Não Me Pergunte Por Quê
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- Heloísa Meneses Branco
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1 elaboração: PROF. DR. JOSÉ NICOLAU GREGORIN FILHO Não Me Pergunte Por Quê escrito por & ilustrado por Sandra Saruê Caroline Ohashi/ Casa de Ideias
2 2 Os Projetos de Leitura: concepção Buscando oferecer subsídios práticos para o trabalho docente com os livros de literatura para crianças e jovens, a Editora Melhoramentos lança os Projetos de Leitura. Por que Projeto de Leitura? Porque a atividade de leitura compreende sempre um projeto de conhecimento do mundo e de si, de aperfeiçoamento da linguagem verbal, de experimentar sensações e sentimentos diversos. Os Projetos de Leitura são instrumentos de auxílio ao professor nas atividades de leitura. Evidente que não pretendem esgotar as possibilidades de trabalho com a leitura dos livros nem padronizar o exercício do ato de ler, mas podem ser extremamente úteis aos professores e profissionais da educação para nortear as atividades de leitura. Eles são concebidos de maneira a abordar a leitura nos seus vários processos, enfatizando as relações do livro com a vida cotidiana do aluno e as intertextualidades oferecidas pelo texto, isto é, as relações de forma e sentido que a obra apresenta em relação a outros textos veiculados na e pela sociedade (livros, filmes, textos, entre outros), mas sem as tentativas de reducionismo das obras que algumas fichas de leitura do passado eram capazes de fazer. Os projetos contêm as seguintes etapas: a) Palavras iniciais Nessa parte do projeto, o professor será informado sobre a adequação da obra ao tipo de leitor 1 e à série mais apropriada para sua leitura, sobre as possibilidades de utiliza- 1. A indicação da adequação do livro ao tipo de leitor deve ser analisada pelos educadores, a fim de que sejam verificadas as competências das crianças leitoras em cada realidade escolar.
3 3 ção do projeto como um guia para ele desenvolver suas atividades em consonância com o projeto político-pedagógico da escola e sobre possíveis caminhos complementares a este guia, a fim de que ele não se torne um elemento de redução da leitura literária e da construção de leitores. b) Sobre a obra Aqui, são inseridas informações gerais sobre cada obra: o gênero textual predominante na obra e suas peculiaridades quanto à estrutura; breve resumo da obra (podem ser inseridas as observações da quarta capa do livro); dados sobre o autor, se necessário; informações sobre a inserção do livro numa coleção (se for o caso). Além desses itens, são oferecidas informações sobre a adequação da obra aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), relações com temas transversais e outras leis educacionais, com o objetivo de tornar a escolha da obra pelo professor mais fundamentada e segura. c) A leitura e suas etapas Nesse ponto do projeto são enumeradas algumas atividades de preparação para a leitura, geralmente elaboradas e executadas pelo professor de Língua Portuguesa, com a finalidade de explorar a temática da obra. Podem ser debates sobre o tema do livro, projeção de filmes 2 e 2. Quando são sugeridos filmes, é importante que o professor tenha em mente a possibilidade de trabalho com curtas-metragens e peças publicitárias; desse modo, o aluno vai adquirir maior competência de leitura.
