CARTA DE SUSCETIBILIDADE A MOVIMENTOS GRAVITACIONAIS DE MASSA E INUNDAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SANTARÉM PARÁ

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1 CARTA DE SUSCETIBILIDADE A MOVIMENTOS GRAVITACIONAIS DE MASSA E INUNDAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SANTARÉM PARÁ Aline da Costa Nogueira 1 ; Marcely Ferreira Machado 2 Resumo A Carta de Suscetibilidade a Movimentos Gravitacionais de Massa e Inundações do município de Santarém, no estado do Pará foi executada pela CPRM Serviço Geológico do Brasil integrando ações do Programa de Aceleração do Crescimento PAC. Esse programa faz parte do Plano Nacional de Gestão de Riscos e Respostas a Desastres Naturais do Governo Federal. São destinadas aos gestores públicos estaduais e municipais além da sociedade civil. A escolha deste município bem como outros que fazem parte deste programa, foi baseada naqueles que apresentaram maiores ocorrências de riscos geológicos, ou seja, quando um evento ocasionou perdas humanas e danos materiais, já tendo sido essas áreas setorizadas até A geração destas cartas tem como principal finalidade auxiliar o planejamento urbano e a ocupação ordenada em locais que ainda não sofreram intervenções antrópicas a fim de evitar construções em áreas de alta suscetibilidade a movimento de massa e inundação. Abstract The Susceptibility to Gravitational Mass Movements and Floods Chart of the city of Santarém, State of Pará was elaborated by the CPRM - Geological Survey of Brazil and is part of the Programa de Aceleração do Crescimento PAC. This program is part of the National Plan for Risk Management and Response to Disasters of the Federal Government. They are destined to the state and municipal administrators well as to the civil society. This city as well as others were picked to be part of this program, based on the number of registered occurrences of geological events causing loss of life and damage to property, and the risk sectors have already been delimited by This Chart main purpose is to guide city expansion to the in places that have not suffered human interventions to prevent construction in areas with high susceptibility to mass movement and flood. Palavras-Chave Suscetibilidade, movimento de massa, inundação 1 2 Geóloga, Serviço Geológico do Brasil CPRM (5571) aline.nogueira@cprm.gov.br Geóloga, Serviço Geológico do Brasil CPRM (5571) º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 1

2 1. INTRODUÇÃO A elaboração das cartas de suscetibilidade encontra-se sob a coordenação nacional do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) em parceria com o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo). Esse programa faz parte do Plano Nacional de Gestão de Riscos e Respostas a Desastres Naturais do Governo Federal e foram contempladas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e no Plano Plurianual do Governo Federal (PPA ), prevendo-se a execução de cartas em 286 municípios nos anos de 2013 e Os processos analisados no projeto compreendem os principais tipos de movimentos gravitacionais de massa (deslizamentos; rastejos; quedas, tombamentos, desplacamentos e rolamentos de rochas; e corridas de massa) e de processos hidrológicos (inundações e enxurradas), os quais estão frequentemente associados a desastres naturais ocorridos no país. Segundo a ABGE (1998), o conceito de suscetibilidade de uma área está relacionado a um determinado fenômeno geológico que caracteriza a possibilidade de sua ocorrência (evento), enquanto que risco envolve a possibilidade de que o fenômeno seja acompanhado de danos e perdas (acidentes). 2. OBJETIVOS A geração destas cartas tem como principal objetivo o planejamento e a ocupação ordenada em locais que ainda não sofreram intervenções antrópicas a fim de evitar construções em áreas de alta suscetibilidade a movimento de massa e inundação. Como em várias cidades brasileiras, em Santarém também observamos uma ocupação em áreas planas nas margens de rios, que durante eventos de intensa pluviosidade estão sujeitas a inundações. Além de processos regionais típicos como as terras caídas que é um fenômeno que ocorre nas margens dos grandes rios da região Amazônica. 3. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA ESTUDADA A área de estudo corresponde ao município de Santarém, localizada no estado do Pará, região Norte do Brasil. Por ser de grande extensão, foi feito um buffer de aproximadamente 60km 2 na área do município no qual abrange a sede municipal e outras localidades mais importantes na região (Figura 1). Este é banhado, principalmente, pelos rios Tapajós e Amazonas, sendo que na sede municipal ocorre a confluência desses dois rios. Figura 1: Localização do município de Santarém e o buffer da área estudada. 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 2

