Sidney dos Santos Avancini José Ricardo Marinelli. Tópicos de Física Nuclear e Partículas Elementares

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Sidney dos Santos Avancini José Ricardo Marinelli. Tópicos de Física Nuclear e Partículas Elementares"

Transcrição

1 Sidney dos Santos Avancini José Ricardo Marinelli Tópicos de Física Nuclear e Partículas Elementares Florianópolis, 2009

2

3 Universidade Federal de Santa Catarina Consórcio RediSul Campus Universitário Trindade Caixa Postal 476 CEP Florianópolis SC Reitor Alvaro Toubes Prata Vice-Reitor Carlos Alberto Justo da Silva Secretário de Educação à Distância Cícero Barbosa Pró-Reitora de Ensino de Graduação Yara Maria Rauh Muller Pró-Reitora de Pesquisa e Extensão Débora Peres Menezes Pró-Reitora de Pós-Graduação Maria Lúcia de Barros Camargo Pró-Reitora de Cultura e Extensão Eunice Sueli Nodari Pró-Reitor de Desenvolvimento Humano e Social Luiz Henrique V. Silva Pró-Reitor de Infra-Estrutura João Batista Furtuoso Pró-Reitor de Assuntos Estudantis Cláudio José Amante Centro de Ciências da Educação Wilson Schmidt Centro de Ciências Físicas e Matemáticas Tarciso Antônio Grandi Centro de Filosofia e Ciências Humanas Roselane Neckel Instituições Consorciadas UDESC UEM UFRGS UFSC UFSM Universidade do Estado de Santa Catarina Universidade Estadual de Maringá Universidade Federal do Rio Grande do Sul Universidade Federal de Santa Catarina Universidade Federal de Santa Maria Cursos de Licenciatura na Modalidade à Distância Coordenação Acadêmica Física Sônia Maria S. Corrêa de Souza Cruz Coordenação de Ambiente Virtual Nereu Estanislau Burin Coordenação de Tutoria Rene B. Sander Coordenação de Infra-Estrutura e Pólos Vladimir Arthur Fey

4 Comissão Editorial Demétrio Delizoicov Neto, Frederico F. de Souza Cruz, Gerson Renzetti Ouriques, José André Angotti, Nilo Kühlkamp, Silvio Luiz Souza Cunha. Coordenação Pedagógica das Licenciaturas à Distância UFSC/CED/CFM Coordenação Roseli Zen Cerny Núcleo de Formação Responsável Nilza Godoy Gomes Núcleo de Criação e Desenvolvimento de Material Responsável Isabella Benfica Barbosa Design Gráfico e Editorial Carlos Antonio Ramirez Righi Diogo Henrique Ropelato Mariana da Silva Produção Gráfica e Hipermídia Thiago Rocha Oliveira Design Instrucional Geraldo Wellignton, Fábio Lombardo Evangelista Revisão Ortográfica Vera Bazzo Preparação de Gráficos Jean Carlo Rissatti Ilustrações Aberturas de Capítulos Camila Piña Jafelice Editoração Eletrônica Gabriela Medved Vieira Copyright 2009, Universidade Federal de Santa Catarina / Consórcio RediSul Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Coordenação Acadêmica do Curso de Licenciatura em Física na Modalidade à Distância. A592m Avancini, Sidney dos Santos. Tópicos de física nuclear e partículas elementares/ Sidney dos Santos Avancini, José Ricardo Marinelli. - Florianópolis : UFSC/EAD/CED/CFM, p. ISBN Física nuclear. I. Marinelli, José Ricardo. II. Título. CDU 53 Catalogação na fonte: Eleonora Milano Falcão Vieira

5 Sumário 1 Introdução O Núcleo Atômico Composição e propriedades gerais Radioatividade Fissão e Fusão Nuclear Física das Partículas Elementares: Modelo Padrão Introdução Modelo de quarks Léptons Interações fundamentais Leis de conservação Aceleradores de Partículas Noções sobre Astrofísica Nuclear Introdução Teoria da Grande Explosão Energia Nuclear e Nucleossíntese...89 Referências

6

7 Apresentação O conteúdo deste volume tem como objetivo dar ao estudante uma visão geral e introdutória sobre a Física Nuclear e das Partículas Elementares. Inicialmente, fazemos um pequeno histórico do desenvolvimento desta importante área da Física ao longo do século XX, com destaque para a descoberta do núcleo atômico, os mésons e os neutrinos, além de outras partículas importantes para nosso entendimento atual do microcosmo. Posteriormente, algumas propriedades fundamentais do núcleo atômico, visto como uma coleção de prótons e nêutrons, são apresentadas e discutidas juntamente com os fenômenos da radioatividade, fissão e fusão nuclear. Esta discussão pertence ao ramo conhecido atualmente como Física Nuclear de baixa energia. Com o advento dos grandes aceleradores de partículas, a partir da segunda metade do século passado, a descoberta de novas partículas e suas intrigantes propriedades abriu caminho para o desenvolvimento do chamado Modelo Padrão das partículas elementares. A apresentação desse Modelo, juntamente com uma discussão sobre a Física dos Aceleradores e sua importância para o desenvolvimento do mesmo, é o objeto do capítulo 3. Finalmente, algumas implicações de nosso conhecimento atual sobre o tema para a Astrofísica são discutidas no capítulo final, juntamente com o modelo de Universo conhecido como Grande Explosão (Big Bang), onde procuramos mostrar a forte relação existente entre estes diferentes ramos da Física. É necessário enfatizar aqui a importância que a Física Nuclear e a Física de Partículas tiveram e ainda têm na nossa compreensão e na sedimentação de duas teorias fundamentais desenvolvidas no início do século passado: a Teoria da Relatividade Restrita e a Mecânica Quântica. Os fenômenos estudados no microcosmo constituem um imenso laboratório de testes para estas duas teorias e só puderam, por sua vez, ser perfeitamente entendidos, graças a elas. Desta forma, uma compreensão satisfatória do texto aqui desenvolvido só será possível a partir de um conhecimento introdutório prévio de disciplinas como Relatividade Restrita e Estrutura da Matéria. Os Autores

8

9 1 Introdução

10

11 1 Introdução Neste capítulo apresentaremos a Física Nuclear e de Partículas sob uma perspectiva histórica, enfatizando alguns dos principais fatos e descobertas que levaram à construção do modelo atual para o núcleo atômico e para as partículas fundamentais da natureza. Em 1897, J.J. Thomson descobriu o elétron, cujas carga e massa foram posteriormente determinadas. O mesmo Thomson observou a importância que tais partículas deveriam ter na constituição do átomo, tidos à época como os elementos básicos formadores da matéria. No entanto, o átomo é eletricamente neutro e a carga do elétron, recém determinada naquela época, é negativa. Por outro lado, a massa de um átomo é sabidamente muito maior que a massa do elétron. Thomson imaginou então que o átomo deveria ser formado por uma espécie de pasta com carga positiva e muito mais pesada que os elétrons, os quais ficariam distribuídos de forma mais ou menos uniforme dentro desta pasta. Era o chamado Modelo de Pudim de Ameixas, onde os elétrons representariam as ameixas e a carga positiva seria o pudim. Poucos anos mais tarde, este modelo foi no entanto refutado por um famoso experimento realizado pelo físico neozelandês Rutherford, cujos resultados foram apresentados à comunidade em Mais ou menos na mesma época em que o elétron foi detectado pela primeira vez, foi descoberto um importante fenômeno conhecido como Radioatividade, segundo o qual alguns elementos conhecidos emitiam partículas de carga elétrica positiva ou negativa com energia várias ordens de grandeza superior às energias observadas na escala atômica ou molecular. Rutherford utilizou um destes elementos, o qual emitia partículas eletricamente positivas (as chamadas partículas ) para bombardear uma fina placa de ouro colocada perpendicularmente ao feixe de partículas alfa. Observando o desvio destas partículas ao atravessar a placa, Rutherford pode concluir que o átomo, ao contrário do que imaginara Thomson, deve ser formado por uma distribuição de carga positiva e de pequena dimensão (cerca de dezenas de milhares de vezes menor), quando comparada com as dimensões totais do átomo. Esta importante observação serviu para a formulação do chamado Modelo Planetário do Átomo, proposto mais tarde por Niels Bohr. Mas não menos importante foi o fato de que este experimento pode ser considerado Introdução 11

12 como o nascimento da Física Nuclear e com ela o aparecimento de uma série de partículas novas, dando origem a um ramo da Física conhecido hoje como Física das Partículas Elementares. Modelo de Thomson para o átomo Rutherford e a Descoberta do Núcleo Figura 1.1: Modelos do átomo. Na figura 1.1, os pequenos pontos representam os elétrons enquanto que o ponto maior ao centro, o núcleo atômico. As linhas contínuas representam as trajetórias prováveis das partículas para cada um dos modelos (de Thomson e de Rutherford). Observe que de acordo com os resultados de Rutherford, a partícula será fortemente desviada em relação à trajetória original ao passar próxima do núcleo devido à repulsão Coulombiana entre ambos. Para termos uma idéia de como este ramo da Física se desenvolveu, devemos começar dizendo que, no início da década de 1930, sabia-se que o núcleo atômico, descoberto 20 anos antes por Rutherford, era composto por duas partículas diferentes: o próton, cuja carga era a mesma do elétron porém com sinal positivo e com uma massa cerca de 2000 vezes maior, e o nêutron, cuja massa é muito próxima à do próton e com carga elétrica nula. De acordo com o modelo de Bohr, citado acima, os elétrons orbitam em torno do núcleo graças à ação da força eletromagnética. Tudo se encaixaria perfeitamente não fosse uma questão simples, mas fundamental: as mesmas forças eletromagnéticas que mantêm os elétrons em volta do núcleo devem causar uma violenta repulsão entre os prótons dentro do núcleo, já que estes ocupam um volume muito menor que o átomo como um todo. A resposta óbvia é que prótons e nêutrons devem sentir dentro do núcleo uma força suficientemente forte para evitar a repulsão entre os prótons e ao mesmo tempo esta força deve ser de curto alcance, ou seja, deve agir apenas para dis- 12

13 tâncias da ordem do tamanho do núcleo, já que elas são imperceptíveis no nosso dia-a-dia do mundo macroscópico, ao contrário do que ocorre com as forças eletromagnéticas, de longo alcance e responsáveis por toda a estrutura molecular que constitui a matéria tangível. Átomo Núcleo Elétron Nêutron Próton Figura 1.2: O átomo e seus constituintes principais. Nesta altura, já se conhecia o papel que o fóton ou quantum de energia eletromagnética, possuía dentro de nossa compreensão das forças eletromagnéticas. De fato, de acordo com a concepção moderna do conceito de força, cada uma das interações básicas da natureza se manifesta através da troca entre partículas (ou campos) conhecidas como bósons de gauge. No caso da força eletromagnética, o fóton é o bóson de gauge correspondente e pode ser visto como uma espécie de mediador da força eletromagnética (ou partícula transportadora de força) sentida por duas partículas eletricamente carregadas. Assim, dois elétrons a uma dada distância um do outro, interagem por que estão constantemente trocando fótons entre si. Em 1934, baseado nesta mesma idéia, Yukawa propôs a existência de uma nova partícula capaz de fazer esta mesma mediação para o caso da força nuclear ou força forte. Yukawa previu inclusive a massa que tal partícula deveria ter e a chamou de méson. Aproximadamente 10 anos mais tarde, mais precisamente em 1946, o méson de Yukawa foi detectado experimentalmente e verificou-se que sua massa era de fato muito próxima ao valor estimado por ele. Surgia assim a primeira teoria para a força forte. Atualmente, o méson de Yukawa é conhecido como méson ou simplesmente pion, e de lá para cá mais de algumas dezenas de tipos diferentes de mésons foram observados experimentalmente. No caso do pion, sua determinação experimental foi fei- Os quais serão apresentados mais adiante para cada uma das quatro forças fundamentais da natureza. No caso, se repelem. Introdução 13

