Estudo 16 - Neemias. A não convivência com o pecado. Texto bíblico - Neemias 1 a 13 Texto áureo - Neemias 9.1,2

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1 Estudo 16 - Neemias A não convivência com o pecado Texto bíblico - Neemias 1 a 13 Texto áureo - Neemias 9.1,2 "Ora, no dia vinte e quatro desse mês [o sétimo - Tisri, correspondente ao nosso Set/Out.], se ajuntaram os filhos de Israel em jejum, vestidos de sacos e com terra sobre as cabeças. E os da linhagem de Israel se apartaram de todos os estrangeiros, puseram-se em pé e confessaram os seus pecados, e as iniqüidades de seus pais." Introdução A história está em andamento. Os textos dos livros chamados históricos do Antigo Testamento estão chegando ao seu fim. Para situar-nos melhor nesta fase final, cronologicamente, vale a pena lembrar: os 70 anos de exílio babilônico, conforme profetizado por Isaías, estarão se cumprindo entre 605 a.c., quando na primeira leva de exilados, Daniel e seus companheiros devem ter feito parte dela e o ano 539 a.c. quando Zorobabel inicia a volta do povo de Deus à sua terra. Outra forma de ver os 70 anos de exílio, é o tempo que Israel ficou sem o seu templo, isto é, de 586 a.c. quando ele foi destruído até 516 a.c. quando ele foi reconstruído e novamente consagrado. Em meio a este período de final do Antigo Testamento é que se desenrolam as histórias de Daniel, as últimas das profecias de Ezequiel, as visões proféticas de Ageu e Zacarias, a história de Ester, as reformas de Esdras e Neemias e fechando a primeira parte da Bíblia, as profecias de Malaquias, o último dos escritores do AT. O livro que nos chama atenção no estudo de hoje, é o de Neemias, cujo destaque maior é a reconstrução dos muros da cidade de Jerusalém, obra esta que ele lidera com ímpar capacidade. Como já mencionamos no texto anterior, o livro de Neemias, na Bíblia hebraica estaria escrito em conjunto com o livro de Esdras, e mesmo para alguns comentaristas, também com o livro de 2Crônicas. Narra ele a história de um administrador da época, pois os chamados "copeiros do rei", eram homens de confiança daqueles monarcas, funcionando como confidentes e mesmo assessores, sendo inclusive, em algumas culturas, aqueles que bebiam e comiam da refeição real, antes que o rei o fizesse, para demonstrar assim que ela não estaria envenenada. Ele, por sua capacidade e proximidade com um dos reis persas, Artaxerxes, vai desempenhar um papel importante na restauração de Jerusalém, tornando-se assim um dos principais personagens bíblicos no Antigo Testamento, seja por sua coragem ou por seu espírito de liderança. Segundo a narrativa bíblica, ele estaria servindo ao rei em suas funções quando um de seus irmãos veio de Jerusalém e contou para ele o estado lastimável em que se encontrava a cidade, embora o povo para lá já tivesse retornado em duas grandes levas e o templo já estivesse reconstruído. Diante deste quadro ele manifesta sua tristeza ao rei e este, demonstrando o alto grau de estima em que devia ter o seu servidor, vai liberá-lo de suas funções e ajudá-lo em uma série de providências secundárias para que ele vá à sua terra e realize o que seja necessário para a sua reconstrução. I - Dados históricos e preliminares Neemias significa "Jeová consola". O livro recebe o seu nome em homenagem, sem dúvida, à sua extraordinária atuação. Deve ter sido escrito por ele mesmo como nos registra 1.1, com a ajuda por certo, ABLpL - Estudo 16 - Neemias - Criado em 18/04/17 15: (18/04/2017) Página 1 de 5

2 de alguns auxiliares, dado o tempo decorrido entre a sua primeira viagem a Jerusalém que deve ter ocorrido em 446 a.c., os 12 anos em que ali ficou como governador da província, nomeado que foi pelo rei para tal, o seu retorno à corte de Artaxerxes em 433 a.c. e a sua volta a Jerusalém, "ao cabo de certo tempo", como lemos no final de seu livro (13.6). A grande ênfase dada pelo livro à obra de reconstrução dos muros de Jerusalém, não pode obscurecer também a reforma espiritual desenvolvida por ele quando juntamente com Esdras (Cap. 8), faz Israel retornar à leitura do livro da Lei e, quando mais tarde, empreende uma campanha em prol do arrependimento do povo e da erradicação de alguns abusos que vinham sendo cometidos pelos judeus em sua nova cidadania. Uma forma clara de entender os tempos da restauração é lembrar