3 4. METODOLOGIA A realização da carta contou inicialmente com uma modelagem espacial onde foram considerados parâmetros morfométricos de altura, declividade e curvatura dos terrenos, agregando informações referentes aos diversos compartimentos de relevo e validação de campo incluindo as características geológicas e pedológicas dos mesmos. A escala de trabalho adotada foi de 1: A partir disso, esses dados são verificados em visitas de campo pelo munícipio, além de inclusão de outras feições como cicatrizes e feições erosivas. Pequenos encartes também compõe a carta como: hipsometria (Figura 2), declividade (Figura 3) e padrão de relevo (Figura 4) as quais constituem valioso subsídio para tomadas de decisão e o uso racional do território. Figura 2: Mapa de Hipsometria Figura 3: Mapa de Declividade 5. CARACTERIZAÇÃO GEÓLOGICA E GEOMORFOLÓGICA A área de estudo está localizada, sobre depósitos inconsolidados de areia, cascalho, silte, argila e turfa (Cenozóicos), sequências sedimentares consolidadas: areno, síltico, argilo, conglomerática (Mesozóicas e Paleozóicas) e grandes bacias sedimentares depositadas em sinéclises Fanerozóicas (CPRM, 2013). O relevo consiste numa área de baixos platôs e platôs dissecados (onde está inserida a sede municipal); degraus estruturais e rebordos erosivos, planaltos dissecados, platôs e chapadas (superfícies cimeiras) representando as porções mais altas do município; e rampas de colúvioalúvio e as planícies e terraços fluviais que possuem grande extensão na área estudada (Figura 4). As divisões dos diferentes padrões de relevo que foram baseadas na análise de ortofotos e do Modelo Digital de Elevação (MDE). A partir disso foram classificadas com referência na biblioteca de padrões de relevo da CPRM. 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 3

4 Figura 4: Padrões de Relevo classificados no município. Vale lembrar que nas margens do Rio Amazonas observa-se feições características da região amazônica que são conhecidas como terras-caídas (Figura 5). Esse fenômeno é decorrente da erosão fluvial durante as vazantes dos rios de grande porte que faz com que ocorra um rompimento das margens, gerando movimentos gravitacionais de massa como deslizamentos e erosão das margens. Figura 5: Solapamento na margem esquerda do Rio Amazonas na Ilha Saracura. 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 4

5 6. RESULTADOS O produto final apresenta as classes de suscetibilidades: alta e média para inundação; alta, média e baixa para movimentos gravitacionais (Figura 6). Quase toda área do município mapeada (99%) possui baixa amplitude apresentando baixa suscetibilidade a movimentos de massa e está sujeito a constantes inundações por estar predominantemente localizada nas planícies de inundação dos Rios Tapajós e Amazonas. Essas áreas foram classificadas como de alta suscetibilidade a inundação e apenas uma área foi classificada com média suscetibilidade, situada na sede do município, na planície de inundação do Igarapé Irurá. A classe de alta inundação atinge até 8m em relação à borda da calha do leito regular do curso d água e estão localizadas nas planícies e terraços fluviais com baixa declividade. Já a área classificada como de média inundação ocorre em relevo ligeiramente mais elevado em meio a planícies e terraços fluviais com amplitudes e declividades baixas. Com relação aos movimentos gravitacionais de massa, foram classificados em alta, média e baixa suscetibilidade a deslizamentos. A classe alta está relacionada a tabuleiros e morros altos e apresenta uma porcentagem bem pequena em relação ao município (0,10%). A classe média é representada por morrotes, morros altos e tabuleiros e com uma porcentagem de 1,69%. Já a classe baixa, que totaliza uma porcentagem de 98%, é representada por superfícies aplainadas, planícies e terraços fluviais, tabuleiros e tabuleiros dissecados e topos de morrotes e morros altos. A carta supracitada não pode ser utilizada para avaliar a estabilidade dos terrenos e tem caráter orientativo visando fornecer informações básicas para fins de planejamento e gestão do território municipal. Estudos mais detalhados em nível local são necessários, particularmente em áreas de suscetibilidade alta e média, podendo produzir limites distintos aos apontados na carta. 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 5

6 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 6 Figura 6: Carta de Suscetibilidade a movimentos de massa e inundação de Santarém.

7 No quadro abaixo observam se alguns exemplos das classes de suscetibilidade encontradas no município, analisadas durante as visitas de campo. Classe Suscetibilidade Descrição Alto movimento de massa Próximo a São Brás um anfiteatro em morro elevado com alta declividade. Médio movimento de massa Na Vila de Curuá-Uma, vista para morros com média declividade. Baixo movimento de massa Próximo a vila de Boa Esperança, extensas superfícies planas Alta inundação Próximo a Barreira do Tapará, a planície de inundação do Rio Amazonas com casa adaptada. Média inundação Na sede do município de Santarém, planície de inundação do Igarapé do Irurá. 15º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 7

8 AGRADECIMENTOS As autoras agradecem a toda equipe de suscetibilidade da CPRM que participou do presente trabalho e ao CENSIPAM (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia). REFERÊNCIAS ABGE, Geologia de Engenharia. Editores: Antônio Manoel dos Santos Oliveira, Sergio Nertan Alves de Brito. São Paulo; Associação Brasileira de Geologia de Engenharia (ABGE). CPRM Geodiversidade do Estado do Pará. Programa de Geologia do Brasil, Levantamento da Geodiversidade. Organização Xafi da Silva Jorge João, Sheila Gatinho Teixeira, Dianne Danielle Farias Fonseca. Belém; CPRM Serviço Geológico do Brasil. CPRM GEOBANK (2015) CPRM - Carta geodiversidade do Brasil ao milionésimo SA-21 in Último acesso: 06/04/ º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia e Ambiental 8