,07%) 19 (11,65%) 2 (1,22%) 8 (6,75%) 85 (52,15%) TO 10 (6,13%) 8 (4,91%) 1 (0,61%) 1 (0,61%) 5 (3,07%) 1 (0,61%) 4 (2,45%) 30 (18,40%) DF 10 6,13%) 4 (2,45%) 1 (0,61%) 2 (1,23%) 7 (4,29%) 1 (0,61%) 2 (1,23%) 27 (16,56%) SP 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 0 (0,0%) 1 (0,61%) 0 (0,0%) 1 (0,61%) 2 (1,23%) TOTAL 53 (32,52%) 36 (22,09%) 12 (7,36%) 8 (4,91%) 32 (19,63) 4 (2,45%) 18 (11,04%) 163 (100%) Em estudos relacionados à frequência de E. coli em lotes de frangos abatidos sob SIF, demonstraram-se a importância econômica e sanitária destes agentes nas explorações avícolas intensivas no Estado de Goiás, onde a E. coli foi isolada em 80,64% dos lotes estudados com aves condenadas por aerossaculite (MINHARRO et al., 2001), valores estes acima do encontrado em nosso estudo.

4 Já Silva et al. (2011) isolaram a E. coli em 50% de aves condenadas por aerossaculite no Estado da Bahia, sendo a causa primaria em 23% das lesões e 37% associada a outras enterobacterias. Na região de São José do Vale do Rio Preto- RJ, em um mesmo estabelecimento avícola isolou-se 118 (98,33%) de E. coli em 120 frangos aparentemente sadios e em idade de abate, em que à necropsia 62 deles apresentavam problemas respiratórios, sendo a enfermidade associados com diminuição do peso das aves (GONÇALVES, 2005). Quanto aos sorogrupos, existem poucos trabalhos associados a aves, porém sabe-se que a EPEC (O26, O55, O111, O119, O114 e O125, O142, O158, O86, O126, O127, O128) é um importante microrganismo causador de gastroenterites em crianças e possui um número restrito de sorotipos; e as cepas de EIEC (O28, O29, O152, O112) são capazes de penetrar em células epiteliais e causar manifestações clínicas semelhantes às infecções causadas por Shigella (FRANCO; LANDGRAF, 2008). No Brasil, os sorogrupos mais prevalentes são: O2, O21, O36, O50, O 78, O88, O119 e O152 (FERREIRA; KNÖBL, 2009). Na Turquia, Kalin et al. (2012) identificou a E. coli O157 (EHEC) por PCR em 0,1% (1/1000) e 0,4% (4/1000) de amostras de fígado e ceco de frangos de corte, respectivamente. Estes estudos indicam que este microrganismo é um contaminante não raro de aves de criação de subsistência. E sugerem que as carcaças de aves pode ser uma importante fonte de infecção de E. coli 0157: H7 a EHEC possui a capacidade de causar a colite hemorrágica, a qual pode evoluir para a síndrome urêmica hemolítica (SUH). O potencial risco que isso pode representar para a saúde pública é uma preocupação nacional e internacional e confirma a importância do inspetor do serviço de inspeção de alimentos. De acordo com as análises realizadas pode-se concluir que cepas de E. coli normalmente compõem a microbiota normal do intestino de aves e mamíferos. No entanto, existem cepas patogênicas que determinam processos patológicos devido a presença de fatores de virulência, conferida principalmente pelos sorogrupos envolvidos e genes de virulência adquiridos. Foram encontrados uma alta frequência de E. coli (61,66 %), associada com aerossaculite de aves abatidas no Tocantins, principalmente as provenientes do Estado de Goiás, onde os profissionais associados a área devem entrar com medidas preventivas contra E.coli, bem como manejo racional da infraestrutura do aviário, a fim de evitar perdas econômicas importantes ao setor avícola, bem como perdas de proteína animal em decorrência destas enfermidades, enfatizando a presença de EHEC (4,91%) no presente estudo, bem como de outros sorogrupos pouco descritos em aves como EPEC (61,97%) e EIEC (22,08%).

5 LITERATURA CITADA FERREIRA, A. J. P., KNÖBL, T. Colibacilose aviária. In: BERCHIERI Jr., A.; MACARI, M. Doenças das aves. Campinas: FACTA, 2009, p FRANCO, B. D. G. M.; LANDGRAF, M. Microbiologia dos alimentos. São Paulo: Atheneu, GONÇALVES, P.M.R. Escherichia coli com Detecção do Gene iss por PCR, MICOPLASMAS e SALMONELAS na Qualidade Sanitária de Frangos de Corte ao Abate. 2005, 84f. Tese apresentada ao programa de Pós-graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Doutor. Área de Concentração: Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal. Niterói, Rj [Orientador: Prof. Dr. Luis Antônio Trindade de Oliveira]. KALIN, R.; ONGOR, H.; CETINKAYA B. Isolation and Molecular Characterization of Escherichia coli O157 from Broiler and Human Samples. Foodborne Pathogens and Disease. v. 9, n. 4, p , MACHADO, L. S., NASCIMENTO, E. R., PEREIRA, V.L.A., ALMEIDA, D. O., SILVA, R. C.F., SANTOS, L. M. M. Mycoplasma gallisepticum como fator de risco no peso de lotes de frangos de corte com condenação por aerossaculite na inspeção sanitária federal. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 32, n. 7, p , MINHARRO, S.; LINHARES, G.F. C. L.; ANDRADE, M.A.; ROCHA, P.T.; SANTANA, A.P.; Envolvimento De Escherichia Coli, De Mycoplasma Gallisepticum e de Mycoplasma Synoviae em Lesões de Sacos Aéreos em Frangos Abatidos No Estado de Goiás. Ciência Animal Brasileira v.2, n.2, p , PEREIRA, S.L.S. Condenações no Abate de Frangos De Corte. 2009, 38f. Trabalho monográfico de conclusão do curso de Pós-graduação latu sensu em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal e Vigilância Sanitária em Alimentos, apresentado à UCB como requisito para obtenção do título de Especialista em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal e Vigilância Sanitária em Alimentos. Campinas, Jan, [Orientador: Professora Maristela Lovato Flores]. SAMPAIO, I.B.M. Estatística aplicada à experimentação animal. 3 ed. Belo Horizonte: FEP MVZ Editora, 2007, 265 p. SILVA, M. C. A.; MELO, D. B.; COSTA, W. L. R.; FERNANDES, L. M. B.; PINNA, M. H.; VIEIRA NETO, J. Macroscopic and microscopic aspects of airsacculitis in slaughtered broilers in Brazil. In: Animal hygiene and sustainable livestock production. Proceedings of the XVth International Congress of the International Society for Animal Hygiene, Vienna, Austria, 3-7 July 2011, v. 2. AGRADECIMENTOS Agracemos a técnica de laboratório Cristiane Alves do Nascimento pelo apoio na realização deste trabalho. "O presente trabalho foi realizado com o apoio da UFT, CNPq e SEDECTI