ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MARCOS RAMOS (Presidente), ANDRADE NETO E ORLANDO PISTORESI.

Transcrição

1 Registro: ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº , da Comarca de, em que é agravante CONDOMÍNIO EDIFÍCIO SAINT PAUL DE VENCE sendo agravado LUIZ ROBUSTI FILHO. ACORDAM, em do Tribunal de Justiça de, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MARCOS RAMOS (Presidente), ANDRADE NETO E ORLANDO PISTORESI., 26 de outubro de Marcos Ramos RELATOR Assinatura Eletrônica 1

2 Agravo de Instrumento nº Comarca: Juízo de Origem: 2ª Vara Cível Central Ação Civil nº / Agravante: Condomínio Edifício Saint Paul de Vence Agravado: Luiz Robusti Filho EMENTA: Ação de execução de título extrajudicial - Despesas condominiais Confissão de dívida Decisão que determina penhora de metade da unidade condominial geradora do débito Inadmissibilidade Dívida de caráter indivisível - Necessidade de constrição da integralidade do imóvel. Recurso provido. VOTO DO RELATOR Trata-se de agravo de instrumento interposto em razão de parte da r. decisão copiada às fls. 07, proferida nos autos da ação de execução de título extrajudicial movida por "Condomínio Edifício Saint Paul de Vence" em face de Luiz Robusti Filho, que deferiu a penhora somente da parte ideal do imóvel pertencente ao executado. Alegou o exequente, em síntese, que a penhora deve recair sobre a totalidade do imóvel, porquanto se trata de cobrança de despesas condominais, cuja natureza da dívida é propter rem. VOTO

3 reforma da decisão recorrida. Requereu a concessão de efeito ativo e, ao final, a suspensivo. Recebido o recurso, por tempestivo, no efeito O agravado apresentou contraminuta (fls. 27/29). É o relatório. Tratam os autos de ação de execução de título extrajudicial fundada em confissão de dívida de despesas condominiais proposta contra o agravado. Requereu, o condomínio, penhora da unidade condominial geradora do débito, contudo, houve por bem o MM. Juiz deferir a constrição apenas de metade. Porém, em que pese o entendimento do d. Magistrado, a decisão merece reforma. Com efeito, a natureza propter rem da obrigação VOTO

4 condominial faz com que seja despicienda a causa que vincula alguém à coisa, pois esta responde por si mesma, disso decorrendo que, tanto o proprietário, co-proprietário, promitente comprador ou mesmo o cessionário podem responder pelo débito, resguardado o direito de regresso. No caso dos autos, se tem a notícia de que o agravado é casado e o imóvel é comum ao casal. Dessa forma, em sendo a obrigação condominial indivisível e solidária e, devendo-se levar em conta a dificuldade na venda de parte do imóvel, bem como a efetividade da ação executória, de rigor permitir-se a penhora da totalidade do bem. Nesse sentido: "A ação de cobrança das despesas condominiais pode ser ajuizada em face de apenas um dos titulares da unidade, quando mais de um houver, uma vez que se trata de obrigação indivisível, cuja responsabilidade é solidária, não configurando hipótese de litisconsórcio passivo necessário. Assim, não há que se falar em nulidade do processo por cerceamento de defesa. Também não se verifica a alegada nulidade da penhora, pois esta se aperfeiçoou ante o comparecimento espontâneo da apelante. Incabível o pedido de VOTO

5 reserva da meação, pois, em se tratando de obrigação "propter rem", é possível a incidência da penhora sobre a totalidade do bem, ainda que a ação tenha sido proposta apenas em face de um dos coproprietários, pois todos são obrigados pela totalidade da dívida, que é indivisível. Hipótese, ademais, em que a recorrente reside com o cônjuge executado no imóvel constrito, razão pela qual o débito condominial se insere nas despesas domésticas do casal..." (Apelação com Revisão nº /0-34ª Câmara De Direito Privado Des. Rel. GOMES VARJÃO j ) EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESPESAS DE CONDOMÍNIO. COBRANÇA. EXECUÇÃO. IMPUGNAÇÃO. 1. Tratando-se de ónus propter rem que grava o próprio bem, este pode ser penhorado, não cabendo a alegação da excludente de bem de família e, assim, o coproprietário responde integralmente pela despesa condominial como devedor solidário, podendo a coisa comum até mesmo ser penhorada por inteiro, mesmo que executado apenas um dos codevedores. Inteligência dos arts e 275, caput e parágrafo único, do Código Civil. 2. Sob o fundamento do excesso de penhora, não se pode subtrair a suficiência da garantia do juízo da execução. Decisão mantida. Recurso improvido." (Agravo de Instrumento nº ª Câmara de Direito Privado - Des. Rel. FELIPE FERREIRA VOTO

6 j ) Ante o exposto, dou provimento ao recurso MARCOS RAMOS Relator Assinatura Eletrônica VOTO