A ótica dos agentes comunitários de saúde sobre o Programa Saúde da Família

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1 PESQUISA A ótica dos agentes comunitários de saúde sobre o Programa Saúde da Família Maria do Carmo Reis Crespilho Aluna do Curso de Graduação em Enfermagem. Cláudia Polubriaginof Docente do Curso de Graduação em Enfermagem. Orientadora. RESUMO Este estudo objetivou descrever as dificuldades e os fatores estressantes dos agentes comunitários de saúde (ACS) no Programa Saúde da Família (PSF). Pesquisa de abordagem qualitativa realizada em três Unidades Básicas de Saúde do município de São Paulo, a partir de entrevistas com ACS. Os resultados da pesquisa revelaram uma nova forma de encarar as necessidades de um profissional que gosta e acredita no que faz, mas que almeja por uma nova realidade que altere o seu sentimento de desvalorização, adquirindo maior respeito com o papel e a figura do profissional. ACS sonha ser visto como um profissional respeitado e valorizado dentro e fora da instituição que trabalha, acreditando na sua participação em novos trabalhos dentro do PSF. Descritores: Programa saúde da família; Agente comunitário de saúde; Trabalho. Crespilho MCR, Polubriaginof C. A ótica dos agentes comunitários de saúde sobre o Programa Saúde da Família. INTRODUÇÃO De acordo com o Ministério da Saúde (MS), o Programa Saúde da Família (PSF) é uma das estratégias que desde 1994, tem como objetivo principal reorganizar a prática da atenção à saúde em novas bases e substituir o modelo tradicional de assistência, melhorando a qualidade de vida populacional (1). A estratégia do PSF fundamenta-se em melhorar o estado de saúde da população mediante a implantação de um modelo assistencial voltado para promoção, proteção e recuperação da saúde da população de forma integral e continua em conformidade com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) dirigido aos indivíduos, à família e a comunidade (1). O PSF tem seu foco centrado na família, o que exige das equipes de saúde uma vasta compreensão no processo sáudedoença e das suas necessidades de intervir no processo, quando necessário que vão além das práticas curativas, cujo atendimento pode ser prestado tanto na unidade de saúde como no domicilio por profissionais da Equipe de Saúde (2). O Ministério da Saúde estabelece que a equipe deva ser composta minimamente por: um Médico, um Enfermeiro, dois Auxiliares de Enfermagem e cinco Agentes Comunitários de Saúde (ACS) (3). Esta equipe deverá atender um contingente de aproximadamente 180 famílias ou em torno de 900 pessoas de acordo com Norma Operacional da Assistência à Saúde, (NOAS). Quando se fala em PSF destaca-se o ACS, profissional fundamental para o sucesso deste programa, por ser o elo de comunicação entre a Equipe de Saúde da Família e a comunidade onde vive, ressaltando que o mesmo interage junto à comunidade e serve de ponte entre ela e o serviço de saúde e a equipe de saúde. Por esta razão muitas vezes passa a sofrer forte pressão tanto por parte da comunidade onde vive como o da própria equipe, o que pode gerar agravos a sua saúde e prejuízos para sua qualidade de vida. A literatura que cerca e fundamenta o PSF sempre destaca a importância do ACS dentro da equipe de saúde, entretanto na prática este profissional parece estar à margem de seu reconhecimento social e profissional e ainda se encontra sobrecarregado das atribuições que lhe compete, gerando uma carga adicional de estresse (4). O estresse tem sido considerado como um dos fatores negativos que mais influenciam o ser humano, podendo ser 113

2 citado o exemplo do stress ocupacional, que é resultado de inúmeras situações em que a pessoa descreve o ambiente de trabalho de forma ameaçadora a sua vida pessoal e profissional prejudicando suas funções e interações com o ambiente de trabalho. Os riscos ocupacionais do ACS não se traduzem somente à ordem física, mas também a de ordem psíquica (5). O trabalho é capaz de influenciar a personalidade do ser humano, podendo desempenhar um papel fundamental para o seu equilíbrio, sua inserção social, sua saúde física e mental. Fatos esses que me levam a realizar esta pesquisa de levantar dados frente às equipes de saúde, sobre as dificuldades e os fatores estressores do trabalho do ACS. Portanto, para assistir a população é necessário que as equipes de saúde estejam estruturadas com profissionais adequados ao perfil necessário para enfrentar os problemas