14 ta usando-se uma técnica de observação dos chamados raios cósmicos, que chegam constantemente ao nosso planeta provenientes do espaço. A seguir leia o texto César Lattes e seu maior feito, extraído do site da web uol.com.br/materia/ view/1606. É importante lembrar o papel que o físico brasileiro César Lattes teve nesta descoberta. Mais recentemente, a observação de mésons pode ser feita com o auxílio de grandes aceleradores de partículas, através de reações nucleares produzidas a altas energias. As técnicas empregadas nestes grandes aceleradores modernos não são fundamentalmente muito diferentes da técnica empregada no experimento pioneiro de Rutherford, embora a tecnologia usada hoje seja bem mais sofisticada. César Lattes e seu maior feito: Assim que se formou, Lattes trabalhou com física teórica na Universidade de São Paulo (USP). Mas essa área o enfastiava, e ele decidiu se dedicar à física experimental. Em 1946, após dois anos de USP, ele se convidou para trabalhar na Universidade de Bristol, na Inglaterra, onde já estava o físico italiano Giuseppe Occhialini, que ele havia conhecido no Brasil. O pedido foi aceito, e, em sua passagem pela Europa, ele realizaria o maior feito de sua carreira: a descoberta do méson pi. Lattes zarpou para a Europa no primeiro cargueiro que saiu depois da Segunda Guerra Mundial. Foram 40 dias de uma dura viagem: ele dormia no porão, sobre uma tábua, e a cerveja acabou na primeira semana, para seu desespero. Lattes encontrou um país devastado pela guerra. Em Bristol, o laboratório ficava isolado: tudo em volta havia sido bombardeado. Mesmo a comida era pouca, e o brasileiro não tinha com que gastar seu dinheiro. Assim, a subvenção mensal de 60 dólares, que recebia da fábrica de cigarros que patrocinava seu laboratório, bastava-lhe. No laboratório, Occhialini pesquisava novas partículas em um acelerador sob o comando do britânico Cecil Powell. Lattes propôs que substituíssem o acelerador por raios cósmicos, que continham muito mais energia. Essa radiação poderia registrar rastros das partículas em chapas fotográficas com bórax, um composto do elemento químico boro. As chapas, chamadas de emulsões nucleares, deveriam ser depositadas em regiões de grande altitude, em que a incidência de raios cósmicos é maior. 14

15 Nessa ocasião, Occhialini estava indo passar férias nos Pirineus, uma cadeia montanhosa européia. Lattes pediu-lhe que levasse algumas das novas chapas. De volta a Bristol, a surpresa: duas marcas eram as primeiras provas da existência do méson pi. Essa partícula havia sido prevista em 1935 pelo japonês Hideki Yukawa, e os físicos esperavam encontrá-la havia doze anos. Mas as evidências de Occhialini ainda não eram suficientes. Se as chapas fossem expostas em um lugar mais alto, poderia haver um maior número de marcas que confirmariam a descoberta. Lattes teve a idéia de fazer o experimento no monte Chacaltaya, nos Andes bolivianos, a metros de altitude. Deixou as chapas na Bolívia e, um mês depois, quando voltou para buscá-las, encontrou as evidências definitivas. Desta vez, havia cerca de 30 marcas. Radiante, Lattes voltou para Bristol, e foi enviado por Powell a um simpósio em Birmingham para apresentar a descoberta. Alguns cientistas contestaram os resultados, mas o suporte do dinamarquês Niels Bohr, um dos maiores físicos da época, pesou na sua aceitação pela comunidade científica. Bohr acreditou na descoberta e convidou Lattes para dar dois seminários. Na mesma época, a revista inglesa Nature publicou um artigo do brasileiro sobre o assunto. O feito inscrevia definitivamente na história da Física os nomes de Cesar Lattes e da equipe de Cecil Powell. As partículas que interagem entre si através da chamada força forte são genericamente conhecidas como Hádrons. Os mésons se enquadram nesta classificação assim como os chamados bárions. São exemplos de bárions o próton e o nêutron, mas existem outros menos conhecidos, dos quais falaremos adiante. Como também veremos, os mésons como os bárions têm uma origem comum, porém se enquadram de forma diferente em uma outra classificação das partículas da natureza. Segundo esta outra classificação, proveniente de um princípio fundamental da Mecânica Quântica conhecido como Princípio de Exclusão de Pauli, as partículas podem ser bósons ou férmions. Assim, enquanto os mésons se comportam como bósons, os bárions têm todas as características de férmions. Outro exemplo importante de um férmion é o elétron. De acordo com o Princípio de Pauli, dois férmions não podem ocupar o mesmo estado quântico em um sistema, enquanto que dois bósons podem fazê-lo. Este fato, entretanto, é uma observação mais geral relacionada ao comportamento das partículas da natureza e que nada tem a ver com as características das forças que agem entre elas. Desta forma, embora mésons e bárions se comportem de forma diversa no que se refere ao Princípio de Exclusão, ambas interagem via o mesmo tipo de força. Introdução 15

16 Vamos voltar um pouco agora à década de Nesta época, Paul Dirac desenvolveu uma teoria para o elétron, incorporando à Mecânica Quântica as idéias introduzidas por Einstein em sua Teoria da Relatividade Restrita. Como resultado desta teoria, Dirac obteve o resultado surpreendente de que, mesmo para um elétron livre, sua energia poderia ser negativa. Dirac tentou na época encontrar uma interpretação satisfatória para este resultado, e suas idéias acabaram evoluindo para o conceito de antipartícula. Colocando de forma simplificada, podemos dizer que as soluções de energia negativa encontradas por Dirac correspondem na verdade a soluções de energia positiva não para o elétron, mas para uma outra partícula com exatamente a mesma massa, porém com carga positiva. Esta seria, então, o antielétron, ou pósitron (e + ), como foi posteriormente conhecido. Acontece que, em 1933, uma partícula com exatamente estas características foi encontrada, reforçando, conseqüentemente, esta interpretação. Quando um elétron é colocado em presença de um pósitron, as duas partículas se transformam em um fóton com energia pelo menos igual à soma das energias de repouso das duas, e dizemos que houve uma aniquilação elétron-pósitron. Mas a teoria desenvolvida por Dirac pode ser aplicada sem maiores problemas a outras partículas do tipo férmion, como o próton e o nêutron. Desta forma podemos imediatamente concluir que a toda partícula do tipo férmion deve corresponder sua antipartícula, fato que foi sendo comprovado com o passar do tempo. Na década de 1960, o número de partículas ditas elementares (e suas antipartículas) era tão grande que os Físicos começaram a realizar uma classificação das mesmas segundo suas propriedades conhecidas, similar à classificação feita para os elementos químicos conhecidos um século antes e que culminou na famosa Tabela Periódica dos elementos. Na época também já se sabia que, em experimentos realizados através do bombardeio de elétrons de alta energia em núcleos leves como o hidrogênio e o deutério, o próton e o nêutron não devem ser de fato partículas elementares e, portanto, devem ser dotados de uma estrutura interna. Tais evidências associadas à classificação citada levaram à hipótese de que os hádrons fossem de fato compostos por partículas ainda mais elementares e que receberam o nome de quarks. Um experimento muito semelhante ao realizado por Rutherford foi então realizado. Neste caso, ao invés de partículas alfa, provenientes de um elemento radioativo, foi usado um feixe de elétrons acelerado em um poderoso acelerador, o qual bombardeava um alvo de prótons (núcleo do átomo de hidrogênio). Uma vantagem importante da utilização de elétrons ao invés de partículas alfa é que os primeiros interagem com os hádrons principalmente através da força eletromagnética que, por ser bem menos intensa que a força 16

17 forte dentro do alvo, permite uma observação do mesmo sem causar grandes distúrbios em sua estrutura original, enquanto que a partícula alfa, que na verdade corresponde ao núcleo do átomo de Hélio, interage tanto via força eletromagnética quanto via força forte ao se aproximar o suficiente de um alvo hadrônico. Uma análise muito semelhante à realizada por Rutherford (e que levou à conclusão da existência do núcleo do átomo) destes experimentos com feixes de elétrons concluiu de forma inequívoca que o próton é formado por partículas puntuais (sem estrutura interna): seriam os quarks previstos anteriormente. A princípio, para explicar a diversidade de mésons e bárions conhecidos era necessário admitir a existência de três tipos diferentes de quarks (ver figura 1.3), mas logo este número aumentou para seis, tendo o último deles apresentado pela primeira vez uma evidência experimental em um experimento realizado há pouco mais de dez anos. Assim, podemos dizer que todos os hádrons conhecidos são formados por quarks, os quais podem existir em apenas seis tipos diferentes. Esta foi uma simplificação espetacular se levarmos em conta que, entre mésons e bárions, temos um número que chega a mais de uma centena de partículas conhecidas. Figura 1.3: Os Quarks Antes de terminarmos esta Introdução, somos obrigados a voltar no tempo e lembrar que o fenômeno da Radioatividade, descoberto ao final do século XIX, se apresenta principalmente em três formas mais conhecidas: radioatividade alfa, beta e gama. A primeira, como já dissemos, corresponde à emissão de núcleos do átomo de Hélio. A radioatividade gama nada mais é que a emissão de energia eletromagnética quantizada, ou seja, fótons de uma determinada energia característica a proces- Introdução 17

18 sos internos ocorridos no núcleo. Já a radioatividade beta pode aparecer em forma de partículas de carga positiva ( + ) ou de carga negativa ( ). Após a descoberta do pósitron, sabia-se que a + correspondia à emissão de pósitrons a partir de algum tipo de processo ocorrido no núcleo, enquanto que a correspondia à emissão de elétrons. O problema com este tipo de reação é que nem a energia nem o momento total eram conservados a partir da observação das partículas envolvidas e detectadas no processo. Na época, alguns Físicos famosos chegaram a admitir que a Conservação da Energia e do Momento não deveriam ser princípios gerais da natureza. Para tentar salvar a situação, o alemão Wolfgang Pauli sugeriu que deveria existir uma outra partícula participante do processo e que não era detectada. Tal partícula deveria ter carga nula e massa zero (ou muito próxima disso). Na verdade, partículas com massa zero e sem carga já eram conhecidas: é o caso do fóton. A novidade é que esta outra partícula, proposta por Pauli e que recebeu a denominação de neutrino, deveria ser um férmion, enquanto o fóton é um bóson. O físico italiano Enrico Fermi apostou na hipótese de Pauli e formulou uma teoria para o decaimento. Segundo esta teoria, tal processo, embora ocorra dentro do núcleo, não deve ter sua origem na força forte, mas sim em outro tipo de interação, que ficou conhecida como força nuclear fraca ou mais genericamente como força fraca, já que ela não precisa ocorrer necessariamente dentro do núcleo, como observado posteriormente. Embora Pauli tenha postulado a existência do neutrino na década de 1930 e a teoria de Fermi tenha sido desenvolvida na década de 1940, somente em 1956 o neutrino foi pela primeira vez observado experimentalmente, de forma indireta porém irrefutável. Sabe-se hoje que os neutrinos, assim como a força fraca, têm um papel importante em vários processos da natureza tanto do ponto de vista das partículas elementares como em vários fenômenos astrofísicos. Só para citar um exemplo, temos a explosão de uma supernova, em que uma estrela, ao atingir determinadas condições, emite uma grande quantidade de neutrinos, passando a sofrer, como conseqüência, um processo de colapso, devido ao desbalanço entre a força gravitacional e outras forças internas. Esta explicação foi dada pela primeira vez pelo eminente físico brasileiro, Mário Schenberg, e foi batizada de efeito URCA por um importante colega seu (G. Gamow), em uma visita ao morro da Urca no Rio de Janeiro, no qual havia um cassino à época. Segundo ele, na explosão de uma supernova a energia no interior da estrela sumiria tão rapidamente com a emissão dos neutrinos, como o dinheiro dos visitantes sumia nas mesas do cassino. Uma das grandes discussões da última década do século XX foi se o neutrino tem ou não massa e as conseqüências deste fato. As 18