sempre que os seus três grandes nomes, Zorobabel, Esdras e Neemias, embora surjam bem próximos na narrativa bíblica dos dois livros, têm um bom intervalo de tempo entre eles: Zorobabel, que iniciou o retorno com a primeira leva em 536 a.c., tem a sua trajetória contada no livro de Esdras, que só vai trazer a segunda leva cerca de 80 anos depois, em 458 a.c., enquanto Neemias quase 20 anos depois é que vai chegar para a reconstrução dos muros de Jerusalém, em 445 a.c. Outro aspecto histórico a considerar são os nomes dos reis persas citados. Esse nome Artaxerxes, deriva-se do persa e quer dizer mais ou menos reino de Arta. Foram três os Artaxerxes, I, II e III, sendo que o primeiro era reconhecido também como o Longímano e deve ter sido o rei persa amigo do seu copeiro Neemias, sendo ele, filho de Xerxes I, provavelmente o Assuero dos tempos de Ester e também citado em Esdras 4.6. II - Esboço básico do livro - Sua divisão Em seus 13 capítulos e 406 versículos, podemos fazer a seguinte divisão de conteúdo: 1. Situação em que se encontrava Jerusalém e a oração de Neemias Autorização do rei para ida de Neemias a Jerusalém ; 3. A reação dos adversários de Israel à chegada de Neemias ; 4. A edificação dos muros e os seus obstáculos a 6.19; 5. A reorganização civil e social da cidade de Jerusalém ; 6. A reorganização moral e espiritual do povo de Jerusalém a III - A visão global do texto A grande mensagem que o livro nos passa é a da fidelidade a Deus por parte de um homem comum e simples em seu ofício mas que demonstra em sua vida as múltiplas qualidades esperadas de um líder, administrador e mesmo de um pastor. Tudo começa quando seu irmão Hanâni chega de Jerusalém e conta para ele o estado lastimável em que estava a cidade santa, com os muros derrubados, as ruas habitadas por feras, as casas destruídas. Ele fica enormemente contristado com isto, a ponto de deixar transparecer em sua fisionomia no trabalho a sua profunda tristeza. Notando o rei isto, indaga dele o porquê de seu abatimento e, imediatamente, o que demonstra o alto grau de confiança e respeito com que via o seu copeiro, vai autorizá-lo a ir a Jerusalém, nomeá-lo governador da província, dar-lhe recursos para o reinício da obra, e abrir mão a contragosto, do seu serviço pelo tempo que fosse necessário (2.6). Daí em diante o livro é uma verdadeira aula de virtudes que devem ornar o caráter e a personalidade de um homem de Deus, em busca da realização em sua vida do propósito que Deus colocou para ela. Chamado da terra do exílio, a Babilônia, onde deveria gozar de uma situação de prestígio e segurança, pelo posto que ocupava na corte real, o Senhor vai trazê-lo para Jerusalém a fim de desempenhar um notável papel na reconstrução da nacionalidade do povo de Israel, onde demonstrará sua excepcional sensibilidade para planejar e organizar tarefas, evitar o confronto com os adversários, ter o enfoque claro na obra a realizar e depois desses aspectos humanos e materiais, dispor ainda de aguda percepção espiritual para guiar o povo numa retomada dos valores espirituais que estavam esquecidos ou desprezados em Israel. A mensagem central do texto é que todo o ser humano, quando chamado por Deus, desde que se coloque sob o comando dele, pode vir a ser o realizador de grandes empreendimentos. ABLpL - Estudo 16 - Neemias - Criado em 18/04/17 15: (18/04/2017) Página 2 de 5

3 IV - Os pontos principais em destaque Sendo uma narrativa de uma vida diante de desafios, o livro de Neemias nos evidencia um sem número de situações que merecem destaque. Vamos ressaltar apenas algumas delas: 1. O sentimento de perda nacional: Neemias nos dá um esplendoroso exemplo de sentimento cívico e patriótico. Estava em uma terra distante, desligado por certo de sua cidade de origem há muito tempo, desfrutando de uma situação profissional tranqüila e segura, pleno de motivos, portanto, para não se lembrar do que poderia estar acontecendo no seu país distante. Mas, não é assim que ele reage. No momento em que toma conhecimento do estado calamitoso de sua pátria, se condói, se lamenta, a ponto de transparecer em seu rosto o sentimento de tristeza e abatimento. Nos dias de hoje, estamos muitas vezes sabendo de situações constrangedoras em nosso país, na política de nossa terra, na prática governamental, nos desvios das autoridades, e não temos