DO VALE DO AÇU DO VALE DO AÇU. Joacir Rufino de Aquino
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1 II FÓRUM SOCIAL E SUSTENTÁVEL DO VALE DO AÇU EVOLUÇÃO E DESAFIOS DA AGROPECUÁRIA DO VALE DO AÇU Joacir Rufino de Aquino Economista. Mestre em Economia Rural e Regional. Professor Adjunto IV do Curso de Economia (UERN/Campus de Assú). Sócio- Efetivo da Academia Assuense de Letras (AAL) Assú/RN, 23/06/2017
2 1 - INTRODUÇÃO O objetivo inicial da presente exposição é discutir alguns traços da geografia econômica e da estrutura agrária do Vale do Açu; Em seguida, pretende-se apresentar a evolução dos principais indicadores da agropecuária da microrregião nos últimos 20 anos (1995 a 2015); Ao final, busca-se elencar os principais desafios a serem enfrentados para o crescimento com sustentabilidade socioambiental da agropecuária regional.
3 2 CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS E TRANSFORMAÇÕES ECONÔMICAS NA AGROPECUÁRIA DO VALE DO AÇU Localização: Mesorregião Oeste Potiguar Área: km 2 Microrregião formada por Unidades Municipais: Alto do Rodrigues, Assú, Carnaubais, Ipanguaçu, Itajá, Jucurutu, Pendências, Porto do Mangue e São Rafael.
4 Figura 1 Localização geográfica do Vale do Açu no semiárido potiguar FONTE: http//:pt.wikipedia.org/wiki/vale_do_açu
5 Do ponto de vista ambiental, o Vale do Açu é caracterizado pela abundância de recursos naturais (solo, água doce, minerais e demais elementos da biodiversidade); A agropecuária da região viveu uma grande transformação nos últimos 30 anos ( ); Essa transformação teve como base principal a construção da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves; A ampliação da oferta d água proporcionou o avanço da área irrigada através de projetos públicos (Distrito Irrigado do Baixo Açu) e da inciativa privada, especialmente, pela atuação de grandes empresas de fora da região (FRUNORTE, FRINOBRASA, DEL MONTE, entre outras).
6 3 ESTRUTURA AGRÁRIA DO VALE DO AÇU NO LIMIAR DO SÉCULO XXI As transformações produtivas verificadas no meio rural do Vale do Açu criaram uma estrutura agrária bastante concentrada; Apesar das dificuldades, a agricultura familiar açuense mantém-se como um segmento quantitativamente expressivo; A irrigação abrange uma grande área na microrregião, mas a maioria dos produtores ainda não tem acesso a essa tecnologia.
7 Tabela 1 Distribuição dos estabelecimentos agropecuários do Vale do Açu por município Municípios Número de estabelecimentos % Alto do Rodrigues Assú Carnaubais Ipanguaçu Itajá Jucurutu Pendências Porto do Mangue São Rafael Vale do Açu Fonte: Censo Agropecuário 2006 (IBGE/SIDRA, 2012).
8 Tabela 2 Número e área dos estabelecimentos agropecuários dos municípios do Vale do Açu Grupos de área total N. Área (Em % (Em hectares) Estabelecimentos hectares) % , , , , , ,26 Acima de , ,95 Total Fonte: Censo Agropecuário 2006 (IBGE/SIDRA, 2012).
9 Tabela 3 Estrutura social dos estabelecimentos agropecuários do Vale do Açu Tipos de Agricultura Número de Estabelecimentos % Agricultura familiar - Lei Agricultura não familiar (Patronal) TOTAL Fonte: Censo Agropecuário 2006 (IBGE/SIDRA, 2012).
10 Tabela 4 Participação da agricultura familiar e não familiar na agricultura irrigada do Vale do Açu/RN 2006 Tipos de Agricultura Número de Estabelecimentos (A) Número de estabelecimentos com irrigação (B) % B/A Agricultura familiar - Lei ,51 Agricultura não familiar (Patronal) ,25 TOTAL ,58 Fonte: Censo Agropecuário 2006 (IBGE/SIDRA, 2012).
