IMPACTOS NO ENTORNO DE PÓLOS GERADORES DE TRÁFEGO

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1 UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENÇÃO NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISA EM QUALIDADE DE VIDA E MEIO AMBIENTE MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE URBANO Milene Coutinho Lourenço da Costa IMPACTOS NO ENTORNO DE PÓLOS GERADORES DE TRÁFEGO Estudo de caso em Belém - PA BELÉM-PA 2011

2 Milene Coutinho Lourenço da Costa IMPACTOS NO ENTORNO DE PÓLOS GERADORES DE TRÁFEGO Estudo de caso em Belém - PA Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano da Universidade da Amazônia como requisito para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano. Orientador: Prof. Dr. Sc. Marco Aurélio Arbage Lobo. Co-orientador: Profª Pós-Doutora Elcione Maria Lobato de Moraes. BELÉM-PA 2011

3 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Sheila Monteiro CRB C837i Costa, Milene Coutinho Lourenço da. Impactos no entorno de pólos geradores de tráfego: estudo de caso em Belém-Pa / Milene Coutinho Lourenço da Costa f.: il. ; 21 x 30 cm. Dissertação (Mestrado) -- Universidade da Amazônia, Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano, Orientador: Prof. Dr. Sc. Marco Aurélio Arbage Lobo. Co-orientadora: Profª Pós-Doutora Elcione Maria Lobato de Moraes. 1. Shopping Center impacto ambiental. 2. Shopping Center pólo gerador de tráfego. 3. Ruído urbano. 4. Boulevard Shopping Center. I. Lobo, Marco Aurélio Arbage. II. Moraes, Elcione Maria Lobato de. III. Título.

4 Milene Coutinho Lourenço da Costa IMPACTOS NO ENTORNO DE PÓLOS GERADORES DE TRÁFEGO Estudo de caso em Belém - PA Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano da Universidade da Amazônia como requisito para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano. Orientador: Prof. Dr. Sc. Marco Aurélio Arbage Lobo. Co-orientador: Profª Pós-Doutora Elcione Maria Lobato de Moraes. Banca Examinadora: Prof. Dr. Sc. Marco Aurélio Arbage Lobo. Orientador Profª Pós-Doutora Elcione Maria Lobato de Moraes Co-orientadora Prof. Dr. Sc. Samuel Maria de Amorim e Sá Prof. Dr. Edmilson Brito Rodrigues Apresentado em: / / Conceito: BELÉM-PA 2011

5 À minha família, em especial à minha mãe Marisa Coutinho.

6 AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar a DEUS, por ter me dado a condição física e mental de estar participando deste mundo, repleta de saúde e disposição, e que nas horas mais difíceis da minha vida, foi Nele que encontrei forças para sempre ir em frente. À minha mãe, que nunca poupou esforços para proporcionar-me amor, carinho, afeto e compreensão, e acima de tudo, pelo exemplo de mãe, mulher e ser humano que sempre foi para mim e minhas irmãs. A ela o meu amor incondicional e eterna dedicação. Ao meu pai, que sempre foi um lutador e nunca desistiu de seus ideais, mesmo nas horas mais difíceis, sempre sendo um guerreiro. A ele meu respeito e amor eterno. Á minha irmã Adriana, que sem seu apoio e compreensão, eu não teria condições de dedicar-me a mais esta etapa acadêmica de minha vida, e por ter me concedido a alegria de ser tia de uma criança chamada Jessica Arícia, que para mim representa a luz da minha vida. À minha irmã Aline por ter me dado à honra de, fazer parte de sua vida vê-la progredir, tanto no campo profissional, como no pessoal, obrigada por ser sua irmã. Ao Marco Antonio, meu amor, pelo incentivo, carinho, amor e, sobre tudo paciência pelos momentos de ausência. Aos cunhados Patrick e Kleber que estiveram, sempre que precisei, a meu lado com bom humor e incentivos e que fazem parte da minha família. Ao professor Marco Aurélio Arbage Lobo, meu orientador, pela sua confiança em mim, respeito pelas limitações do tempo, e encorajamento nas horas difíceis. Indicando-me o caminho a seguir, estando sempre disponível para transmitir seus sábios conhecimentos. A professora Elcione Moraes, que sem ela não seria possível ter chegado ao resultado esperado; pela oportunidade de compartilhar seus ensinamentos e pela admiração que tenho pela pessoa que representa na vida acadêmico-científica.

7 Ao Francisco Simón pela disponibilidade em participar da pesquisa e dedicação ao trabalho realizado em campo, assim como no tratamento dos dados obtidos. Em especial aqueles que participaram do trabalho de coleta de dados, que sem eles nada seria possível: Adriana Coutinho, Aline Coutinho, Marco Antonio, Patrick Sarmanho, Kleber Costa, Elcione Moraes, Carolina Costa, Francisco Simón, Neto Costa e Gustavo Guerreiro. E a todos aqueles que, direta e indiretamente estiveram presentes junto comigo nesta caminhada.

8 A forma da cidade é sempre a forma de um tempo da cidade; e existem muitos tempos na forma da cidade. Aldo Rossi

9 RESUMO O comércio varejista ao longo dos tempos sofreu transformações e adaptações de acordo com a modificação do espaço urbano, e já não pode ser controlado apenas por uma parcela da sociedade. A partir do incremento do comércio e de sua evolução surgem os shopping centers. Empreendimentos que para se instalarem requerem determinadas medidas, uma vez que por sua natureza modificam a dinâmica do espaço, o uso do solo circundante e, dependendo de seu porte, podem apresentar inclusive influência em área externa ao seu cordão de contorno atingindo os limites urbanos da cidade. Esta pesquisa apresenta o impacto do ruído relacionado à implantação de um pólo gerador de tráfego na cidade de Belém Brasil, no caso, um shopping Center. Para tal foi considerado o entorno imediato do empreendimento que sofreu modificações no sistema. A fim de chegar aos objetivos, foi utilizado um programa comercial de cálculo dos níveis de pressão sonora no entorno do empreendimento, o que permitiu diagnosticar o panorama atual a partir de dados geográficos e de tráfego da região, e foi realizada uma comparação com a situação antes e depois da implantação do shopping. Concluiu-se que apesar da diminuição do trajeto que liga as zonas oeste e norte ao centro da cidade, não houve uma melhora no fluxo dos veículos, uma vez que houve aumento no volume de tráfego em todas as vias. Consequentemente ocorreu um incremento nos níveis de pressão sonora na área em estudo, as vias secundárias, que antes registravam valores aceitáveis, agora apresentam níveis de pressão sonora acima dos permitidos por Lei, evidenciando a incongruência da implantação desse tipo de empreendimento em zonas urbanas centrais, em especial as de preservação histórica. Palavras-chave: Pólo gerador de tráfego. Shopping Center. Ruído urbano. Espaço urbano.

10 ABSTRACT The retail trade sector over time has been transformed and adapted according to the change of urban space, and can no longer be controlled by only a portion of society. From the expansion of trade and its evolution appears the mall. Enterprises that require to settle certain measures, since by their nature modify the dynamics of space, the surrounding land use and, depending on their size, can influence even show in your area outside the cordon boundary reaching the limits of urban city. This research shows the impact of noise related to the deployment of a large shopping mall in the city of Belem - Brazil. To this was considered the immediate surroundings of the development that has changed in the system. In order to reach the goals, we used a commercial program for calculating the sound pressure levels around the project, which enabled us to diagnose the current situation from spatial data and traffic in the region, and was comparable with the situation before and after implementation of the mall. It was concluded that despite the reduction in path that connects the west and north of the city center, there was no improvement in the flow of vehicles, since there was an increased volume of traffic on all roads. Consequently there was an increase in sound pressure levels in the study area, secondary roads, which previously recorded an acceptable value now have sound pressure levels above those allowed by law, highlighting the incongruity of the deployment of this type of development in central urban areas, especially of historic preservation. Keywords: Polo traffic generator.shopping mall. Urban noise. Urban space.

11 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 Área de entorno 17 FIGURAS 2 e 3 Bazar Medieval Khan al-kalili 1 e 2 Cairo 19 FIGURA 4 Ruínas do Fórum de Trajano 20 FIGURA 5 A.T. Stewart &Co 22 FIGURA 6 Northgate shopping center 24 FIGURA 7 Shopping Center Downtown Rio de Janeiro 26 FIGURA 8 Pátio Belém Shopping Center 31 FIGURA 9 Castanheira shopping Center 32 FIGURA 10 Fachada principal do SC Boulevard 34 FIGURA 11 Localização do BSC - Mapa de Belém 35 FIGURA 12 Localização Doca Boulevard FIGURA 13 Doca Boulevard FIGURA 14 Faixa audível 41 FIGURA 15 Reflexão e Difração do som 48 FIGURA 16 Reflexão do som 49 FIGURA 17 Difração e sombra acústica 50 FIGURA 18 Difração do som 50 FIGURA 19 Mapa acústico dos bairros de Belém (2004) entre 9 e 10h. 53 FIGURA 20 Localização dos 10 pontos de medida 59 FIGURA 21 Rua Ó de Almeida 60 FIGURA 22 Contador de veículos 61 FIGURA 23 Momento de medição do ruído e contagem de veículos 62 FIGURA 24 Mapa do relevo continental da RMB, FIGURAS 25 e 26 Belém em FIGURA 27 Posição atual da figura 25 e FIGURA 28 Planta da Cidade do Pará de FIGURA 29 Posição atual da figura FIGURA 30 Planta do Pará FIGURA 31 Doca do Reduto FIGURA 32 Local onde se encontra atualmente o Canal do Reduto FIGURA 33 Fábricas no Bairro do Reduto FIGURA 34 Fábrica Perseverança 73

12 FIGURA 35 Colégio GEO 74 FIGURA 36 Mapa de Fábricas do Reduto, década de FIGURA 37 Zoneamento 76 FIGURA 38 Mapa de Belém 78 FIGURA 39 Planta da cidade de Belém FIGURA 40 Trecho projetado da Av. Visconde de Souza Franco FIGURA 41 Igarapé das Almas, FIGURA 42 Vale do Igarapé das Almas altitude inferior a 5m, nível mais 82 baixo da cidade (década de 60). FIGURA 43 Igarapé das Almas já canalizado, com feira de objetos de 84 cerâmica (década de 60). FIGURA 44 Igarapé das Almas, próximo a Av. Marechal Hermes. Fim 86 dos anos 50 FIGURA 45 Início das Obras em FIGURA 46 Comportas 88 FIGURA 47 Comporta automática 88 FIGURA 48 Obras para galeria extravasadora 90 FIGURA 49 Obras 3 90 FIGURA 50 Av. Visconde de Souza Franco finalizada 91 FIGURA 51 Av. Visconde de Souza Franco FIGURA 52 Av. Visconde de Souza Franco próximo a Av. Marechal 93 Hermes 02/06/2009 FIGURA 53 Av. Visconde de Souza Franco 02/06/ FIGURA 54 Bairro Umarizal década de FIGURA 55 Bairro Umarizal FIGURA 56 Transformação viária 97 FIGURA 57 Mapa de uso do solo 99 FIGURA 58 Mapa padrão de edificação 101 FIGURA 59 Padrão de edificação 102 FIGURA 60 Padrão de edificação 102 FIGURA 61 Apresentação sistema viário depois da intervenção 103 FIGURA 62 Mapa de uso do solo FIGURA 63 Mapa de uso do solo 2 105

13 FIGURA 64 Vista área do Canal da Av. Visconde de Souza Franco, FIGURA 65 Vista área do Canal da Av. Visconde de Souza Franco, FIGURA 66 Mapa Acústico do bairro do reduto no período de 10 às horas FIGURA 67 Mapa acústico atualizado do Bairro de Reduto 111 FIGURA 68 Mapa acústico calculado do Bairro do Umarizal em 3D 112 FIGURA 69 Mapa estratégico de ruído antes da implantação do 113 shopping Boulevard FIGURA 70 Mapa estratégico de ruído depois da implantação do 114 shopping Boulevard (2010) FIGURA 71 Volume de tráfego de carros pequenos/hora 117 FIGURA 72 Volume de tráfego de carros médios/hora 118 FIGURA 73 Volume de tráfego de motos/hora 119 FIGURA 74 Volume de tráfego/hora antes e depois da implantação do 120 BSC TABELA 1 Shopping centers inaugurados no Brasil 29 TABELA 2 Participação de shopping center por região 30 TABELA 3 Projeção da frota de veículos para o município de Belém 39 TABELA 4 Nível de pressão sonora quanto a largura da via 51 TABELA 5 Volume de tráfego antes e depois da implantação do 116 Shopping Center Boulevard (2008/2010) QUADRO 1 Classificação dos shopping centers 28 QUADRO 2 Classificação das ondas sonoras 44

14 LISTA DE SIGLAS BSC CODEM COHAB-PA CTM JICA PDTU PEM PMB RMB SEGEP SESAN UFPA DETRAN DENATRAN Boulevard Shopping Center Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém Companhia de Habitação do Estado do Pará Cadastro Técnico Multifinalitário Agência de Cooperação Internacional do Japão Plano Diretor de Transporte Urbano Plano de Estruturação Metropolitana Prefeitura Municipal de Belém Região Metropolitana de Belém Secretaria Municipal de Coordenação Geral do Planejamento e Gestão Secretaria Municipal de Saneamento Universidade Federal do Pará Departamento de Trânsito Departamento Nacional de Trânsito

15 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 14 2 COMÉRCIO VAREJISTA E SHOPPING CENTERS ESTABELECIMENTOS PRECURSORES DOS SHOPPING CENTERS SHOPPING CENTERS SHOPPING CENTERS EM BELÉM Predecessores Objeto de Estudo 32 3 ESPAÇO URBANO E RUÍDO REFLEXÃO GERAL DO QUADRO DO TRÁFEGO ATUAL E FUTURO 38 EM BELÉM 3.2 RUÍDO GERADO POR PÓLO GERADOR DE TRÁFEGO PGT FONTES DE RUÍDO EFEITOS DO RUÍDO NO SER HUMANO Efeitos auditivos Efeitos extra-auditivos PROPAGAÇÃO DO SOM EM ÁREAS URBANAS RUÍDO URBANO EM BELÉM LEGISLAÇÃO 54 4 METODOLOGIA COLETA DE DADOS NO CAMPO EQUIPAMENTOS UTILIZADOS 61 5 CONTEXTO URBANO DA VIZINHANÇA EVOLUÇÃO URBANA DO BAIRRO DO REDUTO Implantação da Avenida Visconde de Souza Franco A VIZINHANÇA NO CONTEXTO ATUAL DE BELÉM 96 6 ANÁLISE DOS RESULTADOS ANÁLISE DO USO DO SOLO ANÁLISE DO RUÍDO CONSIDERAÇÕES FINAIS 122 REFERÊNCIAS 125 ANEXOS 137

16 14 1 INTRODUÇÃO O shopping center é um dos tipos de estabelecimento de comércio que mais crescem no país. De acordo com a Associação Brasileira de Shopping Centers - ABRASCE, os primeiros shoppings centers a serem instalados no Brasil datam da década de sessenta. A partir de então, este tipo de empreendimento vem crescendo ano a ano. Atualmente, no Brasil, a ABRASCE informa que existem 408 shoppings centers, o que representa um importante volume de atividades e geração de empregos (PETROLA; MONETTI, 2004). Do ponto de vista da gestão das cidades, no aspecto urbano e ambiental, um dos grandes desafios para os gestores públicos é analisar e apresentar soluções para os diferentes impactos sociais e ambientais que resultam da implantação de grandes empreendimentos como um shopping center. Fortes modificações são observadas no entorno e áreas adjacentes ao local de implantação, de forma a alterar o ritmo, tempo e modo de vida dos moradores e usuários de tais áreas. Petrola; Monetti (2004) alertam para a importância da escolha do local de implantação de um shopping center, observando diversos ângulos de referência: econômico, funcional, necessidade, motivação, etc. Não se pode negar que os shoppings centers são grandes pólos geradores de tráfego PGT, ou seja, geram e atraem uma maior circulação de pessoas, veículos e estimulam a mudança do sistema viário e modal de uma região. Portanto, antes da instalação de um PGT é necessária a realização de estudos prévios, uma vez que as mudanças podem incorrer em pontos negativos para população e para a cidade, não apenas no tráfego, mas também no meio ambiente. (GOLDNER; PORTUGAL, 2003; ANDRADE, 2005). Alguns instrumentos foram desenvolvidos para a previsão ou contenção do impacto negativo gerado devido à implantação de grandes empreendimentos, como é o caso do Estudo de Impacto de Vizinhança EIV, que deve ser regulamentado por lei municipal. A Lei n /2001, Estatuto da Cidade, em seus artigos 36 à 38 define que o EIV é de relevante interesse para a cidade, no que tange ao caráter

17 15 preventivo, uma vez que determina os efeitos positivos e negativos que podem ser gerados com a implantação de um empreendimento, como por exemplo um PGT. O Plano Diretor do Município de Belém, Lei nº de 30 de julho de 2008, em seu art.º 187, inciso I, estipula que shopping centers, supermercados, hipermercados e estabelecimentos congêneres são considerados empreendimentos que devem ter o EIV previamente realizados, para a sua posterior autorização de instalação (BELÉM, 2008). Contudo, esse dispositivo ainda não foi regulamentado, o que pode, dessa maneira, deixar de impedir que empreendimentos sejam instalados em áreas residenciais, ou próximas a escolas, etc. Entre os impactos que podem surgir com a implantação desse tipo de empreendimento, o ruído é um dos que mais consequências negativas impõe. A poluição sonora é a terceira maior forma de contaminação nas grandes cidades atrás somente da poluição atmosférica e visual. O ruído apresenta grande diferença com relação aos outros contaminantes ambientais, pois é o contaminante mais barato e necessita de muito pouca energia para ser emitido, além de ser complexo de medir e quantificar e não deixar resíduos nem efeito acumulativo no meio (embora se possa ter um efeito acumulativo sobre o homem), dependendo da intensidade pode ter um pequeno raio de ação e nem sempre se translada através dos sistemas naturais. Como o ruído é percebido por um único sentido, o ouvido, seu efeito pode ser subestimado (MORAES, 2004). O ruído urbano é cada vez mais ponto focal de atenção de estudos em diversas áreas do conhecimento científico, uma vez que ele se constitui um dos problemas ambientais nas grandes cidades. A poluição sonora, conseqüência do ruído, é considerada um dos principais problemas ambientais do planeta, estando atrás apenas da poluição do ar e da água, tornando-se desta feita um problema de saúde pública (MORAES; COUTINHO; SIMÓN, 2010). Segundo a Organização Mundial da Saúde (2010) - OMS, o ruído emitido pelos meios de transporte pode influenciar diretamente a saúde do homem, estando diretamente ligado a enfermidades relacionadas ao stress.

