Escrito por Qua, 04 de Julho de :14 - Última atualização Qui, 26 de Julho de :11

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Ester Marreiro Mascarenhas
6 Há anos
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1 O post de hoje fala um pouquinho sobre uma aula muito especial de Fabiana Lian, tour manager e professora e coordenadora do curso de Produção Musical (programa Music Business ). Fabiana tem grande experiência com produção de grandes shows, tendo, por exemplo, participado da turnê Never Ending Tour, do renomado músico Bob Dylan, que esteve no Brasil de 15 a 24/04/2012. Ela tem trazido para as aulas da OMiD um pouco de toda essa experiência com o mundo da música. No dia 03/06/2012, na sala de aula da OMiD, Fabiana conversou com Brian Crouch, tour manager do Offspring, que falava em tempo real de seu quarto de hotel em Frankfurt. Crouch esteve no Brasil por volta de 6 vezes, com Offspring, Regina Spector, Sonic Youth e Black Roses e deu aos alunos OMiD uma perspectiva de como é fazer shows na América do Sul e planejar uma turnê Internacional. Segue abaixo a transcrição desse bate-bapo, feita pela própria Fabiana: FABIANA LIAN: Brian, muito obrigada por juntar-se a nós na aula de hoje.. Como está indo a turnê do Offspring? BRIAN CROUCH: Estamos em turnê de pré lançamento do disco Days Go By, que estará disponível a partir de Final de Junho. Estivemos no Japão em Março e mais recentemente em Los Angeles para concertos em Clubes. Agora estamos na Europa, onde fazemos shows e participamos dos principais festivais. FL: Você esteve no Brasil em turnê com vários artistas em diversos momentos. Ao longo destes anos, o que você acha que mudou? BC: Sim,acho que cinco ou seis vezes. A Primeira em 1995, com Black Roses. Depois com Offspring, Regina Spector, Sonic Youth, e outra banda de que não me lembro. Lembro que em 95 era bem difícil. Pois não havia os equipamentos básicos que a gente precisava e usávamos normalmente em turnês na Europa e Estados Unidos. Creio que não aconteciam tantos shows aí na época. Mas, de Dez anos para cá, este quadro mudou bastante, e hoje posso dizer que fazer shows no Brasil é como em qualquer outro lugar do mundo. 1 / 5

2 FL: O que mudou nestes anos em termos de dividir a operação com os Brasileiros? BC: Com tantos shows acontecendo, houve uma profissionalização e temos excelentes parceiros de trabalho. Conversar é importante para resolver problemas. FL: Você faz parte do processo de roterização quando agentes e empresário estão trabalhando em datas, ou você recebe o pacote pronto? BC: Normalmente eu recebo o roteiro, elaborado pelo management,agente e promotores, e minha tarefa é fazer o itinerário funcionar da melhor maneira possível. FL: Quais são as principais questões a serem observada na hora de fazer itinerário no Brasil? BC: As distâncias são uma questão importante sempre. FL: Sim, lembro que na última turnê do Offspring tivemos um trecho Curitiba- Fortaleza, e a carga chegou duas horas antes do show. BC: (risos) É verdade. Mas não foi a primeira vez. Lembro que em um festival com edições no Rio e São Paulo. Estava com Sonic Youth, nossa carga chegou bem tarde porque o motorista resolveu tirar um cochilo no caminho. FL: Uau! Para que fazer em 8 horas se podemos fazer em 12? E quais são os principais desafios ao fazer shows aqui? BC: A língua sem dúvida é o maior deles. E, você sabe, nós americanos temos um negócio de querer as coisas feitas imediatamente. Tive que aprender a desligar esse botão, e trabalhar com as pessoas de acordo com o tipo de situação. E tentar ser sempre o mais claro possível 2 / 5

