INFLUÊNCIA DO TREINO COM RESTRIÇÃO DE FLUXO SANGUÍNEO SOBRE PARÂMETROS TERMOGRÁFICOS E VOLUME DE TREINAMENTO
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- Madalena Belém Igrejas
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1 INFLUÊNCIA DO TREINO COM RESTRIÇÃO DE FLUXO SANGUÍNEO SOBRE PARÂMETROS TERMOGRÁFICOS E VOLUME DE TREINAMENTO 1 Lucas Tavares Sampaio, 1 Kayo Douglas, 1 João Otacílio Libardoni dos Santos, 1 Mateus Rossato & 1 Ewertton de Souza Bezerra. 1 Laboratório de Estudo em Desempenho Humano, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM, Brasil lucedfisica@gmail.com Principais contribuições deste trabalho Restrição de fluxo sanguíneo não produz alterações em parâmetros termográficos. INTRODUÇÃO No treinamento de força, para que os resultados desejados (hipertrofia muscular) sejam obtidos faz-se necessário a manipulação de variáveis, como volume e intensidade, pois a adequação destas potencializa a obtenção dos resultados almejados [14]. No entanto, muitas pessoas com limitações músculo esqueléticas não conseguem realizar tais programas de exercícios, pois a relação destas duas variáveis para a obtenção de hipertrofia requer a realização de um volume (repetições) moderada (8 a 15 repetições e uma intensidade (carga levantada) moderada e alta (65 a 85% de 1 repetição máxima-rm). Neste contexto surge o treinamento com restrição de fluxo sanguíneo [16]. Este método de treinamento tem como princípio a reduzida intensidade (20 a 50% de 1 RM) associada a restrição do fluxo vascular periférico [8, 10]. A técnica de restrição de fluxo nos vasos que irrigam com sangue o músculo esquelético durante o exercício de resistência tem sido utilizada para aumentar a liberação do hormônio do crescimento [13, 11], fator de crescimento do endotélio vascular e interleucinas [13], níveis de lactato [12], síntese proteica e a sinalização do mtorc1 [3], redução do fator de atrofia no músculo [17] e a expressão gênica de miostatina [9]. Essas respostas e adaptações indicam que o treinamento com baixa intensidade (carga levantada), associado a restrição do fluxo vascular pode ser tão eficiente quanto o exercício de resistência com carga moderada ou alta, no condicionamento parcial dos músculos e articulações [16]. A restrição de fluxo sanguíneo durante o exercício de resistência também se mostra com resultados de produção de força similares quando comparado ao exercício com intensidade moderada ou alta sem oclusão vascular [15]. V Simpósio em Neuromecânica Aplicada :: V Symposium On Applied Neuromechanics 124
2 Os mecanismos envolvidos em tais mudanças estariam associados ao edema celular [4] e acúmulo de metabólitos [16] decorrentes da interrupção total do retorno venoso e parcial do fluxo arterial. Estas alterações no fluxo de sangue imagina-se que possa afetar as respostas termorregulatórias, podendo vir a colaborar para a instalação da fadiga neste tipo de exercício. Em relação aos efeitos da restrição do fluxo sanguíneo sobre as respostas termorregulatórias agudas e crônicas não foram encontrados estudos na literatura. Desta forma o objetivo deste estudo foi o de avaliar as respostas agudas e crônicas da temperatura cutânea da musculatura da coxa, avaliada pela termografia, quando da realização de diferentes protocolos de restrição de fluxo sanguíneo. MATERIAIS E MÉTODOS Fizeram parte do estudo 10 homens com idades entre 20 e 33 anos e % de gordura médio de 21,72±8,64, avaliada pela pletismografia por deslocamento de ar. As avaliações foram realizadas nas dependências do Laboratório de Estudo em Desempenho Humano - LEDEHU da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia da Universidade Federal do Amazonas. Antes do início das avaliações todos os sujeitos realizaram um teste e re-teste para a determinação da força máxima (1RM) para o quadríceps na cadeira extensora com intervalo de 48 horas entre as tentativas (Coxa direita: 45±6,74kg e Coxa esquerda: 45,45±8,10kg). Todos realizaram os testes na intensidade de 30% de 1RM (Coxa direita: 15±2,13kg; Coxa esquerda: 15±3,01kg) nas situações Sem Restrição e Com Restrições de fluxo de 100 mmhg e 150mmHg. Em todas as situações foram realizadas quatro séries até a falha concêntrica, com intervalo de um minuto entre séries. Na primeira situação a atividade foi realizada sem restrição de fluxo, na segunda com restrição de 100mmHg e na terceira com restrição de 150mmHg. Entre as situações foi respeitado o período de 72 horas de recuperação. Foram adquiridas quatro imagens termográficas da parte anterior da coxa de cada indivíduo em cada situação, sendo uma imagem englobando ambos os segmentos antes do início da sessão de treino (Pré), outras duas imagens de cada segmento isolado imediatamente após o termino do exercício (Pós) e depois de 24 horas (24h) novamente uma imagem englobando ambos os segmentos (Figura 01). Nesta pesquisa os dados referentes às respostas térmicas dos segmentos coxa dos indivíduos foram avaliados separadamente. As imagens foram adquiridas em uma sala com ambiente climatizado (22,9±1,09C o e 41,1±3,4% de umidade), sem equipamentos eletrônicos próximos que perturbassem a medida e sem incidência solar. Os indivíduos permaneceram por V Simpósio em Neuromecânica Aplicada :: V Symposium On Applied Neuromechanics 125
