OXIGÊNIOTERAPIA HIPERBÁRICA NA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS CUTÂNEAS
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- Yasmin Casado Borba
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1 1 OXIGÊNIOTERAPIA HIPERBÁRICA NA CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS CUTÂNEAS THAMIZA CARLA COSTA DOS SANTOS 1, LETÍCIA MELO DE OLIVEIRA 1, LÉO LINDSAY SOUSA GALVÃO 1, FERNANDA FIGUEIREDO MENDES 1, WANESSA PATRÍCIA RODRIGUES DA SILVA 1 E NEUSA MARGARIDA PAULO 1 1. Universidade Federal de Goiás Resumo A cicatrização é um evento fisiológico complexo que visa a restauração da integridade tecidual. No entanto, fatores locais, extrínsecos e intrínsecos podem prejudicar esse processo, tornando-se um importante desafio a ser superado. A oxigênioterapia hiperbárica é uma terapia complementar que se apresenta em pleno desenvolvimento na medicina veterinária e que tem otimizado o processo cicatricial por meio da estimulação de diferentes mecanismos. Palavras-chave: Ferida, oxigênio, terapia, cicatrização. HYPERBARIC OXYGEN THERAPY IN WOUND HEALING SKIN Abstract Wound healing is a complex physiological event aimed at the restoration of tissue integrity. However, local and intrinsic factors can hinder the process, becoming an important challenge to be overcome. Hyperbaric oxygen therapy is a complementary therapy that is presented in full development in veterinary medicine and which have the optimized icatricial process through stimulation of different mechanisms. 2204
2 2 Key words: Wound, oxygen, therapy, healing. Introdução A cicatrização é um evento fisiológico complexo que envolve a interação de vários tipos celulares, citocinas, fatores de crescimento, mediadores, matriz extracelular. Entretanto, fatores locais, extrínsecos e intrínsecos, podem influenciar negativamente o reparo cicatricial, constituindo um desafio a ser superado. Sabendo-se que são altos os custos oriundos com o tratamento de feridas complicadas, que é relevante o número de animais atendidos com lesões na pele e nos tecidos adjacentes e que a abordagem terapêutica tradicional tem obtido sucesso limitado, tem-se sugerido benéfico o emprego de tratamentos adjuvantes no processo de cicatrização de feridas, visto que proporcionam redução nas despesas e no tempo de reparação tecidual (Li et al., 2007; Pavletic, 2010; Goldberg e Diegelmann, 2012; Mills, 2012). A oxigênioterapia hiperbárica (OTHB) é uma terapia complementar que nos últimos 40 anos tem sido empregada no tratamento de várias afecções. Na medicina veterinária a OTHB encontra-se em pleno desenvolvimento e as pesquisas realizadas revelaram que seu emprego otimizou a cicatrização por meio da estimulação da angiogênese, da proliferação celular, da deposição de colágeno e da formação do tecido de granulação (Fernandes, 2009; Goldstein, 2013). Desenvolvimento 2205
3 3 O oxigênio desempenha um papel chave na cicatrização de feridas e para que haja a correta restauração da função e integridade dos tecidos é fundamental o seu adequado fornecimento. Portanto, a vasoconstrição, hipotensão e congestão venosa periférica retardam ou impedem a reparação da ferida (Sheikh et al, 2005; Kuffler, 2011). Diante disso, pesquisas realizadas em animais com feridas têm mostrado relação benéfica entre o emprego da OTHB e a otimização do reparo tecidual. A OTHB é um tratamento complementar, seguro e com poucos efeitos adversos, que consiste na administração de oxigênio a 100%, via sistema respiratório, em meio hiperbárico. Essa elevação na pressão é obtida dentro de uma câmara estanque que permite a pressurização e consequentemente, a elevação gradual da fração de oxigênio inspirado (Fio 2 ) à medida que a pressão atmosférica aumenta. O crescimento da concentração de moléculas de oxigênio nos alvéolos acarreta o acréscimo da pressão parcial de oxigênio alveolar (PAO 2 ), amplia a quantidade de oxigênio disponível para difusão nos capilares pulmonares e cria