PROIBIÇÕES DO PERÍODO PÓS ELEIÇÕES! João Henrique Mildenberger
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- Maria de Begonha Sintra Furtado
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1 PROIBIÇÕES DO PERÍODO PÓS ELEIÇÕES! João Henrique Mildenberger O Município só pode comprometer 60% da sua receita corrente líquida na despesa total com pessoal1, sendo 54% do total dos gastos para o Poder Executivo e 6% para o Poder Legislativo (art.20, inciso III, Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF). Quando a despesa com pessoal ultrapassa 90% do limite máximo legal, o Tribunal de Contas expede um ato de alerta para o respectivo poder, conforme o art. 59, 1º, II, LRF. Se ainda assim os gastos com pessoal não forem reduzidos e o montante ultrapassar 95% do limite máximo legal do poder (limite prudencial), o art. 22, LRF traz as seguintes vedações: 1Para a correta apuração das despesas com pessoal, consultar a Instrução Normativa nº56/2011-tce/pr. 1. concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices; 2. criação de cargo, emprego ou função; 3. alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa; 4. provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança; 5. contratação de hora extra, salvo nas situações previstas na lei de diretrizes orçamentárias. Estão permitidas as promoções e adicionais previstos como de implementação automática na legislação municipal, ainda que efetuadas nos 180 dias finais do mandato do Prefeito e causadoras do aumento das despesas com pessoal (Acórdão 845/08 Tribunal Pleno TCE/PR) Desde os 180 dias que antecedem as eleições até a posse dos eleitos, a revisão geral da remuneração dos servidores públicos (art.37, inciso X, da Constituição Federal - CF) somente poderá ser realizada se obedecidas as seguintes condições: a. A revisão geral não pode exceder a recomposição da perda de seu poder aquisitivo ao longo do ano da eleição; Para o cálculo da recomposição da perda do poder aquisitivo, deverá ser usado um índice de aferição oficial da inflação (Acórdão n.º827/07 Tribunal Pleno TCE/PR). Nomeação ou contratação necessária à instalação ou ao funcionamento inadiável de serviços públicos essenciais, com prévia e expressa autorização do Chefe do Poder Executivo. Nesse período, não é proibida a realização de concurso público, desde que a nomeação dos aprovados obedeça as restrições acima expostas.
2 RESTOS A PAGAR RESTOS A PAGAR NÃO PROCESSADOS Nos últimos dois quadrimestres do final de mandato, é vedado contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele. Caso haja parcelas a serem pagas no exercício seguinte, deverá existir suficiente disponibilidade de caixa para o seu pagamento. Não está proibida, nesse período, a celebração de contratos com prazo superior ao exercício financeiro ou com previsão de prorrogação, desde que haja suficiente disponibilidade de caixa para o pagamento das parcelas vincendas no exercício (Prejulgado nº15 TCE/PR). (últimos oito meses) em detrimento dos assumidos em meses anteriores. Pelo contrário, deve-se obedecer, para cada fonte diferenciada de recursos, a estrita ordem cronológica das datas de suas exigibilidades (art.5º, Lei nº8.666/93), sob pena de, em algumas hipóteses, até mesmo configurar crime de responsabilidade (art. 1º, inciso XII Decreto-Lei nº 201/67). Por fim, na determinação da disponibilidade de caixa serão considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final do exercício. A disponibilidade de caixa bruta é composta, basicamente, por ativos de alta liquidez como Caixa, Bancos, Aplicações Financeiras e Outras Disponibilidades Financeiras. Por outro lado, as obrigações financeiras representam os compromissos assumidos com os fornecedores e prestadores de serviço, incluídos os depósitos de diversas origens. Da disponibilidade bruta, são deduzidos os recursos de terceiros, como depósitos e consignações, os Restos a Pagar Processados, e os Restos a Pagar Não Processados de exercícios anteriores, dentre outros. Vale ressaltar que não são deduzidas somente despesas do ponto de vista contábil, mas sim obrigações fiscais. Dessa forma, os Restos a Pagar Não Processados de exercícios anteriores são também deduzidos6. As limitações impostas para contratação de despesa sem a respectiva disponibilidade de caixa são relativas ao período de mandato e não ao período em que o titular da chefia estiver no exercício do poder. Sendo assim, mesmo que o titular do Poder seja reeleito, para a contratação de obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente, deve existir a suficiente disponibilidade de caixa. É vedado aos Municípios empenhar, no último mês do mandato do Prefeito, mais do que o duodécimo da despesa prevista no orçamento vigente (art.59, 1º, Lei nº4.320/64). - suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos; - pagamento de multa civil até duas vezes o valor do dano; e - proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios pelo prazo de cinco anos; Nos atos de improbidade administrativa que atentam contra os princípios da administração pública: - ressarcimento integral do dano, se houver; LRF, art. 73. RELATÓRIO RESUMIDO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA MANUAL DE ELABORAÇÃO - perda da função pública; - suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos; - pagamento