18 16 Quadros (2004) analisou o ruído gerado pelos veículos automotores de utilidade pública na cidade de Curitiba, com resultados de nível de pressão sonora acima do permitido pela Lei Municipal e a ABNT NBR 10151, que define limites para conforto acústico de comunidade. Ramos (2007) pesquisou a propagação do ruído gerado pelo tráfego, no que tange à morfologia urbana, chegando à conclusão da degradação do ambiente proveniente do ruído. Identificou que edificações limítrofes às vias de tráfego são as que mais sofrem com o incômodo do ruído oriundo das vias. Outro ponto de focal importância é a modificação no uso do solo que pode vir a ocorrer quando da implantação de um empreendimento deste porte, como foi dito anteriormente, um PGT. Tais modificações são particularmente importantes quando contribuem para atrair mais tráfego de veículos para as imediações dos shoppings, aumentando ainda mais a geração de ruído, dentre outros efeitos. Por esse motivo, também deve ser incluído como tema de investigação nos impactos causados por esse empreendimento no seu entorno. O objeto de estudo desta pesquisa é o Boulevard Shopping Center BSC localizado na Avenida Visconde de Souza Franco, no Reduto, um bairro ainda predominantemente residencial, com ruas estreitas e grandes galpões de antigas fábricas, que, por ocasião de seu funcionamento, ocupavam quadras inteiras. Bairro este considerado pela legislação urbanística de Belém como área de entorno do Centro Histórico, como será exposto mais adiante. O BSC situa-se na fronteira do bairro do Umarizal, que se tornou um bairro com ampla expansão imobiliária e intensa verticalização, características estas não encontradas no bairro do Reduto. Diante dos pontos apresentados, e, considerando há ainda intensa presença de moradias no bairro do Reduto, é verídica a relevância de tal assunto a ser analisado e discutido de forma científica. A partir dessas constatações, o objetivo deste trabalho é analisar três tipos de impactos que comumente são provocados por shopping centers em suas imediações, dentre outros: o aumento do ruído, o incremento do volume de veículos e mudanças no uso do solo. Esse objetivo será buscado através do estudo de caso do Boulevard Shopping Center.

19 17 Para isso, foi definida como área de estudo, o entorno imediato da edificação, limitada pelas vias circunvizinhas ao BSC: Avenida Visconde de Souza Franco, Rua Aristides Lobo, Rua Ó de Almeida e Travessa Quintino Bocaiúva (FIG. 1). FIGURA 1 - Área de entorno Rua Ó de Almeida Av. Visc. de Souza Franco Trav. Quintino Bocaiúva Fonte: Google Earth Rua Aristides Lobo Fonte: O presente trabalho está estruturado em sete capítulos, o primeiro refere-se a esta introdução; o segundo e terceiro capítulos abrangem o quadro teórico, sendo o segundo referente ao comércio varejista e shopping centers e o terceiro sobre ruído e espaço urbano; o quarto capítulo trata da metodologia utilizada na pesquisa; o quinto do contexto urbano da vizinhança; e o sexto, apresentação e discussão dos resultados da pesquisa e o sétimo que se refere às considerações finais.

20 18 2 COMERCIO VAREJISTA E SHOPPING CENTERS 2.1 ESTABELECIMENTOS PRECURSORES DOS SHOPPING CENTERS Resultado de uma longa trajetória do comercio varejista, o shopping Center, atualmente caracterizado pela segurança, conforto e diversidade de produtos, veio sofrendo adaptações até chegar à morfologia atual. Desta forma, será realizada uma breve descrição da evolução das formas e aglomerações de pontos de vendas, desde a atinguidade até os tempos modernos. Vargas (2001) define como principais formas de varejo ao longo dos séculos o bazaar árabe, a ágora grega, os mercados, os fóruns romanos, as praças medievais, as feiras e os edifícios de mercados. O bazaar (FIG. 2 e 3), para o povo islâmico, faz parte de sua cultura, é algo inerente a seus costumes e tradições. O significado de bazaar vem a ser mercadoria, logo, o local onde são expostas as mercadorias para serem comercializadas deteve o mesmo nome. Neste local propício à negociação, a opinião individual e de grupos também podem ser expostas, sem o perigo de causar constrangimento ou de infringir regras. Desta feita o bazaar é considerado um lugar para fazer política e encontrar grupos diversos. A organização do bazaar se dá através de pequenas lojas voltadas para a rua, geralmente contando em seu segundo pavimento com escritório e/ou estoque de mercadorias.

21 19 FIGURAS 2 E 3 - Bazar Medieval Khan al-kalili 1 e 2 Cairo Fonte: GEMAQUE, Os mercados que se formaram ao pé da acrópole grega, região mais alta onde parte da cidade grega era construída, cederam lugar para a ágora. Inicialmente como forma de encontro público para realização de atividades comerciais, em um espaço aberto, lentamente vai se tornando um lugar com instalação de edifícios em seu entorno, ou seja, vai se transformando em um ambiente fechado (VARGAS, 2001). Na ágora são comercializadas mercadorias com uma variedade de cores e com preços. Altamente discutidos neste espaço também era a política, onde pessoas se uniam para entrelaçar o assunto ou simplesmente para passar o tempo. Envolta por colunatas contendo lojas, cercava três dos seus lados, havia vários acessos a fim de possibilitar a circulação em seu meio e entorno.

22 20 Outras formas de comércio da antiguidade eram os mercados chineses e de Jerusalém, que mantiveram praticamente a mesma condição dos bazaar e ágora, com pequenas lojas voltadas para a rua, ou um grande espaço aberto repleto de barracas e tendas. Na Itália, próximo ao porto, as margens do Rio Tibre, os mercados recebiam o nome de fórum. Nesse fórum, além do comercio atacadista e varejista, também se desenvolviam as negociações financeiras da cidade. Como exemplo de fórum romano, destaca-se o fórum de Trajano (FIG. 4), que, além do comércio, havia a instalação de uma Basílica, com uma forma arquitetônica retangular, com pé direito mais alto que os prédios da época, e um lanternim que propiciava a iluminação zenital natural. No Fórum de Trajano podia-se observar-se uma área em semicírculo que abrigada dois pavimentos com lojas, sendo as do térreo com aberturas para a rua e as do segundo pavimento com seus acessos a um corredor (VARGAS, 2001). FIGURA 4 - Ruínas do Fórum de Trajano Fonte: PORTUGAL, A partir da Idade Média, com a busca de melhorias para a produção de bens e organização das atividades comerciais daquela época, surgem as chamadas

23 21 guildas, organizações de ofício. Porém as guildas começam a centralizar e a democratização vai se esvaindo, logo os pequenos e/ou novos comerciantes procuram outros espaços para comercializar seus produtos, longe dos bazaars, feiras e mercados controlados pelas guildas. Como uma corporação, as guildas regulavam o mercado atuando de forma coletiva e cooperativa: normalizava a qualidade, dimensões e preços, garantia o selo de qualidade e, às vezes, realizava compras e vendas coletivas. (MORAES, 2011, p. 3). A praça da cidade, sendo um espaço aberto onde acontecem as representações do cotidiano, torna-se o espaço para a efetivação do comercio varejista para aqueles que não fazem parte das corporações. Desta forma, a praça faz parte do tecido urbano central, onde há concentração de comércio, como no fórum romano ou na ágora grega. Porém, com a evolução das cidades, a forma não é apenas o único meio de comparação. As funções das praças percorrem o comércio, as atividades físicas e religiosas, todas inter relacionadas (FRANÇA JÚNIOR, 2010). As praças ainda tinham sua implantação de forma a facilitar o deslocamento das pessoas, aquelas que comercializavam produtos do cotidiano localizavam-se na praça da área central da cidade, em outros pontos da cidade localizavam as praças com determinados produtos a serem oferecidos e havia ainda uma terceira praça localizada fora dos limites da cidade, que mais tarde seria acoplada à cidade devido ao próprio desenvolvimento urbano. Nas cidades também aconteciam as feiras semanais, a fim de promover o encontro de mercadores que, por vezes vinham de lugares longínquos. As feiras eram montadas a partir de tendas e barracas, caravanas eram formadas e seguiam feiras após feiras, era verdadeiramente um evento que chamava a atenção das pessoas, despertando a curiosidade e propiciando a venda de diversos tipos de mercadorias. O mundo moderno herdou o comércio varejista das feiras, e em cidades do mundo inteiro ainda é possível encontrá-las com a mesma morfologia de outrora (SILVA; CLEPS, 2009).

24 22 Ainda na Idade Média, há o mercado, sendo em geral grandes vãos em formato retangular ou quadrado, abrigando uma centena de lojas, com um ou mais pavimentos, oferecendo uma gama de produtos. Possivelmente os mercados fechados tenham sido a semente dos shopping centers da atualidade. Ao final do século XVIII e início do século XIX, os mercados medievais tendem a se especializar na venda de produtos para consumo diário da população. Com essa perspectiva, começa a surgir a demanda pela criação de lojas especializadas, em verdade grandes lojas, mega stores, lojas de departamentos. Em 1823, surge nos Estados Unidos a primeira loja A.T. Stewart &Co., (FIG. 5) especializada em produtos secos, em 1859, a mesma loja se muda para uma nova construção, desta vez, ocupando uma quadra inteira. Nos anos seguintes esta tendência de mega lojas só aumenta, não apenas nos Estados Unidos, mas em países como Inglaterra, França e outros. FIGURA 5 - A.T. Stewart &Co Fonte: imageid=809801&k=0&print=small A luz de Vargas, (2001), o mais intenso e radical fenômeno varejista ocorre no ano de 1930, com a criação dos supermercados, e mais tarde os hipermercados, que ofereciam diversidade de produtos, entretenimento e lazer à comunidade, sua arquitetura, no entanto, ainda não possuía elementos de destaque, até mesmo

25 23 porque a intenção era manter os clientes atentos ao que se estava negociando dentro dos grandes blocos retangulares. 2.2 SHOPPING CENTER Shopping center (SC) pode ser definido como um espaço planejado, onde encontra-se uma variedade de lojas, com espaço para lazer e entretenimento. Segundo Pinto (1992) SC é considerado um centro de compras, onde o consumidor possui uma diversidade de produtos e serviços sendo oferecidos em apenas um local, com segurança e comodidade, contendo estacionamento que contemple o numero de vagas de garagem compatível com o número total de lojas abrigadas pelo SC. A administração do shopping center é por natureza centralizada e sujeita a um conjunto de normas pré determinadas em contratos. Segundo o Internacional Council of Shopping centers : Shopping center é um grupo de estabelecimentos comerciais unificados arquitetonicamente e construídos em terreno previamente planejado e desenvolvido. O shopping center deverá ser administrado como uma unidade operacional, sendo o tamanho e o tipo de lojas existentes relacionados diretamente com a área de influência comercial a que essa unidade serve. Deverá também oferecer estacionamento compatível com todas as lojas existentes no projeto. (PORTUGAL, 2003, p. 132) Para Associação Brasileira de Shopping centers ABRASCE, Shopping center é um centro comercial planejado sob administração única e centralizada,.que ofereça a seus usuários estacionamento permanente e tecnicamente bastante (PORTUGAL, 2003, p. 132). Na década de 1930, o americano Hugh Parther construiu em Dallas, nos Estados Unidos, um centro comercial com as características morfológicas que lembram os shoppings centers (SC), uma vez que estes também sofreram modificações. Os primeiros shoppings centers inaugurados a partir desta década abrigavam suas lojas com suas vitrines direcionadas para a rua, a fim de chamar atenção dos clientes, fazendo com que estes se direcionassem para o local.

26 24 Característica esta percebida nos antigos bazaar s, onde as lojas eram voltadas para as ruas (BIENENSTEIN, 2004). Com o passar dos anos esta especificidade foi se perdendo e as lojas, hoje, em sua maioria, estão voltadas para os corredores internos dos SCs, o chamado mall, esta característica lembra o fórum e os mercados antigos, com suas lojas voltadas para o espaço semi-público. Após a segunda guerra mundial, e com o acelerado desenvolvimento industrial, principalmente na indústria automobilística, a construção de shoppings centers se intensifica nos Estados Unidos. A origem e crescimento dos subúrbios, p aumento do poder aquisitivo da população e a descentralização do comércio, são fatores impulsionantes para o início de uma era que vigora até hoje, a era dos Shopping centers. Desta feita, em 1950, é inaugurado o Northgate, em Seatle (FIG. 6), também nos Estados Unidos, e em 1956 em Minesotta, é implantado o Southdale Center, com a forma espacial que hoje é adotada na maioria de empreendimentos desse tipo. Segundo Schouchama (1995), nos anos 60 o crescimento dos shopping centers atinge taxas anuais equivalentes a 12,7%, espalhando-se pela Europa e chegando finalmente ao Brasil. FIGURA 6 - Northgate shopping center Fonte:

27 25 Andrade (2005) afirma que, nos anos 70, os Estados Unidos abrigava shoppings centers. A partir de então, surge a diversificação do uso, inclui-se áreas de lazer, serviços e as praças de alimentação nos SC. Para Bienenstein (2004), a proliferação dos SC nos Estados Unidos deve-se ao fato dos subúrbios terem proliferado, vindo com estes, o automóvel, a melhoria da renda e, consequentemente, a demanda por produtos e serviços, logo surgem inicialmente as lojas de departamento e mais a frente os shoppings centers. Segundo Meira (1998), no Brasil, os shoppings centers começam a ser instalados a partir da década de 1960, impulsionados pela decadência do centro comercial urbano, pelo aumento da marginalidade e do tráfego de veículos, bem como pelo deslocamento das pessoas para a periferia das cidades. Meira (1998) informa que em 1966, é inaugurado no Brasil o primeiro Shopping center, o Iguatemi, na cidade de São Paulo, ocorrendo a partir de então a alavancagem deste setor. Segundo dados da ABRASCE, a previsão é que em 2010 ocorra um incremento de 12% nas vendas neste segmento, traduzindo um faturamento de R$ 79 bilhões (setenta e nove bilhões de reais). O negócio de shopping center, corresponde a 18,3% do varejo nacional e por 2% do produto interno bruto. A parir desses números pode-se observar a importância deste comércio varejista, que entre 2006 e 2008 cresceu 28%. Os resultados também espelham as ações de grupos internacionais investndo no mercado nacional, com abertura de capital na bolsa de valores e excelente gestão de seus administradores. (ABRASCE, 2010) Segundo a ABRASCE os Shoppings Centers seguem a seguinte classificação: a) Vizinhança possui lojas de conveniência, sendo o supermercado como loja âncora. Sua metragem varia entre 3 mil a 15 mil metros quadrados; b) Comunitário lojas com variedade de mercadorias, tendo como lojas âncoras: lojas de departamentos e/ou supermercados. Sua área está entre 10mil a 35mil metros quadrados;

