Conteúdo: Teoria Geral dos Recursos: Efeitos (cont.); Pressupostos Recursais. - TEORIA GERAL DOS RECURSOS

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1 Turma e Ano: Flex B (2014) Matéria / Aula: Processo Penal / Aula 14 Professor: Elisa Pittaro Conteúdo: Teoria Geral dos Recursos: Efeitos (cont.); Pressupostos Recursais. - TEORIA GERAL DOS RECURSOS EFEITOS DO RECURSO: Devolutivo: Apelação no Tribunal do Júri: A apelação das decisões do júri deve se enquadrar em uma das hipóteses do art. 593, III do CPP, sendo que de acordo com a Súmula 713 do STF, o efeito devolutivo dessa apelação é limitada aos termos da sua interposição. Desta forma, a súmula mitiga a regra de que o tribunal poderia reconhecer de ofício qualquer questão que beneficie o réu. Porém, mesmo após a edição da súmula, o STF vem admitindo efeito devolutivo amplo nessas apelações. Súmula 713 STF: O efeito devolutivo da apelação contra decisões do Júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição. Art Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias: I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular; II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas, proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior; III - das decisões do Tribunal do Júri, quando: a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia; b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados; c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.

2 O que mede os recursos escalonados (Apelação e RSE): petição de interposição ou razões? 1) Majoritária - O que limita o recurso é a petição de interposição, pois de acordo com o art. 601 do CPP, com ou sem as razões, os autos serão submetidos ao tribunal. Art Findos os prazos para razões, os autos serão remetidos à instância superior, com as razões ou sem elas, no prazo de 5 (cinco) dias, salvo no caso do art. 603, segunda parte, em que o prazo será de trinta dias. 2) Adalberto Aranha (Minoritária) A petição de interposição serve apenas para a análise da admissibilidade, sendo o inconformismo da parte constatado nas razões. Obs: O STJ vem mitigando o art. 601 do CPP na hipótese de recurso da defesa, pois a remessa desse recurso sem razões o enfraqueceria. Desta forma, o juiz deverá intimar o réu para constituir um novo advogado, sob pena das razões serem apresentadas pela Defensoria Pública. Regressivo é o efeito que permite o juízo de retratação pelo órgão prolator da decisão. É um efeito comum nos embargos e presente excepcionalmente no RSE. Suspensivo Segundo Barbosa Moreira, a expressão efeito suspensivo traz a falsa noção de que uma decisão estava produzindo os seus efeitos naturalmente e que apenas com a interposição de um recurso tais efeitos seriam suspensos. Na verdade, o simples fato de uma decisão estar sujeita a um recurso que produz o efeito suspensivo faz com que ela nasça sem produzir efeito algum. Apelação: a) Sentença Absolutória: Na hipótese de sentença absolutória, o seu efeito principal é a imediata colocação do réu em liberdade. Se o MP recorrer da absolvição, essa apelação não impedirá a soltura do agente. Logo, a apelação de sentença absolutória não produz efeito suspensivo. b) Sentença Condenatória + Prisão: Antes das últimas reformas do CPP, os arts. 393 e 594 do CPP estabeleciam como efeito automático da condenação a prisão do

3 agente, daí a relevância da discussão na época sobre eventual efeito suspensivo na apelação da defesa. Com a reforma não existe mais prisão automática como um efeito automático da condenação. De acordo com ao art. 387 do CPP, a prisão que poderá surgir nesse momento é a preventiva, decretada a partir da análise da sua necessidade. Desta forma, apelação da defesa nessa hipótese não afastará esse efeito prisional. Extensivo Está previsto no art. 580 do CPP. É o efeito que permite estender a outro réu o resultado favorável de um recurso. Art No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros. A e B foram denunciados e pronunciados pela prática de um homicídio duplamente qualificado. Em razão da separação dos processos, o Plenário de A ocorreu antes do de B, ocasião em que ele foi condenado por homicídio simples com sentença transitado em julgado. Após o trânsito em julgado, B é submetido ao Plenário - o juiz presidente poderá quesitar as qualificadoras? Na jurisprudência do TJ/RJ existem duas orientações: 1) Devemos aplicar analogicamente o art. 580 do CPP, de forma que o aspecto favorável do Plenário de A repercuta em B, impedindo a quesitação das qualificadoras. 2) Por conta dos limites subjetivos da coisa julgada, o resultado de A não repercute em B. Se no final surgir alguma decisão conflitante, a hipótese será de revisão criminal.