19 evidências são todas no sentido de que o neutrino tem massa, embora não tenha ainda sido possível determiná-la exatamente. O conhecimento atual sobre as partículas elementares permite formular um modelo conhecido como Modelo Padrão. Nele, como discutiremos com um pouco mais de detalhes adiante, todos os hádrons são formados por seis tipos diferentes de quarks. Além disso, o elétron e o neutrino são parte de uma outra família conhecida como Léptons. O fóton, por sua vez, pertence a uma categoria de partículas chamadas bósons de calibre (gauge) ou partículas mediadoras. Neste modelo, os hádrons podem interagir entre si através das forças eletromagnética, forte e fraca enquanto que os léptons só interagem via forças fraca e eletromagnética. O neutrino, por sua vez, só interage via força fraca. E quanto à força gravitacional? Bem, esta, embora seja uma das mais importantes no nosso dia-a-dia, ainda não faz parte deste modelo, mesmo que existam tentativas de incluí-la, ou seja, várias tentativas de unificação com as demais forças. No próximo capítulo vamos apresentar e discutir algumas das principais propriedades do núcleo atômico, assim como alguns fenômenos importantes relacionados com a estrutura nuclear. É o que chamamos de Física Nuclear de baixa energia, em que apenas o próton e o nêutron apresentam um papel importante na discussão dos fenômenos envolvidos. No capítulo seguinte discutiremos alguns processos onde os mésons e outras partículas mais exóticas passam a ter um papel relevante e apresentaremos de forma mais completa o Modelo Padrão citado acima, assim como algumas de suas conseqüências para o nosso entendimento atual da natureza. No capítulo 4, mostraremos a conexão da Física Nuclear e da Física de Partículas com a Astrofísica. Introdução 19

20 Resumo Vimos que tanto o experimento de Rutherford de 1911 quanto experimentos bem mais recentes realizados ao longo do século XX têm em comum o mesmo tipo de interpretação dos resultados: no primeiro caso, a descoberta do núcleo e posteriormente de suas partículas constituintes (próton e nêutron); no segundo, a descoberta dos quarks como os tijolos fundamentais para a construção da matéria. Além disto, apresentamos outras partículas fundamentais da natureza, como os neutrinos e os chamados bósons de calibre. A contribuição de dois notáveis físicos brasileiros ao tema foi também rapidamente apresentada. 20

21 2 O Núcleo Atômico

22

23 2 O Núcleo Atômico Neste capítulo discutiremos algumas propriedades do núcleo atômico, como a massa, suas dimensões, densidade, e como é possível obter experimentalmente tais propriedades. Além disso, também iremos apresentar e discutir uma das mais importantes manifestações do núcleo, a Radioatividade, a qual é vista em suas formas historicamente mais importantes, assim como os fenômenos de fissão e fusão nuclear. 2.1 Composição e propriedades gerais Neste Capítulo apresentaremos e discutiremos algumas propriedades e características do núcleo atômico, supondo que seus constituintes fundamentais sejam o próton e o nêutron. Costuma-se chamar estas duas partículas simplesmente de núcleons. É comum diferenciar o próton e o nêutron por um número quântico inventado em analogia ao spin e que é conhecido como isospin. Tal número quântico, no 1 caso dos núcleons, é definido como sendo I = e possui duas projeções possíveis (lembrando mais um vez da analogia com o spin do 2 elétron): I I =+ próton e 2 1 = nêutron. 2 Assim, a diferença entre os dois tipos de núcleons fica estabelecida pela projeção de seu isospin, de maneira análoga a dois elétrons no mesmo orbital quântico de um átomo, que ficam diferenciados pela sua projeção de spin. Podemos associar o isospin à carga do núcleon, assim como a outras propriedades. Como o conceito de isospin pode ser estendido a outras partículas, vamos deixar esta discussão mais detalhada para quando formos apresentar o Modelo Padrão das partículas elementares. Na verdade, a forma que usamos para descrever um núcleo depende basicamente da faixa de energia em que o fenômeno estudado ocorre, ou seja, como o núcleo atômico é investigado principalmente através de sua interação com outras partículas de dimensões semelhantes ou O Núcleo Atômico 23

24 ainda menores. Dependendo da energia destas partículas, os detalhes da estrutura nuclear se revelam de forma mais ou menos detalhada. Para energias da ordem de alguns poucos milhões de elétron-volts ( ev ), é suficiente uma descrição baseada nestes dois tipos de partículas apenas. Se aumentarmos esta faixa de energia de aproximadamente cem vezes, graus de liberdade associados ao aparecimento de mésons podem começar a ficar importantes; e, se subirmos ainda mais em energia (de um fator 1000 ou mais) teremos que recorrer provavelmente a uma estrutura mais fundamental, como a dos quarks, dos quais falaremos mais adiante. Inicialmente, vamos definir algumas ordens de grandeza características. O raio nuclear é uma grandeza bem conhecida atualmente e 13 seu valor varia entre aproximadamente 2 e 6 10 cm. Costuma-se definir a quantidade: cm 1 fm( fermi) =. Por outro lado, as energias envolvidas na maior parte dos processos que ocorrem dentro do núcleo é da ordem de alguns MeV, em que: MeV = 10 ev 1, 6 10 J. No entanto, unidades como cm e g, embora nos dêem uma idéia de ordem de grandeza quando comparamos a dimensões do nosso dia-a-dia, não são muito úteis na escala nuclear. Claro que esta é uma estimativa bastante grosseira, e cálculos mais elaborados mostram que a energia cinética média de um núcleon dentro do núcleo chega a ser de aproximadamente 20 MeV. Assim, pode-se dizer que o núcleo é cerca de 1000 vezes menor que um átomo, enquanto que a energia associada ao primeiro é um milhão de vezes maior. Outro dado importante é a massa dos constituintes nucleares. O próton e o nêutron têm uma massa bem parecida, da ordem de g. Por exemplo, é muitas vezes conveniente expressar a massa em termos de seu equivalente em energia ou energia de repouso usando a conhecida relação massa-energia E = mc, sendo c 2 a velocidade da luz no vácuo. Daqui em diante usaremos os termos massa e energia de repouso de forma indistinta. Desta forma, temos os valores 939,566 MeV e 938,272 MeV para as massas de repouso respectivamente do nêutron e do próton. Uma outra forma comum de expressar as massas do próton e do nêutron é através da unidade de massa atômica ( uma... ou simplesmente u ), cujo equivalente em energia é 1u = 931, 494MeV. Estes valores podem ser empregados para uma estimativa da velocidade de um núcleon dentro do núcleo, ou seja: 2 2T 2Tc 2 1 v= = = c, 2 m mc 939 onde T = 1MeV é a energia cinética. Portanto, v 0,05 c. 24

25 Isto significa que podemos, em primeira aproximação, tratar seu movimento sem fazer uso das chamadas correções relativísticas. Ainda usando estes dados, pode-se calcular o chamado comprimento de onda de de Broglie associado ao núcleon, o qual é dado por: = h hc mv =, 2 2mc T onde h é a constante de Planck. Utilizamos acima a constante hc = 1240MeV.fm. Tomando ainda nossa melhor estimativa para a energia cinética do núcleon como sendo 20 MeV, temos finalmente que 6,5 fm. Mas este número é bastante próximo de um raio nuclear típico. Agora, sabemos que uma condição para que os efeitos quânticos sejam importantes na descrição do movimento de um sistema é que o comprimento de onda de de Broglie associado às partículas que formam este sistema seja da mesma ordem que as dimensões do mesmo. Assim, concluímos que o núcleo é um objeto cuja estrutura deve ser obtida a partir dos princípios básicos estabelecidos pela Mecânica Quântica. Usamos unidades de MeV para a energia e fm para distância. A melhor oportunidade que temos de observar a estrutura de um objeto microscópico como o núcleo é através de experimentos de espalhamento, do tipo utilizado no trabalho pioneiro de Rutherford. A idéia consiste em preparar um feixe de partículas com energia conhecida, as quais podem ser facilmente aceleradas se as mesmas possuírem carga elétrica (como a partícula ou um elétron). Tal feixe incide sobre um alvo conhecido e mede-se, então, a razão entre o número de partículas espalhadas por unidade de tempo em uma dada direção e o fluxo de partículas incidentes. Isto é o que chamamos de secção de choque diferencial ou simplesmente secção de choque. A secção de choque pode, por sua vez, ser calculada usando técnicas dadas pela Mecânica Quântica, utilizando-se de algum tipo de modelo para descrever o alvo (no caso, o núcleo) ou pode ser escrita em termos de alguns parâmetros fisicamente escolhidos, os quais são, então, ajustados para reproduzir a secção de choque experimental. Foi esta a técnica usada por Rutherford e que o levou à conclusão da existência do núcleo, já que ele sabia como obter a secção de choque teórica a partir da colisão entre duas partículas eletricamente carregadas. O Núcleo Atômico 25

26 Ver por exemplo Mecânica, Curso de Física de Berkeley, vol 1, em problemas do Capítulo 15. Obtida do espalhamento entre duas partículas eletricamente carregadas e que interagem através da força de Coulomb. À época de Rutherford, a secção de choque era calculada usando Mecânica Clássica, porém os experimentos mais modernos precisam ser interpretados à luz de cálculos usando os princípios da Mecânica Quântica. Curiosamente, a chamada secção de choque de Rutherford fornece exatamente o mesmo resultado se usarmos Mecânica Clássica ou Quântica para obtê-la, e assim a interpretação original de Rutherford estava rigorosamente correta. Naquele caso, a energia da era da ordem de alguns poucos MeV, ou seja, um comprimento de onda de de Broglie em torno de 6 a 7 fm. Se queremos no entanto saber mais do que simplesmente a existência ou tamanho aproximado do núcleo, devemos diminuir o comprimento de de Broglie, ou seja, aumentar a energia do feixe incidente de forma que seja ainda menor que as dimensões do sistema estudado. Tudo funciona como no caso de uma onda eletromagnética (luz visível, por exemplo) incidindo sobre uma fenda. Se o comprimento de onda for muito maior que as dimensões da fenda, os efeitos de difração (espalhamento) serão imperceptíveis ao observador. Se tal comprimento de onda, porém, tiver as dimensões da fenda, a difração será facilmente observada, e, se diminuirmos ainda mais o comprimento de onda, poderemos ser capazes de reconstruir os detalhes da fenda, como sua forma por exemplo. Exemplo 1: Qual deve ser a energia de um elétron se quisermos estudar a estrutura interna de um próton através do espalhamento entre ambos? Ver o site para mais detalhes. Para tentar responder esta pergunta, vamos reformulá-la: qual a energia a que um elétron pode ser acelerado com a tecnologia atual? Nos Estados Unidos existe um acelerador conhecido como Jefferson Lab que pode acelerar elétrons a uma energia final de até 4GeV, ou seja, 9 4 bilhões de elétron-volts ( 1GeV = 10 ev ). A esta energia o elétron, que possui massa de repouso de aproximadamente 0,5 MeV, viaja à velocidade v c. Portanto devemos escrever para a relação entre sua energia e o momento p : E = ( pc) + mec, de onde obtemos: pc 4000 MeV. 26

