DIREITO PROCESSUAL PENAL

Transcrição

1 DIREITO PROCESSUAL PENAL Nulidades Prof. Gisela Esposel

2 - O ato nulo é aquele que existe mas de maneira imperfeita, defeituosa, pois praticado com violação à forma prescrita em lei - Como consequência dos vícios poderão ter a nulidade absoluta ou a relativa com diferentes efeitos - Em geral a doutrina costuma adotar 4 espécies : meras irregularidades,nulidades relativas, nulidades absolutas e inexistência

3 - Mas é recorrente a classificação das nulidades em absolutas e relativas - Nulidade absoluta: pode ser decretada de ofício, sem manifestação das partes; não convalesce; não necessita demonstrar prejuízo; pode ser alegada em qualquer tempo e grau de jurisdição - Atenção: a sentença condenatória, transitada em julgado pode ser revista a qualquer tempo ( artigo 621 do CPP ), já a sentença absolutória transitada em julgada faz coisa soberanamente julgada, não havendo revisão, ainda que o processo seja nulo

4 - Assim, a gravidade da atipicidade processual conduz à anulação do ato, independente de qualquer alegação da parte - Há uma violação de norma de interesse público e por isso pode ser reconhecida de ofício pelo juiz em qualquer grau de jurisdição - É clara uma violação de princípios constitucionais, notadamente a ampla defesa e contraditório

5 - É nulo, por exemplo o processo sem defensor, a inversão da ordem prevista no artigo 400 do CPP (audiência de instrução e julgamento) etc. Há uma violação direta do próprio texto constitucional - Nulidade relativa: quando o defeito do ato não for tão grave, caberá a parte interessada arguir o reconhecimento da nulidade do ato e demonstrar o prejuízo processual sofrido. E caso não alegue a nulidade do ato no momento oportuno, opera-se a convalidação do mesmo

6 - Sendo assim, na nulidade relativa há uma violação de normas estabelecidas pelo ordenamento legal (infraconstitucional). - Somente se decreta a nulidade se houver prejuízo. - Há prazo sob pena de preclusão e havendo sentença (absolutória /condenatória) e a nulidade não houver sido alegada em momento oportuno, ficará acobertada pela coisa julgada

7 - Análise do artigo 564 do CPP: segundo a doutrina tratase de um rol meramente exemplificativo que arrola nulidades referentes ao juízo, às partes e às formalidades dos atos processuais - Deve ser lido em consonância com o disposto no artigo 572 do CPP as nulidades previstas no artigo 564, III, d e e, segunda parte, g e h, considerar-se ão sanadas: - I se não forem arguidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no artigo anterior

8 - II se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido seu fim - III se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos - Conclui a doutrina que o artigo 572 define as nulidades relativas pois se consideram sanadas. Assim, costumam afirmar que existe nulidade absoluta nas hipóteses do artigo 564, incisos I, II e III, letras a, b, c, e (primeira parte), f, i, J, k, l, m, n, o e p e nulidade relativa as previstas no artigo564, III d e e (segunda parte) g e h, e inciso IV

9 - No entanto, a jurisprudência altera constantemente o entendimento, sendo arriscado definir os casos de nulidade absoluta ou relativa a partir da estrutura do Código - Atenção: diversas alíneas do inciso III não são mais aplicadas pelo decurso do tempo e sucessivas reformas, como exemplo a alínea a quando fala em portaria iniciando processo penal, na alínea c fala em nomeação de curador ao menor de 21 anos. Atualmente, o maior de 18 anos é plenamente capaz, não existindo mais a figura do curador

10 - Também não existe mais o libelo ou contrariedade, bem como o Procedimento do Tribunal do Júri foi todo alterada pela lei /08, não havendo sentido várias alíneas do inciso III que dizem respeito ao júri - No mesmo raciocínio, o artigo 571 que estabelece o momento oportuno da arguição das nulidades, restou prejudicado pela Lei /08 que alterou substancialmente os procedimentos, eliminando por exemplo a estrutura das alegações finais por escrito