COMPARAÇÃO ENTRE A CLASSIFICAÇÃO DE UNIDADES DE PAISAGEM E A LEI DE ZONEAMENTO E USO DO SOLO DO BAIRRO BOQUEIRÃO CURITIBA/PR
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- Thomas Lobo Figueira
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1 Anais do XII SBGFA. Natal, v. 1. p COMPARAÇÃO ENTRE A CLASSIFICAÇÃO DE UNIDADES DE PAISAGEM E A LEI DE ZONEAMENTO E USO DO SOLO DO BAIRRO BOQUEIRÃO CURITIBA/PR Simone Valaski UFPR svgeog@yahoo.com.br João Carlos Nucci UFPR nucci@ufpr.br Resumo A delimitação das unidades de paisagem é uma importante ferramenta de planejamento para a classificação e avaliação das paisagens, principalmente na Geografia. Classificar as unidades de paisagem significa pesquisar as descontinuidades objetivas da paisagem, ou seja, delimitar setores homogêneos. De acordo com o IPPUC, a prática de planejamento urbano em Curitiba baseia-se no princípio de que a ocupação e os usos do solo na cidade podem ser induzidos, coibidos, disciplinados. O objetivo desta investigação é comparar a classificação das unidades de paisagem e a lei de zoneamento e uso do solo do bairro do Boqueirão Curitiba/Pr. A análise foi feita por meio da comparação dos mapas dos temas propostos. Para a elaboração do mapa de unidades de paisagem foram utilizados fotografias aéreas de 2002, coloridas, na escala 1:8.000 (IPPUC) e mapa de classificação do uso do solo na escala 1:20.000, sendo este resultante de trabalho de campo realizado em Os critérios utilizados para a delimitação das unidades de paisagem foram baseados no uso do solo. O mapa de zoneamento e uso do solo foi feito com a utilização do software Corel Draw 11. A classificação da paisagem do bairro Boqueirão resultou em sete grandes unidades e três subunidades. Na lei de zoneamento aparecem sete divisões para o bairro. Houve coincidência em três classificações. As demais classificações de unidades de paisagem apresentaram divergência em comparação com a lei de zoneamento. As maiores divergências estão entre a UP-1 (Parque Náutico) e a APA-Iguaçu; e a UP-2 (uso misto) e as ZS-1 e ZS-2 (zonas de serviço). O bairro Boqueirão apresenta vários problemas decorrentes da inexistência ou equívocos de planejamento. A classificação de unidades de paisagem pode ser um início para a solução dos problemas complexos enfrentados pelo planejamento e pela gestão da paisagem dos dias atuais. Palavras-chave: unidades de paisagem, zoneamento, conflitos de usos. Justificativa A delimitação das unidades de paisagem consiste em uma importante ferramenta de planejamento para a classificação e avaliação das paisagens, sobretudo no campo da Geografia. Esta delimitação, considerada um tipo de zoneamento, pode ser entendida como uma proposta de organização do espaço, estabelecida em um plano, sendo alcançado por meio de uma classificação do território em setores homogêneos como, por exemplo, por
2 meio do cruzamento de cartas temáticas, valorizando ou não certas características da paisagem: tipos de solo, formações rochosas, formas de relevo, classes de declividade, vegetação, entre outros. (Gómez Orea, 1978) Para BERTRAND (1972), a delimitação das unidades de paisagem nunca deve ser considerada como um fim em si, mas apenas como um meio de aproximação em relação com a realidade geográfica. Trata-se de pesquisar as descontinuidades objetivas da paisagem, ou seja, delimitar setores homogêneos. A delimitação de Unidades de Paisagem deve sempre vir acompanhada da definição da escala cartográfica adotada. (Fávero et al, 2004) A preocupação com estudos que buscam fazer uma análise detalhada dos elementos da paisagem e desprezam o fato de que esses participam de uma dinâmica comum que não corresponde à evolução de cada um separadamente, é apresentado por BERTRAND (1972), afirmando que se deve procurar os mecanismos gerais da paisagem: (...) é preciso procurar talhar diretamente a paisagem global tal qual ela se apresenta. Naturalmente, a delimitação será mais grosseira, mas as combinações e as relações entre os elementos, assim como os fenômenos de convergência aparecerão mais claramente. A síntese vem felizmente no caso substituir a análise. (Bertrand, op cit., p.9) De acordo com o IPPUC - Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba - a prática de planejamento urbano em Curitiba baseia-se no princípio de que a ocupação e os usos do solo na cidade podem ser induzidos, coibidos, disciplinados. Deve haver o monitoramento de maneira a permitir a constante evolução da cidade. O zoneamento e o uso do solo, mais que disciplinadores da ocupação urbana, são usados como agentes indutores e promotores do processo de desenvolvimento da cidade. (IPPUC,2006) Objetivo O objetivo desta investigação é fazer a comparação entre a classificação das unidades de paisagem e a lei de zoneamento e uso do solo de 2000 do bairro Boqueirão, situado na porção sudeste do município de Curitiba-Pr. (Fig.1) Figura 1: Localização do bairro Boqueirão Curitiba/Pr.