4 4 até leituras e pesquisas em outros suportes textuais com o objetivo de despertar o interesse do aluno para o livro em questão. Em todos os projetos procuram-se atividades de preparação para a leitura que contemplem situações mais descontraídas, de modo a mostrar ao aluno a leitura como atividade prazerosa e de fundamental importância nas relações humanas. Nessa parte são propostas atividades que também propiciam maior relação do aluno com o contexto de produção da obra, de seu microuniverso textual, bem como as relações com a sua vida cotidiana. d) Sugestões de atividades As atividades oferecidas nessa etapa do projeto referem- se às propostas de atividades de leitura e têm início na preparação para a leitura, tanto do texto verbal como do texto visual. Elas contribuem para a construção da obra, além de outros elementos internos do texto e do universo de sua produção merecedores de atenção por parte do professor, como: a divisão da obra em capítulos; a inserção de outros gêneros na obra; as ilustrações; os elementos estruturantes da narrativa; o(s) papel(éis) do narrador; a linguagem utilizada. Verificam-se aqui atividades que partem da leitura como importante instrumento de interação pela linguagem e a ela retornam, sempre com o objetivo de ampliar a competência textual do aluno e possibilitar a integra-
5 5 ção com as múltiplas linguagens e códigos da sociedade contemporânea. e) Trabalhos interdisciplinares 3 Essa parte do projeto tem por finalidade propor apenas um breve inventário de possíveis trabalhos da temática do livro em diferentes disciplinas, para o desenvolvimento de atividades que possibilitem um projeto de ensino que atenda à formação global do aluno, não a simples interseção de conteúdos. Assim, propõe-se, nessa etapa, a inclusão de trabalhos das diversas disciplinas estruturantes do currículo, no sentido de contribuir para que o professor de Língua Portuguesa consiga levar o aluno à contextualização da obra de maneira mais ampla, concreta e relevante para a formação integral do educando como sujeito agente na sociedade. Interessante perceber que as atividades que envolvem a interdisciplinaridade não precisam acontecer simultaneamente. Determinadas disciplinas podem oferecer subsídios para uma leitura posterior da obra e vice-versa. O livro pode contribuir para posteriores discussões em outras disciplinas. f) Proposta de avaliação A avaliação do processo de leitura de uma obra não deve se pautar apenas em provas ou trabalhos escritos; o próprio ato de ler deve ser valorizado e se tornar critério para propiciar instrumentos de avaliação. Desse modo, 3. Note que a interdisciplinaridade tem início na formulação dos objetivos educacionais, isto é, só pode ser interdisciplinar um projeto de ensino que tenha como objetivo a formação integral do indivíduo.
6 6 cada obra ou gênero pode comportar a recomendação de diferentes instrumentos e critérios de avaliação pelo professor, favorecendo a mudança gradual da cultura de avaliação do texto literário. elaboração: José Nicolau Gregorin Filho. Licenciou-se em Letras pela Unimauá, de Ribeirão Preto, onde exerceu diversos cargos até chegar a vice-reitor. Especializou-se em Linguística e Língua Portuguesa pela Unesp de Araraquara, onde se tornou mestre e doutor em Letras. Possui vários artigos e capítulos de livros publicados no Brasil e no exterior sobre suas pesquisas em Literatura Infantil e Juvenil. É parecerista ad hoc do Conselho Estadual de Educação de São Paulo. Atualmente, é docente da área de Literatura Infantil e Juvenil, docente e vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa da Universidade de São Paulo.
7 7 projeto de leitura Não Me Pergunte Por Quê sandra saruê e caroline ohashi/casa de ideias 13,5 x 20,5 cm, brochura, 96 páginas PALAVRAS INICIAIS O livro Não Me Pergunte Por Quê, de Sandra Saruê e ilustrado por Caroline Ohashi/Casa de Ideias, pode ser indicado para ampliar a fluência leitora do aluno de 6.º e 7.º anos do ensino fundamental. Neste projeto, o professor encontrará sugestões de atividades que buscam explorar de maneira abrangente a leitura da obra. Evidente que o projeto não pretende esgotar todas as possibilidades de trabalho em sala de aula nem todas as perspectivas de leitura do livro, visto que o leitor, em virtude de sua experiência de vida e relações com outros textos, pode investir a obra de novos e incontáveis significados e interpretações. Há necessidade de o professor refletir sobre a adequação desta obra ao projeto político -pedagógico de sua escola e, desse modo, ampliar as possibilidades de utilização deste projeto de leitura, adequando -o às especificidades de cada grupo de alunos, a fim de que este projeto não se torne um simples roteiro de leitura da obra literária, mas consiga promover a construção de leitores mais críticos e plurais.