28 26 c) Regional - assim como o comunitário, possui lojas que negociam vários tipos de mercadorias. Cinquenta por cento do espaço útil é destinado a lojas satélites de vestuário. Sua área está entre 40 mil a 80 mil metros quadrados. Devido à sua magnitude, é direcionado a grandes cidades, para clientes das classes A e B; d) Especializado este shopping tem característica de trabalhar com lojas específicas, como material esportivo, decoração, utilidades, etc. Geralmente não possui lojas âncoras. Sua extensão varia entre 8 mil e 25 mil metros quadrados, o público alvo pertence a classes A e B; e) Outlet Center possui lojas de fábricas e off-price, com preços reduzidos e custo com aluguel menor. Não se observa material de acabamento requintado e sua área está entre 5 mil a 40 mil metros quadrados. Devido ao estilo do shopping, suas lojas âncoras são lojas de fábricas. O público alvo pertence as classes B e C, ; f) Power Center possui várias lojas âncoras, lojas de departamento ou de desconto ou off-price e com reduzido número de lojas satélites, ocupando áreas entre 8 mil a 25 mil metros quadrados; g) Discount Center aqui comportam lojas que trabalham em grande quantidade, vendas apenas em atacado, com preços menores. Dimensão entre 8 mil e 25 mil metros quadrados; h) Festival Mall este espaço é direcionado ao entretenimento, com bares, restaurantes, teatros. Com área entre 8 mil a 25 mil metros quadrados, o público alvo é direcionado às classes A e B (FIG. 7). FIGURA 7 Shopping Center Downtown Rio de Janeiro Fonte: hopping_center_1.htm

29 27 A partir do ano de 2000 a ABRASCE, realizou uma classificação dos SC a partir do tipo de empreendimento e ABL área locável, e não apenas construída, conforme Quadro 1 a seguir: Quadro 1 - Classificação dos shopping centers TIPO PORTE ABL ESTILO Mega Acima de m² Tradicional Especializado Regional De a m² Médios De a m² Pequenos Até m² Grandes Acima de m² Outlet Médios De a m² Temáticos Pequenos Até m² Life Style Fonte: ABRASCE, Além das definições da ABRASCE, Vargas (2001) define os shopping centers em três categorias, de acordo com sua relação com o espaço urbano: a) out of town (periféricos): aqueles que se localizam fora da zona urbana da cidade, mas seu entorno e torna-se um pólo atrativo para o comércio; b) downtown (centrais): localizados na área central da cidade, propiciando sua revitalização, evitando o processo de deteriorização central, comum em vários centros urbanos, e c) innertown: localizado além dos centros, no entanto dentro da área urbana das cidades, segundo Vargas (2001) este corresponde ao modelo brasileiro de SC. Andrade (2005) identificou alterações no sistema viário no entorno do shopping que estudou e verificou a aplicabilidade da Lei em relação a implantação de um empreendimento considerado um Pólo Gerador de Tráfego PGT. Assim como na cidade de Belém, onde o BSC foi instalado próximo ao centro da cidade, o Center Shopping estudado por Andrade, também se posicionou próximo ao centro,

30 28 como se este fosse um grande mérito para a cidade. Modificações no sistema viário no entorno do empreendimento foram realizadas, assim como sensíveis mudanças no uso do solo foram percebidas ao longo dos anos. Na reflexão de Andrade (2005) sobre PGT: O comprometimento das questões ambientais ao mesmo tempo reflete-se em custos sociais e econômicos; comprometimento do desenho urbano, da interatividade entre as funções urbanas, qualidade do espaço oferecido para a coletividade, a qual, em sua essência, é diversificada e ao mesmo tempo é a principal usuária do espaço da cidade (ANDRADE, 2005,pg. 145) Kock (2004) analisou as mudanças na estrutura urbana, bem como os aspectos sócio econômicos após a implantação de um shopping center. Após a análise pôde ser verificado a decisiva influencia que um shopping center é capaz de facultar no entorno da região que está implantado. A alteração do padrão de renda após a implantação do SC e a ocupação de vazios urbanos no entorno do SC, foram fatores claramente identificados pelo surgimento do objeto de estudo. Desta feita conclui-se que, o incremento imobiliário, a mudança no padrão de renda e expansão urbana, são pontos que devem ser observados à implantação de um empreendimento deste porte. Os shoppings centers são empreendimentos que não necessitam de alta densidade populacional em seu entorno, pois o mesmo atrai para si, à medida que ocorre sua implantação, e por vezes sua expansão, novas demandas por serviços e produtos. A partir do momento em que se localiza em um terreno afastado da área urbana, ele propicia a descentralização e ajuda a criar novos pólos de comércio e serviços (MARASCHIN, 2008). Villaça (2001) esclarece que o shopping center edificado possui diversos pontos comerciais que o comércio levaria anos para produzir. O promotor imobiliário, desta feita, produz e vende estes pontos, prontos para atrair demanda. Villaça afirma ainda que, a partir do momento da implantação de um SC, a estrutura urbana, anteriormente existente, sofre alterações radicais e rápidas:

31 29 A instantaneidade - mais que a dimensão - dos empreendimentos imobiliários característicos dessa nova era de alta concentração do capital (produção de pacotes imobiliários), é que está provocando uma revolução nas áreas nobres de nossas cidades e em nosso urbanismo. (VILLAÇA, 2001, p. 307). Pinto (1992), por sua vez, acredita que os shoppings centers por natureza possuem condicionantes que levam à realização do consumo; sua atmosfera proporciona o prazer da compra, induz, cria a necessidade de comprar: O prazer da compra. O momento da compra é efetivamente um momento de prazer, é um momento em que realizamos uns desejos, uma necessidade. (...) o shopping center restabeleceu a dignidade do ambiente da compra que não pode ser reduzida a uma mera transação material. Tornar mais rico e bonito o momento da compra é certamente uma contribuição para melhor qualidade de vida. (PINTO, 1992, pg.11) Através da Tabela 1, é possível verificar este crescente pólo de aglomeração comercial, tanto em número de unidades inauguradas, como valores de faturamento. Em apenas cinco anos, foram implantadas novas setenta unidades de SC, empregos diretos foram criados e o faturamento chegou próximo de 100% de aumento. Tabela 1 - Shopping centers inaugurados no Brasil Ano Nº SC M² Lojas Salas Cinema Faturamento anual (bilhões de reais) Empregos Tráfego de pessoas (milhões de visitas/mês) , , , , , , , , , , , , Fonte: ABRASCE, 2010

32 30 A partir de dados originados pela ABRASCE, na Tabela 2 observa-se que 55% do total de SC instalados no Brasil estão localizados na região Sudeste. A região Norte representa ainda uma parcela mínima na relação com o total, apenas 3%. Sendo que deste total, o Amazonas possui seis SC e o Pará apenas três, destes todos localizados na região metropolitana de Belém. Tabela 2 - Participação de shopping center por região Regiões Nº SC % do total Norte 12 3 Nordeste Centro-Oeste 36 9 Sudeste Sul Total Fonte: ABRASCE, Para Iwancow (2005) os shopping centers são pontos de referência para o consumo, possibilita a criação de bairros ao seu redor, estimula a urbanização e reurbanização de cidades, são ícones de pós-modernidade, objetos de desejo e também pontos de entretenimento e turismo. Na opinião de Freitas (2005) shopping centers são ilhas urbanas da pósmodernidade: Os shoppings centers fazem parte de uma mesma família arquitetônica surgida nas últimas décadas que pretende reforçar a idéia da segurança e do conforto entre grades e muros como os condomínios fechados e os centros empresariais [...] A principal promessa é o consumo em segurança longe da miséria e da violência que assaltam as cidades. [...] Uma outra promessa, muito importante, reside na pluralidade dos produtos e serviços. Ali, podese comprar tudo em um mesmo espaço. (FREITAS, 2005, p.8) Em crítica ao espaço produzido, projetado e não criado gradativamente pelo homem e pela sua história em conjunto à cidade, como exemplo de aeroportos e supermercados, os shopping centers são denominados de não-lugares, como afirma

33 31 Barcellos (2007) utilizando a perspectiva de Marc Auge 1, onde espaços produzidos voluntariamente, ou seja, construídos, certamente poderão causar algum tipo de problemas a cidade e ao homem, uma vez que não surgiram naturalmente. 2.3 SHOPPING CENTER EM BELÉM Predecessores Em 27 de outubro de 1993, foi inaugurado o primeiro shopping Center de grande porte em Belém, da bandeira Iguatemi (atualmente pertencente à bandeira Pátio), localizado na Av. Padre Eutíquio, (FIG. 8) no centro da cidade de Belém. Sua classificação, conforme a ABRASCE é Tradicional, de porte regional, com m² de área locável (PATIOBELEM, 2010). FIGURA 8 - Shopping Center Pátio Belém Fonte: Patiobelem (201 1 Marc Auge etnólogo francês criador do conceito do não lugar, autor do livro: Introdução a uma Antropologia da Supermodernidade

34 32 Em 30 de novembro de 1993 é inaugurado em Belém, o segundo grande shopping center, o Castanheira SC (FIG. 9), localizado na BR 316, Região Metropolitana de Belém - RMB, entre os limites da cidade de Belém e Ananindeua. Com m² de área locável, é considerado, segundo a ABRASCE, um shopping tradicional de porte regional. FIGURA 9 Castanheira Shopping Center Fonte: SHOPPING CASTANHEIRA, Objeto de Estudo O mais recente shopping center inaugurado na cidade de Belém em 17 de novembro de 2009, é o Boulevard Shopping center BSC (FIG. 10), objeto de estudo desta pesquisa. Está localizado na Avenida Visconde de Souza Franco, no bairro do Reduto (FIG. 11). Segundo site oficial do BSC, o empreendimento contém uma estrutura com cinco pavimentos (ver anexo) m² de área construída e mais de m² de área de lojas; entre elas, seis lojas âncoras, 250 lojas comuns, quatro megastores, sete salas de cinema, praça de alimentação com mais de 20 opções em gastronomia, com mais de 1000 lugares e com tratamento acústico e

35 33 climatização para o melhor conforto dos clientes, possui estacionamento com vagas. A área de influência tem um raio de 9 km, e compreende 58% da população do município de Belém e 64% da renda total da cidade. (BOULEVARD..., 2010). Segundo classificação da ABRASCE, o BSC é tradicional com porte regional, de acordo com sua área locável. O BSC foi implantado em uma área de entorno de preservação de Centro Histórico, no bairro do Reduto, onde a Lei que dispõe sobre a Preservação e Proteção do Patrimônio Artístico, Ambiental e Cultural do Município de Belém, delimita áreas onde são permitidas obras e serviços que poderão afetar ou não o patrimônio que deve ser preservado, definindo afastamentos laterais, frontais, de fundo, gabarito, etc. A implantação deste pólo gerador de tráfego ocorreu devido à aprovação da Lei de 06 de setembro de 2005, que altera os anexos III e IV B (Modelo Urbanístico do Centro Histórico e seu entorno, o qual o bairro do Reduto faz parte) da Lei que dispõe sobre a Preservação e Proteção do Patrimônio Artístico, Ambiental e Cultural do Município de Belém, e inclui o modelo urbanístico M27B na Zona de Uso Misto ZUM 1AE, no Uso Comércio e Serviço A de Grande Porte, que permite a construção de edificação, desde que o lote tenha testada mínima de 60m e m² de área mínima. A referida manobra política reflete diretamente interesses das classes sociais privilegiadas, onde encontram amparo no poder público, seja na esfera municipal, estadual ou federal para atingirem seu intuito de benefícios próprios, sem a preocupação com a cidade e o cidadão no longo prazo.

36 34 LEI Nº dispõe: Art. 2º. Alteram-se os anexos III e IV B Modelos Urbanísticos do Centro Histórico de Belém e sua área de entorno, nos itens que se destacam e passam a fazer parte integrante desta Lei.[...] aos Anexos III e IV B Modelos Urbanísticos do Centro Histórico de Belém, e a única mudança que decorre dessa alteração é a inclusão do Modelo M27B na Zona de Uso Misto ZUM1AE, no Uso Comércio e Serviço A de Grande Porte,exigindo para tal uso m2 de área mínima do lote e 60 m de testada mínima do lote. (Lei de 06 de setembro de 2005). FIGURA 10 - Fachada principal do SC Boulevard. Fonte: Autora, 2010.

37 35 FIGURA 11 - Localização do BSC - Mapa de Belém SCB Fonte: SEGEP O local onde está localizado o BSC, já foi um local de entretenimento, lazer e compras, denominado de Doca Boulevard, tendo encerrado suas atividades no final da década de 2000, nas FIG.12 e13 pode ser observada a exata localização e antiga fachada do Doca Boulevard.

38 36 FIGURA 12 - Localização Doca Boulevard Av. Visconde de Souza Franco Fonte: FIGURA 13 - Doca Boulevard 2007 Fonte:

39 37 É possível ser verificado que o antigo empreendimento em nada lembra o mais luxuoso e contemporâneo shopping center de Belém, seja por sua diversidade de serviços, oferta de produtos, ou por sua tipologia arquitetônica e gabarito construtivo. Até mesmo porque na época em que fora edificado o antigo empreendimento, não se permitia construir, no Bairro do Reduto, edificações com mais de sete metros de altura, uma vez que esta zona faz parte do entorno do Patrimônio histórico, tombado pela Lei municipal nº 7.709, de 1994, que estabelece o patrimônio histórico municipal, tomba e delimita a poligonal do Centro Histórico de Belém e delimita sua área de entorno. Estando, de forma clara, o solo legalmente protegido, até que se encontrem mecanismos para criar condições contrárias ao estabelecido na Lei.

40 38 3 ESPAÇO URBANO E RUÍDO As cidades sofrem contínuas alterações, seja no campo arquitetônico, urbanístico, como também no meio ambiente. Estas mudanças podem passar despercebidas pelo cidadão que, muitas vezes não se dá conta o quão sua vida pode ser afetada, positiva ou negativamente. As cidades são formadas por um conjunto de elementos que, dinamicamente, formam o espaço urbano, com diferenças de uso do solo, atividades e interesses. Desta feita, essa dinâmica do funcionamento das cidades é acompanhada de ruídos, muitas vezes causadores de problemas de saúde e de outros danos para a população. Moraes, Coutinho e Simón (2010) advertem que para uma cidade ter qualidade de vida e ser sustentável precisa de um planejamento urbano estruturado, a partir da integração do uso do solo ao sistema viário e de transporte. Não é possível analisar o ambiente urbano de forma isolada, uma vez que a forma como a cidade é concebida e sofre mutações irá de forma contundente afetar a vida das pessoas e do meio ambiente. 3.1 REFLEXÃO GERAL DO QUADRO DO TRÁFEGO ATUAL E FUTURO EM BELÉM Dados obtidos em pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, no período de julho de 2002 a junho de 2003, apontaram que a cidade de Belém possuía o maior índice de queixas na percepção de barulho, 44% das famílias entrevistadas informaram morar próximo a vias ou vizinhos barulhentos (MORAES; COUTINHO; SIMÓN, 2010). Informações do Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN apontam que a frota de veículos da cidade de Belém em 2002 era de Adicionalmente,

41 39 segundo informações do Departamento de Trânsito do Pará- DETRAN, em 2010 já estava com aproximadamente Em 2021, de acordo com projeções estatísticas do DETRAN, a frota de Belém estará com mais de de veículos, conforme pode ser verificado na Tabela 3. Estes dados apontam o quanto deve ser considerada a questão viária e do tráfego de veículos em caráter de urgência na cidade de Belém, uma vez que o crescimento da frota deverá acontecer em progressão geométrica, a uma taxa média anual estimada em 12%, e as vias de tráfego em progressão aritmética em volume bem menor. Tabela 3 - Projeção da frota de veículos para o município de Belém Ano Belém Fonte: DETRAN, 2011 (adaptado pela autora) A cidade vive em processo contínuo de desenvolvimento e crescimento, cria demandas e busca novos percursos para continuar a convergência entre bairros, entre ruas. É necessária a criação de sistemas integrados de transportes, onde

42 40 possam otimizar o tempo de deslocamento de viagens, reduzir a quantidade de veículos nas vias, e consequentemente a emissão do ruído advindo do tráfego. 3.2 RUIDO GERADO POR PÓLO GERADOR DE TRÁFEGO PGT Pólo gerador de tráfego é aquele empreendimento de grande porte que por sua natureza atraem ou produzem um grande número de viagens, possibilitando que ocorram efeitos negativos na circulação viária em seu entorno (PORTUGAL; GOLDNER, 2003). Na mesma obra, os autores destacam o shopping center como um dos tipos mais importantes de pólos geradores de tráfego, apresentando inclusive modelos de geração de viagens para esse tipo de empreendimento, considerando diversos modais de transportes. As principais fontes sonoras decorrentes do meio ambiente estão relacionadas com o meio de transporte de pessoas e mercadorias. Esta categoria de fonte sonora é formada principalmente por três tipos de veículos: automóveis, aviões e trens. Bravo, Fernández, Puga, Garibay e Oliveira (2011) afirmam, também, que a principal fonte de poluição sonora urbana é o trafego rodado, não apenas pelo aumento a cada dia da frota de veículos e motos, mas também pelo fato das cidades não estarem preparadas para suportar este crescimento. Os meios de transporte possuem características diferentes entre si, no que se refere a níveis de pressão sonora, o que pode gerar diferentes níveis de incômodo para a população. Vale ressaltar que, dentre os fatores de poluição ambiental existentes, o ruído é o mais citado no ambiente urbano. (TORIJA et al., 2008). A emissão do ruído através do tráfego rodado depende de variáveis como o tipo e condições das vias, tamanho do veículo, velocidade, etc. Os veículos automotores que geram mais ruído são os veículos pesados, como ônibus e caminhões, que podem produzir mais que 85 dba, as motocicletas produzem entre 67 dba a 85 dba (MORAES, 2002).