11 4 EVOLUÇÃO DAS LAVOURAS DO VALE DO VALE DO AÇU ( ) Há uma queda da área colhida total das plantações açuenses no intervalo de tempo entre 1995 e 2015; As lavouras temporárias (milho, feijão, arroz, mandioca, melão, etc.) reduzem sua participação e aumenta o peso das lavouras permanentes (banana, manga, coco, mamão, goiaba etc.); A manga e, principalmente, a banana, assumem a posição de principais produtos da agricultura do Vale do Açu em termos de geração de riqueza, mesmo durante os anos de estiagem; As lavouras temporárias de sequeiro, altamente vulneráveis à seca, definham e seguem o ritmo das chuvas.
12 Gráfico 1 Área colhida em hectares das lavouras do Vale do Açu 1995 a Fonte: PAM/IBGE (2016). Total L. Temporárias L. Permanentes
13 Gráfico 2 Valor da produção das lavouras temporárias e permanentes do Vale do Açu 1995 a 2015 (Em R$ 1000) Fonte: PAM/IBGE (2016). L. Temporárias L. Permanentes
14 Tabela 5 Ranking dos principais produtos das lavouras permanentes do Vale do Açu quanto ao valor da produção RANKING PRODUTO VALOR DA PRODUÇÃO (R$) 1 Banana Manga Mamão Castanha de caju Goiaba Coco-da-baía Laranja Limão Fonte: PAM/IBGE (2016).
15 Tabela 6 Evolução da participação absoluta e percentual da banana e da manga no valor da produção (Em R$ 1000) das lavouras permanentes do Vale do Açu 1995 a 2015 ANO Total (A) Banana (B) % (B/A) Manga (C) % (C/A) % Banana + Manga , ,6 82, , ,8 75, , ,0 89, , ,1 94, , ,5 95, , ,5 91, , ,6 93, , ,7 88, , ,0 91, , ,8 92, , ,8 92, , ,8 90, , ,6 93, , ,3 94, , ,1 96, , ,1 97, , ,4 96, , ,6 96, , ,6 95, , ,6 94, , ,9 95,4 Fonte: PAM/IBGE (2016).
16 ALGUMAS OBSERVAÇÕES: As lavouras de banana e manga são monoculturas desenvolvidas por grandes e pequenos produtores nas áreas irrigadas açuenses; O modelo de produção adotado é caro e gera pouca renda para os produtores; A maior parte da produção de banana e manga é comercializada in natura sem qualquer agregação de valor por meio do processo de agroindustrialização; No caso da manga, os produtores locais enfrentam dificuldades para exportar devido a ausência de infraestrutura de apoio (paking house); Na margem das principais lavouras, se desenvolve uma grande diversidade de pequenas plantações de legumes e hortaliças voltadas ao atendimento da demanda local de alimentos.
17 5 EVOLUÇÃO DA PECUÁRIA DO VALE DO AÇU ( ) A pecuária do Vale do Açu apresentou um crescimento significativo nos últimos 20 anos; O rebanho bovino predomina acompanhado do crescimento recente dos caprinos e, principalmente, dos ovinos; A produção de leite de vaca tem apresentado um avanço importante ao final da série analisada, mas a seca parece ter agravado a situação dos pequenos pecuaristas.
18 Gráfico 3 Evolução dos rebanhos de bovinos, caprinos e ovinos do Vale do Açu 1995 a Fonte: PPM/IBGE (2016). Bovino Caprino Ovino
19 Gráfico 4 Evolução da quantidade de leite de vaca produzido no Vale do Açu 1995 a 2015 (Em mil litros) Fonte: PPM/IBGE (2016).
20 Tabela 7 Produtividade da produção de leite de vaca no Brasil, no Nordeste, no Rio Grande do Norte e no Vale do Açu LOCAL Nº VACAS PRODUÇÃO DE PRODUTIVIDADE ORDENHADAS (A) LEITE (B) (B/A) Brasil Nordeste Rio Grande do Norte Vale do Açu - RN Fonte: PPM/IBGE (2016). GRANDE PROBLEMA: Baixa produtividade do rebanho leiteiro do Vale do Açu e tentativas frustradas de melhorar a agregação de valor ao leite, em parte por falta de recursos, em parte por falhas de planejamento (vide o caso exemplar da usina de beneficiamento de Alto do Rodrigues, entre outros).
