Funcionário público.

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1 Funcionário público. O OBJETIVO DESSE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM SERÁ APRESENTAR O PROCEDIMENTO ESPECIAL REFERENTE AOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DO PROCEDIMENTO E JULGAMENTO DOS CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS O Código de Processo Penal brasileiro regulamenta expressamente o procedimento e julgamento dos crimes praticados por funcionários públicos nos Arts. 513 a 518. No entanto, antes de abordar o procedimento especial é importante relembrar o conceito de funcionário público para efeitos penais. CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO O conceito de funcionário público está previsto no Art. 327 do Código Penal brasileiro, que determina in verbis: "Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público". O conceito de funcionário público para efeitos penais é mais abrangente do que o conceito de servidores públicos do Direito Administrativo. Portanto, o Código Penal adotou um conceito extensivo ao funcionário público, não havendo necessidade de exercício profissional e permamente da função pública, bastando que o sujeito exerça, ainda que temporariamente e sem remuneração cargo, emprego ou função pública (BITENCOURT, 2013, p.188/189). Assim, para efeitos penais e processuais penais são considerados funcionários públicos, não só os que exercem cargo (vide Art. 3º da Lei 8.112/90), mas, também, outras pessoas, por exemplo: jurados (Art. 438 do CPP) e mesários (vide Lei 4.737/65).

2 CRIMES FUNCIONAIS Os crimes funcionais são aqueles praticados por funcionários públicos em geral. A doutrina salienta a diferença entre CRIMES FUNCIONAIS PRÓPRIOS E IMPRÓPRIOS. Os crimes funcionais próprios são fatos que constituem em crimes quando o agente é funcionário público, ou seja,quando a característica de ser funcionário público constitui elementar dos tipos penais, por exemplo, pode-se citar o crime de CONCUSSÃO (Art. 316 do Código Penal), CORRUPÇÃO PASSIVA (Art. 317 do Código Penal), PREVARICAÇÃO (Art. 319 do Código Penal), ABANDONO DA FUNÇÃO (Art. 323 do Código Penal) etc (GRECO, 2015, p. 394). Todavia, os crimes funcionais impróprios são os fatos que constituem também crimes comuns, ou seja, a ausência da qualidade de funcionário público não gera a atipicidade absoluta, mas sim, a atipicidade relativa, respondendo o agente por crimes comuns, exemplo disso é o PECULATO (Art. 312 do Código Penal). No peculato, caso o sujeito ativo não seja funcionário público terá cometido crime de apropriação indébita, furto etc (GRECO, 2015, p. 394). Assim, a aplicação do procedimento dos crimes de responsabilidade dos funcionários públicos deve ser observada quando o sujeito ativo for funcionário público e que tenha sido praticado um dos crimes denominados funcionais, próprios ou impróprios. Ademais, é importante ressaltar que os crimes de abuso de autoridade, embora sejam crimes funcionais (vide Art /65) não estão incluidos nas regras processuais aqui estudadas, haja vista que a lei de abuso de autoridade prevê um procedimento especial (MIRABETE, 2008, p. 577). PROCEDIMENTO Para GUSTAVO BADARÓ o procedimento especial destinado aos funcionários públicos, previsto nos Arts. 513 a 518 do Código de Processo Penal foi revogado tacitamente pela Lei de 2008, que modificou a sistemática dos procedimentos comuns (BADARÓ, 2014, p. 533/534). No entanto, prevalece na doutrina que o procedimento especial destinado aos crimes funcionais praticados por funcionários públicos deve continuar sendo observado, sob pena de violação do princípio do devido processo legal, previsto no Art. 5º, inciso LIV da Constituição Federal. O procedimento em análise deve ser observado para todos os crimes funcionais, isto é, praticados por funcionário público. A proibição de aplicação aos crimes inafiançáveis, conforme Art. 514, do Código de Processo Penal não tem mais eficácia, haja vista que a lei de 4,de maio de 2011, acompanhando o texto constitucional, não abarcou nenhum crime funcional, como crime inafiançável. Portanto, segue o fluxograma do procedimento especial dos crimes funcionais (TÁVORA; ALENCAR, 2013, p. 806):