da realidade existente na comunidade. É importante reforçar o trabalho do PSF de forma a esclarecer o que é PSF, como trabalha e sanar as dúvidas da comunidade que ainda desconhece o trabalho proposto, fornecendo também suporte ao profissional quando necessário. OBJETIVOS - Descrever as dificuldades do ACS no PSF; - Descrever fatores estressores no ambiente de trabalho deste profissional. MÉTODO Tratou-se de uma pesquisa qualitativa descritiva, realizada em três Unidades Básicas de Saúde do município de São Paulo. A coleta de dados teve início após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde sob o nº 325/09. A população foi constituída por Agentes Comunitários de Saúde (ACS), que atuam nessa função em um período superior a seis meses. Foram convidados a participar da pesquisa, três ACS de cada Unidade Básica de Saúde (UBS), preferencialmente de equipes diferentes. Foi informado aos profissionais participantes que ao concordarem em fazer parte deste estudo, teriam a necessidade de assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para registro de depoimentos, garantindo sigilo e anonimato absoluto, a fim de proteger sua privacidade. Tal procedimento sustenta-se na Resolução nº196/96 do Conselho Nacional de Saúde (6). A coleta de dados foi realizada em sala reservada dentro da UBS em um consultório determinado por gerência ou enfermeiro responsável com agendamento prévio somente na presença da entrevistadora e do entrevistado, salvaguardando a privacidade do entrevistado. As entrevistas foram fonografadas, e posteriormente transcritas para a leitura e categorização das informações coletadas. As entrevistas foram nomeadas de acordo com a sequência das mesmas com nomes de flores, com o intuito de manter o anonimato. Foi utilizado como instrumento de coleta de dados, um questionário elaborado pela pesquisadora ao qual foram coletados dados mediante a uma entrevista semiestruturada individual com questões abertas e fechadas e que posteriormente foram fonografadas, essas fitas serão guardadas por um período de cinco anos e desprezadas após o término da vigência de acordo com a Lei 9610/98 (7). RESULTADOS E DISCUSSÃO O PSF constitui-se de equipes multiprofissionais que atuam de maneira interdisciplinar composta por: médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e o ACS. Os membros dessa equipe manipulam suas práticas e saberes para enfrentar situações e por fim intervir com soluções adequadas frente aos problemas levantados da família e da comunidade. O ACS tem o papel fundamental na comunicação entre a equipe e a família, pois trabalha diretamente com ambos (8). Como mencionado anteriormente, o ACS é o profissional fundamental para o sucesso deste programa, por ser o elo de comunicação entre a equipe de saúde da família e a comunidade onde vive. Portanto, cabem a este profissional as seguintes atribuições: mapeamento da área de abrangência, identificação de micro áreas de risco, cadastramento das famílias, visitas domiciliares, atualização de cadastro, orientações às famílias sobre a utilização adequada dos serviços de saúde disponíveis, ações educativas visando à promoção de saúde, à prevenção de doenças e agravos de saúde e o acompanhamento de todas as famílias que se encontram sob sua responsabilidade (2). A amostra estudada encontra-se entre 23 e 54 anos, sendo que a maior concentração dos trabalhadores tem entre 40 e 49 anos (55%). Predomina-se o sexo feminino (88%) sobre o masculino (12%). Em relação ao nível escolar, a maioria concluiu o ensino médio (55%), seguido daqueles com ensino médio incompleto (33%) e ensino fundamental completo (12%). A primeira pergunta do instrumento da coleta de dados foi: Há quanto tempo você trabalha na empresa? Foram levantados os seguintes dados: 45% corresponde de 07 à 09 anos de trabalho na empresa, 44% de 03 a 01 ano de trabalho na empresa e 11% com experiência inferior à 01 ano de trabalho na empresa. A seguir, a análise global dos depoimentos: Ao analisar a visão do trabalho do PSF, buscou-se compreender como o ACS interpreta o seu trabalho dentre da equipe da saúde da família. Das entrevistas, 45% dos entrevistados consideraram o seu trabalho no PSF como importante e os demais reconheceram seu trabalho como gratificante, útil, bom e novidade (55%). O ato de ajudar presente na narrativa da Margarida aponta a importância em ajudar as pessoas, além da satisfação e de um trabalho cumprido.... Como eu vejo? ah... um trabalho útil, um trabalho que ajuda as pessoas, dá pra orienta as pessoas... ajuda, eu acho que eu tenho ajudado bastante... (Margarida)... Um bom trabalho... (Bromélia)... Ah!... bom é assim, acho um trabalho importante né, um 114

