XVIII ENDIPE Didática e Prática de Ensino no contexto político contemporâneo: cenas da Educação Brasileira

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1 A ALFABETIZAÇÃO E O LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO ESCOLAR ANOS INICIAIS E FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NO CONTEXTO DO PROGRAMA DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA PIBID Renata Lopes da Silva-UEPG Sandra Ferreira Leal- UEPG O eixo norteador Alfabetização e Letramento foi problematizado durante o período de março de 2013 a dezembro de 2015, como proposta desenvolvida no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à docência PIBID, enquanto auxiliar ao desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da extensão, frizando a articulação entre o Ensino Superior e a Educação Escolar e contando com acadêmicos do Curso de Pedagogia e Letras, professores de uma universidade pública estadual e do Ensino fundamental público (Anos Iniciais e Finais) da rede Municipal de Ponta Grossa e Estadual do Paraná. Com intuito de desenvolver uma reflexão coletiva acerca das dificuldades enfrentadas por professores e alunos na formação de sujeitos letrados que, além de alfabetizados, sejam capazes de, a partir do uso da língua, atuar diretamente no contexto social em que estão inseridos (SOARES, 2003). A partir da pesquisa-ação, utilizamos discussões legais, contribuições de grupos de estudos e pesquisas como os referenciados trabalhos desenvolvidos pelo Centro de Alfabetização, leitura e escrita- CEALE e Centro de Estudos em Educação e Linguagem CEEl. A partir de projetos de intervenção, destacamos dos resultados do trabalho desenvolvido: o cumprimento da finalidade de proporcionar leituras e produções de textos por meio de metodologias diferenciadas e significativas; diagnósticos analíticos fundamentados em intervenções didático-pedagógicas em duas escolas municipais e dois colégios estaduais; aprofundamento da temática central e o estreitamento entre os sujeitos e as instituições envolvidas em momentos de formação; retorno reflexivo sobre um crescimento qualitativo na formação inicial e contínua dos professores inseridos, como um avanço na discussão e no entendimento dos conceitos de alfabetização e letramento em diversas situações pessoais, sociais e escolares em que precisamos ou queremos ler ou escrever diferentes gêneros, com diferentes estruturas composicionais, com objetivos, interlocutores e funções variadas. Palavras chave: PIBID e formação de professores. Ensino fundamental. Alfabetização e Letramento 1.Introdução O presente texto problematiza em que medida a alfabetização e o letramento, a partir do trabalho desenvolvido no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à docência PIBID, pode auxiliar o desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da extensão, bem como a articulação entre o Ensino Superior e a Educação Escolar desenvolvidos por acadêmicas do Curso de Pedagogia e Letras (Português/Inglês), professores universitários e do Ensino fundamental (Anos Iniciais e Finais) da rede Municipal de Ponta Grossa e Estadual do Paraná, durante o período de março de 2013 a dezembro de Um dos principais objetivos foi desenvolver uma reflexão coletiva 9158

2 2 acerca das dificuldades enfrentadas por professores e alunos na formação de sujeitos letrados que além de alfabetizados sejam capazes de, a partir do uso da língua, atuar diretamente no contexto social em que estão inseridos (SOARES, 2003). Partindo da perspectiva da pesquisa-ação, na qual observamos e diagnosticamos os desafios encontrados no contexto escolar, os projetos de intervenção definiram-se pelos seguintes temas: Interdisciplinaridade entre a Língua Portuguesa e a Matemática; gêneros textuais orais e escritos; sequências didáticas; textos coletivos; literatura clássica infanto-juvenil. Fazendo uso de discussões legais, bem como das contribuições de grupos de estudos e pesquisas como os referenciados trabalhos desenvolvidos pelo Centro de Alfabetização, leitura e escrita da UFMG - CEALE e Centro de Estudos em Educação e Linguagem da UFPE CEEl. Discussão e resultados 2.PIBID: dilemas e definições a partir do contexto político atual De acordo com o Ministério da Educação (MEC), o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência PIBID - tem como intenção unir as secretarias estaduais e municipais de educação e as universidades públicas, a favor da melhoria do ensino nas escolas públicas. Objetiva incentivar e elevar a qualidade das ações acadêmicas voltadas à formação inicial de professores nos cursos de licenciatura das instituições de educação superior, inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação, promovendo a integração entre educação superior e educação básica; (Portaria Nº 72/2010). Criado como parte da Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, através do Decreto N. 6755/2009, de 29 de janeiro de 2009, com articulação com a atuação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES no fomento a programas de formação inicial e continuada, compõe a política de incentivo à formação de profissionais para atuar na educação básica. Entretanto, apesar de muitas pesquisas referendando a importância do PIBID na formação inicial e continuada dos professores, o programa entra em uma luta para que não se percam conquistas valorosas para a Educação e, em especial, no ano de 2015, movimentos que evidenciavam uma crise estatal e cortes para o custeio do PIBID ganharam grandes proporções. Por meio de mobilizações sociais, a organização nacional do PIBID conseguiu, recentemente, frear, neste momento, o curso da CAPES e MEC, no início de 2016, e reivindicar que o Plano Nacional da Educação (PNE) cumpra suas metas. Representantes como o FORPIBID, ANDIFES, CONIF, ABRUEM, ABRUC, CRUB, UNE, UNDIME, 9159