3 sobre tudo o que preciso. É também necessário muita preparação, advancing para deixar tudo bem claro. Mas isto serve na verdade para qualquer lugar. FL: Na hora de emitir bilhetes e reservar hotéis, quais são suas prioridades? BC: Em primeiro lugar eu foco nas necessidades da banda, e tento organizar tudo de maneira que seja confortável e com menor nível de stress possível. FL: Isto vale para a crew também? BC: Sim, com certeza.a equipe trabalha muitas horas, então temos que ter em mente que uma equipe esgotada não estará trabalhando tão bem, e tão focada em fazer tudo acontecer perfeitamente. Portanto, sim, é muito importante cuidar bem para que tenham horas de sono razoáveis, vôos bem itinerados, etc. Há momentos no entanto, em que você tem o fator financeiro predominando. Há shows com menos verba,então trabalhamos para termos a melhor combinação de custo e eficiência. FL: Como é sua interação com o Production Manager? Você faz o roteiro e sugere, ou trabalham juntos no passo a passo? BC: Tudo o que diz respeito ao show,é por conta dele. Carga, Load In, Load out. Eu normalmente mostro o que estou planejando, e daí fazemos alguns ajustes.as vezes ele diz Nesta cidade tenho que estar mais cedo, e fazemos algumas mudanças a partir daí. FL: Isto vale para hotéis também? BC: Não. Como faço isto há muito tempo, conheço a maioria dos hotéis e sei o que minha equipe precisa, normalmente tenho carta branca. Fazemos só um ou outro ajuste necessário no que diz respeito a horários para transporte e logística. 3 / 5

4 FL: Em termos de logística esta banda é relativamente fácil, não é? BC: Sim, bastante. As pessoas andam juntas quase sempre. Há bandas de 4 integrantes onde você precisa ter 4 carros. Há uma demanda maior de coordenação, manter estas 4 pessoas com a vida organizada. Aqui temos sim, movimentos diferentes. Em turnês com TourBus, alguns membros preferem voar, então temos que cuidar disto, para que ninguém fique desatendido e todos cheguem aos destinos felizes e descansados para os shows. FL: Você dimensiona sua equipe de maneira diferente de acordo com o lugar para que vocês estão indo? BC: As mudanças são pequenas. Temos uma equipe de 20 pessoas que trabalham conosco sempre e podemos chama-las de fixas. Na Europa e America do Sul, costumamos adicionar técnicos locais de som e luz. No Brasil, viajamos o país todo com estes técnicos brasileiros. Para a América do Sul, costumamos ter segurança adicional também. FL: Isto é por conta dos perigos das cidades, ou por que os fãs são mais passionais aqui? BC: Eu diria que é uma combinação das duas coisas.há perigos reais em algumas cidades, e os fãs, são realmente bem mais calorosos. Acontecem coisas aí que não acontecem, por exemplo, nos Estados Unidos há muito tempo-os fãs seguem os carros, se amontoam perto da van, do hotel, etc. Então sempre temos um segurança que cuidará do Venue e outro que fica com a Banda, cuidando destes movimentos,contratado da mesma maneira que os técnicos de que falamos há pouco. Mas uma coisa deve ser dita: As bandas sempre lembram dos shows na América do Sul, por causa da platéia e dos fãs. FL: Na América do Sul, quais são os países fáceis e os difíceis? BC: Brasil é fácil!! Na verdade, o Brasil é bem fácil. Já há um nível de profissionalização aí, assim como Argentina e Chile. Em países onde não há ainda esta cultura de shows como Venezuela e Colômbia, as coisas tendem a complicar um pouco. 4 / 5

5 FL: Pergunta de alunos, agora: O que você aprendeu com seus erros? BC: Hahaha, Ops... FL: Pode contar um bem grosseiro, se quiser! BC: Ok, vamos lá. Este foi bem feio: Foi aí mesmo no Brasil. Eu estava em turnê com uma banda pela a America do Sul. Pouco tempo antes, eu tinha sido colocado em uma turnê no último minuto e tinha a clara lembrança de que entrara no pais sem visto. Pois bem, estava chegando da Argentina com a banda, todos com seus vistos de trabalho, mas... A namorada do vocalista não tinha visto. Foi horrível, aguentei muitos gritos do cantor. Aprendi a partir daí que mesmo que eu ache que eu saiba exatamente todos os trâmites legais para a entrada em um pais, eu devo checar e re-checar muitas vezes para evitar problemas. FL: Brian, mais uma vez, muito obrigada pelo seu tempo. Adoramos ter você aqui. BC: Adorei também. Já fica um convite para você e os alunos, se tivermos datas confirmadas para este ano, para o show do Offspring. A gente agradece Brian Crouch pela gentileza de ceder um pouquinho de seu tempo! A OMiD deseja a Fabiana Lian muito sucesso. Estamos contentes em poder contar com sua experiência, que acrescenta tanto aos nossos alunos! 5 / 5

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