de multa civil até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente; e - proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios pelo prazo de três anos. Os crimes contra as finanças públicas não excluem o seu autor da reparação civil do dano causado ao patrimônio público. No quadro, a seguir, são destacadas algumas das punições previstas para os atos cometidos em desacordo com a LRF. Penalidades aplicáveis por transgressões à LRF: - PUNIÇÕES PENAIS (cassação, detenção, reclusão, multa) - PUNIÇÕES CIVIS (ação improbidade) - PUNIÇÕES FISCAIS (LRF) As punições são aplicadas no bojo das ações competentes, propostas em sua maioria pelo Ministério Público Estadual. LEI Nº 4.320/64 Lei da Contabilidade Pública O art. 59 da Lei 4320/64 estabelece a seguinte regra de final de mandato: Fica, vedado ao prefeito, no último mês do seu mandato, empenhar mais do que o duodécimo da despesa prevista no orçamento vigente. São nulos os empenhos e os atos praticados em desacordo com o citado artigo e acarretam a responsabilização do Prefeito. ESTÁGIOS DA DESPESA PÚBLICA
3 Publicada a Lei Orçamentária Anual e observadas as normas de execução orçamentária e de programação financeira do exercício, as unidades orçamentárias estarão em condições de utilizar seus créditos (dotações orçamentárias), tendo em vista a realização ou a execução da despesa. A despesa pública é executada pelos estágios: fixação, licitação, empenho, liquidação e pagamento. Fixação: É a programação dos gastos mensais que cada órgão vinculado ao órgão gerenciador da despesa poderá dispor. Esta programação está intimamente relacionada com as flutuações da arrecadação durante o exercício financeiro.subdivide-se em: Cronograma de desencaixes fixos; Projeção do comportamento da receita; Decreto normativo. Esse estágio consiste na estimativa da despesa e conversão das estimativas em orçamento. Licitação: É o procedimento administrativo que tem por objetivo verificar, entre os habilitados, quem oferece condições mais vantajosas nas propostas apresentadas para a aquisição de bens ou serviços. Empenho: Segundo o art. 58 da Lei nº 4.320/1964, é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. Consiste na reserva de dotação orçamentária para um fim específico. Podem ser classificados em:
4 Liquidação: Conforme previsto no art. 63 da Lei nº 4.320/1964, a liquidação consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito e tem como objetivos: apurar a
5 origem e o objeto do que se deve pagar; a importância exata a pagar; e a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação. A liquidação das despesas com fornecimento ou com serviços prestados terão por base: o contrato, ajuste ou acordo respectivo; a nota de empenho; e os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço. Pagamento: A ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga. (art. 64 da Lei nº 4.320/64) O pagamento consiste na entrega de numerário ao credor e só pode ser efetuado após a regular liquidação da despesa. A Lei nº 4.320/1964, em seu art. 64, define ordem de pagamento como sendo o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa liquidada seja paga. Considerando a descrição das etapas acima, combinada com o art. 63 da Lei nº 4.320/1964, teremos o pagamento da despesa somente após a sua liquidação, ou seja, somente após verificada: (i) a origem e o objeto do que se deve pagar; (ii) a importância exata a pagar;e (iii) a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação. Restos a Pagar: Art. 36. da Lei 4.320/64Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas mas não pagas até o dia 31 de dezembro, distinguindo-se as processadas das não processadas. Os empenhos que correm à conta de créditos com vigência plurianual, que não tenham sido liquidados, só serão computados como Restos a Pagar no último ano de vigência do crédito. P
6 RINCÍPIOS PARA GERAÇÃO DA DESPESA PÚBLICA Utilidade: atender gastos necessários Legitimidade: consentimento coletivo e capacidade contributiva Oportunidade: oportuna, em tempo Legalidade: de acordo com os preceitos legais Economicidade: relação custo-benefício (fazer mais com menos) O PLANEJAMENTO COMO FERRAMENTA DE ESTRATÉGIA Utilizar-se de planejamento financeiro, acompanhando e comparando com a execução do orçamento é fundamental dentro da tesouraria. O tesoureiro responsável, deve repassar a sua equipe a importância de se trabalhar com o PPA, a LDO e a LOA em mãos, mais precisamente a LOA, que trará todo orçamento disponível a ser executado dentro do exercício financeiro. Repassando às demais secretarias o comportamento das receitas, para que seja possível a aplicação correta das despesas fixadas na LOA, observando o que a Lei 4.320/64 trata: Figura 1 - Receitas devem ser iguais as despesas - Lei 4.320/64 Segue em anexo modelos a serem utilizados no planejamento e controle das rotinas de trabalho de tesouraria. A GESTÃO DO CAIXA Cabe ao tesoureiro do a execução da gestão do caixa, onde entrará todo o planejamento e controle das contas a pagar observando suas fontes de recurso. A gestão do caixa está intimamente relacionada com o modo pelo qual a entidades efetua o gerenciamento de entrada e de saída de seus recursos, constituindo-se, assim, em um importante instrumento de apoio à tomada de decisões, especialmente