Como funcionam os desreguladores endócrinos?
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- Joaquim Maranhão Marreiro
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1 Compartilhe conhecimento: Introdução sobre desreguladores endócrinos, com descrição, lista dos desreguladores mais comuns e seus efeitos no corpo humano. Desreguladores endócrinos são substâncias químicas, naturais ou produzidas pelo homem, que podem interferir no sistema endócrino, produzindo efeitos adversos no desenvolvimento, na reprodução e em funções neurológicas e imunológicas, tanto em seres humanos quanto em animais. Agem via receptores nucleares, não nucleares, receptores de neurotransmissores (serotonina, dopamina, norepinefrina), receptores órfãos e vias enzimáticas envolvidas na biossíntese e/ou no metabolismo. Como funcionam os desreguladores endócrinos? Os desreguladores endócrinos Mimetizam hormônios (estrógenos, andrógenos, hormônios tireoidianos), gerando uma superestimulação; Ligam-se a receptores hormonais (agonista ou antagonista); Interferem na ação dos hormônios ou de seus receptores (alterando o metabolismo hepático, por exemplo). Adaptado de NIEHS.NIH.GOV.
2 Podem atuar por meio de mais do que um mecanismo e apresentar propriedades misturadas (estrogênica e antiandrogênica), além de serem metabolizados e gerarem subprodutos com propriedades diferentes do produto original. Em geral, têm baixa solubilidade em água e alta lipossolubilidade, levando à sua bioacumulação em tecido adiposo. Eles podem ser encontrados em muitos produtos da vida cotidiana, como garrafas plásticas, latas de alimentos de metal, detergentes, alimentos, brinquedos, cosméticos e pesticidas. Pesquisas mostram que a exposição aos desreguladores endócrinos pode apresentar maior risco durante o desenvolvimento pré e pós-natal imediato, quando órgãos e sistemas neurais estão em formação. Porém, seus efeitos podem não ser aparentes até um período mais tardio da vida. QUAIS SÃO OS DESREGULADORES MAIS COMUNS? Abaixo seguem alguns exemplos de desreguladores endócrinos presentes em nosso dia a dia: Ftalato: plastificante usado em revestimentos de piso/parede, dispositivos médicos, produtos de cuidados pessoais (por ex., perfumes, loções, cosméticos), embalagens de alimentos, produtos infantis, solventes e plastificantes para o acetato de celulose, lacas, vernizes e revestimentos. Fitoestrogênios: ocorrem naturalmente nas plantas que têm atividade hormone-like. Ex.: genisteína e daidzeína (derivados da soja). Dioxina: subproduto de inseticidas clorados. Bisfenol A (BPA): utilizado na produção de plásticos de policarbonato e resinas epóxi. Estudo de 2008 do CDC demonstrou que 92,6% de americanos estudados possuíam níveis de BPA detectáveis na urina, sendo esses maiores em crianças e adolescentes do que em adultos.
3 DESREGULADORES: EXPOSIÇÃO E EFEITOS A exposição aos desreguladores endócrinos acontece através da água, do solo e ar contaminados, pela ingestão de alimentos e por contato dérmico. Estas substâncias não se deterioram facilmente, não podem ser metabolizadas ou, quando metabolizadas, podem se dividir em compostos ainda mais tóxicos do que a molécula-mãe; dessa forma, mesmo substâncias que foram proibidas há décadas permanecem em níveis elevados no ambiente. A exposição acontece pela água, ingestão de alimentos, pelo solo e ar contaminados e por contato dérmico. Alguns desreguladores endócrinos são detectáveis a distâncias remotas devido a correntes de água, de ar e via animais migratórios. Outros, como o BPA, podem não ser tão persistentes, mas seu uso é tão comum que existe uma exposição humana prevalente. Mesmo níveis infinitamente baixos de exposição podem causar anormalidades endócrinas ou reprodutivas, particularmente se a exposição ocorre durante uma janela de desenvolvimento crítico. Além disso, podem exercer dose-resposta não tradicional, ou seja, doses baixas podem exercer efeitos mais potentes do que doses
4 mais elevadas. Cada pessoa tem um perfil único de exposição; diferenças no metabolismo e na composição corporal geram uma considerável variabilidade na meia-vida e na persistência no organismo, assim como a sua degradação nos fluidos corporais e tecidos. Mesmo níveis infinitamente baixos de exposição podem causar anormalidades endócrinas ou reprodutivas O período de latência entre exposição e a ocorrência de distúrbios clínicos pode levar meses ou anos, o que ocasiona ainda mais desafios quando se tenta estabelecer uma relação de causa e efeito. A literatura demonstra o papel dos desreguladores endócrinos na etiologia de doenças complexas, como a obesidade, diabetes mellitus e doença cardiovascular; no entanto, esses processos são ainda mal compreendidos. Embora a evidência seja limitada, dados apontam para o potencial papel direto ou indireto de desreguladores endócrinos na patogênese da adipogênese, diabetes, e outras grandes epidemias do mundo moderno. Portanto, na ausência de informações a respeito do assunto, o princípio da precaução é fundamental para melhorar a saúde reprodutiva e endócrina da população. DESAFIOS A Sociedade de Endocrinologia vem buscando ativamente uma regulação para diminuir a exposição humana aos desreguladores endócrinos, porém existem algumas dificuldades a serem enfrentadas. Geralmente são necessários longos períodos de tempo de exposição para se obter os efeitos colaterais; por isso, o ideal seria estudar essa exposição desde a fase intraútero (o que levanta questões de ética/riscos). Além disso, a liberação no ambiente dos desreguladores ocorre como misturas, ao invés de produtos químicos isolados, resultando em efeitos simultâneos que podem agir de forma sinérgica, aditiva ou antagonista, tornando o estudo de suas ações no corpo ainda mais complexo. Ademais, indivíduos e populações estão expostos a padrões de produção e utilização dos desreguladores endócrinos em constante mudança.
5 Referências Bibliográficas Endocrine-Disrupting Chemicals: An Endocrine Society Scientific Statement, Endocrine Reviews, June 2009, 30(4): Endocrine disrupters: a review of some surces, effects and mechanisms of actions on behavior and neuroendocrine systems. J Neuroendocrinol January ; 24(1): doi: /j x.
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