3 trabalho importante pra comunidade, pro paciente, eu gosto do que eu faço... (Rosa)... Eu gosto do que eu faço... mas... eu acho um trabalho muito cansativo mais é isso que é importante, mas também muito desgastante... (Begônia)... Eu acho um trabalho muito importante, porém deveria ser mais reconhecido vindo de cima, ter mais médicos, ter mais espaço pra marcar especialistas e, também a população se compromete que muitas vezes é marcado e a própria população não vai Importante... (Cravo) O agente é uma peça importante para o desenvolvimento do PSF, assim sendo, cuidar desse trabalhador e valorizálo é de fundamental importância (9). O profissional da saúde enfrenta em seu dia a dia situações estressantes e gratificantes como resultados de uma exposição constante em sua vivência profissional ultrapassando até mesmos suas expectativas pessoais (10).... É,.. gratificante e... mais sem reconhecimento... (Flor do campo)... Hum... não tão reconhecido como deveria ser... (Orquídea) Os entrevistados com experiência inferior à 01 ano de trabalho na empresa representam, considerando seu trabalho como uma novidade. Essa análise foi organizada obtendo-se o seguinte depoimento:... Por enquanto, como é novo pra mim... é muito novo... trabalha com outro tipo de ramo, então, por enquanto é tudo novidade, eu não tenho muita perspectiva, ainda do que é errado e do que é certo... não sei... (Hortência)... Um bom trabalho... (Bromélia) Quando questionados quanto ao reconhecimento do trabalho podemos destacar como sendo a consideração, a virtude, o esforço e a dedicação que alguém tem por você ou vice-versa, seja no ambiente familiar ou no trabalho, os entrevistados demonstraram que o mesmo não é reconhecido (45%), é reconhecido (33%) e mais ou menos reconhecido (22%).... Maio ou menos, mais ou menos. (Margarida)... De jeito algum... (Begônia)... Sinto... (Bromélia)... Não, não sinto... (Flor do Campo)... De quatro meses pra cá... sim, no começo não era... (Hortência)... Sim, eu sinto é... porém, sempre tem alguma coisa assim, que reconhecesse mais porque se a gente preenche muito papel e muitas vezes o papel... eu falei pra você não vem resposta... O ACS em relação à equipe tem ainda como fonte a falta de reconhecimento pelo trabalho que desempenham com dedicação e esforço, não é o trabalho em si que gera o sofrimento e adoecimento em um trabalhador, mas sim as condições em que esse trabalho acontece (11). O trabalho em equipe integrado exige conhecimento e valorização do trabalho do outro, construindo consensos quanto aos objetivos a serem alcançados e a maneira mais adequada de atingi-los (12). No que tange no significado da questão como gostaria de ser reconhecido profissionalmente, os ACS referiram:... È... olha.. sendo mais valorizada pelas pessoas no geral né?, eu gostaria também que tivesse menos cobrança que não tivesse muita papelada, que as coisa pudesse resolver com mais facilidade... (Begônia)... Eu acho que eles podiam valorizar um pouquinho mais porque funcionário feliz trabalha sempre mais... produz mais... poderia vim um incentivo anual, mensal...mas uma decisão que venha deles,mas assim um incentivo maior pra pessoa Bom!... a partir do momento que eu vou à casa do paciente, que ele tivesse mais respeito pelo meu trabalho né?...de não ficar batendo a porta na minha cara, de não fica me xingando e não fica me comparando com outros agentes de saúde que já tenham passado anteriormente né?...então alguns pacientes te atendem muito bem, mais a maioria não né...a valorização da pessoa que esta fazendo a visita... (Hortência) Com relação ao depoimento anterior é nítida em sua narrativa à insatisfação da comunidade pelo seu trabalho, devido a sua experiência ainda ser inferior à 01 ano de trabalho e estar associada a uma comparação de outros profissionais que ali atuaram, portanto a qualidade de seu trabalho no que se refere ao respeito da comunidade pelos mesmos gera conflitos e agravos de saúde entre eles (9).... É... no caso a equipe como um todo visse o agente comunitário como ser humano dando condição de atendimento dentro da ubs porque, quando é pra contrata... tem que ser morador do bairro, mas uma vez trabalhando pura e simplesmente nós não somo vistos como moradores, nem como pessoas cadastradas, mas pura e simplesmente como funcionários... (Orquídea) Um outro aspecto a ser notado é a evidência da necessidade de ser vista como ser humano pela equipe e principalmente como moradora desta comunidade, tendo os mesmos direitos como usuária da instituição. Esses profissionais estão sujeitos a uma dinâmica laboral particular de viver e trabalhar na mesma comunidade, que pode gerar 115