4 PRESSUPOSTOS RECURSAIS: Pressupostos Recursais: 1. Pressupostos Subjetivos: Legitimidade Interesse 2. Pressupostos Objetivos: Cabimento Regularidade Formal Tempestividade Ausência de fato impeditivo Ausência de fato extintivo 3. Pressuposto Fundamental 4. Pressuposto Lógico 1) Pressupostos Subjetivos: Legitimidade: É a pertinência subjetiva do recurso, ou seja, implica em perquirir quem pode recorrer. MP pode recorrer pro réu no processo penal? 1) Frederico Marques O MP não pode recorrer em razão da ausência de sucumbência (desconformidade entre o que foi pedido e o que foi concedido). 2) Majoritária - Ada, Tourinho, Polastri O MP é uma parte multiforme no processo penal, ou seja, ele é parte e fiscal da lei, e na qualidade de custus legis ele poderá recorrer. Assistente de acusação pode recorrer? 1) Polastri (Tese de MP) Como o recurso é um desdobramento do direito de ação e como a ação penal é exclusiva do MP, assistente de acusação não pode recorrer.

5 2) STF A inércia do MP na ocasião do oferecimento da denúncia autoriza a ação penal privada subsidiária da pública. Logo, a inércia do MP na fase recursal autoriza o recurso do assistente de acusação. Interesse: Apenas com a interposição do recurso será possível obter uma melhora na situação do recorrente. O MP pode recorrer de sentença absolutória nos crimes de ação penal privada? Não pode, sob pena de violar o Princípio da Disponibilidade que norteia a ação penal privada. O MP pode recorrer de sentença condenatória nos crimes de ação penal privada? Para toda a doutrina, o MP poderia recorrer pro réu na qualidade de custus legis. Porém, Polastri entende que ele também poderia recorrer nessa hipótese contra o réu, pois uma vez que foi julgada procedente a pretensão punitiva, esse recurso não violaria o Princípio da Disponibilidade. O réu tem interesse em recorrer de sentença absolutória? O réu tem interesse em recorrer para mudar a sua fundamentação e, assim, inviabilizar ação civil ex delicto. 2) Pressupostos Objetivos: Cabimento: O recurso deve ser hábil a impugnar a decisão, estando diretamente relacionado ao Princípio da Taxatividade. Tempestividade: O recurso deve ser interposto no prazo legal.

6 A Defensoria possui prazo em dobro no processo penal? É pacífico no TJ e no STJ que a Lei 1.060/50 não fez distinções, ou seja, tanto no processo penal como no processo civil Defensoria tem o prazo em dobro. De acordo com a Súmula 710 do STF, no processo penal, os prazos são contados da intimação e não da juntada aos autos do mandado (# processo civil = início da contagem do prazo com a juntada do mandado aos autos). Súmula 710 do STF: No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem. Na hipótese de existirem vários réus com vários advogados, o prazo para a interposição do recurso terá como parâmetro a data da última intimação. Regularidade Formal: Em determinadas hipóteses, o legislador apresenta requisitos para que os recursos sejam recebidos. De acordo com o art. 578 do CPP, os recursos devem ser interpostos por petição ou termos nos autos, não havendo previsão de interposição de recurso por cota. Art O recurso será interposto por petição ou por termo nos autos, assinado pelo recorrente ou por seu representante. Porém, em se tratando de recurso da defesa, a jurisprudência aceita esse recurso por cota tendo como parâmetro a ampla defesa (flexibilização do requisito). Ausência de fatos impeditivos: Os fatos impeditivos são aqueles que surgem antes da interposição do recurso: Renúncia Súmula 705 STF. Súmula 705 STF - A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta.

7 Preclusão normalmente a temporal, associada a perda de prazo. Ausência de fatos extintivos: Fatos extintivos são aqueles que surgem após a interposição do recurso: Desistência Deserção O MP pode desistir de recurso que interpôs? (resposta na próxima aula)