Conteúdo: Prisão Temporária: Contagem do Prazo; Rol de Crimes; Recurso do Indeferimento. Nulidades: Conceito; Espécies; Princípios.

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1 Turma e Ano: Flex B (2014) Matéria / Aula: Processo Penal / Aula 10 Professor: Elisa Pittaro Conteúdo: Prisão Temporária: Contagem do Prazo; Rol de Crimes; Recurso do Indeferimento. Nulidades: Conceito; Espécies; Princípios. - PRISÃO TEMPORÁRIA Contagem do Prazo da Prisão Temporária: Por opção do legislador, não é possível emendar o prazo da prisão temporária com o prazo de 5 dias para oferecer denúncia, pois o art. 2º, 7º da Lei estabelece que findo o prazo, o agente será posto em liberdade. Desta forma, o inquérito deverá ser remetido ao MP com alguma antecedência para que ele possa oferecer denúncia, se manifestar sobre a prisão e encaminhar os autos ao juízo com o agente preso. Art. 2 A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. 7 Decorrido o prazo de cinco dias de detenção, o preso deverá ser posto imediatamente em liberdade, salvo se já tiver sido decretada sua prisão preventiva.

2 Na hipótese de conversão do flagrante em preventiva, o inquérito deverá estar concluído no prazo de 10 dias, conforme art. 10 do CPP. Porém, no dia em que os autos chegarem ao MP será aberto um novo prazo de 5 dias para o oferecimento da denúncia. Conversão do Flagrante em Temporária? O art. 310 do CPP permite a conversão do flagrante em preventiva, hipótese em que o inquérito deverá estar concluído no prazo de 10 dias. Porém, nada impede que o delegado represente pela temporária, que durará o prazo de 5 dias (crime comum) ou 30 dias (crime hediondo). Não existe nenhum critério processual que leve a opção por uma ou outra prisão, a não ser a praticidade do prazo de duração do prazo da temporária na hipótese de crime hediondo (30 dias). Rol dos Crimes da Prisão Temporária: O rol de crimes que admitem prisão temporária é taxativo? Cabe temporária no crime de tortura? 1) Jurisprudência Majoritária O art. 2º, 4º da Lei ampliou o rol de delitos que admitem prisão temporária, ou seja, todos os crimes hediondos, estejam ou não na Lei 7.960/89, admitem a prisão, caso contrário, seria possível a temporária em um roubo e na tortura não. 4 o A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei n o 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.(incluído pela Lei nº , de 2007) 2) Minoritária / Provas Defensoria Tratando-se de uma norma que limita a liberdade individual a sua interpretação deve ser restritiva, ou seja, só cabe prisão temporária nos crimes hediondos que também estejam previstos na Lei 7.960/89.

3 Recurso Indeferimento da Prisão Temporária: Qual o recurso da decisão que indefere a prisão temporária? 1) Jurisprudência Majoritária O rol de hipóteses do RSE é taxativo na sua essência, porém ele pode ser ampliado em situações semelhantes. Desta forma, o recurso correto é o Recurso em Sentido Estrito, com base no art. 581, V CPP. 2) Paulo Rangel O art. 581 do CPP é literalmente taxativo, ou seja, as hipóteses não mencionadas no dispositivo serão impugnadas com apelação residual prevista no art. 593, II CPP. - NULIDADES (art. 564 CPP) Conceito: Nulidade é o vício que atinge a instância processual capaz de invalidá-la no todo ou em parte (conceito de Tourinho). Espécies de vícios: a) Irregularidade a desconformidade com o modelo legal é mínima, pois não houve ofensa a norma que tutelasse o interesse público ou o interesse das partes. Ex: Não intervenção do MP nos crimes de ação penal privada; Juiz não toma o compromisso da testemunha. b) Nulidade Relativa - Houve violação de norma que tutelava o interesse das partes. O reconhecimento do vício está condicionado à demonstração do prejuízo e ele deve ser alegado no momento oportuno, sob pena de preclusão. Ex: Violação de regra de prevenção (Súmula 706 STF); Adoção do sistema presidencialista para inquirição de testemunha, violando o art. 212 do CPP. c) Nulidade Absoluta - Houve violação de princípio ou norma constitucional. Não há necessidade de demonstrar o prejuízo, pois ele é presumido. Ela pode ser alegada a qualquer momento ou reconhecida de ofício, pois aqui não ocorre preclusão.