27 Para o comprimento de onda de de Broglie associado do elétron teremos então: = h hc ,3 fm p = pc = Isto significa que elétrons a esta energia são sensíveis a estruturas tão pequenas quanto algo da ordem de 0,3 fm. Já desde meados da década de 1950 sabia-se que o próton é um objeto de raio aproximadamente igual a 0,5 fm. De fato, como comentamos na Introdução, a estrutura de quarks do próton foi detectada pela primeira vez em um experimento de espalhamento de elétrons. Atualmente esta continua sendo uma técnica bastante útil para aprendermos a respeito da estrutura interna do núcleon e outras partículas com dimensões semelhantes. Entre as décadas de 1960 a 1980 foi realizada uma série de experimentos em que elétrons eram acelerados até atingirem energias da ordem de centenas de MeV e então eram postos a colidir com vários tipos de alvos, do Hidrogênio até o Chumbo. Pelas razões acima expostas, nesta faixa de energia os elétrons sentem exclusivamente a estrutura interna do núcleo, e uma análise cuidadosa das secções de choque medidas neste tipo de processo levou à conclusão de que, ao longo de toda a tabela periódica, a densidade nuclear média praticamente não varia de núcleo para núcleo. Em outras palavras, se tentamos aumentar o número de núcleons dentro do núcleo, seu volume aumenta na mesma proporção, o que significa que o núcleo tem uma compressibilidade muito baixa, se não nula. O valor encontrado para 3 esta densidade média foi 0,153 nucleons / fm. Para se ter uma idéia, lembrando da massa de um núcleon em g e do fator de transformação de fm para cm, chegamos a uma densidade cuja ordem 14 3 de grandeza é 10 g / cm. Se lembrarmos que a densidade média de 3 nosso planeta é de aproximadamente 5 g / cm, vemos que o núcleo é um objeto extremamente denso, contendo partículas que interagem fortemente entre si e, por esta razão, um sistema bastante complexo. Cada uma das espécies nucleares (ou tipos diferentes de núcleos) conhecidas, seja ela natural ou artificialmente produzida, é caracterizada pelo número de nêutrons N e número de prótons (ou número atômico) Z. Na verdade, costuma-se caracterizar a espécie nuclear pelo seu nú- O Núcleo Atômico 27

28 Corresponde ao decaimento ou transformação em outras espécies através da emissão de certas partículas. mero Z e pela soma A= Z + N, também conhecida como número de massa ou simplesmente número de núcleons. É possível encontrarmos espécies nucleares com mesmo A porém Z diferentes, cujos núcleos correspondentes são chamados de núcleos isóbaros. Por outro lado, núcleos com mesmo Z e valores de A diferentes são chamados de isótopos. Embora não seja a única empregada na literatura, usaremos aqui a notação A X para indicar um certo tipo de núcleo (ou espécie nucle- Z ar), onde X representa o símbolo do elemento químico correspondente. Podemos ainda usar simplesmente o par de números ( Z, A). A figura 1.3 mostra as espécies nucleares conhecidas em função dos seus números de prótons e nêutrons. Observe que à medida que o número de núcleons aumenta existe uma tendência do número de nêutrons ficar progressivamente maior que o número de prótons. Este fato se deve ao aumento da repulsão coulombiana dentro do núcleo (devido ao aumento do número de prótons), que passa então a competir com a interação nuclear atrativa. Aliás, esta competição é em grande parte responsável por fenômenos de instabilidade nuclear, como a instabilidade e a fissão nuclear. No entanto, esta não é a única razão para que várias espécies nucleares sejam instáveis, fenômeno do qual falaremos a seguir. Figura 2.1 (Fonte: Figura retirada do site A figura 2.1 apresenta espécies nucleares conhecidas, onde Z cresce na vertical (de baixo para cima) e N cresce na horizontal (da esquerda para a direita). Os pontos em preto representam os núcleos considerados estáveis e as demais tonalidades aqueles que são instáveis, sendo cada tonalidade atribuída a uma determinada faixa de instabilidade (tempo médio de vida do núcleo). 28

29 2.2 Radioatividade Pode-se dizer que o estudo do decaimento radioativo de alguns elementos pesados (como o Urânio) corresponde ao nascimento da Física Nuclear. Por razões históricas costuma-se classificar a radioatividade em três tipos principais, conhecidos como radioatividade, e. No entanto, em muitos processos de decaimento radioativo importantes ocorre emissão de outras partículas como prótons, nêutrons e até mesmo partículas mais pesadas, como núcleos leves. Neste ponto, deve-se distinguir o que se costuma chamar na literatura de núcleos leves ( A < 20 ), núcleos médios ( 20 < A < 70 ) e núcleos pesados ( A > 70 ). Núcleos de elementos com Z > 92 são chamados de transurânicos, tendo-se até o momento conhecimento de núcleos com Z 115, alguns dos quais são produzidos artificialmente em laboratório. A radioatividade consiste em um fenômeno no qual o núcleo emite partículas provenientes de sua estrutura original ou que são criadas por algum tipo de transformação ocorrida nesta estrutura. radioatividade é um fenômeno nuclear bastante estudado e tem hoje em dia uma série de aplicações A (industriais, médicas, geração de energia etc..), porém não é nosso objetivo aqui dar ênfase a tais aplicações e sim dar uma idéia de como e por que ocorre o fenômeno. Assim, seguiremos a ordem histórica e discutiremos os três tipos de radiações citadas acima, até porque outros efeitos radioativos podem ser compreendidos a partir destes três. Radioatividade : Como vimos, o núcleo é um sistema quântico, ou seja, deve ser descrito pelas leis da Mecânica Quântica. Isto significa que os estados ligados do sistema possuem um espectro discreto de energia. Assim, se o núcleo sofrer algum tipo de perturbação externa (com a energia correta ), ele pode ser excitado a algum de seus estados possíveis. No entanto, o tempo de vida do sistema neste estado excitado é limitado e o mesmo acaba por decair para estados de menor energia e eventualmente para seu estado fundamental. Ao fazer isto, o núcleo pode emitir (ver figura 2.2) o excesso de energia adquirida em forma de energia eletromagnética: isto é o que chamamos de radiação. O Núcleo Atômico 29

30 Na verdade, é o mesmo processo que ocorre na emissão dos chamados raios X (energia na faixa de ev), no caso atômico. Só que agora, como as energias estão na faixa de MeV, a freqüência da radiação é correspondentemente muito maior. A estrutura interna do núcleo, como dissemos anteriormente, é um intrincado sistema de grande densidade de prótons e nêutrons interagindo através de uma força forte. Um determinado núcleo pode emitir radiação indo desde algumas poucas centenas de kev até dezenas de MeV. Os valores exatos das energias emitidas dependem da estrutura interna do núcleo. 152 Dy 66 Antes Decaimento Gama Depois 152 Dy 66 (raio gama) fóton Figura 2.2: Emissão de radiação γ por um núcleo em um estado excitado. Radioatividade : Uma partícula nada mais é do que um núcleo He, o qual é emitido por um núcleo mais pesado. O processo de 4 2 pode ser genericamente representado pela reação nuclear: A X Y + He. Z A 4 4 Z 2 2 Mas por que razão um determinado núcleo emite, muitas vezes de forma espontânea, um núcleo de Hélio? Para respondermos completamente a esta pergunta temos que novamente nos reportar à estrutura interna detalhada dos núcleos X e Y. No entanto, podemos entender como a emissão deve ocorrer, usando um modelo simples e que leva em conta as características básicas das forças nuclear e eletromagnética. (partícula alfa) Decaimento Alfa 263 Sg Rf He 2 Antes Depois Figura 2.3: Exemplo de decaimento alfa no núcleo. 30

31 Antes de mais nada devemos definir o valor Q de uma reação como sendo a diferença entre a massa total dos reagentes e a massa total dos produtos da reação. Na verdade, devemos entender esta diferença de massa (ou seu equivalente em energia) lembrando sempre da relação massa-energia de Einstein. Se Q > 0, uma parte da massa das partículas iniciais do processo é transformada em energia, a qual é em geral liberada em forma de energia cinética das partículas finais. Se por outro lado Q < 0, uma parte da massa é agora transformada em energia que é então absorvida para a formação dos produtos finais. Por esta razão, é preferível definir o valor Q em termos da energia de repouso dos participantes da reação. Desta forma, na reação de decaimento representada acima, o chamado valor Q da mesma deve ser positivo para que o processo possa ocorrer espontaneamente, ou seja, Q M M M c 2 = ( X Y a ), onde M a representa a massa nuclear correspondente. Podemos agora pensar no núcleo X (também chamado de núcleo pai no decaimento) como sendo originalmente formado por duas partes que interagem entre si: o núcleo Y ( ou núcleo filho) e a partícula. Sabemos que a pequenas distâncias entre as duas partes (alguns poucos fermis) a força nuclear domina, porém a partir de distâncias pouco maiores a força forte vai rapidamente a zero e apenas a repulsão coulombiana entre as partes existe. A figura 2.4 ilustra esquematicamente este comportamento para o potencial entre o núcleo Y e a. Podemos pensar neste como sendo o potencial que a partícula sente na presença do núcleo filho. Suponha agora que a tenha uma energia cinética igual a Q+ V0, onde V 0 representa a profundidade do poço de potencial nuclear. Classicamente ela pode então estar nas regiões a ou c mostradas na figura 2.4, mas não pode passar de uma região para outra. De acordo com a Mecânica Quântica no entanto existe uma probabilidade de vazamento ou tunelamento através da região b. Na verdade, esta possibilidade nos diz que, mesmo que a tenha a energia cinética correta, ou seja, o valor Q seja positivo, a emissão da mesma por um núcleo não é imediata, e o quão rápida ou lenta vai ser a emissão vai então depender da estrutura detalhada dos núcleos pai e filho. Por exemplo, cálculos elaborados mostram que no caso do 238 U 92, um núcleo -instável, a partícula precisa em 21 média de 10 tentativas por segundo, ou seja, atingir a parede 21 9 da barreira de potencial 10 vezes por segundo durante 10 anos para escapar. Na prática é mais conveniente definir uma meia-vida para o núcleo -instável, ou seja, dada uma amostra do material radioativo, a meia-vida é o tempo para que metade do material ori- É importante estabelecermos aqui a diferença entre meia-vida e vida-média. Imagine que se queira acompanhar um grupo de pessoas nascidas no mesmo dia. Diremos que a vida-média do grupo corresponde à média aritmética da idade que estas pessoas atingem até sua morte. Já a meia-vida é o tempo que se passou para que metade do número inicial de pessoas no grupo tenha morrido. Naturalmente, os conceitos de meia-vida e vidamédia podem ser usados tanto no decaimento α como em outros processos radioativos. O Núcleo Atômico 31