o mínimo sentimento de perda moral ou social diante dessas situações. Conformamo-nos a elas, achando que o mundo é assim mesmo, e não demonstramos com a nossa palavra, a nossa atitude, um sentimento de revolta diante desses fatos; 2. O valor que o rei dava ao seu copeiro: Um rei daquela época era um soberano acima de todos os sentimentos de amizade, compreensão ou gratidão. Como na maioria das culturas da Antigüidade a função real era tida como originada dos deuses, eles estavam acima de tudo que dissesse respeito aos aspectos humanos e afetivos. É importante neste contexto, verificar a reação de Artaxerxes à fisionomia contristada de Neemias. Ele notou o seu abatimento. Interessou-se pelo seu problema. Veio ao encontro de sua necessidade. Isto deve ter acontecido porque Neemias era relevante para ele. Por sua conduta até então, o seu copeiro, ainda que um serviçal escravo, por certo, merecia a atenção real, a simpatia do rei. A pergunta que devemo-nos fazer é se hoje, por nossa conduta e comportamento estamos despertando a simpatia e a boa vontade daqueles que nos cercam. Os nossos chefes, os nossos professores, os nossos líderes, onde quer que estejamos percebem-nos? Notam a nossa alegria ou tristeza? Interessam-se por nossos problemas?... Ou será que passamos de tal maneira anônimos diante deles, que aquilo que nos afeta positiva ou negativamente, em nada os atinge? Às vezes, isto pode acontecer porque temos um superior egoísta e mesquinho, mas muitas vezes, também, porque nós não exercemos como deveríamos o nosso testemunho cristão diante deles; 3. A organização do trabalho empreendida por Neemias: Algo impressionante também a ser destacado na história de Neemias é a sua capacidade planejadora, organizadora e empreendedora. Vejam, mal chegou e entregou as cartas que trazia, foi à noite inspecionar a região onde o trabalho seria realizado (2.12). Viu os muros demolidos, as portas queimadas e fez uma primeira avaliação da obra a ser feita. Depois, consegue captar o apoio dos líderes que estavam em Jerusalém, conclamando-os à obra. Organiza as equipes de reconstrução, cerca de 44 famílias (alguns comentaristas chegam a mencionar que esses muros, pela ruínas de hoje, deveriam ter aproximadamente 4 quilômetros de extensão e que cada grupo desses, deveria se encarregar de aproximadamente 100 metros de construção. Impressionante, como organizou as equipes, fazendo-os ter as ferramentas de trabalho às mãos e a espada à cinta para se precaverem diante dos adversários. Indo mais longe, colocou equipes trabalhando e equipes vigiando. Apontou um local para a trombeta, de maneira que diante do perigo todos fossem avisados. Sem dúvida, um exemplo para hoje de planejamento, organização e trabalho, é o que Neemias nos dá; 4. A restauração em todos os seus aspectos: Outro dado de destaque é o fato de não ser apenas um empreendedor no campo material reconstruindo os muros, mas também o fato de ser um servo de Deus preocupado com a vida espiritual de seu povo. Depois que os muros são concluídos e estabelecidas as vigias, por ele Neemias (Caps. 6 e 7), já o vemos no capítulo 8 auxiliando o sacerdote Esdras na reconstrução espiritual do povo de Deus, lendo a Palavra Sagrada para toda a congregação, num dos momentos mais belos e dramáticos de todo o Antigo Testamento. Logo após, o vemos voltando-se para a reconstrução moral e social do seu povo que havia perdido o rumo, e por isso mesmo vinha cometendo diversos abusos e excessos em sua vida pessoal e familiar. Neemias, é para nós um exemplo de uma vida dedicada integralmente à vontade de seu Senhor. V - Sua contextualização Podemos retirar do texto, alguns ensinamentos muito próprios para nosso viver hoje: ABLpL - Estudo 16 - Neemias - Criado em 18/04/17 15: (18/04/2017) Página 3 de 5