em relação à disponibilidade para pagamentos. Em termos financeiros, "caixa" são todos os valores monetários e outras fontes imediatamente disponíveis à administração da entidade para a aquisição de novos ativos e a redução de seus passivos. É vedada a utilização do saldo de uma fonte de recurso vinculada para efetuar o pagamento de determinada despesa pertencente a outra fonte. Respeitar a fonte indicada na nota de empenho é regra, não havendo disponibilidade financeira na fonte indicada, deve-se aguardar a entrada de receita para que se possa efetuar o pagamento. Diferenças em fontes de recursos, resultantes de má gestão de caixa trás várias conseqüências e complicações nas posteriores prestações de contas, e atualmente são regras de validação constante no SIM AM (Sistema de Informação Municipal Acompanhamento Mensal). Todas as diferenças entre fontes, deverão ser ajustadas dentro do próprio mês, não sendo mais possível a sua regularização apenas no final do exercício, pois as validações de fontes sãos mensais. O Tribunal de Contas implantou desde o ano de 2014 o PROAR Programa de Acompanhamento remoto, que através do envio dos arquivos, será possível em tempo real o acompanhamento e validação das informações encaminhadas ao TCE através do SIM AM módulo Tesouraria. Dentro da Gestão de Caixa, se tornar evidente o registro tempestivo de todas as receitas do município, só assim é possível ter o saldo real de cada fonte vinculada, assim como também o saldo da fonte livre (000). É responsabilidade da tesouraria, fazer o estudo do comportamento da receita, verificando as entradas efetuadas no exercício anterior, como a atual realização. Verificando o comportamento negativo por dois meses seguidos, deve-se informar o Secretário para que seja efetuada a redução das cotas mensais disponível para as demais secretarias. Esta situação esta prevista na Lei 4.320/64 em observância com a Lei de Responsabilidade Fiscal. Observar as aplicações financeiras e o tipo de aplicação executada também é função atribuída ao tesoureiro do município, todas as contas bancárias podem e devem ter aplicações financeiras, a mais indicada pelo TCE é a poupança, que trás um risco mínimo, pois é vedada perdas de valores financeiros em administração pública (item de reprovação de contas).
7 O atendimento do enfoque patrimonial da contabilidade compreende o registro e a evidenciação da composição patrimonial do ente público (arts. 85, 89, 100 e 104 da lei nº 4.320/1964). Nesse aspecto, devem ser atendidos os princípios e normas contábeis voltados para o reconhecimento, mensuração e evidenciação dos ativos e passivos e de suas variações patrimoniais, contribuindo para o processo de convergência às normas internacionais, respeitada a base legal nacional. A compreensão da lógica dos registros patrimoniais é determinante para o entendimento da formação, composição e evolução desse patrimônio. Responsabilidades dos gestores públicos Patrimônio Regularização patrimonial - Onde estão os bens a serem registrados? - Localização física, descrição e definição de valores dos bens - Atribuição de responsabilidades aos gestores do patrimônio Inventário anual de bens móveis e imóveis - Levantamento físico e financeiro por comissão designada para este fim - Segregação das funções de responsável pelo inventário e pelo registro contábil - Suporte documental Acompanhamento dos valores dos bens - Atualização conforme comportamento dos preços de mercado (reavaliação) - Registro do desgaste por uso e obsolescência (depreciação) - Redução ao valor recuperável Necessidade de fortalecimento da gestão contábil - Valorização do profissional de contabilidade - Criação de contadorias na estrutura da Administração Pública - Criação de Grupos Técnicos que envolvam todos os atores do processo Integração da Contabilidade com outros setores da Administração Pública - Setor de Arrecadação: para o registro dos créditos tributários a receber - Setor de Patrimônio: para registro dos valores atualizados e ajustados dos bens - Setor de Pessoal: para registro das provisões de 13º e férias, salários e encargos a pagar sociedade? Implantação de sistema de gestão de custos - Instrumento de mensuração da eficiência e eficácia das ações governamentais - Qual o montante de recursos públicos foi consumido para produzir determinado bem ou serviço à - Aprimoramento do processo de tomada de decisão por parte do gestor público Implantação de sistema de controle interno - Monitoramento das ações governamentais - Correção de eventuais irregularidades - Orientação aos gestores - Obrigatoriedade do controle interno municipal (art. 31 da CF/88) - Apoio ao controle social. - Divulgação de informações acerca dos gastos realizados com recursos públicos - Aumentar a transparência dos registros contábeis e orçamentários - Utilizar a Contabilidade como principal instrumento de controle social Responsabilidades dos contadores públicos - Registrar os atos e fatos conforme as normas brasileiras - Atualização e capacitação permanente - Prestar efetivo apoio à gestão municipal por meio do fornecimento das informações geradas pela Contabilidade - Desempenhar um papel de catalizador das informações contábeis e fiscais geradas por outros setores da Administração Pública.
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