DIREITO PROCESSUAL PENAL

Transcrição

1 DIREITO PROCESSUAL PENAL Da competência Prof. Gisela Esposel

2 - Artigo 124 da CR À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. - Tal dispositivo trata da competência da Justiça Militar da União - Crimes definidos em lei. Qual é a Lei? Código Penal Militar que foi alterado pela Lei / Atenção: a Constituição em nenhum momento fala da pessoa do acusado, não faz qualquer ressalva.

3 - Assim, a Justiça Militar da União julga Militares das Forças Armadas que tenham cometido crimes militares e também julga civis que praticam crimes contra as Instituições militares da União - Artigo 125 parágrafo 4º da CR/88 Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças

4 - Assim, a Justiça Militar Estadual julga crimes praticados por militares estaduais ( policiais militares estaduais, bombeiros e militares das polícias rodoviárias estaduais ) que tenham praticado crimes militares, não julga civis. - E a própria Constituição ressalva a competência do Júri quando a vítima for civil - Exemplo: crime doloso contra a vida de civil praticado por militar estadual. A competência será da Justiça Estadual, mesmo estando o Militar em serviço

5 - Alterações dadas pela Lei /17 ao artigo 9º do Código Penal Militar: - Nova redação ao inciso II do artigo 9º e acrescentou um parágrafo 2º - Artigo 9º - consideram-se crimes militares, em tempo de paz: - Inciso II os crimes previstos neste código e os previstos na legislação penal, quando praticados:

6 - Redação anterior: - Inciso II os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na lei penal comum, quando praticados: - Assim, para que tivesse um crime militar com fulcro no inciso II, a conduta praticada pelo agente deveria necessariamente ser prevista como crime no Código Penal - Exemplo: médico militar dentro de um hospital militar provoca aborto em uma gestante militar sem o seu consentimento. Não era considerado crime militar

7 - Aborto provocado sem o consentimento da gestante não tem previsão no código penal militar.é crime previsto somente no código penal comum. - Com a nova redação dada pela lei /17, se o crime for cometido por um militar da ativa e estiver em serviço, o crime será considerado militar e será processado e julgado na justiça militar - Atenção: legislação penal leia-se comum e leis especiais, como por exemplo Lei 4898/65; Lei 9455/97; Lei 9605/98 etc

8 - Assim, eram crimes que por mais que fossem praticados por militares em serviço, não eram considerados militares, pois não tinham previsão no código penal militar - Observação: crimes previstos neste código e na legislação penal, desde que não tenha a sua competência outorgada a uma outra Justiça, seja pela CR/88, seja pela própria Lei - Exemplo: crime eleitoral praticado por militar em atividade, não é crime militar, pois a CR/88 dispõe que os crimes eleitorais são julgados na Justiça Eleitoral

9 - Exemplo: crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, artigo 26 da Lei 7492/88, a própria lei define que a competência é a da Justiça Federal em detrimento da Justiça Militar - Exemplo: crimes dolosos contra a vida praticados por Militares contra civil serão da competência da Justiça Comum, perante o Tribunal do Júri ( artigo 125 parágrafo 4º da CR/88)

10 - Dos crimes dolosos contra a vida de civil praticados por Militares das Forças Armadas: - Parágrafo 2º do artigo 9º acrescido pela Lei /17 os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se praticados no contexto: - Em todas as hipóteses, uma das funções das Forças Armadas é a garantia da lei e da ordem em ações de segurança pública.

11 - Caso o militar comete um crime doloso contra civil nessas operações, será processado e julgado perante a Justiça Militar, como também em atuação do Exército em obras públicas - Outra hipótese é a ação que envolva segurança da instituição militar ou de missão militar. Se um sentinela atira contra um civil que estaria tentando invadir a área militar, será considerado crime militar - Atenção: a mudança se restringe à Justiça Militar da União, se for praticado por militares dos estados contra civis, a competência será do Tribunal do Júri

12 - Súmula 06 do STJ Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar delito decorrente de acidente de trânsito envolvendo viatura de Polícia Militar, salvo se autor e vítima forem policiais militares em situação de atividade - Atenção: esta súmula está superada, pois crimes previstos na legislação penal praticados por militares em serviço são considerados crimes militares. A competência será da Justiça Militar da União ou do Estado a depender do Militar em questão

13 - Súmula 90 do STJ Compete à Justiça Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela prática do crime militar, e à Comum pela prática do crime comum simultâneo àquele - Atenção: súmula está superada, pela lei /17 responderá por ambos os crimes conexos na Justiça Militar - Súmula 75 do STJ Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar o policial militar por crime de promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal

14 - Tanto o código penal comum, quanto o código penal militar tipificam tal conduta. O entendimento era o de que se o estabelecimento fosse de natureza comum, responderia perante a justiça comum e se fosse presídio militar, responderia perante à justiça militar - Com o advento da Lei /17 responderá perante à Justiça Militar, independente da natureza do estabelecimento - Atenção: não existe contravenção penal militar. A justiça Militar só julga crimes, contravenção não é crime, sob pena de ofensa ao Princípio da Reserva Legal