3 24 horas Pós Esquerda Pós-direita Pré 10min na sala em roupas íntimas para que pudesse ocorrer um equilíbrio térmico, antes de se iniciar os testes. Para captação das imagens térmicas foi utilizada uma câmera termográfica da marca FLIR T4xx series (FLIR, Luxemburgstraat, Bélgica) posicionada com a lente perpendicular ao avaliado a um metro de distância [5]. O processamento das imagens foram feitas no software Therma CAMResearcher Pro 2.9 (FLIR, Luxemburgstraat, Bélgica), onde foram obtidas a temperatura máxima, média e mínima para cada região de interesse (Figura 2). Os dados foram analisados a partir da estatística descritiva (média e desvio padrão) e inferencial. Inicialmente os dados foram testados quanto a sua normalidade, para isso utilizou-se o teste de Shapiro-Wilk, bem com a homogeneidade pelo teste de Levene. Para comparação das médias da temperatura nos períodos pré e pós das três condições analisadas (sem restrição, restrição de 100mmHg e restrição de 150mmHg) e para o efeito do tempo (pré, imediatamente após e 24 horas) optou-se por análise da variância através da ANOVA one-way e post hoc de Tukey. O valor de significância estatística estabelecido para todos os dados foi de p 0,05. Todos os dados foram processados no pacote computacional SPSS, versão 17.0 (SPSS). Figura 1: Imagens térmicas nos diferentes momentos de coleta. V Simpósio em Neuromecânica Aplicada :: V Symposium On Applied Neuromechanics 126
4 Figura 2: Local para a realização das medidas de temperatura. RESULTADOS Os resultados estão apresentados na Tabela 01. Em relação às temperaturas obtidas por meio da termografia infravermelha não foram encontradas diferenças significativas quando comparados os níveis de restrição (sem restrição, 100mmHg, 150mmHg) e período de avaliação (Pré, Pós e Pós 24h). DISCUSSÃO O principal achado deste estudo foi que o treino de resistência quando realizado a 30% de 1RM não promoveu alterações significativas na temperatura cutânea quando avaliada pela termografia por infravermelho. Os motivos para a não alteração na temperatura cutânea parecem ter explicações diferentes quando realizado Sem Restrição e Com Restrições (100mmHg e 150mmHg). Na situação Sem Restrição a pequeno volume absoluto (30%1RM, quatro séries com um minuto de recuperação entre as séries) parece que exerce um pequeno estresse térmico aos tecidos e nas fases iniciais provocaria uma vasoconstrição. Esta hipótese é sustentada pelo estudo de Andrade Fernandes et al., (2014) onde os autores observaram que a temperatura da pele quando avaliada tanto pela termografia quanto por termopares nos minutos iniciais de exercício (60%VO 2máx ) resultaram em redução nos valores. Os autores afirmam que tal resposta estaria associada a uma vasoconstrição da pele provocada no início do exercício. Os dados deste estudo apesar de não terem sido significativos apresentaram tendências a reduzir a temperatura da pele logo após a realização dos protocolos. Já na situação Com Restrição (100mmHg e 150mmHg) nossa hipótese é que uma maior carga interna, provocada pela redução no retorno venoso (acúmulo de calor) seria contrabalanceada pela dificuldade de transferência deste calor até a pele ocasionada pela restrição de fluxo, ocasionando um equilíbrio na temperatura da pele avaliada pós exercício. Hunold et al., (1992) observaram correlações positivas entre o fluxo de sangue e a temperatura da pele após restringirem o fluxo (acima da PAS). No entanto no referido estudo o exercício foi realizado com as pernas (10 minutos de pedalada a 100 w) com restrição (4 min.) e as medidas das temperaturas V Simpósio em Neuromecânica Aplicada :: V Symposium On Applied Neuromechanics 127
