MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. INSCRIÇÃO ESTADUAL CONDICIONADA AO PAGAMENTO DE

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1 n 14;ce.. r 4.n 4,é,1 ESTADO DA PARAÍBA PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DES. MARCOS A. SOUTO MAIOR ACÓRDÃO MANDADO DE SEGURANÇA N / 001 RELATOR : Juiz Miguel de Britto Lyra Filho convocado em substituição ao Des. Marcos A. Souto Maior IMPETRANTE : Vânia Maria Leite Vila rim Dias ADVOGADO : Fabrício Montenegro de Morais IMPETRADO : Secretário da Receita do Estado da Paraíba MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. INSCRIÇÃO ESTADUAL CONDICIONADA AO PAGAMENTO DE n TRIBUTO DEVIDO POR EMPRESA DA - QUAL O CÔNJUGE DA IMPETRANTE É SÓCIO. ILEGALIDADE. CONCESSÃO DA ORDEM É ilegal o ato que condiciona o deferimento de inscrição no cadastro de contribuintes do ICMS para empresa em que a impetrante é sócia, ao pagamento de dívida fiscal de outra empresa em que seu cônjuge tem participação societária. referenciados. VISTOS, relatados e discutidos os autos acima ACORD A o Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba, em sessão plenária, à unanimidade, conceder a ordem mandamental. VÂNIA MARIA LEITE DIAS, devidamente qualificada nos autos, impetrou o presente Mandado de Segurança contra ato tido como ilegal do Secretário da Receita do Estado da Paraíba, que, segundo alegado na exordial, indeferiu o pedido de inscrição estadual da empresa que participa como sócia. Argumenta, em apertada síntese, a impetrante, que teve o pedido de inscrição estadual de empresa de que é sócia indeferido sob o argumento de existência de débito fiscal de outra de que seu cônjuge é sócio.

2 Diz, ainda, que formalizou procedimento administrativo diretamente à autoridade ora apontada como coatora, a qual se posicionou afirmando que "o deferimento será alcançado com a doação de bens à penhora ou pelo pedido de parcelamento, que deve ser posto a disposição da peticionária pela Repartição Pública". ilegalidade apontada. Por fim, pede a concessão da segurança para sanar a A medida liminar foi deferida, com determinação de que a autoridade coatora deixasse de exigir o pagamento dos débitos fiscais em referência como pressuposto ao deferimento da inscrição estadual perseguida. Devidamente notificada, a autoridade dita coatora prestou informações (fls. 44/51), sustentando que a prática combatida pela presente impetração visa a evasão de tributos, através da prática ilegal de não recolhimento de impostos pagos pelos consumidores. Através de parecer (fls. 5456), a Procuradoria-Geral de Justiça se posicionou favoravelmente à concessão do mandamus. É o relatório. \ I V O T O: Juiz Miguel de Britto Lyra Filho Relator A concessão deste writ se impõe. Emerge dos autos, devidamente comprovado pela suficiente documentação colacionada, que a autoridade coatora se nega a fornecer o número de inscrição estadual à empresa em que é sócia a impetrante, sob o pálido argumento de que o cônjuge dela é sócio de outra empresa que deve tributos estaduais. Tenho que a circunstância de o cônjuge da impetrante ser sócio de uma empresa, que tem dívida para com o Fisco Estadual, não tem o condão administrativo ou legal de impedir a liberação do número da inscrição estadual pretendido para a empresa em que é sócia aquela. Além da personalidade jurídica da sociedade não se confundir com a dos seus sócios, muito menos se confunde com a do seu cônjuge. Portanto, via de regra, estes não respondem pessoalmente pelas obrigações contraídas em nome da empresa.

3 É imperioso que se diga que nos termos dos preceitos da legislação tributária, há que ser observado o princípio da responsabilidade subjetiva, e não objetiva, destarte, não prevalecendo a simples presunção. Exige-se ato doloso ou culposo para induzir a responsabilidade pessoal dos sócios. Logo, entendo que somente se pode responsabilizar os sócios pelas dívidas de sua sociedade perante o fisco, após um provimento jurisdicional instaurado para apurar a ocorrência do ilícito praticado, e não pela simples presunção administrativa. E certamente existem outros meios à disposição da Fazenda Pública para se cobrar a dívida da sociedade, não podendo se valer desta coação. Deve-se, sobretudo, relevar a importância da livre iniciativa e da circulação de riquezas para o progresso econômico, ao invés de criar óbices ou barreiras. Ora, sem a documentação, a empresa não pode funcionar, por imposição legal, sendo certo que a Fazenda tem procedimento próprio e especial para cobrar seus débitos, não se podendo valer desta forma de coação, impedindo o livre exercício da atividade econômica, e, destarte, infringindo o mandamento constitucional. A verdade é que a Fazenda Pública está se utilizando de ato de coação, que é um meio espúrio, para alegar fato impeditivo do direito da impetrante, 1 o que se configura inadmissível, haja vista, frise-se, que a responsabilidade dos sócios por dívidas contraídas pela sociedade depende de matéria fática, pois a presunção é de que os mesmos não respondem imediatamente, muito menos os cônjuges. A teor do tema, o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais tem se posicionado da seguinte forma: "MANDADO DE SEGURANÇA. REQUERIMENTO PARA O FORNECIMENTO DE CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITO PARA INSCRIÇÃO ESTADUAL NO CADASTRO DE CONTRIBUINTES DO ICMS. CONDICIONAMENTO IMPOSTO PELA FAZENDA DE REGULARIZAÇÃO DE DÉBITO. ILEGALIDADE. SEGURANÇA DENEGADA. SENTENÇA REFORMADA No mesmo sentido: - É ilegal a recusa da Fazenda em fornecer certidão negativa de débito para inscrição de empresa no cadastro de contribuintes pelo fato de existir débito fiscal de responsabilidade de um dos sócios, quando coobrigado de outra Sociedade" (AP /00 - TJMG - 5a