3 Métodos aplicados A análise foi feita por meio da comparação dos mapas dos temas propostos. (Mapas 1 e 2) Para a elaboração do mapa de unidades de paisagem foram utilizados fotografias aéreas de 2002, coloridas, na escala 1:8.000 (IPPUC) e mapa de classificação do uso do solo na escala 1:20.000, sendo este resultante de trabalho de campo realizado em Os critérios utilizados para a delimitação das unidades de paisagem foram baseados no uso do solo. O mapa de zoneamento e uso do solo foi feito com a utilização do software Corel Draw 11, tendo como base o mapa de zoneamento do município de Curitiba de 2000, disponível no site do IPPUC. Resultados A classificação da paisagem do bairro Boqueirão resultou em sete grandes unidades e três subunidades. Na lei de zoneamento aparecem sete divisões para o bairro. As divisões coincidentes são: UP-5 (Av. Mal. Floriano Peixoto) e SE-MF (Setor especial Av. Mal. Floriano Peixoto; UP-3 (Quartel do Exército) e ZE-M (Zona especial militar) e, parcialmente, UP-4 (uso residencial) e ZR-2 (Zona residencial 2). A delimitação da UP-1 (Parque Náutico) corresponde à área apresentada na lei de zoneamento como APA-Iguaçu. Porém, a lei de zoneamento ignora a presença da ETE Sanepar (Estação de Tratamento de Esgoto da Sanepar UP 1.1), que causa mal cheiro em decorrência do acúmulo de lodo resultante do esgoto e uma má aparência aos canais próximos ao local, desagradando às pessoas que transitam pelo parque. Outro fato a ser considerado é que o Parque Iguaçu (área pertencente à atual APA-Iguaçu denominada atualmente de Parque Náutico) foi criado em 1975 (lei de zoneamento) e a ETE-Sanepar foi instalada em Ao lado do parque também existem ocupações irregulares e uma linha férrea, na qual trafegam trens de carga (UP-7 Transição Parque Náutico) que causam poluição sonora e atmosférica e geram riscos de acidentes. A ZS-1 e ZS-2 (zonas de serviços) diferem pelo fato de que na segunda podem ser instaladas indústrias. É a zona mais próxima ao parque. Estas zonas correspondem à UP-3 (área de uso misto). Deve-se levar em consideração que o zoneamento define esta área como sendo de serviços e industrial, porém, ignora o fato de que existe um grande número de residências. As pessoas que moram neste parte do bairro convivem com alguns problemas provenientes da mistura de usos: aumento do tráfego de veículos causando poluição sonora e atmosférica, ruas danificadas pelo tráfego de veículos pesados, diminuição do sombreamento em decorrência da construção de edificações mais altas, entre outros. Nas zonas de serviços também está inclusa a UP-6 (Rio Belém e afluentes). Para os planejadores o rio é apenas um divisor de bairros e os afluentes, apenas canais para escoamento de esgoto.
4 Mapa 1: Unidades de paisagem do bairro Boqueirão Curitiba/Pr Mapa 2: Zoneamento e uso do solo do bairro Boqueirão Curitiba/Pr
5 A ZT-MF é a zona de transição, que compreende área limítrofe à zoneamentos conflitantes e que pretende amenizar os impactos de usos e ocupação do solo. Comparando esta zona com as unidades de paisagem tem-se a UP 4 (uso residencial). Desta maneira, o zoneamento prevê uma mistura de usos (comércio e residência) em um área que é somente residencial. A questão é: a quem se pretende beneficiar com a amenização destes impactos? O planejamento e gestão municipais devem dar conta de prevenir que a ocupação do solo urbano ocorra de maneira equivocada, gerando conseqüências negativas que afetam tanto a qualidade ambiental quanto a qualidade de vida das pessoas. O bairro Boqueirão apresenta alguns destes problemas resultantes da inexistência ou equívocos de planejamento como, por exemplo, a ocupação intensa ao longo dos canais fluviais e ao lado de um parque, e a mistura de usos (comercial e residencial) numa mesma área. A classificação de unidades de paisagem pode ser considerada como um início para a solução dos problemas complexos enfrentados pelo planejamento e pela gestão da paisagem dos dias atuais. Referências BERTRAND, G. Paisagem e geografia física global: um esboço metodológico. Caderno de ciências da terra. São Paulo: USP, n. 13, FÁVERO, O. A.; NUCCI, J. C.; DE BIASI. Hemerobia nas Unidades de Paisagem da Floresta Nacional de Ipanema, Iperó/SP: conceito e método. IV CONGRESSO BRASILEIRO DE UNIDADES DE CONSEVAÇÃO. Anais... Curitiba, 2004 GÓMEZ OREA, D. El Medio Fisico y la Planificación. Cuadernos del CIFCA, v.1 e v.2. Madrid IPPUC Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba. Fotografias aéreas do bairro Boqueirão, escala 1:8.000, IPPUC Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba. Informações sobre o planejamento urbano de Curitiba. Disponível em Acessado em 17/11/2006.
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