Aula 03. Testemunha que não presta o compromisso responde pelo crime de falso testemunho?
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- Filipe Philippi Santiago
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1 Turma e Ano: Regular 2015 / Master B Matéria / Aula: Direito Processual Penal / Aula 03 Professor: Elisa Pittaro Monitora: Kelly Soraia Aula 03 PROVAS EM ESPÉCIE PROVA TESTEMUNHAL Conceito de Testemunha: testemunha é todo homem estranho ao feito e equidistante das partes, chamado ao processo para depor sobre fatos relevantes. Espécies de Testemunha: 1ª. Testemunha direta ou de viso: é aquela que irá depor sobre fatos que presenciou. 2ª. Testemunha indireta ou de auditu: é aquela testemunha que irá depor sobre fatos que ouviu dizer. 3ª. Testemunha instrumental: é aquela que irá depor sobre acontecimentos do inquérito ou da ação penal. Ex: imaginem que uma pessoa foi presa por tráfico de drogas, e o delegado será arrolado como testemunha. Ele será uma testemunha instrumental. 4ª. Testemunha numerária: são aquelas que entram no cômputo legal. Qual é o cômputo legal? São até oito testemunhas no procedimento ordinário e cinco no procedimento sumário. Como esse número é contado? Esse número será computado considerando cada réu e cada fato com ele relacionado. 5ª. Testemunha extranumerárias: são aquelas que não entram no cômputo legal, ou seja, as testemunhas referidas e os informantes. Quem é a testemunha referida? Referida é aquela testemunha que surgiu no depoimento de outra. E o informante? Informantes são aquelas testemunhas que não prestam compromisso. Testemunha que não presta o compromisso responde pelo crime de falso testemunho? Art A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua profissão, lugar onde exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade.
2 1ª Orientação (Polastri) No CP do Império, o compromisso era uma elementar do crime de falso testemunho, daí a sua relevância no CPP. Porém, o CP atual não faz qualquer menção ao compromisso. Desta forma, qualquer testemunha compromissada ou não comente o crime. 2ª Orientação (Tourinho e prevalece na jurisprudência) Por conta dos laços de parentesco não seria razoável a caracterização do crime, ou seja, haveria inexigibilidade de conduta diversa, que é uma excludente de culpabilidade. 6ª. Testemunha de caráter: são aquelas testemunhas que irão depor sobre a vida pregressa do acusado. Art Toda pessoa poderá ser testemunha. O juiz pode condenar alguém com base em depoimento de policiais? 1ª Orientação (minoritária) o seu depoimento não possui valor algum, pois eles são suspeitos, eles participaram das investigações e têm interesse que o mérito do seu trabalho seja reconhecido. 2ª Orientação como eles são funcionários públicos, os seus atos gozam de uma presunção de legalidade, que é um atributo dos atos praticados pela administração. 3ª Orientação (prevalece na doutrina e na jurisprudência, existindo inclusive a súmula 70 do TJRJ) o seu depoimento é uma prova como outra qualquer, e desde que o juiz fundamente a sua decisão, ele pode condenar. Súmula nº 70 PROCESSO PENAL PROVA ORAL TESTEMUNHO EXCLUSIVAMENTE POLICIAL VALIDADE "O fato de restringir-se a prova oral a depoimentos de autoridades policiais e seus agentes não desautoriza a condenação." Referência: Súmula da Jurisprudência Predominante (Art. 122 RI) nº (Enunciado Criminal nº 02, do TJRJ) - Julgamento em 04/08/ Votação: unânime - Relator: Des. J. C. Murta Ribeiro - Registro de Acórdão em 05/03/ fls. 565/572. Detalhes do processo: O juiz pode condenar alguém com base no depoimento infantil? 1ª Orientação (minoritária) não é possível condenar, pois em razão da sua imaturidade moral e psicológica a criança mente. 2ª Orientação (majoritária) a sua narrativa é uma prova como outra qualquer, ganhando especial relevância nos crimes sexuais, normalmente cometido às ocultas.
3 O promotor que atuou no inquérito pode ser arrolado como testemunha da ação? Apesar de não existir nenhum dispositivo no CPP proibindo, haveria uma incompatibilidade entre a posição de parte do MP no processo e os deveres da testemunha. Art A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado (fazer remissão ao art. 208), salvo quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias. Art Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às pessoas a que se refere o art De acordo com a primeira parte do art. 206, todos nós devemos depor. Em seguida, o legislador cria as hipóteses de dispensa, ou seja, hipóteses onde a testemunha poderá optar em depor. Na parte final do dispositivo, o legislador retorna a obrigação de depor se essa for a única forma de comprovar o fato criminoso. Testemunhas Sigilatárias São aquelas pessoas proibidas de depor. Porém, elas eventualmente poderão depor se forem desobrigadas pela parte e quiserem prestar o depoimento. Existem pessoas que nem desobrigadas poderão depor (advogados, médicos, padres e religiosos em geral). Art São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. Deveres da Testemunha 1º dever: comparecer, sob pena de condução coercitiva e aplicação de multa. 2º dever: falar a verdade, sob pena de caracterização do crime de falso testemunho. Art Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua apresentação ou determinar seja conduzida por oficial de justiça, que poderá solicitar o auxílio da força pública.