4 pressões e sobrecarga adicionais (13). O ACS é um morador do bairro, requisito necessário para a contratação do mesmo. Segundo a Lei Federal (art. 3º) de 10 de julho de 2.002, apontado pelo Ministério da Saúde (14).... É... que tivesse mais reconhecimento pela... tanto pelo posto, que a gente pudesse participar mais de é... do próprio posto mesmo, pudesse participar de grupos que a gente não tem essa... esse...respaldo, entendeu a gente não pode participar de grupos e muitas coisas poderiam ser mudada se a gente participasse diretamente como funcionário... (Flor do Campo)... Como uma pessoa comum, também tem erros e falhas né... e as pessoas não acham isso né?... que a gente tem que dar tudo certo... certo... certo (Cravo)... Mais pelas enfermeiras e as médicas... (Bromélia) Os fatores estressantes citados pelos entrevistados com maior incidência e significado relevante foram quanto a burocracia e o preenchimento de papéis além de cobrança da comunidade e da equipe multiprofissional.... Um monte de papel pra escrever, muito, muito papel, muito papel... (Margarida)... Muita cobrança né e pouco reconhecimento.... (Rosa)... Oh!... acabei de falar né a papelada é muita coisa pra anota e... aí... tem um montão de reclamação sabe... pela parte da comunidade e também tem a equipe... (Begônia)... No dia a dia a falta de união da equipe a falta de humanização... O conflito do trabalho em equipe gera dificuldades no cotidiano laboral fazendo com que esta categoria passe a ser um fator estressante colaborando para a alteração do desempenho em seu ambiente de trabalho.... Quando algum paciente reclama, quando eu ouço... reclamação de algum paciente que não caba a mim resolver o problema dele... (Bromélia)... Muita cobrança da população muita cobrança da direção, falar o que deveria ser, mais valorizado... (Flor do Campo)... A quantidade de papel pra preencher todos dias, a cobrança em geral tanto da equipe quanto das famílias, muita burocracia sem necessidade quando eles fazem os papel eles não consulta os agente comunitário pra vê se aquilo é de acordo com o nosso trabalho do dia a dia, mas sim de acordo com que eles acha que deveria se para o agente comunitário... (Orquídea)... Bom!... Esse fato que falei anteriormente, mas o fato do paciente vir até o seu trabalho e denegrir a sua imagem perante o seu superior e seus companheiros de equipe... Considero bastante... mais isso... (Hortência)... Cobrança muita cobrança, folha, papelada, todo dia tem que preencher muitos papéis cada dia chegando mais né... (Cravo) O último item contemplava melhorias na condição do trabalho que de acordo com os entrevistados 44% relataram a necessidade de ter um acompanhamento com um profissional psicólogo, para que pudessem desabafar e diminuir o estresse. Porém, 22% indicam a atividade/terapia como sendo uma condição necessária e ideal para a melhoria do seu trabalho e os demais 34 distribuem-se em programas, reconhecimento e união.... É... é uma atividade, uma atividade que ajudasse a gente relaxar, descontrair, desestressar, alguma coisa assim, não sei que atividade, mas alguma coisa que tirasse é... esse cansaço... é físico e mental,né? (Margarida)... Bom!... assim, eu acho que deveria ter reconhecimento do ACS que é um trabalho estressante, de ter um psicólogo uma terapia né?... (Rosa)... Oh!... alguma coisa que pudesse fazer com que o estresse, sabe o estresse é muito grande quem sabe né... uma terapia de dança exercício né... um psicólogo. Oh!... não sei te explicar direito, mas o que pesa mesmo é o estresse tem que tentar acaba com esse estresse pra tudo mundo que trabalha aqui... (Begônia)... Poderia melhorar poderia ter mais humanização,ter mais união, poderia ter psicóloga pra gente desabafar, nem que fosse em grupo mais... um... cuidando do cuidador... A essência da função do ACS esta nas relações e nos vínculos estabelecidos na comunidade e na equipe de saúde. Portanto, suas ações dependem da sua relação interpessoal, gerando rendimento profissional e satisfação pessoal (12).... É eu já tive