32 ginal decaia. Quanto maior a probabilidade de tunelamento, portanto, menor será a meia-vida do elemento. Assim, para o caso do Th 90 a meia-vida para emissão é de 4 10 s, enquanto que para o Th 90 é de apenas 10 segundos. V(r) (MeV) Q a b c V o r (fm) Figura 2.4: Modelo para o potencial entre o núcleo-filho e uma partícula α. Na figura 2.4, o valor Q foi escolhido arbitrariamente em 10 MeV e V 0 = -40 MeV, o qual é um valor médio para a profundidade do potencial nuclear dentro do núcleo. Partícula cuja existência foi proposta para salvar as principais leis de conservação da Física. Radioatividade : Como dissemos na Introdução, a radioatividade foi de extrema importância para a descoberta do neutrino. Esta idéia evoluiu posteriormente para uma teoria baseada na existência de uma quarta força fundamental da natureza, batizada de força fraca. Assim, a emissão da radiação pelo núcleo, embora ocorra com a participação de prótons e nêutrons, não tem sua origem na mesma força que mantém os núcleons ligados no núcleo. São três as principais reações neste caso: n p+ e +, p n+ e +, p + e n +, CE e + + e e Você verificará mais adiante, que existem outros dois tipos de neutrinos. Assim, a chamada radiação ocorre graças à transformação de um nêutron em um próton dentro do núcleo e a conseqüente emissão de um elétron e um antineutrino (antipartícula do neutrino ). Note que o sub-índice e está sendo usado para designar o neutrino do elétron. Já a radiação + ocorre devido à transformação de um próton em um nêutron com a emissão de um pósitron acompanhada e 32

33 de um neutrino. Observe que do ponto de vista energético, o segundo processo não é favorecido pois o nêutron tem uma massa ligeiramente maior que o próton. No entanto, se o núcleo como um todo adquirir uma configuração mais estável após o decaimento, o processo será energeticamente possível. Finalmente, a terceira reação mostrada é o que chamamos de captura de elétrons (CE), onde um elétron atômico é capturado por um próton nuclear, transformando-se em um nêutron através da interação fraca. Lembre da definição do Q da reação. É importante observar aqui que o fato do elétron (pósitron) aparecer como um produto do decaimento NÃO significa que existam elétrons (pósitrons) dentro do núcleo! Na verdade eles são criados no processo graças à intervenção da interação fraca, responsável pelo decaimento. O mesmo ocorre com os neutrinos (antineutrinos). A possibilidade de criação ou aniquilação de uma partícula (como ocorre com o elétron na CE), durante a interação entre partículas, é hoje um processo bem estabelecido tanto teórica como experimentalmente. Uma vez que no decaimento sempre ocorre a transformação de um próton em um nêutron ou vice-versa, pode-se observar uma série de decaimentos deste tipo entre núcleos isóbaros entre si. Desta forma, dada uma certa família de isóbaros, apenas um ou dois deles em geral serão estáveis contra decaimento. Pois, embora Z mude no decaimento, A permanece fixo. Beta C 14 7 N v e (elétron) e - 18 F 9 Antes Beta + 18 O 8 Depois v e e + (pósitron) Figura 2.5: Exemplos de decaimento beta no núcleo. Novamente vale lembrar que também neste tipo de decaimento o núcleo instável apresenta uma meia-vida, a qual será mais ou menos longa, dependendo de sua estrutura, embora o modelo usado no caso do decaimento não possa ser usado aqui, uma vez que o processo agora decorre da interação fraca. O Núcleo Atômico 33

34 Exemplo 2: Considere o par de núcleos isóbaros 135 Cs 55 e 135 Ba 56. Que tipo(s) de decaimento pode(m) ocorrer entre eles? Tabelas de massa atômica podem ser encontradas em alguns dos textos na Bibliografia ou em vários sites específicos (ver por exemplo bnl.gov). Decaimento β entre dois isóbaros do tipo Z Z + 1 corresponde ao decaimento +, enquanto se for do tipo Z Z 1, poderá ser ou CE. Para decidir qual deles ocorre neste caso, temos que obter o Q do decaimento, ou seja, as massas atômicas dos elementos acima. Encontramos neste caso os valores 134,905977u e 134, u respectivamente para o 135 Cs 55 e 135 Ba 56. Desta forma vemos que o valor Q só poderá ser positivo e, assim, o decaimento ocorrer, se for do tipo Z Z + 1. A reação pode, então, ser representada por: Cs Ba + e e Note-se, no entanto, que esta é uma reação envolvendo dois núcleos, e o que temos são as massas atômicas correspondentes. Poderíamos, em primeira aproximação, simplesmente desconsiderar os elétrons, já que sua massa é muito menor que a dos núcleons. Podemos, entretanto, fazer uma aproximação um pouco melhor escrevendo: M( Z, A) = M ( Z, A) M ( Z), A e A e onde M ( Z, A), M ( Z) correspondem às massas atômica e dos elétrons no átomo respectivamente. Assim, obtemos para o valor Q da reação acima: [ (55,135) (55)] [ (56,135) (56) ] Q= M M c M M + m c, 2 2 A e A e e onde a massa do (anti) neutrino foi desprezada. Obtemos assim: [ A(55,135) ] [ A(56,135) ] [ ] Q= M c M c 2 2 Q = 134, , , 479 0, 269MeV, onde o fator de transformação 1u = 931, 479MeV foi mais uma vez usado. Sugerimos agora que você procure no site da web o link Q-value Calculator para obter o valor Q do decaimento acima e comparar com o valor aqui obtido. Que aproximação foi feita no cálculo acima? 34

Juliana Cerqueira de Paiva. Modelos Atômicos Aula 2

Juliana Cerqueira de Paiva. Modelos Atômicos Aula 2 Juliana Cerqueira de Paiva Modelos Atômicos Aula 2 2 Modelo Atômico de Thomson Joseph John Thomson (1856 1940) Por volta de 1897, realizou experimentos estudando descargas elétricas em tubos semelhantes

Leia mais

O Princípio da Complementaridade e o papel do observador na Mecânica Quântica

O Princípio da Complementaridade e o papel do observador na Mecânica Quântica O Princípio da Complementaridade e o papel do observador na Mecânica Quântica A U L A 3 Metas da aula Descrever a experiência de interferência por uma fenda dupla com elétrons, na qual a trajetória destes

Leia mais

Física Quântica Caex 2005 Série de exercícios 1

Física Quântica Caex 2005 Série de exercícios 1 Física Quântica Caex 005 Questão 1 Se as partículas listadas abaixo têm todas a mesma energia cinética, qual delas tem o menor comprimento de onda? a) elétron b) partícula α c) nêutron d) próton Questão

Leia mais

MODELOS ATÔMICOS. Química Professora: Raquel Malta 3ª série Ensino Médio

MODELOS ATÔMICOS. Química Professora: Raquel Malta 3ª série Ensino Médio MODELOS ATÔMICOS Química Professora: Raquel Malta 3ª série Ensino Médio PRIMEIRA IDEIA DO ÁTOMO 546 a.c. Tales de Mileto: propriedade da atração e repulsão de objetos após atrito; 500 a.c. Empédocles:

Leia mais

grandeza do número de elétrons de condução que atravessam uma seção transversal do fio em segundos na forma, qual o valor de?

grandeza do número de elétrons de condução que atravessam uma seção transversal do fio em segundos na forma, qual o valor de? Física 01. Um fio metálico e cilíndrico é percorrido por uma corrente elétrica constante de. Considere o módulo da carga do elétron igual a. Expressando a ordem de grandeza do número de elétrons de condução

Leia mais

NOTAS DE AULAS DE FÍSICA MODERNA

NOTAS DE AULAS DE FÍSICA MODERNA NOTAS DE AULAS DE FÍSICA MODERNA Prof. Carlos R. A. Lima CAPÍTULO 5 PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DA MATÉRIA Primeira Edição junho de 2005 CAPÍTULO 5 PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DA MATÉRIA ÍNDICE 5.1- Postulados

Leia mais

c) A corrente induzida na bobina imediatamente após a chave S ser fechada terá o mesmo sentido da corrente no circuito? Justifique sua resposta.

c) A corrente induzida na bobina imediatamente após a chave S ser fechada terá o mesmo sentido da corrente no circuito? Justifique sua resposta. Questão 1 Um estudante de física, com o intuito de testar algumas teorias sobre circuitos e indução eletromagnética, montou o circuito elétrico indicado na figura ao lado. O circuito é composto de quatro

Leia mais

Hoje estou elétrico!

Hoje estou elétrico! A U A UL LA Hoje estou elétrico! Ernesto, observado por Roberto, tinha acabado de construir um vetor com um pedaço de papel, um fio de meia, um canudo e um pedacinho de folha de alumínio. Enquanto testava

Leia mais

478 a.c. Leucipo e seu discípulo Demócrito

478 a.c. Leucipo e seu discípulo Demócrito MODELOS ATÔMICOS 478 a.c. Leucipo e seu discípulo Demócrito - A matéria após sofrer várias subdivisões, chegaria a uma partícula indivisível a que chamaram de átomo. - ÁTOMO a = sem tomos = divisão - Esta

Leia mais

UM BREVE RELATO SOBRE A HISTÓRIA DA RADIAÇÃO CÓSMICA DE FUNDO

UM BREVE RELATO SOBRE A HISTÓRIA DA RADIAÇÃO CÓSMICA DE FUNDO UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA NÍVEL MESTRADO PROFISSIONAL RAMON MARQUES DE CARVALHO UM BREVE RELATO SOBRE A HISTÓRIA DA RADIAÇÃO CÓSMICA DE FUNDO PICOS

Leia mais

Exercícios Sobre Atomística - Início dos modelos atômicos I

Exercícios Sobre Atomística - Início dos modelos atômicos I Exercícios Sobre Atomística - Início dos modelos atômicos I 01. (Cftmg) O filme Homem de Ferro 2 retrata a jornada de Tony Stark para substituir o metal paládio, que faz parte do reator de seu peito, por

Leia mais

Radioatividade. Por Marco César Prado Soares Engenharia Química Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP 2013

Radioatividade. Por Marco César Prado Soares Engenharia Química Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP 2013 Radioatividade Por Marco César Prado Soares Engenharia Química Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP 2013 Dados históricos: Descoberta por Henri Becquerel. Em 1903, Rutherford e Frederick Soddy propuseram

Leia mais

Ivan Guilhon Mitoso Rocha. As grandezas fundamentais que serão adotadas por nós daqui em frente:

Ivan Guilhon Mitoso Rocha. As grandezas fundamentais que serão adotadas por nós daqui em frente: Rumo ao ITA Física Análise Dimensional Ivan Guilhon Mitoso Rocha A análise dimensional é um assunto básico que estuda as grandezas físicas em geral, com respeito a suas unidades de medida. Como as grandezas

Leia mais

AS LEIS DE NEWTON PROFESSOR ANDERSON VIEIRA

AS LEIS DE NEWTON PROFESSOR ANDERSON VIEIRA CAPÍTULO 1 AS LEIS DE NEWTON PROFESSOR ANDERSON VIEIRA Talvez o conceito físico mais intuitivo que carregamos conosco, seja a noção do que é uma força. Muito embora, formalmente, seja algo bastante complicado

Leia mais

Além do Modelo de Bohr

Além do Modelo de Bohr Além do Modelo de Bor Como conseqüência do princípio de incerteza de Heisenberg, o conceito de órbita não pode ser mantido numa descrição quântica do átomo. O que podemos calcular é apenas a probabilidade

Leia mais

Estão corretos: a) apenas I, II e V. b) apenas I, III e IV. c) apenas II, III e V. d) I, II, III, IV e V. e) apenas I, II, III, IV.