21 6 AGRICULTURA E MEIO AMBIENTE NO VALE DO AÇU O atual modelo agrícola do Vale do Açu, assentado na monocultura da banana e também da manga, apresenta claros sinais de insustentabilidade ambiental; O modelo é intensivo no uso de recursos naturais, especialmente a água, e dependente da utilização de insumos químicos, com destaque para os AGROTÓXICOS; Os produtos químicos são utilizados pelos grandes agricultores, mas também pelos pequenos produtores familiares, gerando riscos à saúde dos trabalhadores e ao meio ambiente regional;
22 Tabela 8 Utilização de agrotóxicos pelos estabelecimentos agropecuários do Vale do Açu Categorias Estabelecimentos (a) Utilizou agrotóxico (b) % (b/a) Familiar Não Familiar Total Fonte: IBGE/Censo Agropecuário 2006.
23 PERFORMANCE AMBIENTAL DOS PRODUTORES DOS LOTES FAMILIARES DO PROJETO BAIXO AÇU - Pesquisa de campo realizada por Rochelle Moura com 51 produtores, de um universo de 86 lotes, em janeiro de 2014 PERCENTUAL DE PRODUTORES DOS LOTES FAMILIARES DO BAIXO AÇU QUE UTILIZA AGROTÓXICOS % 94% Sim Não PERCENTUAL DE PRODUTORES DOS LOTES FAMILIARES DO BAIXO AÇU QUE UTILIZA ADUBOS QUÍMICOS % 96% Sim Não PERCENTUAL DE PRODUTORES DOS LOTES FAMILIARES QUE RECEBERAM ALGUM TREINAMENTO PARA APLICAR AGROTÓXICOS 82% 18% Sim Não
24 Figura 2 Risco de contaminação do solo e das águas pelo uso indiscriminado de produtos químicos na agricultura irrigada
25 Tabela 9 Estabelecimentos agropecuários com agricultura orgânica no Vale do Açu Categorias Total Estabelecimentos com agricultura orgânica Com certificação Sem certificação Total Familiar Não Familiar Total Fonte: IBGE/Censo Agropecuário 2006.
26 7 DESAFIOS PARA O CRESCIMENTO COM SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA, SOCIAL E AMBIENTAL DA AGROPECUÁRIA AÇUENSE A agropecuária é um setor estratégico para alavancar a economia dos municípios do Vale do Açu; Para tanto, muitos desafios precisam ser enfrentados para promover o crescimento da produção com distribuição de renda e sustentabilidade ambiental;
27 - Estabelecer um pacto político em defesa da agropecuária sustentável no Vale do Açu. - Ampliar a assistência técnica aos produtores (comunidades e assentamentos rurais) - Fortalecer as secretarias municipais de agricultura - Estimular o associativismo e o cooperativismo - Disseminar boas práticas agrícolas, fiscalizar o uso de produtos químicos e estimular a agroecologia DESAFIOS - Fortalecer a agropecuária para gerar trabalho decente e renda - Fortalecer a agropecuária de sequeiro, revitalizar o DIBA e estimular os setores exportadores - Realizar a renegociação das dívidas dos produtores e ampliar o acesso ao crédito rural (inclusive o Programa ABC e o PRONAF Verde) - Promover a agregação de valor à produção agropecuária por meio da agroindústria (leite, doce de banana, sucos, polpa de frutas etc.). - Criar uma Central de Distribuição de Alimentos regionais no Vale do Açu e fortalecer as feiras locais de alimentos orgânicos. Garantir a plena execução dos mercados institucionais (PAA e PNAE)
28 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS A agropecuária do Vale do Açu passou por grandes transformações sócioprodutivas nas últimas duas décadas; O setor, apesar de suas potencialidades, apresenta sinais de insustentabilidade socioambiental; Uma mudança de rumo exige o enfrentamento de velhos e novos desafios no século XXI; Como os grandes empreendimentos de fora já tiveram a sua vez, será o momento de apostar nos pequenos e médios produtores locais? Caso se opte pelo potencial endógeno da microrregião, é preciso aprender com os erros do passado e mobilizar as forças políticas e sociais do território em prol da valorização da agropecuária sustentável como uma estratégia para promover o desenvolvimento regional.
29 Obrigado pela atenção!
REQUERIMENTO. (Da Sra. Fátima Bezerra)
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