3 3 CONSED e a Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC) avançaram no diálogo com a CAPES e MEC, com a aprovação das principais reivindicações do FORPIBID, a saber: os projetos institucionais aprovados pelos Editais 061 e 066/2013 do PIBID e PIBID DIVERSIDADE terão continuidade e os bolsistas que completaram 24 meses não serão automaticamente cancelados, não tendo vagas suprimidas, o que efetiva a revogação do Ofício 02/2016 DEB/CAPES. Ainda assim, o programa PIBID sofre com a política contemporânea que demonstra na realidade não ter a formação de professores, a Educação Básica e Superior, como prioridade. 2.1.Alfabetização e letramento: proposta nuclear e contribuições aos anos iniciais e finais do Ensino fundamental Seguindo o objetivo norteador do PIBID, em que os projetos desenvolvidos pelas IES devem promover a inserção dos estudantes no contexto das escolas públicas, desde o início da sua formação acadêmica, para que desenvolvam atividades didáticopedagógicas, sob orientação de um docente da licenciatura e de um professor da escola, evidenciamos algumas reflexões a partir do trabalho desenvolvido em projetos temáticos que envolveram a Interdisciplinaridade entre a Língua Portuguesa e a Matemática; Gêneros textuais; Sequências didáticas; Textos coletivos; Literatura clássica infantojuvenil. Após realizada uma observação problematizadora sobre o contexto escolar, foi possível levantar diagnósticos pautados nas leis municipais e estaduais em referência aos currículos oficiais e com relação às propostas pedagógicas da própria escola. Diante disso, o acadêmico pibidiano pode observar a importância do acompanhamento fundamentado e coletivo dos alunos em seus níveis de desenvolvimento. Enquanto dificuldades gerais, evidenciamos, a partir do contexto político contemporâneo, a desvalorização do PIBID ao longo dos anos de sua implementação e, portanto, a rotatividade dos alunos; a fragilidade dos acadêmicos em termos de conhecimento básico (da Educação Básica e questões conceituais pedagógicas); a dificuldade da pesquisa como uma base fundante na construção da autonomia intelectual dos acadêmicos e no desenvolvimento conjunto entre a comunidade, enquanto extensão. A partir de um debate avaliativo do trabalho desenvolvido até 2015, obtivemos algumas sínteses em que a relação da ação do acadêmico bolsista e a sua formação possuiu como benefício a sua relação direta com a realidade da Educação Básica, as relações teóricopráticas foram ampliadas. Na formação dos supervisores, houve crescimento profissional na identificação direta com problemas que muito já se sabia, mas não teriam conseguido organizar ações para intervir em uma possibilidade de formação continuada sistematizada 9160

