MPU Processo Penal Competência Armando Júnior

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1 MPU Processo Penal Competência Armando Júnior 2013 Copyright. Curso Agora eu Passo - Todos os direitos reservados ao autor.

2 COMPETÊNCIA #1) CONCEITO à Altavilla: É o poder que o magistrado tem de exercer a jurisdição, solucionando o conflito surgido entre Estado e indivíduo, pelo cometimento de uma infração ou contravenção penal. à Espínola Filho: A porção de capacidade jurisdicional que a organização judiciária atribui a cada órgão jurisdicional, a cada juiz. à Capez: É a delimitação do poder jurisdicional #2) ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA A) RATIONE MATERIAE B) RATIONE PERSONAE C) RATIONE LOCI #3) FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA 3.1) RATIONE MATERIAE è Jurisdição Comum -Justiça Federal -Justiça Estadual è Jurisdição Especial -Justiça Eleitoral -Justiça Militar -Justiça do Trabalho -Justiça Política Prof. Armando Júnior 2

3 A) JUSTIÇA FEDERAL à Art. 109 à Crimes políticos: Lei 7.170/83. à Empresas públicas federais: Caixa Econômica Federal (CEF), Empresas de Correios e Telégrafos (ECT), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). à Autarquias Federais: Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Departamento de Infra-Estrutura Terrestre (DNIT); Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Banco Central (BC). à Contravenções, Crimes eleitorais e Militares: NÃO Art Aos juízes federais compete processar e julgar: IV) os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; V) os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; V-A) as causas relativas a direitos humanos a que se refere o 5º deste artigo; VI) os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; IX) os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; X) os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; Prof. Armando Júnior 3

4 #JUSTIÇA ESTADUAL à Competência residual à Sociedades de Economia Mista: Banco do Brasil (BB), Rede Ferroviária Federal (RFFSA) #JURISDIÇÃO ESPECIAL A) JUSTIÇA ELEITORAL (art. 118 a 121 da CF) B) JUSTIÇA MILITAR Art À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. Parágrafo único. A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a competência da Justiça Militar. C) JUSTIÇA DO TRABALHO STF: COMPETÊNCIA CRIMINAL. Justiça do Trabalho. Ações penais. Processo e julgamento. Jurisdição penal genérica. Inexistência. Interpretação conforme dada ao art. 114, incs. I, IV e IX, da CF, acrescidos pela EC nº 45/2004. Ação direta de inconstitucionalidade. Liminar deferida com efeito ex tunc. O disposto no art. 114, incs. I, IV e IX, da Constituição da República, acrescidos pela Emenda Constitucional nº 45, não atribui à Justiça do Trabalho competência para processar e julgar ações penais [ADI 3684 MC, Min. CEZAR PELUSO] D) JUSTIÇA POLÍTICA à Crimes de responsabilidade: Lei nº 1.079/50 Senado Federal: Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; Assembleias Legislativas Câmara Municipal: (Decreto-Lei nº 201/67) Prof. Armando Júnior 4

5 #3.2) RATIONE PERSONAE à Órgão jurisdicional competente à Foro privilegiado x Foro por prerrogativa de função à Fixação do foro competente a) STF: art. 102, I, b e c ; b) STJ: art. 105, I, a ; c) TRF s: art. 108, I, a. à Diplomação no curso do processo e tempus regit actum à Perda da função à Ratione materiae x Ratione personae à Juízes de Direito e Promotores de Justiça *Crimes eleitorais à Juízes Federais e Procuradores da República *Crimes eleitorais à Deputados Estaduais e crimes federais à Prefeitos Súmula 702 do STF: A competência do Tribunal de Justiça para julgar prefeitos restringe-se aos crimes de competência da Justiça Comum Estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo Tribunal de Segundo Grau. à Proposição de ação penal após o fim da função #3.3) RATIONE LOCI à Regra geral: teoria do resultado (art. 70) Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. Exceção: HOMICÍDIO à Regra subsidiária: local de residência do réu (art. 72, caput). Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu. Prof. Armando Júnior 5

6 à Casos de exclusiva ação privada: (art. 73). Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. à Ação penal privada subsidiária da pública #3.4) DISTRIBUIÇÃO à Hipótese à Casos em que não haverá distribuição: a) órgão jurisdicional único (vara única); b) continência ou conexão e juiz prevalente (arts. 76 a 78); c) prevenção (art. 83). à Hipóteses de prevenção: a) Incerteza da jurisdição onde ocorreu o delito: (arts. 70, 3 e art. 71). b) Réu com mais de um endereço: (art. 72, 1 ). c) Local da infração desconhecido e réu com endereço ignorado: (art. 72, 2 ). Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, 3 o, 71, 72, 2 o, e 78, II, c). Prof. Armando Júnior 6