Estão corretos: a) apenas I, II e V. b) apenas I, III e IV. c) apenas II, III e V. d) I, II, III, IV e V. e) apenas I, II, III, IV. 1. (Ufpr 2014) As teorias atômicas vêm se desenvolvendo ao longo da história. Até o início do século XIX, não se tinha um modelo claro da constituição da matéria. De lá até a atualidade, a ideia de como

Leia mais

Ricardo Avelino Gomes 1

Ricardo Avelino Gomes 1 artigos Olhando o céu do fundo de um poço Ricardo Avelino Gomes 1 No início havia um múon que atravessou toda a atmosfera e chegou na superfície da Terra. Na viagem, desafiou e desdenhou a mecânica de

Leia mais

Capítulo 4 Trabalho e Energia

Capítulo 4 Trabalho e Energia Capítulo 4 Trabalho e Energia Este tema é, sem dúvidas, um dos mais importantes na Física. Na realidade, nos estudos mais avançados da Física, todo ou quase todos os problemas podem ser resolvidos através

Leia mais

ASTRONOMIA. A coisa mais incompreensível a respeito do Universo é que ele é compreensível Albert Einstein

ASTRONOMIA. A coisa mais incompreensível a respeito do Universo é que ele é compreensível Albert Einstein ASTRONOMIA A coisa mais incompreensível a respeito do Universo é que ele é compreensível Albert Einstein ASTRONOMIA A LUZ PROVENIENTE DE ESTRELAS DISTANTES PROVA QUE O UNIVERSO É ANTIGO? Vivemos num universo

Leia mais

Aula 8 Fótons e ondas de matéria II. Física Geral F-428

Aula 8 Fótons e ondas de matéria II. Física Geral F-428 Aula 8 Fótons e ondas de matéria II Física Geral F-428 1 Resumo da aula anterior: Planck e o espectro da radiação de um corpo negro: introdução do conceito de estados quantizados de energia para os osciladores

Leia mais

Eletricidade Aula 1. Profª Heloise Assis Fazzolari

Eletricidade Aula 1. Profª Heloise Assis Fazzolari Eletricidade Aula 1 Profª Heloise Assis Fazzolari História da Eletricidade Vídeo 2 A eletricidade estática foi descoberta em 600 A.C. com Tales de Mileto através de alguns materiais que eram atraídos entre

Leia mais

FUNDAMENTOS DE ONDAS, Prof. Emery Lins Curso Eng. Biomédica

FUNDAMENTOS DE ONDAS, Prof. Emery Lins Curso Eng. Biomédica FUNDAMENTOS DE ONDAS, RADIAÇÕES E PARTÍCULAS Prof. Emery Lins Curso Eng. Biomédica Questões... O que é uma onda? E uma radiação? E uma partícula? Como elas se propagam no espaço e nos meios materiais?

Leia mais

Propriedades Corpusculares da. First Prev Next Last Go Back Full Screen Close Quit

Propriedades Corpusculares da. First Prev Next Last Go Back Full Screen Close Quit Propriedades Corpusculares da Radiação First Prev Next Last Go Back Full Screen Close Quit Vamos examinar dois processos importantes nos quais a radiação interage com a matéria: Efeito fotoelétrico Efeito

Leia mais

Aula de Véspera - Inv-2009 Professor Leonardo

Aula de Véspera - Inv-2009 Professor Leonardo 01. Dois astronautas, A e B, encontram-se livres na parte externa de uma estação espacial, sendo desprezíveis as forças de atração gravitacional sobre eles. Os astronautas com seus trajes espaciais têm

Leia mais

Átomo e Modelos Atô t m ô ic i o c s o

Átomo e Modelos Atô t m ô ic i o c s o Átomo e Modelos Atômicos Demócrito (Sec. V a.c.) defendeu a idéia de que a matéria era composta por pequeníssimas partículas. Átomo Demócrito (460 370 A.C.) Modelo baseado apenas na intuição e na lógica.

Leia mais

IBM1018 Física Básica II FFCLRP USP Prof. Antônio Roque Aula 6. O trabalho feito pela força para deslocar o corpo de a para b é dado por: = =

IBM1018 Física Básica II FFCLRP USP Prof. Antônio Roque Aula 6. O trabalho feito pela força para deslocar o corpo de a para b é dado por: = = Energia Potencial Elétrica Física I revisitada 1 Seja um corpo de massa m que se move em linha reta sob ação de uma força F que atua ao longo da linha. O trabalho feito pela força para deslocar o corpo

Leia mais

Próton Nêutron Elétron

Próton Nêutron Elétron Próton Nêutron Elétron ARNOLD SOMMERFELD MODELO ATÔMICO DE ARNOLD SOMMERFELD - 1916 Ao pesquisar o átomo, Sommerfeld concluiu que os elétrons de um mesmo nível, ocupam órbitas de trajetórias diferentes

Leia mais

Adaptado de Professora: Miwa Yoshida. www.colegionobel.com.br/2004quimica1oano/atomo.ppt

Adaptado de Professora: Miwa Yoshida. www.colegionobel.com.br/2004quimica1oano/atomo.ppt Adaptado de Professora: Miwa Yoshida www.colegionobel.com.br/2004quimica1oano/atomo.ppt Leucipo de Mileto ( 440 a.c.) & Demócrito (460 a.c. - 370 a.c. ) A ideia de dividirmos uma porção qualquer de matéria

Leia mais

CAPÍTULO 6 Termologia

CAPÍTULO 6 Termologia CAPÍTULO 6 Termologia Introdução Calor e Temperatura, duas grandezas Físicas bastante difundidas no nosso dia-a-dia, e que estamos quase sempre relacionando uma com a outra. Durante a explanação do nosso

Leia mais

ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO

ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO COLÉGIO ESTADUAL RAINHA DA PAZ, ENSINO MÉDIO REPOSIÇÃO DAS AULAS DO DIA 02 e 03/07/2012 DAS 1 ª SÉRIES: A,B,C,D,E e F. Professor MSc. Elaine Sugauara Disciplina de Química ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO As ondas

Leia mais

1º trimestre Ciências Sala de estudos Data: Abril/2015 Ensino Fundamental 9º ano classe: Profª Elisete Nome: nº

1º trimestre Ciências Sala de estudos Data: Abril/2015 Ensino Fundamental 9º ano classe: Profª Elisete Nome: nº 1º trimestre Ciências Sala de estudos Data: Abril/2015 Ensino Fundamental 9º ano classe: Profª Elisete Nome: nº Valor: 10 Nota:.. Conteúdo: Atomística e MRU 1) Observe o trecho da história em quadrinhos

Leia mais

Espectometriade Fluorescência de Raios-X

Espectometriade Fluorescência de Raios-X FRX Espectometriade Fluorescência de Raios-X Prof. Márcio Antônio Fiori Prof. Jacir Dal Magro FEG Conceito A espectrometria de fluorescência de raios-x é uma técnica não destrutiva que permite identificar

Leia mais

IBM1018 Física Básica II FFCLRP USP Prof. Antônio Roque Aula 3

IBM1018 Física Básica II FFCLRP USP Prof. Antônio Roque Aula 3 Linhas de Força Mencionamos na aula passada que o físico inglês Michael Faraday (79-867) introduziu o conceito de linha de força para visualizar a interação elétrica entre duas cargas. Para Faraday, as

Leia mais

EFEITO COMPTON. J.R. Kaschny

EFEITO COMPTON. J.R. Kaschny EFEITO COMPTON J.R. Kaschny Os Experimentos de Compton Das diversas interações da radiação com a matéria, um destaque especial é dado ao efeito, ou espalhamento, Compton - Arthur Holly Compton (93, Nobel

Leia mais

Estudo do grande colisor de hádrons

Estudo do grande colisor de hádrons Estudo do grande colisor de hádrons Felipe BERNARDO MARTINS 1 ; Mayler MARTINS 2 1 Estudante do Curso Técnico em Manutenção Automotiva. Instituto Federal Minas Gerais (IFMG) campus Bambuí. Rod. Bambuí/Medeiros

Leia mais

Sumário. Prefácio... xi. Prólogo A Física tira você do sério?... 1. Lei da Ação e Reação... 13

Sumário. Prefácio... xi. Prólogo A Física tira você do sério?... 1. Lei da Ação e Reação... 13 Sumário Prefácio................................................................. xi Prólogo A Física tira você do sério?........................................... 1 1 Lei da Ação e Reação..................................................

Leia mais

ELETROSTÁTICA. Ramo da Física que estuda as cargas elétricas em repouso. www.ideiasnacaixa.com

ELETROSTÁTICA. Ramo da Física que estuda as cargas elétricas em repouso. www.ideiasnacaixa.com ELETROSTÁTICA Ramo da Física que estuda as cargas elétricas em repouso. www.ideiasnacaixa.com Quantidade de carga elétrica Q = n. e Q = quantidade de carga elétrica n = nº de elétrons ou de prótons e =

Leia mais

AS QUATRO FORÇAS FUNDAMENTAIS DA NATUREZA

AS QUATRO FORÇAS FUNDAMENTAIS DA NATUREZA AS QUATRO FORÇAS FUNDAMENTAIS DA NATUREZA Adaptado dum artigo na revista inglesa "Astronomy Now" por Iain Nicolson As interacções entre partículas subatómicas e o comportamento em larga escala de matéria

Leia mais

EFEITO FOTOELÉTRICO. J.R. Kaschny

EFEITO FOTOELÉTRICO. J.R. Kaschny EFEITO FOTOELÉTRICO J.R. Kaschny Histórico 1886-1887 Heinrich Hertz realizou experimentos que pela primeira vez confirmaram a existência de ondas eletromagnéticas e a teoria de Maxwell sobre a propagação

Leia mais

Material Extra: Modelos atômicos e atomística Química professor Cicero # Modelos Atômicos e atomística - Palavras chaves

Material Extra: Modelos atômicos e atomística Química professor Cicero # Modelos Atômicos e atomística - Palavras chaves Material Extra: Modelos atômicos e atomística Química professor Cicero # Modelos Atômicos e atomística - Palavras chaves Evolução da ideia do átomo 1) Partícula maciça, indivisível e indestrutível; 2)

Leia mais

Introdução à Eletricidade e Lei de Coulomb

Introdução à Eletricidade e Lei de Coulomb Introdução à Eletricidade e Lei de Coulomb Introdução à Eletricidade Eletricidade é uma palavra derivada do grego élektron, que significa âmbar. Resina vegetal fossilizada Ao ser atritado com um pedaço

Leia mais

Exercícios Teóricos Resolvidos

Exercícios Teóricos Resolvidos Universidade Federal de Minas Gerais Instituto de Ciências Exatas Departamento de Matemática Exercícios Teóricos Resolvidos O propósito deste texto é tentar mostrar aos alunos várias maneiras de raciocinar

Leia mais

O Átomo de BOHR. O Átomo de Bohr e o Espectro do Hidrogênio.

