Área Temática II Direito à Informação, Acesso à Informação e Inclusão Social
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- Eduardo Júlio Alves Mascarenhas
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1 Área Temática II Direito à Informação, Acesso à Informação e Inclusão Social PRÁTICAS DE PROMOÇÃO DA LEITURA NA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA DO PRAZER AO HÁBITO Relato de experiência Ariane Vieira de Paulo Silva*, Estela Alves Ribeiro*, Lara Batista Botelho*, Leila Barros Cardoso Oliveira**, Ricardo Spindola Mariz*** RESUMO: A Educação Universitária tem buscado cada vez mais formar profissionais com postura crítica e reflexiva. A Biblioteca Universitária, além do papel de apoio ao ensino, pesquisa e extensão passa a ter a função social de formação de leitores. Neste contexto, o presente trabalho descreve a experiência vivenciada pelo Sistema de Bibliotecas (SIBI) da Universidade Católica de Brasília (UCB), no projeto de incentivo à leitura dos alunos de graduação, vinculados à disciplina de Introdução à Educação Superior, que visou propiciar oficinas de leitura literária de maneira a contribuir para o desenvolvimento do gosto e do compromisso com a leitura. Palavras-chave: Incentivo à leitura. Biblioteca Universitária. Ensino Superior. ABSTRACT: University Education has increasingly sought to develop professionals with a critical and reflective (capable of exercising thought or judgment) posture. The University Library, apart from its role of supporting education, research and extension, also has the social function of training readers. Thus, this work describes the experience conducted by the Library System (Sistema de Bibliotecas - SIBI) of the Catholic University of Brasília (Universidade Católica de Brasília - UCB) in the project to promote reading for undergraduate students, which was linked to the course Introduction to Higher Education, aimed to foster literature reading workshops in order to contribute to the development of an individual s taste and commitment to reading. Keywords: Encouraging reading. University library. Higher education. * Bibliotecária da Universidade Católica de Brasília, Brasília/DF. arianes@ucb.br *; estela@ucb.br * ; lara@ucb.br * ** Especialista em Art Of Business Coaching e MBA em Gestão da Comunicação nas Organizações, Gerente do Sistema de Bibliotecas da Universidade Católica de Brasília, Brasília/ DF. leilab@ucb.br *** Doutor em Sociologia, Pró-Reitor de Graduação da Universidade Católica de Brasília, Brasília/ DF. spindola@ucb.br
2 1 INTRODUÇÃO No caso da educação superior no Brasil, passamos a viver, a partir de meados dos anos de 1990, uma mudança significativa e que, de certa forma, acompanhou mudanças em outras regiões do mundo. A Educação Superior deixou de ser um espaço somente de preparação de mercado para ser, ela própria, um mercado promissor, ocorrendo um crescimento no número de vagas e cursos ofertados (SANTOS, 2005). Tal crescimento facilitou o acesso a um curso superior, porém, ao modificar o perfil do estudante, é preciso pensar em novas estratégias de acolhimento e formação dos mesmos. No tocante aos estudantes da UCB, o que se percebe é que um grande número deles não possui o conhecimento escolar esperado para ingressar na Educação Superior. Entretanto, não somos um caso isolado; esse fenômeno, em grande parte, é percebido nas outras Instituições de Ensino Superior (IES) privadas e, em menor escala, nas Instituições Federais. Muito está sendo feito e, ainda, há bastante por fazer para garantir e melhorar a posição da Universidade Católica de Brasília no contexto das Instituições de Ensino Superior do DF e do Brasil. Assim, entre o conjunto de ações realizadas surgiu a disciplina de Introdução à Educação Superior. Esta disciplina possui o foco no conteúdo do sujeito, ou seja, no cuidado com cada estudante que entra na Universidade, pois ele precisa se sentir acolhido, respeitado em sua história (com todas as fragilidades escolares que ela possa ter) e desafiado a viver um momento singular em sua vida: a Educação Superior. Dessa forma, o objetivo da disciplina é acompanhar cada estudante em sua produção escrita diária, retomando sua trajetória na educação básica, como ponto de partida para reflexão sobre os grandes temas da contemporaneidade. Tratar o saber científico, a partir das áreas de conhecimento dos seus cursos, e a ciência a partir dos enfoques sociológicos, históricos e filosóficos. Também possui o foco na questão da leitura e da escrita na Universidade, partindo da leitura de mundo até a leitura e a autoria de textos acadêmicos. Neste contexto, o projeto Clube de Leitura do Sistema de Bibliotecas foi concebido, em parceria com a Pró-Reitoria de Graduação e a disciplina de