43 41 Moraes, Coutinho e Simón (2010) afirmam que estudos realizados na cidade de Belém demonstram que 40% da população entrevistada, durante a realização da pesquisa do Mapa Acústico em Belém, acreditavam que o ruído gerado pelo tráfego era um grande incômodo em sua vida cotidiana, afetando tanto sua saúde física como psicológica. Souza (2000) informa que cada carro de passeio é uma fonte emissora de aproximadamente dba a 7 metros. Esclarece, ainda, que a partir de 70 dba o ruído pode afetar a saúde física do homem, provocando hipertensão arterial, estresse, irritação, excitação maníaco-depresiva, arteriosclerose, etc. 3.3 FONTES DE RUÍDO O som é definido pela vibração de ondas que são detectadas pelo sistema auditivo, existem duas premissas para a caracterização do som: frequência (f) e intensidade, sendo a frequência representada pela velocidade da vibração e a intensidade pelo volume que as ondas são emitidas, estas medidas em decibéis (dbaa), enquanto que a frequência é medida em Hertz (Hz). O ouvido humano é capaz de perceber variações de pressão entre 20 Hz e Hz, como verificado na FIG. 14. FIGURA 14 - Faixa audível Infra-sons Faixa audível ultra-sons HZ Fonte: elaborado pela autora

44 42 Segundo Bistafa: O som é a sensação produzida no sistema auditivo; e ruído é um som sem harmonia, em geral de conotação negativa. Quando as cordas de um violino são colocadas em vibração com o arco (de preferência) por alguém que não é músico, surgem sons, mas provavelmente sem harmonia e, portanto ruído. (BISTAFA, 2006, p.2). No que se refere à definição de ruído, este é um fator subjetivo, mas em geral pode-se conceituá-lo como um som indesejável, que por vezes pode causar danos a saúde do homem. Portanto, ruído é subjetivo, podendo variar de acordo com cada indivíduo, no que tange a diferença entre definir como sendo um som desagradável, denominando de ruído ou um simplesmente um som. (NUNES, 2010). Assim, pode-se caracterizar o som como uma vibração de corpos que chega ao ouvido humano e é entendido como som. O ruído por sua vez, é um som desagradável, sem harmonia, que causa perturbação ao ser humano e possíveis danos a saúde, tanto no campo psicológico como fisiológico. O ruído proveniente do sistema de transporte rodado é o que mais se destaca no ambiente urbano, uma vez que está presente em absolutamente todas as cidades urbanas (BISTAFA, 2006). Adicionalmente é possível afirmar que o ruído proveniente do tráfego rodado é rico em ondas de baixa frequência, entre 20 a 200 Hz, conforme Quadro 2. Quadro 2 - Classificação das ondas sonoras Infrassons Abaixo de 20 Hz Imperceptíveis ao ouvido humano Baixas freqüências De 20 a 200 Hz Sons graves Médias freqüências De 200 a Hz Sons médios Altas freqüências De a Hz Sons agudos Ultrassons Acima de Hz Imperceptíveis ao ouvido humano Fonte: CARVALHO, 2010.

45 43 Em um veículo, as principais fontes emissoras de ruído são a unidade propulsora (motor, tomada de ar e escapamento), a ventilação, a transmissão, o rolamento, os freios e vibrações da carroceria e da carga (MORAES; LARA, 2004) Para Moraes (2002) a segunda principal fonte de ruído relacionado com os meios de transportes é o ruido de aeronaves, embora muito menos comum do que o ruído do tráfego. Entretanto, o impacto do ruído dos aviões não se restringe à proximidade dos aeroportos, mas também afeta, em maior ou menor grau, grandes áreas urbanas e rurais, especialmente nos países desenvolvidos. Há ainda dentro dos meios de transporte, o ruído originado do transporte ferroviário, porém, não será centro das atenções nesta pesquisa, uma vez que não há a presença deste, na cidade de Belém. As indústrias também ocupam lugar de destaque entre as mais importantes fontes de ruído nas zonas urbanas, quando se trata dos países desenvolvidos. Produzem um conjunto de fontes de som muito ampla e características muito diferentes, que geram emissões de ruído das zonas industriais para além de suas instalações. Há ainda de ser considerada o ruído originado das construções e obras públicas, pois segundo Moraes e Lara (2004) o maquinário para operacionalizar estas obras, geralmente, são de grande porte, que originam ruído de caráter contínuo, com ampla gama de níveis e componente compulsivos. Quanto ao ruído comunitário, este apesar de percebido com frequência é determinado pela característica da população, a condição social e econômica, de cada comunidade. 3.4 EFEITOS DO RUÍDO NO SER HUMANO A Organização mundial de saúde (OMS) passou a relacionar o ruído como um problema de saúde pública, recomendando que em áreas residenciais o nível de ruído não ultrapasse os 55 dba. A partir de 65 dba o ruído começa a proporcionar desconforto, levando a um leve nível de stress, quando o nível de ruído se eleva

46 44 para cerca de 70 dba, o desconforto humano aumenta e o desequilíbrio bioquímico se desenvolve, podendo levar a hipertensão, infarto e outras doenças (CARVALHO, 2006). O ruído não afeta o sistema auditivo isoladamente, compromete também a atividade física, fisiológica e mental do ser humano a ele exposto, ou seja, causa efeitos fisiológicos, fisiopatológicos ou auditivos, estes relacionados diretamente aos efeitos otológicos, dependendo do tempo de exposição ao ruído, o indivíduo pode ter sua vida, pessoal e/ou profissional seriamente comprometida (COHEN, 1973). Gómez-Jacinto e Moral-Toranzo (1999) verificaram em sua pesquisa na cidade de Málaga, com pessoas de 18 a 68 anos, em um total de 42 entrevistadas, os efeitos nocivos do ruído proveniente tráfego urbano na saúde das pessoas, chegando a conclusões alarmantes sobre suas consequências. Segundo Gonçalves (2008), quando o ruído atinge níveis acima de 80 dba, o comprometimento auditivo pode ocorrer. O ruído é o item mais nocivo em ambientes de trabalho e até de lazer; um dos pontos mais preocupantes é que o dano auditivo proveniente do ruído é irreversível. De acordo com Bistafa (2006), a causa mais comum do comprometimento da audição se dá em relação a elevados níveis de ruído que o trabalhador se expõe ao longo de sua jornada laboral, ele explica que um indivíduo com idade de 50 anos, tendo trabalhado por 30 anos em um local ruidoso com nível de 90 dba, possui 23% de chance de vir a perder a audição. A poluição sonora já é definida como sendo a terceira maior forma de poluição, pelo efeito dessa poluição não ser detectado de forma rápida, o dano causado ao ser humano tende a ser irreversível (SILVA, 2009). Quadros (2004) em seu estudo sobre avaliação do ruído ambiental informa que os efeitos do ruído são considerados diretos quando:

47 45 Percebidos pelo ouvido como principal meio de propagação da onda sonora; e indiretos quando a energia sonora desloca-se por meio de vibrações pelas partes do corpo (extra-auditivos). [...] O ruído tem sido citado como fator causador de inúmeras alterações orgânicas, especialmente nos casos de exposições ocupacionais, além de ser mencionado como relevante no surgimento de problemas de saúde: hipertensão, taquicardia, psicoses, neuroses, gastrites, úlceras e outros. (QUADROS, 2004 p. 46) Petian (2008) em sua pesquisa sobre incômodo em relação ao ruído urbano entre trabalhadores de estabelecimentos comerciais no município de São Paulo, dentre 2580 estabelecimentos definidos, 500 trabalhadores foram entrevistados através de questionários e, identificou que 65,75% dos entrevistados relatou que seu ambiente de trabalho era ruidoso, e 62% se achava incomodado com o ruído do tráfego, alegando stress, irritabilidade, dores de cabeça em função da presença do ruído em seu cotidiano. Rodrigues (2006, p.20) descreve: Os efeitos negativos do ruído no homem vão muito além da perda temporária ou permanente da audição. O ruído pode ter ainda efeitos psicológicos e fisiológicos. Mas sem dúvida alguma, a parte do corpo que mais sofre como ruído é o sistema auditivo. Este é o mais sofisticado sensor de som, podendo detectar variações de pressão acima de 20x10-6 N/m2 na faixa de freqüência entre 20 Hz e Hz Efeitos auditivos Os efeitos auditivos são aqueles que afetam diretamente o sistema acústico do indivíduo, sendo o trauma acústico, a perda auditiva temporária, e a perda auditiva permanente. De acordo com Moraes e Lara (2004), no caso da perda auditiva decorrente da exposição permanente ao som intenso, não há como ocorrer a recuperação da audição, denomina-se de Perda auditiva induzida pelo ruído PAIR. Para Petian (2008) a perda auditiva no limiar, significa a perda temporária de audição, uma vez que o indivíduo retorna a sua audição normal após um tempo de repouso auditivo; o trauma acústico é ocasionado devido a exposição de um ruído de grande intensidade, geralmente proveniente de explosões, são os ruído de

48 46 impacto, em geral mais nocivos ao homem, por causarem lesões mecânicas; e finalmente a PAIR, que ocorre após anos de exposição a ruídos de alta intensidade. São 4 os fatores que contribuem para a perda auditiva: o nível de intensidade sonora NIS; o tempo de exposição; a freqüência do ruído; a susceptividade individual. As alterações fisiológicas reversíveis principais são: mudanças gastrointestinais; dilatação das pupilas; hipertensão sangüínea, e outras. No campo das mudanças bioquímicas apresentam-se: alteração na produção de adrenalina; mudanças na produção de cortisona e na glicose sangüínea; etc, e quanto aos distúrbios cardio-vasculares: aumento do nível de pressão sangüínea - sistólico; hipertensão arterial; e aumento do nível de pressão sangüínea diastólico Efeitos extra-auditivos Estes podem ser considerados como um conjunto de sinais que são consequências da exposição ao ruído. O ruído pode causar alterações nos aparelhos circulatório e digestivo e nos sistemas imunológico e nervoso ( MORAES; LARA, 2004). Negrão (2009, p. 26) alerta: A população residente em centros urbanos pode ficar perturbada física, mental e psicologicamente como conseqüência da poluição sonora, independente do tipo de fonte geradora do ruído. Essas perturbações geram sintomas extra-auditivos, que, na maioria das vezes, só vão ser associadas à presença do ruído quando estão comprometendo a qualidade devida das pessoas. Segundo informações do Journal Soundscape (2005), o ruído além de provocar problemas sociais ele acarreta custo econômico e financeiro, exemplifica que a União Européia tem por estimativa um gasto na ordem de 10 a 40 milhões de euros por ano por conta de danos com o ruído, sendo esta apenas uma das consequências geradas pelo ruído em uma parte do planeta. Adiciona ainda que o

49 47 ruído excessivo interfere na paisagem sonora e pode prejudicar a saúde da população, e que é necessário que se aprofunde no conhecimento do referido tema afim de que todos possam usufruir da condição de ouvir, de forma saudável e natural. 3.5 PROPAGAÇÃO DO SOM EM ÁREAS URBANAS Nunes (2010) em seu estudo identifica que há muitos fatores para a propagação do ruído em áreas urbanas, e destaca os principais: a) Absorção do som pelo ar: a dissipação da energia das moléculas vibratórias, em função da distância entre a fonte de ruído e o receptor; b) Gradiente de temperatura: incide nos movimentos ascendência ou descendência das ondas sonoras; c) Efeito do vento: de acordo com a velocidade e direção do vento, este pode influir no NPS; d) Cobertura do solo: de acordo com as condições do solo e tipo de material, o ruído pode ser atenuado ou sofrer ampliação; e) A inclinação da via: em função da modificação da via, há necessidade do veículo se deslocar com mais ou menos velocidade, mudar de marcha, exigir mais do motor, tudo isso pode provocar um efeito ruidoso maior ou menor no ambiente. f) As barreiras acústicas urbanas: são denominadas como o impedimento da visão da fonte emissora pelo receptor, em geral no ambiente urbano as paredes ou fachadas da edificação são as barreiras acústicas. g) Efeito da vegetação: para uma diminuição de 2 dbaa em 1kHz é preciso uma vasta área de árvores densas à 10 m de distância da fonte e com uma largura de 20m. Se houver denso gramado e folhagens no solo, essa redução pode aumentar para 4 dbaa. Ainda que a redução não seja tão satisfatória, ainda há o efeito psicológico no receptor, através da visão de um ambiente tranqüilo. O autor acima ainda conclui que os veículos circulam entre duas barreiras (via edificada em ambos os lados), e a emissão de ruído que é refletida para as calçadas das vias, tendem a criar um espaço semi-reverberante entre as barreiras, no caso as fachadas das edificações, este fenômeno aumenta ainda mais se as ruas forem

50 48 estreitas. Consequentemente, os níveis de ruído em ruas estreitas tendem a ser maiores que em vias mais largas. Bistafa (2006) lembra que quando há difração em função da transposição nas laterais, ocorre também uma sombra acústica, dependendo da altura e comprimento da barreira acústica existente. Segundo Ramos (2007) o tecido urbano, delimita de forma diferenciada a propagação e percepção do ruído, algumas formas urbanas são mais ou menos suscetíveis ao ruído. A reflexão do som, que vem a ser a mudança de direção de um trem de ondas em virtude de um impedimento superficial no meio elástico, se expande no tecido urbano uma vez que este é formado, prioritariamente, de materiais que favorecem a reflexão, como o concreto, asfalto, revestimentos cerâmicos, etc, por serem materiais com alta densidade. O solo, revestido com materiais reflexivos, é agente refletor, fazendo com que parte do ruído chegue ao receptor como ilustra a FIG. 15. FIGURA 15 - Reflexão e Difração do som Fonte: RAMOS, 2007.

51 49 Moraes (2002) explica que quando há edifícios formando barreiras ao longo das vias ruidosas, grande parte deste ruído sofre sucessivas reflexões nas fachadas, incidindo nas aberturas das fachadas, como pode ser observado na Figura 16, onde a via é ladeada por edifícios, revestidos com materiais reflexivos, formando um paredão reflexivo. FIGURA 16 - Reflexão do som Fonte: MORAES, A difração é outro fenômeno do som que pode estar presente no ambiente urbano, ocorre quando o som atravessa obstáculos e chega a outros ambientes, ou seja, a onda consegue transpor obstáculos. A sombra acústica pode ocorrer devido ao choque da onda com um obstáculo, dependendo do comprimento da onda do som e da altura do obstáculo transposto. A diferença entre os gabaritos das edificações e o distanciamento entre as fachadas pode vir a ocasionar a difração, conforme ilustram as FIG.17 e 18.