4 1. Como você é visto pelo seu chefe? Fica nítida a boa vontade do rei para com o seu copeiro. Além de notar a sua tristeza, vai interessar-se em ajudá-lo na solução do seu problema. Será que hoje, por nossa conduta cristã, nosso exemplo de zelo profissional, nossa lealdade pessoal estamos despertando o mesmo sentimento de boa vontade e apreciação em nossas chefias e autoridades? Como crentes em Cristo hoje, temos que fazer de nossas vidas, um testemunho marcante da pessoa de Cristo. 2. O principal X o secundário: Acho muito positiva e inteligente a resposta de Neemias diante do convite traiçoeiro que lhe estavam fazendo os chefes tribais da região de Jerusalém. Sambalate, Tobias e Gesen, tramavam contra ele e contra a obra de Deus. Diante do convite que lhe fazem, Neemias nos dá um exemplo de escolha pelo fundamental e essencial em detrimento do secundário ou dispensável. Estou realizando uma grande obra... Por que a pararia enquanto descesse para ir ao encontro de vocês? (6.3). Muitas vezes nós estamos perdendo tempo na realização daquilo que o Senhor tem para nós, porque ficamos dando atenção ao secundário, preocupando-nos com situações sem importância e desconcentrando os nossos esforços e atenção naquilo que o Senhor deseja de nossas vidas. Aprendamos com Neemias. 3. Que atenção você está dando ao estudo da Bíblia? Considero um dos textos mais belos do AT. Posso imaginar aquele povo inumerável disperso por uma praça, em pé à frente de um palanque, em silêncio durante seis horas, vendo e ouvindo a Palavra de Deus ser lida. De tal maneira, que os olhos de todos estavam fitos nos que liam, enquanto as lágrimas escorriam por seus rostos, pela emoção e gratidão que sentiam em poder ler e entender o que o Senhor lhes estava dizendo através de sua Lei (8.1-12). Será que hoje, temos este mesmo prazer e deleite? Será que o estudo da Palavra de Deus nos cativa? 4. A oposição à obra de Deus: Estejamos sempre atentos a isto. Quando estivermos realizando algo para o Senhor saibamos que o inimigo vai se voltar contra nós. Neemias nos ensina isto claramente. Sambalate, Tobias e Gesen, estão presentes hoje ainda, atrapalhando o trabalho do pastor, do diácono, do coral da igreja, do servo do Senhor. Ele, o inimigo sempre se opõe à obra de Deus. Vamos estar atentos a isto, e tais como Neemias, reagir a esta pressão contrária e dedicar-nos a fazer o melhor para a Causa do Senhor. Conclusão A história do Antigo Testamento termina praticamente aqui. Alguns historiadores dão a data de 404 a.c. como aquela da morte de Neemias. Estamos assim, prestes a iniciar o período de silêncio da revelação bíblica, os 400 anos que intermedeiam as vidas de Malaquias e de João, o Batista. Todos os profetas que estudaremos a seguir, maiores e menores, e que foram colocados no cânon bíblico em ordem mais à frente, viveram até este tempo, sendo dos três últimos Zacarias, Ageu e Malaquias, apenas este último, contemporâneo de Neemias (para alguns estudiosos Malaquias morre em 392 a.c.). "Olho" Chamado da terra do exílio, a Babilônia, onde deveria gozar de uma situação de prestígio e segurança, pelo posto que ocupava na corte real, o Senhor vai trazê-lo para Jerusalém a fim de desempenhar um notável papel na reconstrução da nacionalidade do povo de Israel, onde demonstrará sua excepcional sensibilidade para planejar e organizar tarefas, evitar o confronto com os adversários, ter o enfoque claro na obra a realizar e depois desses aspectos humanos e materiais, dispor ainda de aguda percepção espiritual para guiar o povo numa retomada dos valores espirituais que estavam esquecidos ou desprezados em Israel Leituras diárias: Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Ne 1 e 2 Ne 3 e 4 Ne 5 e 6 Ne 7 Ne 8 e 9 Ne 10 e 11 Ne 12 e 13 ABLpL - Estudo 16 - Neemias - Criado em 18/04/17 15: (18/04/2017) Página 4 de 5

5 PH, colocar este quadro em algum espaço das páginas desta lição: Datas marcantes do final dos tempos do Antigo Testamento - em 605 a.c. com a vitória de Nabucodonozor sobre o Egito, começa o exílio babilônico; - em 604 a.c. Daniel e seus companheiros testemunham na Babilônia; - em 586 a.c. Jerusalém cai, os muros e o templo são destruídos; - em 539 a.c. Ciro invade a Babilônia; - em 536 a.c. Zorobabel inicia o retorno com hebreus; - em 521 a.c. Zacarias e Ageu conclamam o povo à reconstrução do templo; - em 516 a.c. o templo é consagrado; - em 479 a.c. Ester começa a sua história no reino da Pérsia; - em 458 a.c. Esdras traz a segunda leva com cerca de hebreus; - em 445 a.c. Neemias reergue os muros de Jerusalém; - em 444 a.c. Esdras e Neemias lêem a Lei diante do povo; - em 433 a.c. Neemias retorna a Babilônia; - em 432 a.c. Neemias volta à Jerusalém e faz as últimas reformas; - em 424 a.c. Malaquias, o último dos profetas escreve suas profecias. ABLpL - Estudo 16 - Neemias - Criado em 18/04/17 15: (18/04/2017) Página 5 de 5