7 #4) COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA 4.1) COMPETÊNCIA ABSOLUTA à É o interesse público que dita a competência e não o interesse das partes à Ratione materiae e ratione personae: improrrogáveis 4.2) COMPETÊNCIA RELATIVA à Alterável à Nulidade na competência relativa à Preclusão: não arguida oportunamente #4) COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA (cont.) - INOBSERVÂNCIA DA COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA: nulidade absoluta. - INOBSERVÂNCIA DA COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA FUNÇÃO: nulidade absoluta - INOBSERVÂNCIA DA COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LUGAR: nulidade relativa - INOBSERVÂNCIA DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO: nulidade relativa - INOBSERVÂNCIA DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO: nulidade relativa (Súmula 706 do STF) *Súmula É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência penal por prevenção. #5) DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA a) Delegação externa Exemplos: cartas precatórias, cartas de ordem. à Carta precatória entre justiça federal e estadual b) Delegação interna Exemplos: delegação feita aos juízes substitutos ou auxiliares à Desaforamento Art Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante representação do juiz competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas. Prof. Armando Júnior 7

8 #6) COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO: TEORIAS TEORIAS 1ª) Teoria da atividade: art. 63, Lei 9.099/95 2ª) Teoria do resultado: art. 70 do CPP 3ª) Teoria da ubiquidade: art. 6 do CP #7) CRIMES PRATICADOS NO EXTERIOR Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República. #8) CRIMES COMETIDOS A BORDO DE EMBARCAÇÕES; Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País, pela do último em que houver tocado. Obs.: Justiça federal. Prof. Armando Júnior 8

9 #9) CRIMES COMETIDOS A BORDO DE AERONAVES Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo correspondente ao território nacional, serão processados e julgados pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso após o crime, ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave. Obs.: Justiça federal. #10) COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU à Desconhecido o lugar da infração: residência do réu (art. 72). à Réu com mais de um domicílio: prevenção (art. 72, 1 ). à Réu com residência ignorada: juízo que primeiro tomar conhecimento (art. 72, 2 ). à Ação penal exclusivamente privada: escolha à Ação penal privada subsidiária da pública #11) COMPETÊNCIA POR CONEXÃO à Conceito: quando duas ou mais infrações estão ligadas por um vínculo, por um liame que aconselha a reunião dos processos num mesmo juízo. à Duplo efeito: agrupamento das ações penais e prorrogação de competência. à Espécies de conexão: -INTERSUBJETIVA -OBJETIVA -INSTRUMENTAL Prof. Armando Júnior 9

10 àintersubjetiva: (art. 76, I.) a) Conexão intersubjetiva por simultaneidade b) Conexão intersubjetiva por concurso c) Conexão intersubjetiva por Reciprocidade àobjetiva (LÓGICA OU MATERIAL): art. 76, II. a) Conexão objetiva teleológica b) Conexão objetiva consequencial àinstrumental (PROBATÓRIA): art. 76, III. Art. 76. A competência será determinada pela conexão: I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras; II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração. #12) COMPETÊNCIA POR CONTINÊNCIA à Conceito: quando um fato contém vários crimes (H. Tornagui). à Hipóteses: art. 77 do CPP 1) Pluralidade de agentes e unidade de infração 2) Uma só conduta delituosa e pluralidade de infrações a) Concurso formal b) Aberratio ictus c) Aberratio delicti Prof. Armando Júnior 10

11 Art. 77. A competência será determinada pela continência quando: I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, 1 o, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal. Concurso formal Art. 70. Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. Parágrafo único. Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. Erro na execução Art. 73. Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. Resultado diverso do pretendido Art. 74. Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. #13) CONEXÃO E CONTINÊNCIA: REUNIÃO DE PROCESSOS E FORO PREVALENTE à Regra: prorrogação necessária (art. 78 do CPP e Súmula 122 do STJ) à Perpetuatio jurisdictionis: se o juiz absolver o acusado da infração que implicou na reunião dos processos, mesmo assim continuará competente para julgar os demais crimes. Súmula 122 do STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, "a", do Código de Processo Penal. Prof. Armando Júnior 11

12 Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras: I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri; II - no concurso de jurisdições da mesma categoria: a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave; b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade; c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação; IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta. #14) CONEXÃO E CONTINÊNCIA E SEPARAÇÃO DOS PROCESSOS à Hipóteses de separação dos processos: 1) Jurisdição comum x Jurisdição Militar: Súmula 90 do STJ 2) Jurisdição comum e Juizados de Menores 3) Doença mental de um dos corréus Súmula 90 do STJ: Compete a Justiça Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela prática do crime militar, e a comum pela prática do crime comum simultâneo aquele. à Separação facultativa: art. 80 Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não lhes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação. à Desclassificação pelo Júri à Absolvição pelo Júri e crimes conexos Prof. Armando Júnior 12