52 50 FIGURA 17 - Difração e sombra acústica Sombra acústica Fonte: FIGURA 18 - Difração do som Prédio Prédio Prédio Fonte: Autora, Segundo Ramos (2007), o tipo de via propicia a diferença entre os níveis de pressão sonora NPS é possível observar que quanto mais larga a via, menor é o NPS, como expressa a tabela 4 abaixo:

53 51 Tabela 4: Nível de pressão sonora quanto a largura da via. Veículos por hora Veículos pesados Largura entre fachadas 12m dba Largura entre fachadas 15m dba Largura entre fachadas 40m dba Trânsito Nível calculado a 30 da margem da rua Fonte: Ramos, 2007 (adaptado pela autora) Analisando a Tabela 4, nota-se que comparando as vias com 12 m com as de 15m apresentam 2 dba a mais, porém, analisando as vias de 12m em relação as de 40m a diferença é ainda maior, passando para 5dBAA, admitindo-se a mesma quantidade de veículos por hora. Desta forma, é possível concluir que as vias mais estreitas sofrem maior intervenção com o ruído do tráfego veicular do que as mais largas, uma vez que estão mais próximas das fontes de ruído, o que pode favorecer com maior intensidade os fenômenos do som, como a difração e reflexão.

54 RUÍDO URBANO EM BELÉM Em 2004 foi concluída a elaboração do Mapa Acústico de Belém (MAB). Foi realizada uma pesquisa de campo com coleta de dados a fim de diagnosticar o nível de ruído em 18 bairros da Primeira Légua Patrimonial da cidade, o que possibilitou ter uma visão global do clima de ruído da cidade, além de identificar e caracterizar as principais fontes de ruído, verificando ainda, as zonas de maior e menor intensidade sonora na cidade. Com um mapa acústico é possível analisar que tipo de medidas são necessárias para a melhoria da qualidade de vida, e meio ambiente da cidade, além de propiciar a regularização de leis urbanísticas e ambientais (MORAES; LARA, 2004). Em todos os bairros analisados pelo MAB foram registrados altos níveis de pressão sonora, independente do período do dia em que foram realizadas as medições. O bairro Montese com nível mínimo de 69 dba e máximo de 71 dba; Condor com nível mínimo de 65 dba e máximos de 72 dba e Cidade Velha, apresenta níveis variando entre 63 dba e 80 dba foram os três bairros menos contaminados acusticamente. Como pode ser observado na FIGURA 19.

55 53 FIGURA 19 - Mapa acústico dos bairros de Belém (2004) entre 9h e 10 h. Fonte: MORAES; LARA, A pesquisa Mapa Acústico de Belém concluiu que o bairro de Nazaré é o bairro mais ruidoso de Belém, uma vez que a maior parte da frota de veículos coletivos (ônibus, vans, etc.), circulam pelo bairro e na maioria das vezes pelas mesmas vias, detectaram-se NPS acima dos 70 dba, estipulados como o limite de decibéis para a preservação da saúde da população.

56 54 O bairro da Campina é o segundo mais ruidoso, agrega a principal zona comercial de Belém, e a zona portuária, com intenso tráfego de mercadorias e pessoas. A pesquisa evidenciou que além do tráfego rodado, a grande circulação de pedestres e as publicidades sonoras das lojas e camelôs existentes na área comercial são fatores que contribuem para o elevado NPS no bairro. Ainda de acordo com o Mapa Acústico de Belém, o terceiro bairro na lista dos mais ruidosos é o Reduto, muito se deve a sua morfologia, com ruas estreitas, edificações paralelas as vias e com mesmo gabarito, fazendo com que o ruído emitido pelos veículos, seja refletido diversas vezes nas paredes das edificações. 3.7 LEGISLAÇÃO A Constituição da Republica Federativa do Brasil em seu artigo 225 dispõe: Art Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (BRASIl, 1988) A Resolução CONAMA nº 001/1990 dispõe sobre critérios e padrões de emissão de ruídos, das atividades industriais. (BRASIL, 1990): I - A emissão de ruídos, em decorrência de quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais ou recreativas, inclusive as de propaganda política. obedecerá, no interesse da saúde, do sossego público, aos padrões, critérios e diretrizes estabelecidos nesta Resolução. II - São prejudiciais à saúde e ao sossego público, para os fins do item anterior aos ruídos com níveis superiores aos considerados aceitáveis pela norma NBR Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas visando o conforto da comunidade, da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. III - Na execução dos projetos de construção ou de reformas de edificações para atividades heterogêneas, o nível de som produzido por uma delas não poderá ultrapassar os níveis estabelecidos pela NBR l Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas visando o conforto da comunidade, da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT.

57 55 IV - A emissão de ruídos produzidos por veículos automotores e os produzidos no interior dos ambientes de trabalho, obedecerão às normas expedidas, respectivamente, pelo Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, e pelo órgão competente do Ministério do Trabalho. V - As entidades e órgãos públicos (federais, estaduais e municipais) competentes, no uso do respectivo poder de política, disporão de acordo com o estabelecido nesta Resolução, sobre a emissão ou proibição da emissão de ruídos produzidos por qualquer meios ou de qualquer espécie, considerando sempre os local, horários e a natureza das atividades emissoras, com vistas a compatibilizar o exercício das atividades com a preservação da saúde e do sossego público. VI - Para os efeitos desta Resolução, as medições deverão ser efetuadas de acordo com a NBR Avaliação do Ruído em Áreas Habitadas visando o conforto da comunidade, da ABNT A Resolução CONAMA nº 002/1990 instituiu o Programa Nacional de Educação da Poluição Sonora SILÊNCIO, com objetivos de: a) Promover cursos técnicos para capacitar pessoal e controlar os problemas de poluição sonora nos órgãos de meio ambiente estadual e municipal em todo o país; b) Divulgar junto à população, através dos meios de comunicação disponíveis, matéria educativa e conscientizadora dos efeitos prejudiciais causados pelo excesso de ruído. c) Introduzir o tema poluição sonora nos cursos secundários A Resolução CONAMA nº 20, de 7 de dezembro de 1994 dispõe sobre a instituição do Selo Ruído de uso obrigatório para aparelhos eletrodomésticos que geram ruído em seu funcionamento. A Lei Federal N o 9.605, de 12 de fevereiro de Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, em seu art. 54, indica: que poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos a saúde humana, ou animais ou a flora do meio ambiente, será penalizado no rigor da Lei (BRASIL, 1998). A Lei Federal de 10 de julho de 2001, regulamenta os art. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelecendo diretrizes gerais para a política urbana, no

58 56 que tange ao uso do solo, gestão democrática por meio da participação da população, bem como, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de planejamento e de desenvolvimento urbano, distribuição espacial da população e das atividades econômicas do Município e do território com o intuito de evitar a poluição e a degradação ambiental. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA) juntamente com o Conselho Municipal de Meio Ambiente compõem o órgão municipal responsável pela política ambiental no âmbito do Município de Belém, Criada pela Lei n 8.233, de 31 de janeiro de A Lei municipal Nº 7990/00, de 10 de janeiro de 2000, dispõe sobre o controle e o combate à poluição sonora no âmbito do município de Belém, e cria o Programa Municipal de Educação e Controle da Poluição Sonora, vinculado ao órgão municipal responsável pela política ambiental e coordenado pela Comissão Municipal de Educação e Controle da Poluição com objetivos de: I - estabelecer as diretrizes e mecanismos de prevenção, fiscalização e controle da poluição sonora, através de resoluções; II - implementar política de educação ambiental, visando conscientizar e envolver a sociedade na prevenção e solução dos problemas decorrentes da poluição sonora; III - articular intercâmbio interinstitucional e intergovernamental entre os órgãos que atuam no âmbito do problema da poluição sonora; IV - atuar como câmara recursal nos casos de aplicação das penalidades estabelecidas nesta lei. No município de Belém, a Lei 8.655/2008, que oficializou a revisão o Plano Diretor, em seu art. 185, institui a obrigatoriedade do Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança EIV, para aqueles empreendimentos que gerem impacto ambiental, dentre os quais aqueles considerados pólos geradores de tráfego. Os art. 186, 187 e 188 salientam que:

59 57 Art. 186 O Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (EIV) temcomo objetivo fazer a mediação entre os interesses privados e o direito à qualidade urbana daqueles que moram ou transitam no entorno do empreendimento. Art. 187 São considerados empreendimentos de impacto, independentemente da área construída: I - shopping centers, supermercados, hipermercados e congêneres; Art. 188 A instalação de empreendimentos de impacto no Município deve ser condicionada à aprovação do Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança e seu respectivo Relatório de Impacto (EIV/RIV), que deverá contemplar os efeitos positivos e negativos do empreendimento ou da atividade quanto à condição de vida da população residente na área e suas proximidades, incluindo a análise das seguintes questões: I - adensamento populacional; II - equipamentos urbanos e comunitários; III - uso e ocupação do solo; IV - valoração imobiliária; V - geração de tráfego e demanda por transporte público; VI - ventilação e iluminação; VII - paisagem urbana e patrimônio natural e cultural; VIII - definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos, bem como aquelas intensificadoras dos impactos positivos; IX - geração de ruído. De acordo com todas as informações acima, é possível perceber que há o amparo legal para prevenção e controle da poluição sonora. Entretanto, os estudos pesquisados apontam que tanto regionalmente como nacionalmente é necessário haver um rígido e severo processo de adaptação e conscientização urbana, no que se refere à seriedade do problema ambiental em questão.

60 58 4 METODOLOGIA Oliveira (2010) explica que para avaliação do ruído ambiental devem ser empregados determinados indicadores de ruído: nível de pressão sonora (Lp); nível sonoro contínuo equivalente (Leq); nível de pressão sonora máxima (Lmax); e nível de pressão sonora mínimo (Lmin), e para os indicadores estatísticos ou de nível percentual podem ser concebidos pelo (L10), representando o nível de pressão sonora excedido durante 10% do tempo de medição, pelo (L50) que representa o nível de pressão sonora excedido durante 50% do tempo de medição ou pelo (L95) representando o nível de pressão sonora, que foi excedido durante 95% do tempo de medição. O instrumento utilizado para medir o nível de pressão sonora chama-se sonômetro, o qual é capaz de analisar o nível de pressão sonora do ambiente que está sendo analisado. O método de procedimento utilizado neste trabalho foi o estudo de caso, em razão de sua adequação ao tema e da viabilidade operacional. A abordagem escolhida para este método foi a quali-quantitativa. Os aspectos qualitativos (evolução histórica, legislação) foram contemplados através dos levantamentos bibliográficos e documentais, em material impresso e em meio digital na internet. Os aspectos quantitativos foram levantados por meio de medições do nível de pressão sonora, contagem de veículos e mapeamentos, conforme descrição a seguir. 4.1 COLETA DE DADOS NO CAMPO As vias escolhidas para a coleta de dados foram: Avenida Visconde de Souza Franco, Rua Aristides Lobo, Rua O de Almeida, Travessa Quintino Bocaiúva e Avenida Antonio Barreto. Para a escolha das vias partiu-se do princípio da influencia direta do BSC nas mesmas. Na Rua Ò de Almeida e Rua Aristides Lobo estão presentes as entradas e saídas do estacionamento do BSC, além da modificação viária ocorrida na Rua Aristides Lobo, com a construção de uma ponte que estabelece a ligação com a Rua Bernal do Couto.

61 59 A Travessa Quintino Bocaiúva localizada na parte posterior do Boulevard Shopping Center é uma importante via de acesso direto às entradas do objeto de estudo. A Avenida Antonio Barreto e Avenida Visconde de Souza Franco são vias que recebem o fluxo de veículos de outros pontos da cidade e direcionam os veículos às entradas do BSC.(FIG. 20). FIGURA 20 - Localização dos 10 pontos de medida. BAIRRO DO UMARIZAL Rua O de Almeida Trav. Aristides Lobo C A B Av.Antonio Barreto Trav. Diogo Moia BAIRRO DO REDUTO E D Av. Visc. De Souza Franco Trav. Quintino Bocaiuva Fonte: Autora, Legenda A, B, C, D, E: medição de NPS : pontos de contagem de veículos As medições dos níveis de pressão sonora e contagem de veículos foram realizadas em duas etapas. A primeira, antes da inauguração do Boulevard shopping center, no dia 7 de novembro de 2009 (sábado), de 10h00 as 12h00, antes da inauguração do shopping. A segunda etapa foi realizada em 24 de abril de 2010, depois da inauguração do shopping. Foram feitas medições dos níveis de pressão sonora e nova contagem

62 60 de veículos, incorporando as mudanças no sistema viário realizadas e fluxo de veículos em consequência da implantação do shopping. Em ambas as etapas de medição, os dados do número de veículos e níveis de pressão sonora foram coletados simultaneamente com tempo de duração de 15 minutos em cada ponto escolhido, de acordo com Moraes e Lara (2004), o tempo pode variar entre 5 a 20 minutos, uma vez que o tempo da mostra não terá uma significativa interferência no resultado, desde que estejam dentro deste intervalo. Não foram consideradas as variáveis metereológicas, como temperatura e velocidade do ar. Para o presente trabalho, especificamente, acredita-se não haver influencias consideráveis para análise dos dados obtidos. Para a coleta de dados referente a contagem de veículos que trafegavam nas vias no momento das medições e, as medidas do Nível de Pressão Sonora, foram selecionados cinco pontos de pesquisa, na primeira etapa do dia 07 de novembro de 2009, pois o shopping estava obras, na Rua O de Almeida encontrava-se interditada e não foi observado influencia no tráfego (FIG. 21). FIGURA 21 - Rua Ó de Almeida Fonte: Autora, 2010.

63 61 No entanto, no dia 24 de abril de 2010, foram definidos dez pontos no entorno do Boulevard Shopping Center, para a contagem de veículos, neste momento já foi possível perceber a influencia no tráfego de veículos em todas as vias, uma vez que o BSC já estava em pleno funcionamento e haviam ocorrido mudanças no sistema viário. Os veículos foram agrupados em quatro categorias: veículos leves (carros pequenos, de passeio); veículos intermediários (carros médios, caminhonetes, utilitários e vans); veículos pesados (caminhões e ônibus), e motos. Os dados foram coletados e armazenados na memória interna do equipamento e posteriormente transferidos para o computador através de software específico do fabricante. 4.2 EQUIPAMENTO UTILIZADO Para a contagem de veículos utilizou-se um contador manual de quatro dígitos, KW TRIO, modelo 2410, de propriedade da Universidade da Amazônia (FIG. 22). FIGURA 22 - Contador de veículos Fonte: Autora, 2010.

64 62 Para a medição dos Níveis de Pressão Sonora foi utilizado um sonômetro de precisão tipo 1 (FIG. 23), da marca RION, modelo NL-18, com um filtro de 1/3 de oitava de frequência, a fim de analisar o espectro e, um calibrador da marca 01 dbaa modelo 02, o que possibilitou medir diretamente os parâmetros da energia média Leq, Lp, Lmax e Lmin. O referido equipamento é de propriedade da Universidade Amazônia (adquirido em 2001). Esse tipo de sonômetro tem incorporadas as unidades de memória e microprocessadores que guardam e efetuam os cálculos. Muitos deles têm, ainda, acoplado um conjunto de filtro de bandas de oitava ou de 1/3 de oitava de frequência, utilizando assim um analisador de espectro. (MORAES, LARA, 2006, p. 44). FIGURA 23 - Momento de medição do ruído e contagem de veículos Sonômetro Fonte: Autora, Fonte: Autora, 2010.

65 63 A partir das medições realizadas, pode-se, então, elaborar os mapas de ruído do entorno do shopping com auxilio do software Predictor versão 6.0, da Brüel&Kjaer, um programa de informática, em ambiente MS Windows utilizado para a elaboração de mapas de ruído e modelação acústica em geral. Foram gerados dois mapas: o primeiro antes da implantação do BSC com a base de dados do Mapa Acústico de Belém; e um segundo cinco meses depois da inauguração do BSC (24/04/2010). Os mapas foram comparados e analisados estatisticamente. Para o estudo das alterações do uso do solo, realizaram-se análises do mapa do uso do solo com a base de dados referentes ao ano de 2001, conforme os mapas do Cadastro Multifinalitário da Prefeitura Municipal de Belém, disponibilizados no formato dwg. Os dados foram atualizados em janeiro de 2011 para posterior análise. As vias do entorno do objeto de estudo que sofreram atualização e análise do uso do solo foram a Travessa Quintino Bocaiúva entre a Rua Aristides Lobo e Rua O de Almeida; Travessa Aristides Lobo entre Quintino e Avenida Visconde de Souza Franco; e Rua Ó de Almeida entre Avenida Visconde de Souza Franco e Quintino Bocaiúva, conforme Figura. As vias servirão de parâmetro para análise de influência no entorno do BSC, uma vez que as mesmas são circunvizinhas ao objeto de estudo e podem espelhar a modificação no uso do solo proveniente da implantação do BSC.