O Átomo de BOHR. O Átomo de Bohr e o Espectro do Hidrogênio. O Átomo de BOHR UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. Instituto de Física. Departamento de Física. Física do Século XXB (FIS1057). Prof. César Augusto Zen Vasconcellos. Lista 1 Tópicos. O Átomo de

Leia mais

Formação estelar e Estágios finais da evolução estelar

Formação estelar e Estágios finais da evolução estelar Elementos de Astronomia Formação estelar e Estágios finais da evolução estelar Rogemar A. Riffel Formação estelar - Estrelas se formam dentro de concentrações relativamente densas de gás e poeira interestelar

Leia mais

SUMÁRIO 1. AULA 6 ENDEREÇAMENTO IP:... 2

SUMÁRIO 1. AULA 6 ENDEREÇAMENTO IP:... 2 SUMÁRIO 1. AULA 6 ENDEREÇAMENTO IP:... 2 1.1 Introdução... 2 1.2 Estrutura do IP... 3 1.3 Tipos de IP... 3 1.4 Classes de IP... 4 1.5 Máscara de Sub-Rede... 6 1.6 Atribuindo um IP ao computador... 7 2

Leia mais

Evolução do Modelo Atómico

Evolução do Modelo Atómico Evolução do Modelo Atómico Desde a antiguidade que os homens se preocupavam em saber de que é que as «coisas» são feitas. No entanto, existiam perspectivas diversas sobre o assunto, a mais conhecida das

Leia mais

Análise e Desenvolvimento de Sistemas ADS Programação Orientada a Obejeto POO 3º Semestre AULA 03 - INTRODUÇÃO À PROGRAMAÇÃO ORIENTADA A OBJETO (POO)

Análise e Desenvolvimento de Sistemas ADS Programação Orientada a Obejeto POO 3º Semestre AULA 03 - INTRODUÇÃO À PROGRAMAÇÃO ORIENTADA A OBJETO (POO) Análise e Desenvolvimento de Sistemas ADS Programação Orientada a Obejeto POO 3º Semestre AULA 03 - INTRODUÇÃO À PROGRAMAÇÃO ORIENTADA A OBJETO (POO) Parte: 1 Prof. Cristóvão Cunha Objetivos de aprendizagem

Leia mais

Eventos independentes

Eventos independentes Eventos independentes Adaptado do artigo de Flávio Wagner Rodrigues Neste artigo são discutidos alguns aspectos ligados à noção de independência de dois eventos na Teoria das Probabilidades. Os objetivos

Leia mais

A Teoria de Cordas e a Unificação das Forças da Natureza p. 1/29

A Teoria de Cordas e a Unificação das Forças da Natureza p. 1/29 A Teoria de Cordas e a Unificação das Forças da Natureza Victor O. Rivelles Instituto de Física Universidade de São Paulo rivelles@fma.if.usp.br http://www.fma.if.usp.br/ rivelles/ Simpósio Nacional de

Leia mais

Lista 1_Gravitação - F 228 2S2012

Lista 1_Gravitação - F 228 2S2012 Lista 1_Gravitação - F 228 2S2012 1) a) Na figura a abaixo quatro esferas formam os vértices de um quadrado cujo lado tem 2,0 cm de comprimento. Qual é a intensidade, a direção e o sentido da força gravitacional

Leia mais

Tópico 02: Movimento Circular Uniforme; Aceleração Centrípeta

Tópico 02: Movimento Circular Uniforme; Aceleração Centrípeta Aula 03: Movimento em um Plano Tópico 02: Movimento Circular Uniforme; Aceleração Centrípeta Caro aluno, olá! Neste tópico, você vai aprender sobre um tipo particular de movimento plano, o movimento circular

Leia mais

Teoria Atômica. Constituição da matéria. Raízes históricas da composição da matéria. Modelos atômicos. Composição de um átomo.

Teoria Atômica. Constituição da matéria. Raízes históricas da composição da matéria. Modelos atômicos. Composição de um átomo. Teoria Atômica Constituição da matéria Raízes históricas da composição da matéria Modelos atômicos Composição de um átomo Tabela periódica Raízes Históricas 6000 a.c.: descoberta do fogo 4000 a.c.: vidros,

Leia mais

Leis de Newton. Dinâmica das partículas Física Aplicada http://www.walmorgodoi.com

Leis de Newton. Dinâmica das partículas Física Aplicada http://www.walmorgodoi.com Leis de Newton Dinâmica das partículas Física Aplicada http://www.walmorgodoi.com Antes de Galileu Durante séculos, o estudo do movimento e suas causas tornou-se o tema central da filosofia natural. Antes

Leia mais

São Mateus ES, Novembro de 1998 SUMÁRIO. I Introdução. II Desenvolvimento. 2.1 Leis da reações químicas. III Conclusão.

São Mateus ES, Novembro de 1998 SUMÁRIO. I Introdução. II Desenvolvimento. 2.1 Leis da reações químicas. III Conclusão. São Mateus ES, Novembro de 1998 SUMÁRIO I Introdução II Desenvolvimento 2.1 Leis da reações químicas III Conclusão IV Bibliografia I Introdução Tentar-se-à mostrar nesta obra uma pesquisa sobre a Lei das

Leia mais

Pesquisa com Professores de Escolas e com Alunos da Graduação em Matemática

Pesquisa com Professores de Escolas e com Alunos da Graduação em Matemática Pesquisa com Professores de Escolas e com Alunos da Graduação em Matemática Rene Baltazar Introdução Serão abordados, neste trabalho, significados e características de Professor Pesquisador e as conseqüências,

Leia mais

Escola Secundária Anselmo de Andrade Teste Sumativo de Ciências Físico - Químicas 9º Ano Ano Lectivo 08/09

Escola Secundária Anselmo de Andrade Teste Sumativo de Ciências Físico - Químicas 9º Ano Ano Lectivo 08/09 Escola Secundária Anselmo de Andrade Teste Sumativo de Ciências Físico - Químicas 9º Ano Ano Lectivo 08/09 1ºTeste Sumativo 1ºPeríodo Duração do Teste: 90 minutos Data: 07 / 11 / 08 Prof. Dulce Godinho

Leia mais

Com base no enunciado, nas figuras e nos conhecimentos sobre mecânica e eletromagnetismo, considere as afirmativas a seguir.

Com base no enunciado, nas figuras e nos conhecimentos sobre mecânica e eletromagnetismo, considere as afirmativas a seguir. 1.A obra Molhe Espiral (acima) faz lembrar o modelo atômico planetário, proposto por Ernest Rutherford (Fig. 1). Esse modelo satisfaz as observações experimentais de desvio de partículas alfa ao bombardearem

Leia mais

5 Equacionando os problemas

5 Equacionando os problemas A UA UL LA Equacionando os problemas Introdução Nossa aula começará com um quebra- cabeça de mesa de bar - para você tentar resolver agora. Observe esta figura feita com palitos de fósforo. Mova de lugar

Leia mais

Estudaremos aqui como essa transformação pode ser entendida a partir do teorema do trabalho-energia.

Estudaremos aqui como essa transformação pode ser entendida a partir do teorema do trabalho-energia. ENERGIA POTENCIAL Uma outra forma comum de energia é a energia potencial U. Para falarmos de energia potencial, vamos pensar em dois exemplos: Um praticante de bungee-jump saltando de uma plataforma. O

Leia mais

Arquitetura de Rede de Computadores

Arquitetura de Rede de Computadores TCP/IP Roteamento Arquitetura de Rede de Prof. Pedro Neto Aracaju Sergipe - 2011 Ementa da Disciplina 4. Roteamento i. Máscara de Rede ii. Sub-Redes iii. Números Binários e Máscara de Sub-Rede iv. O Roteador

Leia mais

Louis de Broglie. Camila Welikson. Este documento tem nível de compartilhamento de acordo com a licença 2.5 do Creative Commons.

Louis de Broglie. Camila Welikson. Este documento tem nível de compartilhamento de acordo com a licença 2.5 do Creative Commons. Camila Welikson Este documento tem nível de compartilhamento de acordo com a licença 2.5 do Creative Commons. http://creativecommons.org.br http://creativecommons.org/licenses/by/2.5/br/ Teoria Pura Tenho

Leia mais

Avanços na transparência

Avanços na transparência Avanços na transparência A Capes está avançando não apenas na questão dos indicadores, como vimos nas semanas anteriores, mas também na transparência do sistema. Este assunto será explicado aqui, com ênfase

Leia mais

Lição 3. Instrução Programada

Lição 3. Instrução Programada Lição 3 É IMPORTANTE A ATENTA LEITURA DAS INSTRUÇÕES FORNECIDAS NAS LIÇÕES 1 e 2. NOSSO CURSO NÃO SE TRATA DE UM CURSO POR COR RESPONDENCIA; NÃO NOS DEVERÃO SER MAN- DADAS FOLHAS COM AS QUESTÕES PARA SEREM

Leia mais

Química Atomística Profª: Bruna Villas Bôas. Exercícios

Química Atomística Profª: Bruna Villas Bôas. Exercícios NÚMERO ATÔMICO (Z) Os diferentes tipos de átomos (elementos químicos) são identificados pela quantidade de prótons (P) que possui. Esta quantidade de prótons recebe o nome de número atômico e é representado

Leia mais

Provas Comentadas OBF/2011

Provas Comentadas OBF/2011 PROFESSORES: Daniel Paixão, Deric Simão, Edney Melo, Ivan Peixoto, Leonardo Bruno, Rodrigo Lins e Rômulo Mendes COORDENADOR DE ÁREA: Prof. Edney Melo 1. Um foguete de 1000 kg é lançado da superfície da

Leia mais

!! OLIMPIADA!IBEROAMERICANA! DE!FISICA! COCHABAMBA' 'BOLIVIA'2015' Prova Teórica

!! OLIMPIADA!IBEROAMERICANA! DE!FISICA! COCHABAMBA' 'BOLIVIA'2015' Prova Teórica '!! OLIMPIADA!IBEROAMERICANA! DE!FISICA! COCHABAMBA' 'BOLIVIA'2015' Prova Teórica o A duração desta prova é 5 horas. o Cada problema deve ser respondido em folhas diferentes, não misture problemas diferentes

Leia mais

RESUMO 2 - FÍSICA III

RESUMO 2 - FÍSICA III RESUMO 2 - FÍSICA III CAMPO ELÉTRICO Assim como a Terra tem um campo gravitacional, uma carga Q também tem um campo que pode influenciar as cargas de prova q nele colocadas. E usando esta analogia, podemos

Leia mais

Universidade Estadual de Campinas Instituto de Física Gleb Wataghin. Medida do comprimento de onda das ondas de rádio

Universidade Estadual de Campinas Instituto de Física Gleb Wataghin. Medida do comprimento de onda das ondas de rádio Universidade Estadual de Campinas Instituto de Física Gleb Wataghin Medida do comprimento de onda das ondas de rádio Aluna: Laura Rigolo Orientador: Prof. Dr. Pedro C. de Holanda Coordenador Prof. Dr.

Leia mais

Correlação e Regressão Linear

Correlação e Regressão Linear Correlação e Regressão Linear A medida de correlação é o tipo de medida que se usa quando se quer saber se duas variáveis possuem algum tipo de relação, de maneira que quando uma varia a outra varia também.

Leia mais

Thomson denominou este segundo modelo atômico de Pudim de Passas.

Thomson denominou este segundo modelo atômico de Pudim de Passas. EVOLUÇÃO DOS MODELOS ATÔMICOS Durante algum tempo a curiosidade do que era constituída a matéria parecia ser impossível de ser desvendada. Até que em 450 a.c. o filósofo grego Leucipo de Mileto afirmava

Leia mais

Átomo e Modelos Atómicos

Átomo e Modelos Atómicos Átomo e Modelos Atómicos Demócrito (Sec. V a.c.) defendeu a ideia de que a matéria era composta por pequeníssimas partículas. Átomo Demócrito (460 370 A.C.) Modelo baseado apenas na intuição e na lógica.