problema de depressão, eu acho que deveria ter um respaldo melhor nessa parte entendeu?...com a gente é... tem o problema de perto, então eu acho como tem os programas aqui na unidade (NASF*) a gente poderia participar mais diretamente.como funcionário... (Flor do Campo) *NASF Núcleo de Apoio à Saude da Família.... Uma assistência psicológica, uma assistência é...junto às família, diminuir a quantidade de família principalmente, porque hoje é cobrado 85% de visita, isso independente se eu tenho 190 ou 275, 290 isso é injusto! se você fica doente tem um atestado médico você não pode justificar, se você fica uma semana sem trabalhar você tem que correr atrás do prejuízo pra você fazer, o que você não fez em uma semana aonde tá o reconhecimento do agente comunitário? Não tem, só querem ver número... 85% tanto faz um agente comunitário que tem 116

5 190 dar... 85% com qualidade como quem tem quase dá sem nenhuma qualidade...deixa de ser PSF e vamos ser posto de saúde tradicional, vamos ver só os números... (Orquídea)... Bom! a questão de... do local de trabalho, pra mim é excelente, tá... ótimo, o problema é da porta pra fora, é o que a gente enfrenta do lado de fora né?...o reconhecimento perante aos meus superiores,ta sendo conforme meus passos, eles tão me reconhecendo né... mas da porta pra fora ainda não vi isso... (Hortência)... Essa eu vou ficar sem responder mesmo! Essa... condição que poderia dar..alguma terapia mesmo né...bem antes de sair..,.quando a pessoa começa., pelo menos uma vez por mês...o encontro com as pessoas... (Cravo)... Mais união... (Bromélia) CONCLUSÃO O presente estudo permitiu-nos conhecer um pouco sobre as dificuldades e os fatores estressores apresentados pelos ACS em seu âmbito profissional. As dificuldades resumem-se em: o fato de não saber lidar com a parte administrativa de papéis, mesmo já tendo participado do curso de capacitação no momento introdutório, atingir as metas de visitas de 100% com qualidade, entender o porquê não ser visto como morador uma vez que é funcionário, ter programas na unidade e não poder participar, entender o porquê as atividades são voltadas somente para a população e não são estendidas para o profissional. Quanto aos fatores estressores foram apontadas as seguintes questões: Cobrança da população e da equipe de saúde, excesso de preenchimento de formulários, falta de união na equipe e respeito da população. Um alto índice de depoimentos em relação ao preenchimento excessivo de papéis foi um dos tópicos no qual os ACS relataram ser um motivo de estresse, pois acham ser uma burocracia sem necessidade. A cobrança da população é relacionada aos serviços prestados pelo PSF, onde estes são relacionados ao agendamento de consulta generalista, agendamento em serviços de especialidades, marcação de exames, recebimento destes, grupos de orientação, entre outros. Os resultados revelaram que a visão do PSF sob a ótica do ACS é uma nova forma de encarar as necessidades de um profissional que gosta e acredita no que faz, mas que almeja por uma nova realidade de transformação que venha colabo-rar de forma mais agregada para o seu melhor desempenho, alterando o seu sentimento de desvalorização objetivando um maior respeito com o papel e a figura do profissional. Sugestionamos que sejam conduzidos novos estudos no sentido de elaborar e implantar programas de inserção dos ACS nas atividades/terapias onde o foco seja o cuidador ACS. Melhorando a qualidade dos serviços prestados por estes à família e à comunidade. O ACS sonha um dia ser visto como um profissional respeitado e valorizado dentro e fora da instituição e ter o direito de expressar seus conhecimentos, sua experiência, seus sentimentos não pelo simples fato de ser o elo entre a equipe de saúde e a comunidade, mas por acreditar poder contribuir e participar mais em decisões, sugestões e novos trabalhos dentro do PSF. REFERÊNCIAS 1. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação de Saúde da Comunidade. Saúde da Família: uma estratégia para a reorientação do modelo assistencial. Brasília: Ministério da Saúde; Murta GF, organizador. Saberes e práticas: guia para ensino e aprendizado de enfermagem. São Paulo; Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual para organização de atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde; Hildebrand SM, Shimizu HE. Percepção do agente comunitário sobre o programa família saudável. 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