66 64 5 CONTEXTO URBANO DA VIZINHANÇA A formação do tecido urbano da vizinhança do shopping e a implantação do empreendimento no local esta ligada a dois processos históricos: a formação do bairro do Reduto e a implantação da Avenida Visconde de Souza Franco. Esses dois processos vão se encontrar no shopping center de duas formas: o grande terreno onde está situado atualmente o shopping, onde outrora havia uma fábrica e a própria concepção do empreendimento ligada às transformações no uso e na ocupação do solo e, consequentemente no perfil de renda com a implantação da Avenida Visconde de Souza Franco 5.1 EVOLUÇÃO URBANA DO BAIRRO DO REDUTO A cidade de Belém foi fundada em 12 de janeiro de 1616 por colonizadores portugueses, com a construção do Forte do Presépio, primeiramente sendo denominada de Feliz Lusitânia. Ao Sul do Forte, havia uma vasta área alagada e ao Norte, um riacho denominado de Igarapé do Piri, que dividia a futura Belém em duas partes. Era uma península formada à margem direita do rio Guamá, ao desembocar no Guajará. Esse ponto escolhido ficava a seis léguas da barra do rio, cuja dificuldade de acesso era garantia de defesa para a nascente povoação. (Braga, 1915). Dois núcleos urbanos já haviam se estruturado até fins do sec. XVII. O primeiro a ser povoado chamava-se Cidade - partia do Forte do Presépio, e o segundo ponto de povoamento chamava-se Campina. A cidade se instalou entre o pântano e às margens da baia do Guajará, expandindo-se no sentido dos largos das Mercês (atual Praça Visconde do Rio Branco) e de Santo Antônio (atual Praça Dom Macedo Costa).

67 65 Se o forte representava o centro de gravidade e de unificação da cidade, o igapó e o igarapé funcionavam como força de disparidade e de diferenciação. (MOREIRA, 1966). Neste período, a malha urbana da cidade era formada por ruas estreitas, tendo suas quadras compostas por lotes delgados e edificações erguidas sobre o alinhamento dos lotes sem recuos laterais. (BELÉM, 2005). A ponta de terra em que está edificada a parte mais tradicional da cidade apresenta um litoral em curvas; na direção nordeste o terreno se levanta cerca de 10 metros sobre o nível das águas, formando um espinhaço que se prolonga para o interior, com várias ramificações, até a curva do litoral, ficam os terrenos de baixa altitude, cortados pelos córregos ou igarapés e infestados pelas depressões pantanosas (igapós). Estas terras baixas estão em parte alteradas e ocupadas pela cidade antiga. Em outros locais ao norte e ao sul, as depressões vão sendo ocupadas por casebres ou sub-habitações [...] Estas áreas inundáveis constituem as Baixadas de Belém que correspondem a 40% da área urbana de Belém. (PARÁ, 1971) Na FIG. 24 observa-se a localização da baixada do antigo Igarapé das Almas, onde hoje localiza-se o canal da Avenida Visconde de Souza Franco. È possível perceber as cotas da cidade como um todo, observando-se que o referido local está em um nível das cotas mais baixas da cidade.

68 66 FIGURA 24 - Mapa do relevo continental da RMB, Fonte: JICA, EMTU, Área da antiga baixada do Igarapé das Almas, hoje, Avenida Visconde de Souza Franco. Os dois bairros eram separados pelo igarapé do Piri (pequeno córrego que se comunicava com o pântano e com a baia do Guajará). Ambos apresentavam uma arquitetura singela, com predominância de casas térreas. Com a necessidade de expansão, a cidade começou a crescer a nordeste e foi construída uma ponte sobre o Igarapé do Piri, seguindo o caminho de terras altas que ligava a nucleação primitiva ao convento de Santo Antônio, construído em 1626 (FIG. 25 e 26) dando origem então ao Bairro Campina.

69 67 FIGURA 25 e 26 - Belém em 1631 Fonte: Fonte: Meira Filho (1976, apud CORRÊA, 1989, p.78). FIGURA 27 - Posição atual das FIG. 25 e 26 Fonte:

70 68 A ocupação no bairro do Reduto se deu a partir da consolidação do núcleo histórico (FIG. 28 e 29), ao final da época pombalina, em um sítio marcado por duas bacias hidrográficas: a do Igarapé da Fábrica e a do Igarapé das Almas. As referidas bacias localizavam-se em paralelo, a nordeste da área, onde se localiza o atual Bairro da Campina (RODRIGUES e DUARTE, 1990). FIGURA 28 - Planta da Cidade do Pará de Igarapé das Almas Igarapé da Fábrica Fonte: Arquivo digital DEPH/FUMBEL FIGURA 29 - Posição atual da FIG. 25 Fonte:

71 69 FIGURA 30 - Planta do Pará 1791 Igarapé da Fábrica Igarapé das Almas Fonte: Meira Filho, 1976 A planta de 1791 fixa com clareza o Igarapé da Fábrica [...] Logo depois tomaria o nome de Igarapé do Reduto, em face da construção do Reduto de São José, próximo ao convento de Santo Antonio, a fim de ajudar a proteção militar da cidade [...] A bacia do rio das Almas é que daria o nome de igarapé das Almas [...].Baena fala claramente nos dois igarapés: Reducto e Almas, quando assinala a construção das três travessas Princesa ( Benjamim Constant), da Gloria (Rui Barbosa) e do Príncipe (Quintino Bocaiuva) [...] A designação de Igarapé das Almas [...]. (MEIRA FILHO, p, 804) No final do século XIX o bairro do Reduto tinha uma característica comercial, devido à influência exercida pela Doca do Reduto, onde havia um intenso fluxo de embarcações que chegavam de diversas regiões para ali negociarem seus produtos (FIG. 31 e 32).

72 70 FIGURA 31 - Doca do Reduto 1906 Fonte: Belém da Saudade, 1996 FIGURA 32 - Local onde se encontra atualmente o Canal do Reduto 1906 Fonte: Belém da Saudade, 1996 O Igarapé da Fábrica, (assim conhecido devido à instalação de uma fábrica de solas a sua margem esquerda), hoje Canal do Reduto, foi um dos primeiros a ser

73 71 saneado, pois representava um entrave para a urbanização e crescimento da cidade naquela época. Com o aterramento e drenagem do Igarapé da Fábrica, a ocupação neste ponto tornou-se acelerada, ocorrendo no eixo da Estrada da Olaria, hoje Avenida. 28 de setembro (RODRIGUES e DUARTE, 1990). O bairro, próximo ao porto de Belém, tornou-se também atrativo para as indústrias ali se instalarem, pois era caracterizado como um bairro periférico e com grandes extensões de áreas desocupadas, já que por um longo período o bairro sofria alagamentos devido às chuvas e proximidade ao Igarapé das Almas. A disponibilidade de grandes extensões de terra e, a localização próxima ao porto, em especial pela ligação com este pelo antigo Igarapé das Almas, que servia de entreposto para embarque desembarque de cargas, também foi uma das razões que motivou a ocupação do bairro pelo setor fabril e industrial. Segundo Rodrigues e Duarte (1990), a expansão das fábricas deu-se também ao longo da Municipalidade, no bairro do Umarizal, vizinho ao Reduto. Foram ali instaladas diversas indústrias e fábricas de variados segmentos, como: beneficiamento de borracha, de calçados, pneus, latas, cigarros, refrigerantes, etc. As indústrias implantadas no Reduto geralmente ocupavam a quadra inteira, com seus galpões e artefatos industriais (FIG. 33).

74 72 FIGURA 33 - Fábricas no Bairro do Reduto 1900 Fonte: RODRIGUES, 1990 A industrialização do bairro impulsionou o surgimento de vilas operárias, caracterizando-se um tipo de segregação espacial, onde a presença do setor comercial, industrial e o de serviços atraem o uso habitacional, pois o trabalhador, sempre que tem condições, busca residir próximo ao seu local de trabalho (RODRIGUES e DUARTE, 1990). A decadência comercial e fabril do bairro teve início com a abertura da Belém- Brasilia, no final da dedada de 1950, onde os produtos de outros centros urbanos, outrora impedidos de chegarem na região Norte, em virtude de logística, agora poderiam ser adquiridos pela população local (RODRIGUES e DUARTE, 1990). Devido à falta de tecnologia adequada e energia para competir com o mercado externo, gradativamente o Reduto assistiu ao fechamento de suas fábricas e indústrias. Atualmente o Reduto está em lenta transformação, mantendo, ainda, algumas ruas estreitas assim como alguns galpões que testemunham sua origem fabril. Observando-se o bairro do Reduto, é possível perceber diferentes áreas internas, com discrepâncias espaciais e sócio econômicas. Algumas vias estreitas se

75 73 alargam como a Avenida Boaventura da Silva, e outras que permanecem estreitas ao longo de todo seu percurso. Há ainda áreas em total abandono e com processo de favelização, como exemplo da que se localiza próxima ao Porto da cidade, o chamado Baixo Reduto com a presença de moradores de rua. E encontra-se o chamado Alto Reduto, onde a malha urbana não foge a da morfologia do bairro; entretanto há habitações de alto padrão, bares e restaurantes sofisticados e alta renda da população. O Reduto é um mix de realidades, com a presença de casarões antigos, e galpões de fábricas reutilizados para novos usos, como serviços públicos, de saúde, academia de ginástica, educação, há exemplo o Colégio GEO que utiliza a antiga instalação da fábrica Perseverança (FIG. 34 e 35). FIGURA 34 - Fábrica Perseverança Fonte: MEIER, 2010.

76 74 FIGURA 35 - Colégio GEO Fonte: GEO, Como pode ser observado na figura abaixo, o BSC foi implantado no terreno antes ocupado pela Usina Brasil, em uma região onde haviam diversas indústrias e usinas (FIG. 36).

77 75 FIGURA 36 - Mapa de Fábricas do Reduto, década de 1950 Fonte: RODRIGUES E DUARTE, No Reduto antigo havia diversas indústrias como, beneficiamento de arroz, castanha e fábricas de óleo, refrigerante, cigarro etc. Através da Lei nº de 18 de maio de 1994, o Bairro do Reduto foi considerado como Área de entorno do Centro Histórico de Belém. Segundo a Lei Complementar de Controle Urbanístico LCCU (1999), o desenvolvimento da cidade pressupõe a democratização do acesso a bens, serviços e qualidade ambiental.

78 76 Em seu Art. 56, a LCCU prevê: A instalação de empreendimentos de impacto no Município é condicionada à aprovação pelo Poder Executivo Municipal de memorial justificativo que deverá considerar o Sistema Municipal de Transportes Urbanos, o meio ambiente, a infra-estrutura básica e os padrões funcionais e urbanísticos de vizinhança. 1º. O memorial exigido no caput deste artigo será elaborado pelo empreendedor, público ou privado, e será objeto de aprovação pelo CONDUMA. 2º. O Poder Executivo Municipal poderá condicionar a aprovação do empreendimento ao cumprimento pelo empreendedor e à suas expensas, de obras necessárias para atenuar ou compensar o impacto que o projeto acarretará. (LCCU, p. 11, 1999). A Lei 8.655/2008 define que o bairro do Reduto está localizado na ZAU 7 Setor II (FIG. 37), uma área de transição entre o centro histórico e outras áreas da cidade. FIGURA 37 - Zoneamento ZAU 7 Setor II Fonte: BELÉM, 2008.

79 77 Na Lei 8655 Plano Diretor de Belém, em seu artigo 94: 4. A ZAU 7 - Setor II é uma zona de transição entre o Centro Histórico e as demais áreas da cidade, caracteriza-se pelo uso misto, predomínio de ruas estreitas, diversidade arquitetônica, com tendência à renovação pelo processo de verticalização da ocupação do solo e degradação dos imóveis históricos. 5. A ZAU 7 - Setor II tem como objetivos: I - requalificar, preservar e conservar imóveis históricos; II - manter a ambiência e legibilidade no entorno imediato de imóveis, conjuntos ou quadras de interesse à preservação; III - melhorar as condições de mobilidade e acessibilidade na área. 6. São diretrizes da ZAU 7 - Setor II: I - incentivar a recuperação, preservação e conservação dos imóveis históricos; II - incentivar a manutenção de padrões morfológicos que assegurem a escala e proporção de conjuntos urbanos e edificações de interesse à preservação; III - controlar o processo de adensamento construtivo; IV - controlar a implantação de empreendimentos potencialmente geradores de tráfego; V - estabelecer o equilíbrio entre o direito de veiculação da informação e divulgação e o direito público de proteção aos impactos de poluição visual e sonora na paisagem urbana Implantação da Avenida Visconde de Souza Franco Atualmente a Avenida Visconde de Souza Franco, principal via de acesso ao Boulevard Shopping Center, é uma das mais importantes vias de Belém, classificada como Arterial Principal, FIG. 38. É uma via que permite ligações às vias de maior nível hierárquico e, ainda integrar Zonas de Usos diferentes do espaço metropolitano (BELÉM, 2008), possibilitando a ligação de bairros como Umarizal e Telégrafo ao Centro da cidade. No entanto, esta via, até o início da década de 1970 não passava de uma baixada onde localizava-se um igarapé, chamado Igarapé das Almas.

80 78 FIGURA 38 - Mapa de Belém Fonte: BELÉM, A planta da cidade de Belém de 1906 com a Primeira Légua Patrimonial demarcada (FIG. 39 e 40), executada na administração do Senador Antonio Lemos, e elaborada pelo desenhista municipal José Sidrim, já demarcava a futura Av. Visconde de Souza Franco (a avenida ainda não existia no local). Fato este, que denota a intenção do poder público, em intervir nessa área de baixada.

81 79 FIGURA 39 - Planta da cidade de Belém-1906 Fonte: LEMOS,1906.

82 80 FIGURA 40 - Trecho projetado da Av. Visconde de Souza Franco Fonte: Mapa original fotografado pela autora, O Igarapé das Almas até o início dos anos 60 apresentava-se praticamente em seu estado natural (FIG 41) podendo ser navegado desde a sua nascente, na hoje chamada Av. José Malcher, até a Rua 28 de setembro. Desta forma, Igarapé, e sua área de baixada, permanentemente encontrando-se alagada, representava um dificuldade geográfica natural ao crescimento da cidade em direção ao norte do Forte do Castelo.

83 81 FIGURA 41 - Igarapé das Almas, 1900 Fonte: Belém da Saudade, No entanto, com o esgotamento das terras firmes da Primeira Légua Patrimonial, o aumento vegetativo da população e o estrangulamento promovido pelas áreas institucionais, à população de baixa renda, não possuidora de condições para aquisição de terrenos nas áreas de cotas altas da cidade, foi levada a ocupar as baixadas próximas às áreas urbanizadas e aos centros de emprego (Belém, 2006). Um dos fatores importantes que impulsionou a ocupação informal da baixada do Igarapé das Almas foi a implantação de um cinturão institucional 2 a partir da década de 1940 no limite da Primeira Légua Patrimonial. Com isso, as áreas disponíveis para a expansão urbana tornaram-se muito distantes do centro principal. As áreas de baixadas, alagadas ou alagáveis, anteriormente utilizadas para produção agro-pastoril em Belém, passam a ser ocupadas pela classe de baixa 2 Extensos terrenos localizados dentro da área urbana da cidade pertencentes às forças Armadas, Universidade Federal do Pará, entre outras empresas públicas, que a partir da década de 40 passaram a ocupar o limite da Primeira Légua Patrimonial da Cidade, formando o que se denominou de cinturão Institucional.

84 82 renda, (Trindade Jr., 1997). Segundo a assistente social Profª. Maria Elvira Rocha de Sá, diretora do Centro de Ciências Sociais da UFPA, (informação verbal) 3, a partir da década de 1940, houve uma intensificação da ocupação na área do Almas pela população pobre de Belém, trabalhadores que tinham sua ocupação laboral nas proximidades daquela região, e que, pela baixa renda, não possuíam condições de adquirir lotes ou casas em áreas com melhor infra-estrutura para habitação. No caso de Belém, as terras de cotas baixas, chamadas de baixadas, localizam-se próximas ao centro da cidade, a exemplo da região onde atualmente está localizada a Avenida Visconde de Souza Franco, antes denominada de Baixada do Igarapé das Almas. Na área do Almas, as inundações eram periódicas (FIG.42), a proliferação de doenças endêmicas eram cada vez mais manifestadas, e a presença de favelas propiciava o alastramento da pobreza; neste caso ocorria a segregação espacial por renda. Havia, então, uma necessidade de exterminar ou reduzir o problema, que aparentemente era provocado pela baixada do igarapé. FIGURA 42 - Vale do Igarapé das Almas altitude inferior a 5m, nível mais baixo da cidade (década de 60). Fonte: PENTEADO, Informação verbal concedida em entrevista realizada em 02 de maio de 2009.