4 Câm. Cível - Relator: Desembargador JOSÉ FRANCISCO BUENO). "Fazenda Pública. Inscrição no Cadastro de contribuintes de ICMS. Exigência de pagamento de débitos tributários em nome do sócio. O anseio da Fazenda Pública pelo recolhimento de tributos é justo e retrata dever que precisa ser perseguido pelo Estado, pois, dos recursos obtidos dependem a prestação dos serviços públicos e a realização das outras atividades administrativas. Todavia, o mister estatal não pode aniquilar o direito ou interesse privado de desenvolver atividade empresarial, condicionando a inscrição no Cadastro de Contribuintes de ICMS ao pagamento de débito em nome do sócio, especialmente porque o fisco possui meios próprios para a cobrança de seus créditos" (AP N /00 - TJMG - 4a Câm. Cível - Relator: Desembargador ALMEIDA MELO). E, mais: "MANDADO DE SEGURANÇA - CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITO - NÃO FORNECIMENTO FUNDADO EM DÉBITO DE TERCEIRA EMPRESA DA QUAL O SÓCIO ERA PARTICIPANTE - ILEGALIDADE. "O simples fato de um sócio ter 1111 participado de empresa inscrita em dívida ativa, não é motivo para o não fornecimento de certidão de débito capaz de impedir a inscrição de outra empresa no Cadastro de Contribuintes do Estado de Minas Gerais" (AC /001, Rel. Des. Alvim Soares, DJ de ). É pacífica orientação dos tribunais pátrios, inclusive do STJ sobre a matéria ora discutida, verbis: "Tributário. Dívida Ativa Inscrita. Certidão Negativa de Débito. Pessoa Física. Sócios. CTN, Art. 135, III. 1. A pessoa jurídica, com personalidade própria, não se confunde com a pessoa de seus sócios. Constitui, pois, delírio fiscal, à matroca de substituição tributária, atribuir-se a responsabilidade substitutiva (art.

5 135 - "caput" - CTN) para sócios diretores ou gerentes antes de apurado o ato ilícito."(resp. n /CE; i a T.; Rel. Milton Luiz Pereira; DJ 10/08/1998; p. 20). Nesse trilhar, fácil é de se constatar que o ato atacado se encontra eivado de ilegalidade e, portanto, passivo de correção pela via mandamental. Desta forma, concedo a ordem mandamental, para determinar que a autoridade coatora não mais exija o pagamento dos débitos fiscais em referência, como pressuposto ao deferimento da inscrição estadual perseguida pela impetrante. É o meu voto. Presidiu a Sessão o Excelentíssimo Desembargador ANTONIO DE PÁDUA LIMA MONTENEGRO. Relator o Excelentíssimo JUIZ MIGUEL DE BRITTO LYRA FILHO, convocado para integrar a Corte tendo em vista o afastamento do Des. Marcos Antônio Souto Maior. Participaram do Julgamento os Excelentíssimos Desembargadores LUIZ SILVIO RAMALHO JÚNIOR, JÚLIO PAULO NETO, Corregedor-Geral da Justiça, GENÉSIO GOMES PEREIRA FILHO, Vice-Presidente, MARIA DE FÁTIMA MORAES BEZERRA CAVALCANTI, MANOEL SOARES MONTEIRO, MÁRCIO MURILO DA CUNHA RAMOS, JOSÉ DI LORENZO SERPA, SAULO HENRIQUES DE SÁ E BENEVIDES, MARCOS CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE, MARIA DAS NEVES DO EGITO DE A. D. FERREIRA, ARNÓBIO ALVES TEODÓSIO, Juiz Convocado até o preenchimento da vaga de Desembargador, ANTÔNIO CARLOS COELHO DA FRANCA, LEÔNCIO 1110 TEIXEIRA CÂMARA e JOÁS DE BRITO PEREIRA FILHO. Ausentes, justificadamente, os Exmos. Des. RENATA DA CÂMARA PIRES BELMONT, Juíza Convocada para substituir o Exmo Des. ABRAHAM LINCOLN DA CUNHA RAMOS, JORGE RIBEIRO NÓBREGA e NILO LUIS RAMALHO VIEIRA. Presente à sessão a Excelentíssima Senhora Doutora Janete Maria Ismael da Costa Macedo, Procuradora-Geral de Justiça. Tribunal Pleno, Sala de Sessões "Des. Manoel Fonseca Xavier de Andrade" do Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em João Pessoa, 02 de abril de 2008., JuizM?"), ',/1111r ryra "ilho

6 TRIBUNAL DE JUSTIÇA Coordenaderia Judiciária; Registrado etn2sji2p