4 4 semanalmente. Entre os professores supervisores que representam o Ensino Superior, destacamos o estar em contato com a Educação Básica, seus problemas atuais, o acompanhamento processual e qualitativo do desenvolvimento dos acadêmicos e alunos do ensino fundamental e a importante e necessária parceria entre os acadêmicos de Pedagogia e Letras. Assim como no contexto da universidade pública em que foi vinculado o PIBID, houve contribuição direta para a formação inicial dos alunos em licenciatura e potencializando a compreensão da totalidade das relações na escola da Educação Básica. Nas escolas, o retorno com relação ao aprendizado dos alunos necessita ser destacado na medida em que os bolsistas trabalharam com problemáticas reais e com definição e planejamento coletivo para auxiliar na apreensão do conhecimento. Obtivemos, nesse caso, retorno também da comunidade que observou mudança no desenvolvimento global das crianças e adolescentes. Nessa perspectiva, os grupos de estudo e pesquisa que propusemos, oportunizaram retomadas e reelaborações conceituais que contribuíram com tomadas de decisões coletivas que pautam a discussão teórico-prática como relevante para a formação do futuro professor (CRUZ, 2015), com uma práxis pedagógica nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental, com os seguintes objetivos: 1) desenvolvimento da leitura e da escrita com autonomia e função social, abordando diferentes textos dos gêneros previstos para os ciclos; 2) produção de textos escritos, coesos e coerentes, ajustados a objetivos e leitores determinados; 3) escrita de textos com domínio da separação das palavras, domínio da ortografia regular e de irregularidades mais frequentes na escrita e utilização de recursos do sistema de pontuação para dividir o texto em frases, levando os alunos à compreensão dos mecanismos de coesão e coerência textuais. Em suma, o presente projeto, que une ensino, pesquisa e extensão, tem colocado os acadêmicos em contato com as escolas e possibilitado que estes façam relações teóricas, privilegiando conhecimentos para real compreensão, enfrentamento e transformação da realidade. Dessa forma, o projeto contribuiu para a formação inicial e a formação contínua dos professores que já estão há algum tempo na rede de Ensino, levando-os a pensar a escola enquanto projeto coletivo em constante transformação, que necessita englobar todos os partícipes como sujeitos ativos do processo de ensinar e aprender. 3.Considerações finais Debater a organização do trabalho pedagógico em sala de aula auxilia a concretização de um conjunto de procedimentos próprios da situação de ensino e aprendizagem e da relação entre os alunos e um objeto de conhecimento e ou entre as 9161

5 5 relações sociais inerentes aos contextos pedagógicos. Portanto, as ações pedagógicas desenvolvidas, até o presente momento, buscaram dar visibilidade ao conjunto indissociável entre a alfabetização e o letramento (FREIRE, 1996; SOARES, 1998, 2003, 2015; GALVÃO, 2005), traduzindo e proporcionando em jogos didáticos, contação de histórias, sequências didáticas, situações lúdico-pedagógicas dinâmicas, que remontam diferentes desafios para a leitura e escrita como instrumento, em um plano mais amplo, diante do contexto sóciocultural. Assim, avaliamos que o programa PIBID, com o destaque ao eixo alfabetização e letramento, também tem contribuído para a compreensão e o aprofundamento das questões que remetem à relevância de ser um sujeito letrado em nosso contexto atual. Assim, buscamos problematizar, de maneira fundamentada, a práxis pedagógica e, para tanto, destacamos algumas contribuições do presente trabalho com base em discussões legais: a) alguns caminhos e relações para a compreensão e valorização da cultura escrita que vise à manifestação e circulação da escrita na sociedade, desenvolvendo capacidades necessárias para o uso da escrita. b) na leitura, ampliando as referências culturais do aluno, auxiliando o desenvolvendo da fluência em leitura e da produção escrita. c) no desenvolvimento da oralidade, participando das interações cotidianas em sala de aula, expondo opiniões nos debates com os colegas e com o professor, respeitando a diversidade das formas de expressão oral manifestada por outros participantes da educação escolar. 4.Referências BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO Decreto Presidencial No , de 29 de janeiro de Disponível em < Acesso em: 22/10/2015. [2009]. CRUZ, Giseli Barreto da. Teoria e prática no curso de pedagogia. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 38, n. 1, p , Disponível em: < Acesso em: 23 nov FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 32. ed. São Paulo: Cortez, GALVÃO, A.; et al. (Orgs.). Alfabetização: apropriação do sistema de escrita alfabético. Belo Horizonte Autêntica, SOARES, M. Letramento: Um tema em três gêneros. 2.ed. Belo Horizonte:Autêntica, Alfabetização e letramento. São Paulo: Contexto,

6 6. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação, Jan/Fev/Mar/Abr, n. 25, Disponível em:< Acesso em: 20 nov