85 83 É evidenciada, através da FIG. 48 a realidade da região onde localizava-se o Igarapé das Almas, uma região povoada pela população carente da cidade, em uma vila denominada Sarara, aglomerado da Marechal Hermes ou moradores da Bacia (TRINDADE JÚNIOR, 1997, p. 105) e por algumas vacarias 4, que abasteciam de leite in natura a cidade de Belém. Esta forma precária de viver contava, até a década de 60, com 262 barracos instalados na baixada, onde sobreviviam pessoas. A favelização nesta área inicia-se a partir da década de 40 e um dos fatores que propiciou a ocupação foi a proximidade do centro e da área portuária, uma vez que muitos dos moradores tinham sua ocupação laboral neste tipo de atividade, facilitando, desta forma, o acesso ao trabalho e dispensando despesas com transporte e habitação formal. [...] alertar o senhor prefeito para o aleijão que está se criando na Souza Franco [...] É uma favela em crescimento, um crescimento desordenado e feio, que se não corrigir hoje, estará dando trabalho amanhã (PARÁ, 1970, p. 40). Além do fato de estarem localizadas em áreas de baixadas, as vacarias gozavam, em sua maioria, de localizações privilegiadas em relação à área central da cidade. Nessa situação, encontravam-se aquelas situadas nas proximidades do antigo igarapé das Almas, na área de baixada em torno deste, e que fizeram parte, por muito tempo, de sua paisagem. (TRINDADE JÚNIOR, 1997). Segundo Trindade Júnior, depoimentos de antigos moradores da área em estudo constatam a antiga presença de vacarias ao longo da atual Avenida Visconde de Souza Franco: [...] eram três vacarias, mais ou menos, no mesmo perímetro. Aliás ainda tinha mais uma que ficava na mesma avenida, ou seja, a doca de Souza Franco e almirante Wandenkolk, que essa inclusive, agente olhava dos fundos da nossa casa. A minha casa era bem alta e se avistava ela. Era a quarta vacaria (TRINDADE JÚNIOR,1997, p.105) 4 Terrenos requeridos e concedidos para atividade agro-pastoril (TRINDADE Jr, 1997).

86 84 É importante assinalar que a maioria dos produtores de leite daquela região, era formada por inquilinos e não proprietários do imóvel em que habitavam e trabalhavam, pois alugavam de outras pessoas. Entretanto até 1970, 94,54% dos terrenos da área da baixada em análise pertenciam à municipalidade, e eram apenas aforados a particulares, e estes locavam aos produtores e proprietários do rebanho. As vacarias se fizeram presentes por um longo período na paisagem urbana da cidade, mesmo com inúmeras tentativas de remoção por parte de governo, elas se mantiveram na região do Almas até a entrada do leite industrial na década de 60. Em entrevista realizada com o Sr. Leônidas Imbiriba Filho, (informação verbal) 5, morador do bairro do Umarizal há mais de 50 anos, o Canal do Igarapé das Almas, até a década de 60, era navegável. As embarcações aportavam na doca do igarapé esquina com a Avenida Senador Lemos, e lá vendiam mercadorias de barro como: bilhas, filtros, alguidares e alguns tipos de brinquedos infantis. É possível observar estes materiais na FIG. 43, o que demonstra a forte vocação comercial da região em análise. FIGURA 43 - Igarapé das Almas já canalizado, com feira de objetos de cerâmica (década de 60). Fonte: PENTEADO, Informação verbal concedida através de entrevista em

87 85 Na década de 1940, através de acordos firmados com Washington, valores financeiros foram transferidos para Amazônia, através do Programa de Proteção e Assistência ao Trabalhador da Borracha, visando à erradicação de doenças causadas pela falta de saneamento básico, como no caso das baixadas de Belém (TRINDADE JUNIOR, 1997, p. 47). Nesta década, foram realizadas obras de drenagem nas baixadas de Belém, em parceria com a Fundação Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) e a Prefeitura Municipal de Belém, na Figura 41, pode observar a situação da área antes das obras. Segundo Palmeira (1976), a região correspondente à baixada do Almas, foi classificada como área de estudo B (SUDAM, 1976), que englobava terras tanto no Bairro do Reduto como no Umarizal, representando 84 ha de baixadas nessa área. Segundo Trindade Júnior (1997, p. 53), o processo de intervenção na baixada do Igarapé das Almas teve início a partir da década de 40, porém foi com a instalação do Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS) 6 em Belém que houve realmente a realização do saneamento, aterramento e drenagem do Almas. Ao DNOS, do governo federal, cabia executar obras de drenagem, irrigação e defesa contra enchentes. O próprio órgão elaborava estudos, projetos e orçamentos, para serem aplicados em obras em todo o Brasil. O poder público, a serviço da classe com renda alta, decidia a obra prioritária a ser realizada na cidade, e a população era relegada a segunda escala de prioridade. O planejamento urbano estava nas mãos da classe dominante, e, através de discursos ideológicos, tentava corroborar a idéia que estava cuidando dos interesses populares. 6 Departamento Nacional de Obras e Saneamento - DNOS, criado em 1940, tinha como funções desenvolver obras e serviços complementares ao saneamento básico (TRINDADE JR., 1997).

88 86 Segundo Correa: Belém, que só na década de 50 retomou seu crescimento populacional, manteve-se até o início dos anos 60, limitada a ações urbanísticas de pequeno porte. A tentativa de criação, neste período, de um plano diretor [...] redundou em completo fracasso, que pode ser atribuído pelo desinteresse demonstrado por tal instrumento, tanto por parte de uma sociedade belenense desorganizada e desmobilizada, quanto pelo governo que evitava assim, freios e controles a seu poder de decidir e agir. (CORREA, 1989, p. 317) Após a etapa de saneamento e macrodrenagem realiza nesta baixada, já nos últimos anos da década de 60, é que se dá o início a obras de microdrenagem e urbanização na baixada, tendo seu término somente em 1973 no governo de Nélio Lobato. A obra na baixada (DNOS), incluía um canal de 1250 metros de extensão com 10 e 20 metros de largura, revestido em concreto armado e com baterias de comportas automáticas com seis unidades, galeria de lançamento na baía do Guajará sob a Avenida Marechal Hermes, construção de ponte, três galerias em concreto armado e construção de duas avenidas marginais. A partir desta intervenção iniciou-se o processo de urbanização da Avenida Visconde de Souza Franco, limite entre os bairros do Umarizal e Reduto. Aqui claramente, entra o poder público atuando na grandiosa obra, como se vê na FIG. 44. FIGURA 44 - Igarapé das Almas, próximo a Av. Marechal Hermes. Fim dos anos 50. Fonte: PENTEADO, 1968.

89 87 FIGURA 45 - Início das Obras em 1973 Fonte: PARÁ, O primeiro passo para a criação da Avenida Visconde de Souza Franco foi dado pelo DNOS (Departamento Nacional de Obras e Saneamento) no início da década de 1970 com a transformação do Igarapé das Almas em um canal e a construção de pontes permitindo a travessia na Manoel Barata, 28 de setembro e Antônio Barreto. Segundo entrevista com o engenheiro Dr. Emir Beltrão, Diretor Técnico da SESAN, o DNOS foi responsável pela obra de macrodrenagem 7 do Igarapé das Almas, realizando a fundação, estruturas laterais, revestimento dos taludes e um guarda corpo primário, com o início das obras no canal, pelo DNOS, segundo Abelém, (2005), foi necessária a remoção de algumas famílias que habitavam a região que iria sofrer a primeira intervenção (FIG. 45). Ainda de acordo com o Dr. Emir Beltrão, um dos elementos principais da obra realizada no canal foi à implantação de seis comportas no canal (FIG.46 e 47), com sistema de braço, que abrem e fecham de acordo com o nível da maré. Desta feita, as comportas são o impedimento para que haja inundações em toda área de entorno do Canal da Avenida Visconde de Souza Franco. 7 Segundo Belém, 1993, macrodrenagem: é constituída por cursos d água naturais ou canalizados, barragens e comportas para controle de inundações.

90 88 FIGURA 46 - Comportas Fonte: COSTA, FIGURA 47 - Comporta automática SISTEMA DE BRAÇO Fonte: COSTA, 2009.

91 89 Após a intervenção do DNOS, a Prefeitura Municipal de Belém na gestão do Coronel Nélio Lobato iniciou em junho de 1972 a obra de microdrenagem em uma área com dimensão de m². A Avenida Visconde de Souza Franco foi uma obra prioritária durante a gestão municipal de Nélio Lobato no exercício de 1973 (PARÁ, 1973). Aqui é possível observar o papel do Estado como ator primordial para a organização do espaço urbano, através de obras de saneamento, infraestrutura e urbanização, que resultaram na forte valorização dos preços dos terrenos no local. À prefeitura coube realizar as obras que se denomina de microdrenagem 8 (Dr. Emir Beltrão), nas vias, e urbanização da Avenida Visconde de Souza Franco (FIG. 48 e 49). Com o trabalho de macrodrenagem encerrado, foi iniciada a base para a futura Avenida. Foi construído um muro de arrimo entre a Avenida Boaventura da Silva e a Rua Diogo Móia, com o intuito de elevar a superfície de rolamento dos veículos (circulação) e formatar uma via com capacidade de suportar um tráfego intenso. Em virtude disto, foi necessário realizar escavação de dois metros e meio ao longo do canal, provocando um volume de retirada de material na ordem de m³ e base de m³. O movimento de terra totalizou m³. A intervenção do Igarapé das Almas, também chamado de Canal da Avenida Visconde de Souza Franco, trouxe benefícios ambientais para o seu entorno, no que tange à morfologia do Canal outrora apresentada, e equalização das inundações naquela região. No que se refere ao bairro do Reduto, que sofria com as intensas e inúmeras inundações, foi construída uma galeria extravasadora (FIG. 45) de concreto, na altura da Av. Municipalidade, partindo do Canal do Reduto até o Canal da Avenida Visconde de Souza Franco, que ali faria a evacuação das águas acumuladas no Canal do Reduto para o Canal da Doca de Souza Franco, pois este contava com uma maior capacidade. 8 Microdrenagem: constituição de galerias, valetas revestidas ou valas naturais, poços de visitas e bocas de lobo, por onde escoam as águas pluviais com destino aos cursos d água (BELÉM, 1973).

92 90 FIGURA 48 - Obras para galeria extravasadora Fonte: PARÁ, A nova Avenida contaria com três pistas de 8 metros, 10,5 metros e 15,5 metros, com uma extensão de metros. A área asfaltada compreendeu m² (FIG. 50). FIGURA 49 - Obras 3 Fonte: PARÁ, 1973.

93 91 Material utilizado para a construção da via: m³ de concreto asfáltico, m² de mureta e passeios de proteção do canal, canteiros centrais de 6 metros, e metros quadrados de ajardinamento. Para a Avenida tornar-se uma realidade, ainda foi necessária, a desapropriação de aproximadamente cinqüenta imóveis, entre residências e terrenos. O custo foi da ordem de Cr$ ,37. A obra total custou: Cr$ ,13 (PARÁ, 1973). Além do governo federal (DNOS) e governo municipal, o governo estadual também obteve sua parcela de contribuição com as Centrais Elétricas do Pará. Foram instalados no local 200 postes de iluminação pública com luminárias de duas pétalas e lâmpadas de mercúrio. Em 15 de novembro de 1973, em meio a uma grande festa popular, o então prefeito Nélio Lobato, entregou a população a Avenida Visconde de Souza Franco, que se tornou um modelo de urbanização naquela época (PARÁ, 1973). A macrodrenagem de um canal com vias largas em seu entorno (FIG. 50 e 51). FIGURA 50 - Av. Visconde de Souza Franco finalizada Fonte: PANORAMICO, 2009.

94 92 FIGURA 51 - Av. Visconde de Souza Franco 1973 Fonte: PANORAMICO, Com a obra urbanística finalizada, inicia-se o processo de valorização do solo, e a busca pela ocupação da área é desenvolvida, agora, por uma classe social diferente. A população de renda baixa, já expulsa da área, deixa lugar para a de alta renda ocupar a região. É notadamente percebido o fenômeno da segregação imposta e o da auto-segregação. No caso da baixada do Igarapé das Almas, o Estado ocupou lugar de destaque, enquanto ente impulsionador da segregação, uma vez que não apenas incentivou a saída dos moradores antes ali residentes, como também os removeu. A supervalorização das áreas próximas ao centro tem repercutido em termos de remoção da população de baixo poder aquisitivo para a periferia distante da RMB (TRINDADE JÚNIOR, 1997). Na memória dos belenenses ainda estava muito viva a lembrança do que aconteceu na baixada da Marechal Hermes e de todo o canal do Igarapé das Almas. Ontem este mesmo jornal informou que a Prefeitura autorizou a construção de mais 18 prédios residenciais na Doca de Souza Franco, que se juntarão aos 7 em construção. Brevemente todo o cenário desta área terá sido mudado: um visitante não imaginará que ali existia uma baixada idêntica a do Una (O Liberal, PINTO, 1979, p.13).

95 93 Com o solo urbanizado o valor da terra sobe, e o capital imobiliário busca alavancar seus investimentos: começa desta forma, o processo de verticalização em busca do lucro máximo. A verticalização é resultado da valorização fundiária e, no caso da Avenida Visconde de Souza Franco, após a intervenção da canalização do Igarapé das Almas e urbanização de seu entorno, houve uma extraordinária alavancagem na valorização do solo urbano nesta área (FIG. 52 e 53). FIGURA 52 - Av. Visconde de Souza Franco próximo a Av. Marechal Hermes 02/06/2009 Fonte: Autora, 2009.

96 94 FIGURA 53 - Av. Visconde de Souza Franco 02/06/2009 Fonte: Autora, Segundo Trindade Jr., a verticalização na Avenida Visconde de Souza Franco e seu entorno tornou-se intensa após a década de 1970, tendo alguns fatores impulsionantes para este fenômeno urbano a localização próxima ao centro da cidade e as obras de infra-estrutura feitas pelo governo. FIGURA 54 - Bairro Umarizal década de 60 Fonte: PENTEADO, 1968.

97 95 Nota-se, conforme a FIG. 54 e 55 que, em pouco mais de 40 anos, houve uma intensa e rápida verticalização no bairro do Umarizal, visando a atender a classe média e a de alta renda. FIGURA 55 - Bairro Umarizal 2008 Fonte: SEGEP A modificação da paisagem urbana no que tange ao uso residencial da área em estudo, de uma classe com baixo poder aquisitivo para uma com alto poder aquisitivo, gerou também a modificação da oferta de produtos e serviços, pois os consumidores agora já são outros e buscam por serviços e produtos mais elaborados e sofisticados. Notadamente há uma mudança no contexto urbanístico, social e econômico na Avenida Visconde de Souza Franco e seu entorno, a partir da intervenção ocorrida na outrora baixada do Igarapé das Almas. Em outra intervenção, realizada em 1995, no governo do prefeito Helio Gueiros, a Avenida Visconde de Souza Franco sofreu uma revitalização, onde passaria também a ser uma via importante no auxílio de melhorar o tráfego na cidade de Belém. Desta forma ela passou a ser um corredor alternativo para se chegar aos bairros do Umarizal, Reduto, Nazaré, Comercio e Área Portuária, assim como a Av. Antonio Barreto e Marechal Hermes (BELÉM, 1996). Atualmente, a avenida é classificada como arterial principal, como informado no início deste trabalho.

98 96 Durante o governo do então prefeito Edmilson Rodrigues, (1997 a 2000 e 2001 a 2004) a Avenida Visconde de Souza Franco se tornou um importante corredor de veículos coletivos, o que estimulou ainda mais a identificação da função comercial na via. 5.2 A VIZINHANÇA NO CONTEXTO ATUAL DE BELÉM Todos os itens citados anteriormente e, mais a tensão entre dois processos espaciais: preservação x verticalização, e a necessidade de uma alteração casuística na Lei do Uso do Solo, propiciaram através das forças econômica, imobiliária e política, a implantação de um Pólo Gerador de Tráfego, o Boulevard Shopping Center em uma zona de entorno de preservação histórica. Não se levou em consideração a possibilidade de ser realizado um Estudo de Impacto de Vizinhança, para realmente chegar-se a conclusões dos benefícios, ou seja, pontos positivos que um empreendimento deste porte poderia causar, bem como dos pontos negativos, para então se pensar em elaborar planos mitigadores para os problemas urbanísticos que podem vir a acontecer. Para o sucesso da implantação do BSC, foi necessário realizar algumas alterações no sistema viário existente na área em estudo. Para isto, foram construídas duas pontes, uma ligando a Rua O de Almeida à Avenida Visconde de Souza Franco, e outra atravessando a Avenida Visconde de Souza Franco ligando a Rua Aristides Lobo à Avenida Bernal do Couto, esta facilitando o acesso direto do bairro do Reduto ao bairro do Umarizal, antes dividido pelo canal da Avenida Visconde de Souza Franco (FIG. 56).

