RESULTADO DE EXAMES LABORATORIAIS. Estado: MG
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- Marco Antônio Lisboa Alves
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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE VETERINÁRIA DEPARTAMENTO DE MED. VET. PREVENTIVA AQUAVET LAB. DE DOENÇAS DE ANIMAIS AQUÁTICOS RESULTADO DE EXAMES LABORATORIAIS Propriedade: Usina Irapé (Reservatório) Telefone: (31) Data de recebimento: 14/10/2014 Data de coleta:13/10/2014 Município: Grão Mogol Estado: MG Responsável: Ricardo Jose da Silva Responsável pela coleta: Não informado Solicitante: Ricardo Jose da Silva Material enviado: dois animais adultos, enviados resfriados em caixa de isopor com gelo. Espécie: Prochilodus hartii Quadro Clínico: de acordo com o solicitante, pescadores tem reportado a verificação de lesões cutâneas anormais nos peixes pescados no supramencionado reservatório. Não há histórico de mortalidades e do fenômeno na região. Não foi mencionada a ocorrência de problemas de qualidade água ou intemperes ambientais que justificassem o problema.
2 Exames realizados: Necropsia: os peixes foram submetidos à necropsia sistemática de acordo com procedimento descrito por Noga (2010). Exame Bacteriológico dos peixes: suabes contendo fragmentos de rim e cérebro foram coletados assepticamente e plaqueados em Agar sangue (ASA) (5%) para pesquisa de bactérias patogênicas como as dos gêneros Streptococcus e Aeromonas. Amostras de baço e rim coletadas assepticamente foram plaqueadas em ágar CHA modificado para o isolamento da bactéria Francisella noatunensis subsp. orientalis. Amostras de rim e fígado foram coletados assepticamente e plaqueados em Agar MHS para pesquisa de bactérias patogênicas do gênero Flavobacterium. Posteriormente, as placas de Agar sangue e Agar CHA foram incubadas a 28 C por 72 horas e 120 horas, respectivamente, e as placas de MHS foram incubadas a 25 C por 72 horas. Exame Virológico dos peixes: fragmentos de baço, rim e brânquias foram coletados e macerados em meio MEM com 10% de soro fetal e antibióticos. Após a diluição de 1:10 e filtração, 1 ml foi inoculada em garrafas do tipo A25 contendo monocamadas das linhagens de células EPC (ATCC CRL-2872) ( Epitelioma Pappilosum Ciprinae ) e FHM (ATCC CCL-42) (Fat Head Minnow). As garrafas foram incubadas a 28 C por 21 dias para avaliação de efeito citopático e alterações celulares sugestivas de infecção viral.
3 Resultados: Necropsia: Lesões foram observadas durante a necropsia nos dois animais enviados. Nas figuras abaixo são mostradas algumas das alterações encontradas: Figura 1: lesões encontradas no curimba 1 são apontadas pelas setas. (A): lesão erosiva na região cranial. (B): lesão erosiva na nadadeira caudal. Figura 2: lesões encontradas na curimba 2. (A): área hemorrágica próxima à nadadeira peitoral direita. (B): lesões erosivas nas nadadeiras dorsal e anal. (C): lesão erosiva na porção ventral da cabeça.
4 Bacteriologia: o lote de origem dos peixes, peso e resultado da bacteriologia são apresentados na tabela 1. Tabela 1: origem dos animais, peso e resultado da bacteriologia. Peixe Peso (g) Isolamento ASA CHA MHS Espécie Bacteriana Órgãos Método de diagnóstico Identidade* Positivo Negativo Negativo Edwardsiella tarda Aeromonas hydrophila Cérebro e Rim Cérebro PCR 16S rrna e sequenciamento + API NE PCR 16S rrna e sequenciamento + RFLP** 96% 92% Positivo Negativo Negativo Aeromonas hydrophila Cérebro e Rim PCR RNA 16S e sequenciamento + RFLP** 98% *Análise feita a partir do site **Borrel, N. et al., Journal of Clinical Microbiology, Virologia: a identificação dos peixes, peso e resultado da virologia são apresentados na tabela 2. Os dois peixes foram negativos para presença de infecções virais. Tabela 2: identificação dos animais, peso e resultado da virologia. Peixe Peso (g) EPC Isolamento FHM Negativo Negativo Negativo Negativo
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados dos exames laboratoriais indicam a infecção dos animais avaliados pelas bactérias Edwardsiella tarda (peixe 1 ) e Aeromonas hydrophila (peixe 1 e 2). Esses microrganismos são patógenos clássicos de peixes, mas também frequentemente encontrados no trato gastrointestinal de animais sadios e na água. Em geral, para que animais de vida livre sejam acometidos por esses patógenos é necessária à presença de fatores de risco como má qualidade da água (grande quantidade de matéria orgânica, redução de oxigênio dissolvido, compostos nitrogenados em excesso, contaminantes na água, amplitude térmica elevada na água etc.), bem como, situações de estresse por problemas ambientais ou ação antrópica. Esses fatores de risco podem estar ocorrendo no local de origem dos animais e predispondo a infecção e as lesões, devendo ser avaliados. Em casos de infecção pelos patógenos supramencionados é recomendada a realização da antibioticoterapia oral dos peixes. Porém, essa prática é inviável para animais de vida livre. Belo Horizonte, 27 de novembro de 2014 Gabriella Borba Netto Assis Residente em Sanidade e Diagnóstico de Doenças Animais e Zoonóticas Médica Veterinária CRMV-MG n AQUAVET- Laboratório de Doenças de Animais Aquáticos Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, Escola de Veterinária Universidade Federal de Minas Gerais gabriellaborba.vet@gmail.com Carlos Augusto Gomes Leal Prof. Adjunto I, Dr., Médico Veterinário CRMV-MG nº AQUAVET- Laboratório de Doenças de Animais Aquáticos Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, Escola de Veterinária Universidade Federal de Minas Gerais (31) /2126/ carlosleal@vet.ufmg.br
6 Referências Bibliográficas: Borrel, N., Acinas, S. G., Figueras, M. L., et al. Identification of Aeromonas clinical isolates by restriction fragmente lenght polymorphism of PCR-amplified 16S rrna genes. Journal of Clinical Microbiology, vol. 35, n 7, Noga, E. J. Fish Disease Diagnosis and Treatement. Second Edition. Willey-Blackwell. Carolina do Norte, 2010.
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