3 Introdução à Educação Superior, como incentivo à leitura dos alunos ingressantes na Universidade, e que buscou contribuir, de forma direta, para melhoria na realidade socioeducacional dos participantes. 2 REVISÃO DE LITERATURA A biblioteca universitária possui o papel de apoio às atividades de ensino, pesquisa e extensão, sendo o bibliotecário aquele que contribui para os processos de ensino-aprendizagem e na formação de um aluno leitor, autônomo, crítico e reflexivo (SOUSA, 2009). Segundo Freire (1999), a leitura do mundo precede a leitura da palavra. Linguagem e realidade se comunicam dinamicamente. Para Orlandi (1993 apud SILVEIRA, 2003), o ato de ler é a base do trabalho intelectual, caracterizado por questões linguísticas, pedagógicas e sociais, e a um só tempo englobando interpretação, compreensão e reflexão dos textos. O projeto Clube de Leitura teve como proposta oferecer uma oportunidade para os alunos desenvolverem o hábito da leitura, por meio de atividades suplementares aos estudos, como a troca de informações sobre materiais selecionados, entre eles, textos, vídeos, imagens e outros. 3 MATERIAIS E MÉTODOS O projeto Clube de Leitura iniciou suas atividades, em fevereiro de 2010, voltadas para alunos recém-ingressos da universidade, matriculados na disciplina de Introdução à Educação Superior, em horários disponibilizados previamente pelos professores. Após estudos sobre diversas iniciativas de clubes de leitura no Distrito Federal, organizou-se um grupo interdepartamental para moldar o que seria o programa de leitura gerenciado pelo SIBI. Em contrapartida, após uma reunião com professores da disciplina de Introdução à Educação Superior, acordou-se que as atividades de leitura fossem integradas a essa disciplina e os professores seriam os responsáveis por abrir um espaço no quadro de aulas para receber a equipe de mediadores.
4 Diante deste cenário, as oficinas que estavam programadas para o início de maio foram adiadas; e os bibliotecários, convocados a participar. Devido à falta de experiência nesse tipo de projeto, o SIBI entrou em contato com o Instituto C&A, com o Ministério da Educação (MEC) e com a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, sendo que esta última o direcionou para a Biblioteca Demonstrativa de Brasília, que, na cidade, é o único órgão com projetos direcionados para o incentivo à leitura. A gerente de projetos Ana Maria da Costa Souza, representante do comitê de leitura do programa Pró-Ler Programa Nacional de Leitura, forneceu orientações norteadoras sobre o que seria um clube de leitura e sobre a atuação do mediador. Isso feito, o Clube de Leitura, já no primeiro semestre, teve como proposta a realização de dois encontros de leitura e lazer com os alunos da disciplina de Introdução à Educação Superior, com sessões descontraídas de debate de ideias, apresentação dos livros mais lidos na atualidade e a ampliação do conhecimento, tendo como gênero de partida, as crônicas. Cumpre ressaltar, também, que o espaço do Clube de Leitura foi utilizado como oportunidade de divulgar os serviços do SIBI, por meio de visita orientada, sendo atendidas 32 turmas piloto, por iniciativa dos professores. Para esse trabalho, a equipe de mediadores foi composta, exclusivamente, por bibliotecários, destacando-se, também, a atuação da logística, com o apoio de outros setores da Universidade, como a Unidade de Apoio Administrativo (UADA) e dos professores de Introdução à Educação Superior. O resumo das pautas encontra-se disponível no Apêndice A do documento. No segundo semestre de 2010, ocorreram mudanças significativas na execução do projeto. Além do apoio logístico já negociado, acordou-se a obrigatoriedade de três encontros semestrais com todas as turmas da disciplina; capacitação de mediadores, a partir de alunos voluntários, com certificação de horas complementares; foco na preocupação de fundamentar a metodologia de trabalho em pautas de projetos semelhantes e pautas escolares; elaboração de questionários de leitura e avaliação do Projeto na última oficina. Assim, foram atendidas, no total, 51 turmas. O resumo das pautas das três oficinas encontra-se disponível no Apêndice B do presente trabalho.