99 97 FIGURA 56 Transformação viária Fonte: Autora, Estas manobras foram realizadas, certamente, com o intuito de facilitar o cliente, que chega de carro, ao BSC, pois tanto na Rua Ó de Almeida como na Rua Aristides Lobo, estão localizados os acessos das garagens, representando as entradas e saídas para o estacionamento do empreendimento. Muito embora tenham também contribuído para fazer a ligação, entre os bairros do Umarizal e Reduto ao Centro Comercial, tal modificação adicionou, também, um certo transtorno no tráfego, tornando-o, em determinados horários, ainda mais lento, pois quando há vários veículos para entrarem no estacionamento, forma-se uma fila de carros parados, que invade a Avenida Visconde de Souza Franco, por exemplo. (MORAES; COUTINHO; SIMÓN, 2010). A Av. Visconde de Souza Franco, como já relatado, é uma importante via de ligação entre os bairros mais afastados da Região Metropolitana de Belém - RMB ao Centro Urbano de Belém. Muitas linhas de ônibus atravessam esta Avenida para chegar ao Centro de Belém, onde está localizada, ainda, a maior parte da oferta de empregos da RMB. O BSC está no limite entre os bairros do Reduto e do Umarizal, estes com dinâmicas imobiliárias totalmente diferentes. O bairro do Reduto, por ser uma zona

100 98 madura (GRIFFIN; FORD, 1980) com restrições a expansão imobiliária, devido fazer parte do entorno do patrimônio histórico, transformou-se em uma área com poucas alterações urbanísticas,enquanto que o Umarizal, localizado do outro lado da Avenida Visconde de Souza Franco, intensificou sua verticalização e a implantação de grandes equipamentos comerciais e de serviços, como grandes supermercados, o shopping center aqui estudado, faculdades e equipamentos de saúde, todos eles atendendo à toda a cidade de Belém. No entanto, o Reduto, faz ligação entre o Centro Comercial de Belém e os demais bairros da RMB, com grandes áreas subutilizadas. Possui uma localização estratégica e privilegiada para a implantação de um shopping center, além de estar localizado em um dos bairros com expressiva concentração de alta e média renda como pode ser verificado mais adiante no mapa de padrão de edificação. Pode ser observada no Mapa de Uso do Solo (FIG. 57) da Avenida Visconde de Souza Franco, a grande transformação das antigas residências unifamiliares em estabelecimentos de comercio e serviços, constituindo um corredor viário com intensa presença dessas atividades. Dessa forma o BSC veio reforçar tal tendência. Por outro lado, o uso residencial intensificou-se na área através de edificações multifamiliares, alguns deles com elevado número de pavimentos.

101 99 FIGURA 57 - Mapa de uso do solo MAPA DE USO DO SOLO DA AVENIDA VISCONDE DE SOUZA FRANCO Fonte: Autora, 2009, com base em informações do Cadastro Multifinálitário de Belém Há aproximadamente 35 anos, a área que hoje abriga a Avenida Visconde de Souza Franco, se apresentava apenas como uma baixada, onde havia habitações com o padrão de edificação primário em uma vila chamada Sarara. Após esse período é impressionante constatar a mudança ocorrida, no antes Igarapé das Almas e atual Avenida Visconde de Souza Franco. A intervenção dos governos federal, estadual e por fim o municipal naquela baixada, mudou para sempre a vida da cidade, o solo valorizou e o padrão de edificação sofreu modificação, antes padrão popular e agora padrão alto e luxo.

102 100 A concentração de padrão de edificação alto e luxo está localizada nos primeiros quarteirões da Avenida, no bairro do Reduto, da Av. Boa Ventura a Trav. Tiradentes, e do lado do bairro do Umarizal da Av. Boa Ventura a Av. Domingos Marreiros (FIG. 58 e 59). A partir da Travessa Tiradentes, no Reduto e da Rua Jerônimo Pimentel no Umarizal, o padrão de edificação presente é o médio, estendendo-se ao longo da Avenida, tanto no bairro do Umarizal, quanto no bairro do Reduto. Nota-se que a presença do padrão popular é escassa em toda a extensão da via (FIG. 60). A partir desta análise, é possível afirmar que o padrão de renda presente na Avenida Visconde de Souza Franco é o médio e o alto, um dos motivos para o BSC instalar-se em tal ponto da cidade.

103 101 FIGURA 58 - Mapa padrão de edificação MAPA DE PADRÃO DA EDIFICAÇÃO AVENIDA VISCONDE DE SOUZA FRANCO - POSIÇÃO EM 2001 Fonte: BELÉM, 2001.

104 102 FIGURA 59 - Padrão de edificação 1 Fonte: Acervo pessoal, 2009 FIGURA 60 - Padrão de edificação 1 Fonte: Acervo pessoal, 2009

105 103 6 ANÁLISE DOS RESULTADOS 6.1 ANÁLISE DO USO DO SOLO Em uma primeira análise no entorno do objeto, é possível observar a mudança viária ocorrida. Através da FIG. 61 nota-se que antes da instalação do empreendimento, a Rua Aristides Lobo, no bairro do Reduto findava na Avenida Visconde de Souza Franco, e a partir da inauguração do empreendimento foi adicionada uma ponte, unindo a Rua Aristides Lobo e Rua Diogo Móia, bem como a Rua Ó de Almeida á Avenida Visconde de Souza Franco. Permitindo, desta feita, que os veículos ao saírem do estacionamento do BSC, com entrada e saída na Rua Aristides Lobo e Rua Ó d Almeida, possam cruzar, se for a preferência, a Avenida Visconde de Souza Franco em direção a outros bairros como Umarizal, Telégrafo, Sacramenta, etc,enfim, possam ir em direção oposta ao Centro da cidade, ou possam ainda, fazer o retorno na Avenida Visconde de Souza Franco e seguir para o Centro da Cidade. Adicionalmente foi posicionado um semáforo no início da Rua Diogo Móia com a Avenida Visconde de Souza Franco, na Aristides Lobo, a fim de garantir a nova sistematização do tráfego implantada. FIGURA 61 - Apresentação sistema viário depois da intervenção Bernal do Couto Rua Ó de Almeida Trav. Aristides Lobo Rua Diogo Moia Semáforo Fonte:

106 104 Analisando especificamente o objeto de estudo e seu entorno imediato, ou seja, as ruas circunvizinhas, é possível observar as mudanças no uso o solo que vem ocorrendo em um período comparativo entre os mapas de uso do solo de 2001 e o mesmo mapa atualizado em 2010, dentro da perspectiva da área em estudo (FIG.62 e 63). FIGURA 62 - Mapa de uso do solo 2001 MAPA DE USO DO SOLO residencial comercial industrial serviços religioso outros Fonte: Autora, 2009, com base em informações do Cadastro Multifinálitário de Belém

107 105 FIGURA 63 - Mapa de uso do solo 2 Rua Ó de Almeida Trav. Quintino Bocaiúva Rua Aristides Lobo Fonte: Belém, 2001 Nota: Atualizado pela autora em dezembro de 2010 Observa-se através da FIG. 63 que a alteração no uso do solo, no período da pesquisa, ocorreu apenas na Rua Aristides Lobo de residencial para comercial. Na Rua O de Almeida em virtude de toda quadra estar ocupada por uma antiga fábrica de castanha, não há ainda perspectivas para modificação. A mudança ocorrida no uso do solo ainda é tímida, mas é possível que daqui há alguns anos, a modificação no uso do solo já esteja mais intensa, pois o BSC já estará consolidado na região e atrairá cada vez mais comércio e serviços para o seu entorno, como aconteceu com o Castanheira shopping center e Patio Belém SC,

108 106 Em adição, pode-se verificar em trabalho de campo que algumas residências vizinhas ao BSC estão disponíveis para venda e/ou locação, este é um dado importante a relatar, uma vez que pode vir a mudar ainda mais repentinamente o uso do solo na área em estudo. É relevante ressalvar que de acordo com as imagens de (FIG. 64) verifica-se a notável modificação ocorrida na região que está localizado o Boulevard Shopping Center em apenas 26 anos, não apenas no aspecto urbanístico e viário, como também, em relação à ocupação do solo. No primeiro mapa abaixo, as primeiras quadras da via, tanto do lado direito como esquerdo do canal, em 1972, percebe-se que não havia nenhuma edificação, ou seja, apresentavam-se nesta área alguns vazios urbanos. O mesmo fato ocorre, espaçadamente, no decorrer da via apresentando-se grandes vazios urbanos. Em 1998, a mesma área, anteriormente desocupada, encontrava-se praticamente toda edificada. Através da FIG. 64, é possível verificar a verticalização, presente no início da via e a ocupação no entorno da área objeto de estudo, apresentando ainda assim poucas edificações. Além da ocupação da área em torno do canal, vale ressaltar a presença, em 1998, da Av. Visconde de Souza Franco ladeando o canal, integrando o bairro do Reduto e do Umarizal, através das vias que atravessam a Avenida Visconde de Souza Franco, e todo o tratamento urbanístico realizado em 1973.

109 107 FIGURA 64 - Vista área do Canal da Av. Visconde de Souza Franco, Mapa Comparativo Fonte: Levantamento aerofotogramétricos do município de Belém - CODEM

110 108 FIGURA 65 - Vista área do Canal da Av. Visconde de Souza Franco, Mapa Comparativo Fonte: Levantamento aerofotogramétricos do município de Belém CODEM Em 1977 conforme se percebe na FIG. 65, a ocupação ao longo da via já se faz mais presente, uma vez que a via já foi beneficiada urbanisticamente, porém ainda é tímida quando se compara com o ano de 1998, quando notadamente já não se apresenta praticamente nenhum vazio urbano ao longo da via.

111 ANÁLISE DO RUIDO De acordo com o Mapa Acústico de Belém, elaborado no período de 1º de julho de 2002 a 30 de agosto de 2004, as autoras constataram que nos 18 bairros analisados, no horário de 07h00 às 22h00, o nível de ruído estava acima do estabelecido pela NBR /2000, que é de 55 dba no período diurno e 50 dba no noturno nas zonas urbanas com predominância residencial. As medições de ruído nas vias de grande fluxo de veículo apontaram variações entre 70 dba a 80 dba (MORAES; LARA, 2004). Ressalta-se que a Lei Municipal 7.990, de 10 de janeiro de 2000, dispõe que no período diurno o nível de pressão sonora máximo de ruído seria de 70 decibéis e no período noturno o nível pressão sonora máximo seria de 60 decibéis (BELÉM, 2000). O bairro do Reduto é considerado um dos mais contaminados pelo ruído urbano. A morfologia do bairro com ruas estreitas e fachadas alinhadas no limite das vias, transforma-o em corredores acústicos. O ruído emitido pelo tráfego de veículos, é refletido repetidas vezes nas fachadas contínuas e paralelas e com mesmo gabarito de altura. O bairro do Reduto está passando por uma forte transformação urbana, parte do bairro está composto por vias estreitas e edificações coloniais, o que faz com que o tráfego de veículos seja agressivo aos moradores do bairro, assim como sua localização geográfica, o bairro está posicionado numa zona central que faz ligação entre o comercial de atacado e varejo. Nele está localizado o porto de carga e descarga de mercadorias e passageiros de Belém. O fluxo de veículo é constante e diversificado. Outro agravante é a Av. Visconde Souza Franco, a Doca, que é hoje o principal local de concentração de lazer de jovens, gerando com isso uma fonte de ruído específica (MORAES; LARA; 2004, p.415) De acordo com o Mapa Acústico de Belém, os níveis de pressão sonora mais elevados se concentram na vias onde há circulação de veículos pesados, especialmente ônibus, registrando valores intoleráveis no horários das 18h e valores muito alto no período de 9h, 14h e18h, e valores altos nos demais períodos. Atualmente é o bairro que mais há registros de queixa do incômodo do ruído

112 110 por parte dos moradores. A Rua Aristides Lobo, que contorna o Boulevard Shopping, apresentava o menor índice sonoro registrado no bairro (MORAES; LARA, 2004). A FIG. 66 ilustra a distribuição geral dos níveis de pressão sonora no bairro do reduto no horário de 10 às 11h. FIGURA 66 - Mapa Acústico do bairro do reduto no período de 10 às 11 horas Fonte: MORAES; LARA, O bairro do Reduto é um dos mais antigos bairros da cidade e dispõe de uma expressiva área residencial com habitações em sua maioria de até dois pavimentos,

113 111 ruas estreitas, havendo ainda vestígios de uso industrial de outrora, através de galpões e edificações térreas de grande porte (COSTA, 2009). No bairro do Reduto há um intenso fluxo de todo tipo de veículos (pequeno, médio, ônibus e caminhão). Os níveis de pressão sonora equivalentes variam entre 69 dba e 78 dba, sendo mais intensos nos horários de rush (7h00, 12h00 e 18h00). Em 2008, o mapa acústico de Belém foi atualizado. As FIG. 67 e 68, mostram a distribuição dos níveis de pressão sonora nas principais avenidas, nas quais é possível identificar o percurso feito pela maior parte dos ônibus e caminhões antes da implantação do Bouleard shopping center. FIGURA 67 - Mapa acústico atualizado do Bairro de Reduto Fonte: MORAES; SIMÓN, 2008.

114 112 Em virtude de o objeto de estudo estar localizado na Avenida Visconde de Souza Franco, limite entre os bairros do Reduto e Umarizal, faz-se necessário observar o Mapa acústico do bairro do Umarizal, uma vez que o bairro sofreu influência com a implantação Boulevard shopping Center (FIG. 69). FIGURA 68 - Mapa acústico calculado do Bairro do Umarizal em 3D Fonte: MORAES; SIMÓN, Na área do entorno do shopping em estudo, os NPS já eram altos em toda a extensão da Av. Visconde de Souza Franco, variando de 70 dba à 85 dba. Nas vias que secundárias, as que o circundam, os NPS se apresentavam mais baixo, embora ainda superassem os níveis recomendáveis para áreas pela ABN /2000, variando entre 64 dba e 73 dba (ABNT, 2000). Como visto na metodologia, a área do entorno do shopping foi recalculada, mantendo-se o volume de tráfego de 2008, o resultado está ilustrado na FIG. 69. O volume de tráfego é apresentado na Tabela 5.

115 113 FIGURA 69 - Mapa estratégico de ruído antes da implantação do Boulevard Shopping Center Fonte: MORAES; SIMÓN, COUTINHO, Na Tabela 5 nota-se que a Rua Aristides Lobo é a que possui menor tráfego de veículos, fazendo uma correlação entre a Travessa Quintino Bocaiúva e Rua Ò de Almeida, que possuem a similaridade de largura entre elas, assim não possibilita distorções de análise. Mais adiante poderá ser verificado, conforme Tabela 5, a evolução da quantidade de veículos que passaram a trafegar nas vias após a abertura do BSC, principalmente na Rua Aristides Lobo. Com base no MAB de 2008, se verifica que os níveis de pressão sonora elevaram-se em todas as vias circundantes ao shopping, principalmente na que dá acesso ao estacionamento e a entrada principal de pedestre. Neste caso a Av. Visconde de Souza Franco, que antes já registrava níveis de pressão sonora altos, sofreu pouco incremento dos níveis sonoros se comparado com as demais vias. Em todos os pontos calculados, os NPS variam entre 75 dba e 85 dba, havendo um aumento dos níveis mais baixos e nas áreas mais próximas ao shopping.

116 114 Este nível de ruído atinge valores que podem comprometer a saúde do cidadão, bem como comprometimento através do stress, dores de cabeça, etc.(petian, 2008) A Rua Aristide Lobo é a que mais impacto sofreu, registrando NPS que variam entre 73 dba e 76 dba, sendo que antes variavam de 66 dba à 72 dba, apresentando um acréscimo de até 7 dba. Vale ressaltar que a saída e um dos acessos ao estacionamento do local são feitos nessa via. Verifica-se ainda que a Travessa Quintino Bocaiuva, também sofreu fortes alterações, principalmente na esquina com a Rua Aristides Lobo, que antes da implantação variava entre 60 a 70 dba, e depois registra níveis acima de 80 dba (FIG. 70). Souza (2000) adverte que níveis entre dba podem causar hipertensão arterial, excitação maníaco-depressiva, entre outras patologias. FIGURA 70 - Mapa estratégico de ruído depois da implantação do shopping Boulevard (2010) Fonte: MORAES; SIMÓN, COUTINHO, 2010.

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