3 01 - REMESSA E DISTRIBUIÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL AO JUDICIÁRIO; 02 - OFERECIMENTO DA INICIAL ACUSATÓRIA (DENÚNCIA OU QUEIXA-CRIME); 03 - NOTIFICAÇÃO PARA DEFESA PRELIMINAR, A SER APRESENTADA EM 15 (QUINZE) DIAS; 04 - REJEIÇÃO OU RECEBIMENTO DA INICIAL ACUSATÓRIA, SEGUINDO-SE NESTE ÚLTIMO CASO O PROCEDIMENTO COMUM ORDINÁRIO. Uma vez oferecida a denúncia ou a queixa-crime, pela suposta prática de crime funcional, o magistrado, antes de recebê-la, determinará que o acusado (funcionário público para efeitos penais) seja NOTIFICADO para apresentar sua DEFESA PRELIMINAR no prazo de 15 (quinze) dias (vide Art. 514 do Código de Processo Penal). A DEFESA PRELIMINAR tem o objetivo de impedir o eventual e futuro recebimento da peça acusatória, tendo em foco o interesse da administração pública. É importante salientar que a falta da DEFESA PRELIMINAR tem o condão de gerar a NULIDADE ABSOLUTA (nesse sentido Súmula nº 523 do Supremo Tribunal Federal) do processo, por violação manifesta do princípio constitucional da ampla defesa, conforme previsto no Art. 5º, inciso LV da Constituição da República (CAPEZ, 2015, p. 451). Destarte, se a denúncia ou queixa-crime for recebida, o juiz deverá seguir o procedimento comum, ordinário, sumário ou até sumaríssimo, conforme o caso concreto. Ademais, é importante salientar que se o acusado que supostamente cometeu o crime funcional, possuir foro por prerrogativa de função não será aplciado o procedimento em estudo, haja vista que nesta hipótese deverá ser observado o procedimento previsto na Lei nº 8.038/90, para os crimes de competência originária dos Tribunais (BADARÓ, 2014, p. 535).

4 funcionários públicos Quiz 1 Com relação ao procedimento especial de responsabilidade dos funcionários públicos, é CORRETO afirmar que: Ao julgar processos que discutam crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, o

5 juiz deverá rejeitar a denúncia, em despacho fundamentado, se estiver convencido, pela defesa preliminar, da inexistência do crime ou da improcedência da ação. O procedimento de responsabilidade dos funcionários públicos, só tem cabimento nos casos de crimes funcionais próprios. O procedimento de responsabilidade dos funcionários públicos só tem cabimento nos casos de crimes funcionais impróprios. No procedimento e responsabilidade dos funcionários públicos, estes poderão apresentar defesa preliminar após o recebimento da denúncia. 2 Renato de Souza sofreu um processo administrativo disciplinar pela suposta prática de ato de improbidade administartiva, previsto no Art. 9º, inciso IV da Lei 8.429/92. Renato utilizou a viatura da polícia federal para viajar com seus familiares para a cidade de Santos/SP. No caso, utilizou-se do combustível da viatura e que constituia bem público. Assim, posteriormente, o Ministério Público ofereceu denúncia pela suposta prática do crime de peculato-desvio (Art. 312 do Código Penal). Diante disso, é correto afirmar que: Renato será notificado para apresentar seus memorias escritos no prazo de 5 (cinco) dias. Renato será notificado para apresentar sua resposta à acusação no prazo de 10 (dez) dias. Renato será notificado para apresentar sua defesa preliminar no prazo de 10 (dez) dias. Renato será notificado para apresentar sua defesa preliminar no prazo de 15 (quinze) dias.

6 3 Fulano foi denunciado pela prática do crime de Corrupção passiva (vide Art. 317, caput, do CP). Posteriormente, o magistrado determinou sua notificação para apresentar defesa preliminar, o que foi feito. Diante de tudo, o juiz entendeu pelo recebimento da denúncia. Com base nos fatos supranarrados aponte a assertiva correta: Neste caso Fulano será citado para apresentar resposta à acusação, seguindo-se o rito ordinário. Neste caso Fulano será citado para apresentar defesa preliminar, seguindo o rito dos funcionários públicos. Neste caso Fulano será inimado para se defender no prazo de 2 (dois) dias. Neste caso Fulano será citado para apresentar resposta à acusação, seguindo-se o rito sumário. Referências ALENCAR, Rosmar Rodrigues; TÁVORA, Nestor. Curso de Direito Processual Penal. 8.ed. Salvador, BA: JusPODIVM, BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Processo Penal. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal, 5: parte especial: dos crimes contra a administração pública e dos crimes praticados por prefeitos. 07.ed. São Paulo: Saraiva, BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de processo penal. 7.ed. São Paulo: Saraiva, CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, volume 3, parte especial. 13.ed. São Paulo: Saraiva, DELMANTO, Celso. Código Penal comentado: acompanhado de comentários, jurisprudência, súmulas em matéria penal e legislação complementar. 8.ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

7 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 22.ed. São Paulo:Atlas, GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial, volume IV. 11.ed. Niterói, Rj: Impetus, GRECO, Rogério. Código Penal comentado. 9.ed. Niterói, RJ: Impetus, MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 18.ed. Atlas, NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal comentado. 14.ed. Rio de Janeiro: Forense, NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013.