4 Para esses parâmetros de nulidade absoluta, existem duas exceções: 1) O tribunal pode reconhecer de ofício qualquer nulidade, desde que não promova uma reformatio in pejus, que é vedada pelo art. 617 do CPP. Súmula 160 STF: É nula a decisão do tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não argüida no recurso da acusação, ressalvados os casos de recurso de ofício. 2) Apesar da defesa deficiente violar a ampla defesa, o processo só será anulado se o réu foi efetivamente prejudicado Súmula 523 STF: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. d) Inexistência Material Segundo Frederico Marques, eles são os chamados não atos. Eles não existem, pois não foram praticados - Exs: Ausência de denúncia, ausência de exame pericial, etc. e) Inexistência Jurídica Nesse caso, o ato existe, mas ele é tão defeituoso que não produz qualquer consequência jurídica - Ex: Denúncia feita por um estagiário; exame pericial feito por delegado Em relação às consequências para o processo, existe diferença entre nulidade e inexistência? 1) Tourinho Apesar de serem institutos distintos, o art. 564 do CPP tratou os dois da mesma forma, ou seja, nos dois casos haverá a nulidade do processo. 2) Ada Pellegrini e STF - O ato nulo pode ser convalidado desde que ocorra uma hipótese legal, não se confundindo com o ato inexistente, que não produz qualquer efeito jurídico, sendo incapaz de formar coisa julgada. Qual o vício na hipótese do juiz decretar a extinção da punibilidade com base em certidão de óbito falsa? Existem julgados no STF entendendo que o vício é de inexistência jurídica, o que permitiria a retomada da relação processual.

5 A foi denunciado e absolvido com sentença transitado em julgado na justiça estadual pela prática de um crime da competência da justiça federal. O que o MPF poderá fazer? 1) Pacelli A violação de regra de competência, esteja ou não na Constituição, é causa de nulidade por violação a pressuposto processual de validade. Como não existe instrumento capaz de desconstituir a coisa julgada na hipótese de absolvição, não há nada a ser feito. 2) STF A violação de regra de competência fixada na CF é causa de inexistência jurídica, por afronta ao Princípio do Juiz Natural, que é um pressuposto processual de existência. Como o ato inexistente não produz qualquer efeito, ele é incapaz de formar coisa julgada. Logo, nada impede uma segunda ação penal. 3) Ada Pellegrini Apesar do vício ser a inexistência jurídica, o Pacto de São José da Costa Rica proíbe o bis in idem, logo, não há nada a ser feito. Princípios: a) Princípio do Prejuízo: Segundo a doutrina, este princípio deve ser analisado sob um duplo aspecto: dano à garantia do contraditório (art. 563 CPP) e comprometimento da correção da sentença (art. 566 CPP). Art Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa. Art Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na apuração da verdade substancial ou na decisão da causa. Para a doutrina, na nulidade absoluta o prejuízo é presumido e na nulidade relativa ele deverá ser demonstrado. Porém, para o STF o Princípio pas de nullité sans grief não fez distinções, ou seja, em qualquer caso o vício só será reconhecido se houver demonstração do prejuízo.

6 b) Princípio da Convalidação: É possível que em determinados casos um ato nulo produza os efeitos que eram dele esperados, desde que ocorra uma causa de convalidação: Preclusão convalida a nulidade relativa; Coisa julgada, salvo as hipóteses de revisão criminal; Art. 570 CPP Apesar da citação, intimação e notificação serem essenciais ao exercício do contraditório e da ampla defesa, eventual vício estará sanado desde que o interessado tome conhecimento do ato na forma do art. 570 CPP (parte compareça e tome ciência antes do ato ser realizado).