um gradiente de pressão que intensifica a difusão de oxigênio do sangue para o endotélio vascular, espaço intersticial e compartimento celular (Braswell e Crowe, 2012). É indicada para o tratamento de afecções causadas, agravadas ou perpetuadas pela hipóxia ou bolhas gasosas, tais como acidente descompressivo, embolia gasosa vascular, síndrome de reperfusão pós-procedimento vascular, síndrome compartimental, lesões induzidas pela exposição prévia a radiações ionizantes, queimaduras, necrose dos tecidos moles, feridas crônicas, lesões por esmagamento e inviabilização de enxertos e retalhos músculo-cutâneos (Sousa, 2007; Fernandes, 2009). Os benefícios obtidos pela OTHB proporcionam aos usuários a recuperação de um estado de hipóxia e auxilia a cicatrização por meio 2206
4 4 da estimulação da angiogênese e formação do tecido de granulação no leito da ferida. Além disso, promove a proliferação celular, a agilidade na deposição de colágeno, interfere na propagação de doenças bacterianas pela desnaturação de toxinas. Aumenta a quantidade de agentes eliminadores de radicais livres e diminui a adesão neutrofílica à microvasos, inibindo assim, danos endoteliais e falha microcirculatória associados com a injúria isquemia-reperfusão. Reduz o edema por meio da vasoconstrição, estimula a fagocitose e a mobilização de células troncos (Slovis, 2008; Edwards, 2010). O protocolo de OTHB adotado em animais depende do diagnóstico. No entanto, cada sessão deverá ter a duração de 90 a 120 minutos e poderá ser realizada diariamente ou em intervalos inferiores a 24 horas. As contraindicações para uso em animais são estabelecidas a partir da experiência em humanos. As infecções do sistema respiratório superior, asmas, histórico de pneumotórax espontâneo e gestação apresentam contraindicação relativa. Quadro de pneumomediastino e pneumotórax não tratados, pacientes com risco de aspiração, animais sob ventilação mecânica ou que utilizam marcapasso têm contraindicação absoluta (Braswell e Crowe, 2012; Goldstein, 2013). Conclusão A OTHB proporciona ao paciente melhoria na qualidade de vida, considerável redução no tempo e nos gastos com medicamentos e curativos diários. No entanto, o principal obstáculo para a prescrição dessa técnica à animais é a dificuldade de aquisição das câmaras hiperbáricas pelos hospitais veterinários devido ao custo elevado do equipamento. 2207
5 5 Referências BRASWELL, C.; CROWE, D. T. Hyperbaric oxygen therapy. Compendium: Continuing Education for Veterinarians, v. 34, n. 3, p. E5-6, EDWARDS, M. L. Hyperbaric oxygen therapy. Part 1: history and principles. Veterinary Emergency and Critical Care Society, v. 20, n. 3, p , FERNANDES, T. D. F. Medicina Hiperbárica. Acta médica portuguesa, v. 22, p , GOLDBERG, S. R.; DIEGELMANN, R. F. Wound healing primer. Critical Care Nursing Clinics of North America, v. 24, n. 2, p , GOLDSTEIN, L. J. Hyperbaric oxygen for chronic wounds. Dermatologic Therapy, v. 26, p , KUFFLER, D. P. The role of hyperbaric oxygen therapy in enhancing the rate of wound healing with a focus on axon regeneration. Puerto Rico Health Sciences Journal,v. 30, n. 1, p , LI, J.; CHEN, J.; KIRSNER, R. Pathophysiology of acute wound healing. Clinics in Dermatology, v.25, n. 1, p. 9-18, MILLS, B. J. Wound healing: the evidence for hyperbaric oxygen therapy. British Journal of Nursing,v. 21, n. 20, p , PAVLETIC, M. M. Atlas of Small Animal Wound Management and Reconstructive Surgery. 3 ed. Massachusetts: Wiley-Blackwell, p. SLOVIS, N. Review of Equine Hyperbaric Medicine. Journal of Equine Veterinary Science, n. 28, v. 12, p , SOUSA, J. G. A. Oxigenoterapia hiperbárica (OTHB). Perspectiva histórica, efeitos fisiológicos e aplicações clínicas. Medicina Interna, v.14, p , SHEIKH, A. Y.; ROLLINS, M. D.; HOPF, H. W. et al. Hyperoxia improves microvascular perfusion in a murine wound model. Wound Repair and Regeneration, v. 13, n. 3, p ,
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