8 8 SOBRE A OBRA Não Me Pergunte Por Quê narra a história de Ana, uma garota do interior que é apaixonada por rock e gosta de se vestir de maneira bem diferente das meninas de sua escola e, por isso, vive vários problemas de relacionamento no colégio que passa a frequentar depois da mudança de sua família para São Paulo. Como vários adolescentes de hoje, utiliza a internet e, nesse espaço virtual, encontra uma página feita para criticá -la. Após vários momentos de tristeza e incompreensão na escola, uma reação aos ataques das colegas proporciona uma mudança na sua vida. O texto é narrado em primeira pessoa e, na construção de seus personagens, consegue uma boa identificação com a realidade do seu público -alvo, bem como com um problema que se torna cada vez mais grave no ambiente escolar: o bullying. ATIVIDADES ANTERIORES À LEITURA As atividades aqui enumeradas fazem parte da preparação para a leitura, com o objetivo de despertar o interesse do aluno pelo livro Não Me Pergunte Por Quê. Uma interessante atividade de sensibilização para a leitura da obra seria uma roda de conversa cujo tema principal poderia ser a fase da adolescência e a importância das amizades nessa época da vida. Discutir a questão da adolescência e as relações com os colegas da escola também contribui para o conheci-
9 9 mento mais aprofundado da temática abordada pelo livro de Sandra Saruê. LEITURA DA OBRA O processo de leitura da obra deve ser composto de atividades que contemplem o seu universo textual; assim, deve conduzir à exploração desse universo, partir dele e a ele retornar, ampliando as possibilidades de interpretação. a) Como a protagonista se relaciona na escola? O professor pode dividir a classe em grupos e, por meio de discussões, levá -los a conhecer a história de cada um dos amigos mais profundamente, o que eles sentem, quais os seus sonhos e temores. b) A classe pode construir um blog na internet em que serão postados temas relacionados à adolescência saúde, relacionamentos, entretenimento, entre outros, a fim de poder partilhar os assuntos com uma quantidade maior de pessoas da mesma idade, conscientizando -as para o uso adequado das boas possibilidades que a rede mundial de computadores pode oferecer. c) Já que o livro aborda as dificuldades de relacionamento dos adolescentes e a relação entre pessoas diferentes, pode ser proporcionado um encontro com profissionais da área de saúde (médicos, psicólogos, entre outros), para que se discuta o tema da adolescência a partir de diferentes pontos de vista.
10 10 Por meio dessas atividades, além de explorar os aspectos literários da ficção, o professor consegue também proporcionar a integração do grupo e a resolução de problemas às vezes ocultados da família. TRABALHOS INTERDISCIPLINARES Além das atividades sugeridas para a área de Língua Portuguesa, o livro Não Me Pergunte Por Quê pode proporcionar a discussão dos seguintes temas transversais: Ética, Saúde e Orientação sexual. Dessa maneira, há a integração das seguintes áreas: Ciências: discussão de questões relacionadas à adolescência, à sexualidade e à afetividade, já que a obra traz elementos relativos à descoberta da afetividade; reflexão sobre a saúde: alimentação, atividades físicas, entre outros assuntos. Artes: partindo de estilos musicais conhecidos e apreciados pelos alunos, o professor os levará a conhecer outros estilos e diferentes produções artísticas e culturais, produzindo divertida apresentação artística com a presença de alunos de outras classes e séries. PROPOSTA DE AVALIAÇÃO A avaliação do processo de leitura de uma obra não deve se basear apenas em provas ou trabalhos escritos; o
11 próprio ato de ler deve ser valorizado e se tornar critério para propiciar instrumentos de avaliação. Desse modo, a obra pode comportar uma avaliação contínua e formativa, considerando os resultados das atividades das diversas disciplinas envolvidas no projeto de leitura do texto, com o objetivo de levar o aluno a perceber a gama de relações interdisciplinares que envolvem a leitura literária. Assim, são sugeridas avaliações de todas as atividades propostas nas diferentes fases de leitura do texto, todas valorizando as impressões de leitura e a contextualização da obra. Pode valer como instrumento de avaliação a montagem do blog, bem como a apresentação artística sugerida para a disciplina de Artes. 11
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