DIREITO PROCESSUAL PENAL

Transcrição

1 DIREITO PROCESSUAL PENAL Da competência Prof. Gisela Esposel

2 - A primeira indagação a ser feita para que se determine a competência do órgão julgador, diz respeito à natureza do crime objeto de investigação, ou seja, se o julgamento concerne à Justiça Especial ou a Justiça Comum - A justiça Especial se divide em Justiça Militar, Justiça Eleitoral e Justiça do Trabalho, já a Justiça Comum se divide em Justiça Comum Federal e justiça Comum Estadual, respectivamente previstas na Constituição da República - A competência dos Tribunais e Juízes Eleitorais está prevista no artigo da Carta Magna

3 - A terminologia justiça especial ou especializada é para realçar o alto grau de especialização das respectivas justiças, ou seja, a natureza da pretensão deduzida em juízo, o ramo do direito penal aplicado. - De fato, o direito eleitoral está submetido às normas do Código Eleitoral e da legislação eleitoral. Os crimes eleitorais apresentam uma particularidade, embora apliquem os princípios gerais do direito penal comum - Assim, parte-se da mais restrita das Justiças Especiais, iniciando-se pela Militar Federal e após a Militar Estadual, a Eleitoral.

4 - Somente após, por exclusão, chega-se a Justiça Comum, primeiro a Federal, para só então chegar à Justiça Comum Estadual - A Justiça Comum Estadual é considerada residual ou remanescente, pois um crime somente será da competência da Justiça Comum Estadual, quando não for da competência de nenhuma das anteriores - Assim, a Justiça Eleitoral é considerada Justiça Especial pela especificidade temática. Não existe hierarquia entra a Justiça Militar e a Eleitoral, mas sim, uma cisão

5 - Já na relação da Justiça Eleitoral com as Justiças Comuns, existe uma prevalência da Especial sobre a Comum - Artigo 78, inciso IV do CPP no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta. - A competência da Justiça Eleitoral está prevista na CR/88, artigo 121 e no Código Eleitoral em que prevê quais são os crimes eleitorais ( Lei 4737/65 ) - A Justiça Eleitoral cuida da organização do processo eleitoral, tais como o alistamento, votação, diplomação etc

6 - A competência da Justiça Eleitoral no âmbito criminal: - É competente para julgar os crimes eleitorais, previstos no código eleitoral e na legislação extravagante. Existe a motivação especial do agir, ou seja, são praticados para fins eleitorais - Cita-se como exemplo os crimes de falsidade material e ideológica quando exista finalidade eleitoral. São crimes que também estão previstos no código penal, com a diferença do elemento subjetivo do tipo penal

7 - Artigo 121 da CR/88 Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais - A competência da Justiça Eleitoral é fixada em razão da matéria, para o processo e julgamento dos crimes eleitorais - É de competência absoluta e não pode ser violada sob pena de ser declarada nulidade absoluta

8 - ATENÇÃO: A existência de motivação política eleitoral ou a existência de campanha eleitoral, por si só, não são necessárias para atrair a competência da Justiça Eleitoral, É preciso que o crime seja previsto no código eleitoral - Infrações conexas: - Havendo conexão entre crime eleitoral e crime da competência da Justiça Comum Estadual haverá reunião do processo e julgamento na Justiça Eleitoral, uma vez que, a competência da justiça estadual é residual, remanescente

9 - É o que dispõe o artigo 78, inciso IV do CPP no concurso da jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta - Crime eleitoral conexo ao crime de homicídio doloso: prevalece o entendimento que quando o crime eleitoral for conexo com o homicídio doloso, haverá cisão da competência, ou seja, o crime eleitoral será julgado na Justiça Eleitoral e o homicídio no tribunal do Júri - A competência do Tribunal do Júri é constitucional (artigo 5º, inciso XXXVIII da CR/88)

10 - Mas se os crimes conexos forem da competência da Justiça Federal ou da Militar, haverá a separação do processo e julgamento, pois estas competências também estão previstas na própria CR/88 - OBS: crime comum praticado contra Juiz Eleitoral, a competência será da Justiça Comum Federal - O crime praticado contra juiz eleitoral, ou seja, contra órgão jurisdicional de cunho federal, evidencia o interesse da União em preservar a própria administração

11 - Por fim, é válido ressaltar que a Justiça Eleitoral é composta por juízes eleitorais, que são juízes estaduais investidos temporariamente dessa função. - Em segundo grau estão os Tribunais Regionais Eleitorais e, acima deles o Tribunal Superior Eleitoral - Segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal, se um Juiz Eleitoral comete um crime eleitoral, será processado e julgado pelo TRE a que pertence

12 - E, por fim, se o crime eleitoral for praticado por um Ministro do Tribunal Superior Eleitoral, será processado e julgado perante o Supremo Tribunal Federal - No entanto, há entendimento de que na primeira hipótese o juiz eleitoral será processado e julgado perante o TRE, se for Desembargador do TRE quem cometer o crime o processo tramitará perante o TSE e, finalmente, se for algum Ministro do TSE, será julgado pelos próprios Ministros do Tribunal Superior Eleitoral