5 foram realizadas do antebraço, ou seja, distante da fonte geradora de calor. No entanto a ausência de mais estudos envolvendo o treino contra resistência associado à restrição de fluxo e termografia de membros inferiores impossibilitam maiores aprofundamentos. Quando avaliada a temperatura após 24horas, também não houve alteração significativa em nenhuma das situações. Loenneke et al., (2014), após revisar estudos envolvendo dano muscular pós exercícios com restrição de fluxo concluiu que este método de treino, por ser realizada com baixas cargas externas, não apresenta alterações significativas nos marcadores de lesão com muscular e por consequência a instalação de um processo inflamatório e calor. (AL-NAKHLI et al., 2012). CONCLUSÕES A partir dos resultados deste estudo podemos concluir que o treinamento com restrição de fluxo sanguíneo (30% de 1RM) em diferentes pressões de restrição (Sem Restrição, 100mmHg e 150mmHg) não afeta a temperatura nos períodos pós exercício e 24 horas após, indicando que de maneira aguda parece provocar pequeno estresse térmico e cronicamente baixos níveis de lesão tecidual e consequente processo inflamatório. Novos estudos, desta vez tendo uma situação controle (treino tradicional de alta intensidade) com medidas de temperatura por períodos mais longos pós-exercício poderão ajudar a elucidar as respostas térmicas decorrentes do treinamento com restrição de fluxo. AGRADECIMENTOS Ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Tecnologia da UFAM pela cedência do termógrafo. REFERÊNCIAS 1. ANDRADE FERNANDES, A. et al. Measuring skin temperature before, during and after exercise: az comparison of thermocouples and infrared thermography. Physiol. Meas. 35;189; AL-NAKHLI, H. H. et al. The Use of Thermal Infra-Red Imaging to Detect Delayed Onset Muscle Soreness. J. Vis. Exp. (59), e3551, doi: /3551 (2012). 3. FRY, C. S. et al. (2010). Blood flow restriction exercise stimulates mtorc1 signaling and muscle protein synthesis in older men. J Appl Physiol;108: HAUSSINGER, D. et al. Cellular hydration state: an important determinant of protein catabolism in health and disease. The Lancet. 341, 8856; HILDEBRANDT, C. et al. (2010). An overview of recent application of medical infrared thermography in sports medicine in Austria. Sensors, 10(5), HUNOLD, S. et al., Thermographic studies on patterns of skin V Simpósio em Neuromecânica Aplicada :: V Symposium On Applied Neuromechanics 128
6 temperature after exercise. Eur J Appl Physiol. 65: , J. P. LOENNEKE1. et al. Review Does blood flow restriction result in skeletal muscle damage?a critical review of available evidence.scand J Med Sci Sports 2014: Physiol. Meas. 35 (2014) doi: / /35/2/ KARABULUT. M. et al. (2010) The effects of low-intensity resistance training with vascular restriction on leg muscle strength in older men. Eur J ApplPhysiol 108: LAURENTINO, G. C. et al. Strength Training with Blood Flow Restriction Diminishes Myostatin Gene Expression. Med. Sci. Sports Exerc. Vol. 44, No. 3, pp , MADARAME, H. et al. (2008) Cross-transfer effects of resistance training with blood flow restriction. Med Sci Sports Exerc 40(2): MANINI, T. M. et al. (2012) Growth hormone responses to acute resistance exercise with vascular restriction in young and old men.growth Hormone & IGF Research 22 ; MORITANI, T. et al. (1992) Oxygen availability and motor unit activity in humans. Eur J ApplPhysiolOccupPhysiol 64: PATTERSON, S. D. et al. (2013) Circulating hormone and cytokine response to low-load resistance training with blood flow restriction in older men. Eur J Appl Physiol. 113: SCHOENFELD, B.J.; (2010) The mechanisms of muscle hypertrophy and their application to resistance training. Journal of Strength and Conditioning Research24/ TAKARADA, Y. et al. (2006) Force overestimation during tourniquet-induced transient occlusion of the brachial artery and possible underlying neural mechanisms. Neurosci Res., 54: TAKARADA, Y. et al. (2010) Effects of resistance exercise combined with moderate vascular occlusion on muscular function in humans. J. Appl. Physiol. 88: TAKANO, H. Hemodynamic and hormonal responses to a short-term lowintensity resistance exercise with the reduction of muscle blood flow. Eur J Appl Physiol. 95: V Simpósio em Neuromecânica Aplicada :: V Symposium On Applied Neuromechanics 129
7 Coxa Direita Coxa Esquerda Tabela 01: Valores médios, desvios padrões, valores mínimos e máximos de temperatura ( o C) para os diferentes membros (direito e esquerdo), níveis de restrição (Sem Restrição, 100mmHg e 150mmHg) e períodos (Pré, Pós e 24h). Mínimo- X±DP ( o C) Máximo ( o C) Pré 31,48±0,71 30,3-32,4 Sem Restrição Pós 31,28±1,22 29,8-33,5 24h 31,38±1,13 29,3-32,9 Pré 31,30±1,01 29,1-32,5 100mmHg Pós 31,28±1,06 29,5-33,1 24h 31,58±0,95 29,8-33,1 Pré 31,57±1,20 29,8-34,1 150mmHg Pós 31,53±1,20 29,3-33,3 24h 31,24±1,07 29,7-32,7 Pré 31,39±0,74 30,2-32,3 Sem Restrição Pós 31,30±0,94 30,7-33,9 24h 31,29±1,31 28,9-32,8 Pré 31,40±1,03 29,4-32,8 100mmHg Pós 31,25±3,31 27,8-39,9 24h 31,50±1,05 30,0-33,4 Pré 31,63±1,16 30,0-34,0 150mmHg Pós 30,88±1,26 28,6-33,1 24h 31,34±1,19 29,5 33,0 V Simpósio em Neuromecânica Aplicada :: V Symposium On Applied Neuromechanics 130
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