4 Art O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a multa prevista no art. 453, sem prejuízo do processo penal por crime de desobediência, e condená-la ao pagamento das custas da diligência. A testemunha faltosa é chamada de testemunha recalcitrante. Forma de Inquirição da Testemunha A atual redação do art. 212 do CPP afastou o sistema presidencialista e trouxe a inquirição direta (exame cruzado ou cross examination). Por esse sistema, as partes formulam as perguntas diretamente à testemunha e no final o juiz apenas complementa a inquirição. No cross examination americano, o juiz não complementa a inquirição, ele apenas administra as perguntas que estão sendo formuladas pelas partes. No Brasil, o parágrafo único do art. 212 autoriza o juiz a formular perguntas de forma que esse sistema foi adotado de forma mitigada. Art As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição de outra já respondida. Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição. Qual o vício na hipótese do juiz ainda aplicar o sistema presidencialista para a inquirição de testemunha? 1ª Orientação (era a posição da Ministra Maria Thereza do STJ) a reforma do CPP de 2008 tinha como objetivo aproximar o nosso modelo do modelo acusatório americano, logo a inobservância do dispositivo implica em violar todo o sistema acusatório, sendo hipótese de nulidade absoluta. 2ª Orientação (também era encontrada no STJ) a hipótese é de mera irregularidade, pois independente de quem formula as perguntas, o que importa é que elas estejam consignadas nos autos. 3ª Orientação (pacificada atualmente no STJ) a hipótese é de nulidade relativa, devendo a parte interessada demonstrar o prejuízo. Oitiva de Testemunha por Carta Precatória A parte deve ser intimada sobre a expedição da precatória e também sobre a data da diligência no juízo deprecado? De acordo com as súmulas 155 do STF e 273 do STJ, a defesa deve ser intimada apenas sobre a expedição da precatória, sob pena de nulidade relativa. Apenas o Ministro Marco Aurélio e Tourinho entendem que a defesa deve ser intimada também sobre a data da audiência, sob pena de nulidade absoluta por afronta à ampla defesa.
5 SÚMULA 155, STF É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da expedição de precatória para inquirição de testemunha. SÚMULA 273, STJ Intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se desnecessária intimação da data da audiência no juízo deprecado. Réu preso deve ser intimado para participar de diligência no juízo deprecado? 1ª Orientação (posição atual do STF) RE /RS. Não há nulidade se em momento algum a defesa se manifestou solicitando a presença do réu, sem contar que a ampla defesa será exercida através da defesa técnica. 2ª Orientação (STJ) a hipótese é de nulidade relativa, devendo a parte interessada demonstrar o prejuízo. 3ª Orientação (posição antiga do STF e do Aury) a hipótese é de nulidade absoluta por ofensa ao devido processo legal e à ampla defesa, uma vez que o réu tem o direito de presenciar toda a instrução criminal. PROVA PERICIAL Art Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. É imprescindível a prova pericial para comprovar a materialidade do crime? Pelo CPP, sempre que a infração deixar vestígios será necessário o exame pericial para comprovar a sua materialidade, conforme art. 158, sob pena de nulidade conforme art. 564, inciso III, b. Art A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: (...) III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes: (...) b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no Art. 167; Quais são as espécies de exame de corpo de delito? O exame de corpo de delito pode ser: 1. Direto é aquele realizado nos vestígios. Ex: exame no cadáver ou na porta que sofreu arrombamento.
6 2. Indireto é aquele realizado quando os vestígios desapareceram e consiste na oitiva de testemunhas conforme art Art Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. O art. 167 poderá ser aplicado sempre que os vestígios desapareceram? 1ª Orientação (Polastri e Nucci) o juiz só poderá aplicar o art. 167 quando os vestígios desapareceram por interferência do criminoso ou força da natureza. Se houve desinteresse da vítima ou negligência do Estado, não podemos aplicar o art ª Orientação (jurisprudência) o art. 167 não fez distinções. Ele pode ser aplicado sempre que os vestígios desapareceram. Pela redação do art. 167 do CPP, o exame indireto consiste na oitiva de testemunhas, porém para Polastri e Nucci ele também poderá ser obtido através de documentos, fotos, vídeos, etc., que comprovem a materialidade do crime.
Promotor que atuou no inquérito pode ser arrolado como testemunha?
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