Leia mais

Fenómenos Ondulatórios. Reflexão, refracção, difracção

Fenómenos Ondulatórios. Reflexão, refracção, difracção Fenómenos Ondulatórios Reflexão, refracção, difracção Natureza dualística da radiação electromagnética A radiação electromagnética é um fenómeno ondulatório envolvendo a propagação de um campo magnético

Leia mais

x0 = 1 x n = 3x n 1 x k x k 1 Quantas são as sequências com n letras, cada uma igual a a, b ou c, de modo que não há duas letras a seguidas?

x0 = 1 x n = 3x n 1 x k x k 1 Quantas são as sequências com n letras, cada uma igual a a, b ou c, de modo que não há duas letras a seguidas? Recorrências Muitas vezes não é possível resolver problemas de contagem diretamente combinando os princípios aditivo e multiplicativo. Para resolver esses problemas recorremos a outros recursos: as recursões

Leia mais

O céu. Aquela semana tinha sido uma trabalheira! www.interaulaclube.com.br

O céu. Aquela semana tinha sido uma trabalheira! www.interaulaclube.com.br A U A UL LA O céu Atenção Aquela semana tinha sido uma trabalheira! Na gráfica em que Júlio ganhava a vida como encadernador, as coisas iam bem e nunca faltava serviço. Ele gostava do trabalho, mas ficava

Leia mais

GUIA DE REDAÇÃO PARA TRABALHO DE EM974

GUIA DE REDAÇÃO PARA TRABALHO DE EM974 GUIA DE REDAÇÃO PARA TRABALHO DE EM974 CONSIDERAÇÕES GERAIS O objetivo deste documento é informar a estrutura e a informação esperadas num texto de Trabalho de Graduação. O conteúdo do texto deverá ser

Leia mais

MÓDULO 6 INTRODUÇÃO À PROBABILIDADE

MÓDULO 6 INTRODUÇÃO À PROBABILIDADE MÓDULO 6 INTRODUÇÃO À PROBBILIDDE Quando estudamos algum fenômeno através do método estatístico, na maior parte das vezes é preciso estabelecer uma distinção entre o modelo matemático que construímos para

Leia mais

COLÉGIO NOSSA SENHORA DA PIEDADE. Programa de Recuperação Paralela. 2ª Etapa 2014

COLÉGIO NOSSA SENHORA DA PIEDADE. Programa de Recuperação Paralela. 2ª Etapa 2014 COLÉGIO NOSSA SENHORA DA PIEDADE Programa de Recuperação Paralela 2ª Etapa 2014 Disciplina: Física Série: 3ª Professor (a): Marcos Vinicius Turma: FG Caro aluno, você está recebendo o conteúdo de recuperação.

Leia mais

3.4 O Princípio da Equipartição de Energia e a Capacidade Calorífica Molar

3.4 O Princípio da Equipartição de Energia e a Capacidade Calorífica Molar 3.4 O Princípio da Equipartição de Energia e a Capacidade Calorífica Molar Vimos que as previsões sobre as capacidades caloríficas molares baseadas na teoria cinética estão de acordo com o comportamento

Leia mais

Modelos atômicos. A origem da palavra átomo

Modelos atômicos. A origem da palavra átomo Modelos???? Modelos atômicos A origem da palavra átomo A palavra átomo foi utilizada pela primeira vez na Grécia antiga, por volta de 400 ac. Demócrito (um filósofo grego) acreditava que todo tipo de matéria

Leia mais

A IMPORTÂNCIA DAS DISCIPLINAS DE MATEMÁTICA E FÍSICA NO ENEM: PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO PRÉ- UNIVERSITÁRIO DA UFPB LITORAL NORTE

A IMPORTÂNCIA DAS DISCIPLINAS DE MATEMÁTICA E FÍSICA NO ENEM: PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO PRÉ- UNIVERSITÁRIO DA UFPB LITORAL NORTE A IMPORTÂNCIA DAS DISCIPLINAS DE MATEMÁTICA E FÍSICA NO ENEM: PERCEPÇÃO DOS ALUNOS DO CURSO PRÉ- UNIVERSITÁRIO DA UFPB LITORAL NORTE ALMEIDA 1, Leonardo Rodrigues de SOUSA 2, Raniere Lima Menezes de PEREIRA

Leia mais

INTERAÇÃO DOS RAIOS-X COM A MATÉRIA

INTERAÇÃO DOS RAIOS-X COM A MATÉRIA INTERAÇÃO DOS RAIOS-X COM A MATÉRIA RAIOS-X + MATÉRIA CONSEQUÊNCIAS BIOLÓGICAS EFEITOS DAZS RADIAÇÕES NA H2O A molécula da água é a mais abundante em um organismo biológico, a água participa praticamente

Leia mais

I - colocam-se 100 g de água fria no interior do recipiente. Mede-se a temperatura de equilíbrio térmico de 10ºC.

I - colocam-se 100 g de água fria no interior do recipiente. Mede-se a temperatura de equilíbrio térmico de 10ºC. COMISSÃO PERMANENTE DE SELEÇÃO COPESE CAMPUS UNIVERSITÁRIO BAIRRO MARTELOS JUIZ DE FORA MG CEP 36.036-900 - TELEFAX: (3)10-3755 e-mail: vestibular@ufjf.edu.br PARÂMETROS DE CORREÇÃO VESTIBULAR /FÍSICA

Leia mais

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Força Central. Na mecânica clássica, uma força central é caracterizada por uma magnitude que depende, apenas, na distância r do objeto ao ponto de origem da força e que é dirigida ao longo do vetor que

Leia mais

Aluno(a): Nº. Professor: Fabrízio Gentil Série: 3 o ano Disciplina: Física Eletrostática. Pré Universitário Uni-Anhanguera 01 - (MACK SP)

Aluno(a): Nº. Professor: Fabrízio Gentil Série: 3 o ano Disciplina: Física Eletrostática. Pré Universitário Uni-Anhanguera 01 - (MACK SP) Lista de Exercícios Pré Universitário Uni-Anhanguera Aluno(a): Nº. Professor: Fabrízio Gentil Série: 3 o ano Disciplina: Física Eletrostática 01 - (MACK SP) Fixam-se as cargas puntiformes q 1 e q 2, de

Leia mais

objetivo Exercícios Meta da aula Pré-requisitos Aplicar o formalismo quântico estudado neste módulo à resolução de um conjunto de exercícios.

objetivo Exercícios Meta da aula Pré-requisitos Aplicar o formalismo quântico estudado neste módulo à resolução de um conjunto de exercícios. Exercícios A U L A 10 Meta da aula Aplicar o formalismo quântico estudado neste módulo à resolução de um conjunto de exercícios. objetivo aplicar os conhecimentos adquiridos nas Aulas 4 a 9 por meio da

Leia mais

O QUE É A ESCALA RICHTER? (OU COMO SE MEDE UM TERREMOTO)

O QUE É A ESCALA RICHTER? (OU COMO SE MEDE UM TERREMOTO) 1 O QUE É A ESCALA RICHTER? (OU COMO SE MEDE UM TERREMOTO) Ilydio Pereira de Sá Atualmente, com o crescimento da tecnologia e da informação, tem sido muito comum o noticiário sobre catástrofes, principalmente

Leia mais

HUBBLE E A EXPANSÃO DO UNIVERSO

HUBBLE E A EXPANSÃO DO UNIVERSO HUBBLE E A EXPANSÃO DO UNIVERSO Pedro José Feitosa Alves Júnior Universidade Federal do Vale do São Francisco 1. INTRODUÇÃO O início do século XX pode ser considerado um grande marco no desenvolvimento

Leia mais

4.2 Modelação da estrutura interna

4.2 Modelação da estrutura interna 4.2 Modelação da estrutura interna AST434: C4-25/83 Para calcular a estrutura interna de uma estrela como o Sol é necessário descrever como o gás que o compõe se comporta. Assim, determinar a estrutura

Leia mais

O degrau de potencial. Caso II: energia maior que o degrau

O degrau de potencial. Caso II: energia maior que o degrau O degrau de potencial. Caso II: energia maior que o degrau U L 9 Meta da aula plicar o formalismo quântico ao caso de uma partícula quântica que incide sobre o degrau de potencial, definido na ula 8. Vamos

Leia mais

Capítulo 7 Medidas de dispersão

Capítulo 7 Medidas de dispersão Capítulo 7 Medidas de dispersão Introdução Para a compreensão deste capítulo, é necessário que você tenha entendido os conceitos apresentados nos capítulos 4 (ponto médio, classes e frequência) e 6 (média).

Leia mais

RIO TERÁ ICECUBE, 'CUBO' DE GELO COM VOLUME DEZ VEZES MAIOR QUE O PÃO DE AÇUÇAR

RIO TERÁ ICECUBE, 'CUBO' DE GELO COM VOLUME DEZ VEZES MAIOR QUE O PÃO DE AÇUÇAR COMUNICADO DE IMPRENSA No 4 Núcleo de Comunicação Social / CBPF [Para publicação imediata] O quê: Pesquisadores do IceCube irão apresentar dados sobre a recente detecção dos dois neutrinos mais energéticos

Leia mais

Problemas de Termodinâmica e Estrutura da Matéria

Problemas de Termodinâmica e Estrutura da Matéria Problemas de Termodinâmica e Estrutura da Matéria 5 a série 5.1) O filamento de tungsténio de uma lâmpada incandescente está à temperatura de 800 C. Determine o comprimento de onda da radiação emitida

Leia mais

MERCADO DE OPÇÕES - O QUE É E COMO FUNCIONA

MERCADO DE OPÇÕES - O QUE É E COMO FUNCIONA MERCADO DE OPÇÕES - O QUE É E Mercados Derivativos Conceitos básicos Termos de mercado As opções de compra Autores: Francisco Cavalcante (f_c_a@uol.com.br) Administrador de Empresas graduado pela EAESP/FGV.

Leia mais

Logística e a Gestão da Cadeia de Suprimentos. "Uma arma verdadeiramente competitiva"

Logística e a Gestão da Cadeia de Suprimentos. Uma arma verdadeiramente competitiva Logística e a Gestão da Cadeia de Suprimentos "Uma arma verdadeiramente competitiva" Pequeno Histórico No período do pós-guerra até a década de 70, num mercado em franca expansão, as empresas se voltaram

Leia mais

Cotagem de dimensões básicas

Cotagem de dimensões básicas Cotagem de dimensões básicas Introdução Observe as vistas ortográficas a seguir. Com toda certeza, você já sabe interpretar as formas da peça representada neste desenho. E, você já deve ser capaz de imaginar

Leia mais

LEI DE OHM. Professor João Luiz Cesarino Ferreira. Conceitos fundamentais

LEI DE OHM. Professor João Luiz Cesarino Ferreira. Conceitos fundamentais LEI DE OHM Conceitos fundamentais Ao adquirir energia cinética suficiente, um elétron se transforma em um elétron livre e se desloca até colidir com um átomo. Com a colisão, ele perde parte ou toda energia

Leia mais

APOSTILA DE EXEMPLO. (Esta é só uma reprodução parcial do conteúdo)

APOSTILA DE EXEMPLO. (Esta é só uma reprodução parcial do conteúdo) APOSTILA DE EXEMPLO (Esta é só uma reprodução parcial do conteúdo) 1 Índice Aula 1 - Área de trabalho e personalizando o sistema... 3 A área de trabalho... 3 Partes da área de trabalho.... 4 O Menu Iniciar:...

Leia mais

9. Derivadas de ordem superior

9. Derivadas de ordem superior 9. Derivadas de ordem superior Se uma função f for derivável, então f é chamada a derivada primeira de f (ou de ordem 1). Se a derivada de f eistir, então ela será chamada derivada segunda de f (ou de

Leia mais

Estrelas de Quarks e de Nêutrons. Características e Assinaturas

Estrelas de Quarks e de Nêutrons. Características e Assinaturas Estrelas de Quarks e de Nêutrons Características e Assinaturas LEONARDO TAYNÔ TOSET TO SOETHE GRUPO DE ALTA S E MÉDIAS ENERGIAS UFPEL - 26/06/2015 Sumário Introdução Metodologia Alguns Resultados para

Leia mais

Faculdade de Administração e Negócios de Sergipe

Faculdade de Administração e Negócios de Sergipe Faculdade de Administração e Negócios de Sergipe Disciplina: Física Geral e Experimental III Curso: Engenharia de Produção Assunto: Gravitação Prof. Dr. Marcos A. P. Chagas 1. Introdução Na gravitação

Leia mais