5 4 RESULTADOS Ao final do ano de 2010, foram atendidas 83 turmas pelo projeto Clube de Leitura, num total de alunos. E, entre os frutos deste trabalho, destacam-se: a conquista de novos espaços de leitura; ampliação da divulgação, empréstimo e novas aquisições do acervo de obras literárias; transformação da qualidade e da capacidade leitora do universitário; maior interesse dos calouros da disciplina de Introdução à Educação Superior para a leitura em seu dia a dia; modificação da visão do SIBI pelos alunos, estabelecendo um relacionamento mais estreito com os mesmos; trabalho cooperativo entre os docentes, o SIBI e Pró-Reitoria de Graduação e capacitação de educadores, bibliotecários e outros mediadores da leitura. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O projeto Clube de Leitura foi concebido para responder a uma preocupação fundamental: o distanciamento de grande parte dos alunos em relação à leitura, problema este decorrente de questões estruturais da formação educacional brasileira. A implementação do Projeto permitiu um novo posicionamento do Sistema de Bibliotecas perante a Universidade e junto aos alunos ingressantes, por se caracterizar como um projeto pioneiro entre bibliotecas universitárias e voltado para alunos jovens, da etária de 16 a 24 anos, (correspondendo a 77% dos calouros). Entre as atividades desenvolvidas, cumpre ressaltar algumas ações para o alcance dos objetivos propostos: elaboração e cumprimento de pauta; importância do planejamento para a realização das oficinas; exibição de livros literários; documentação do projeto para pesquisas futuras e memória institucional; feedback dos mediadores após os encontros e o registro das oficinas; e envolvimento dos professores nas ações do Projeto.
6 De tudo, se percebe que só podemos pensar em melhorar a leitura de nossos alunos, por meio de uma relação mais íntima com o livro. Nagai (2005) destaca que, para incentivar a leitura não basta colocar as pessoas em contato com materiais escritos: é preciso incentivá-las e ajudá-las a compreender textos, o que pode ser feito comentando o que é lido, fazendo perguntas, lendo junto, trazendo informações sobre autores e temas, ajudando a descobrir o significado de palavras, etc. Aprender a ler os mais diferentes gêneros discursivos, adquirindo o gosto pela leitura, além de ampliar a compreensão de mundo, pode garantir melhor desempenho nos estudos e na vida profissional. Tornar a prática da leitura mais presente no cotidiano acadêmico é um serviço fundamental que o Sistema de Bibliotecas propôs para um projeto institucional, cuja meta é formar cidadãos leitores. A Universidade e a Biblioteca são, assim, neste processo, organismos imprescindíveis e complementares. REFERÊNCIAS FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 34. ed. São Paulo: Cortez, NAGAI, Simone. Projeto entre na roda: leitura na escola e na comunidade, Disponível em: < 1469>. Acesso em: 2 mar SANTOS, Boaventura de Sousa. A universidade no século XXI: para uma reforma democrática e emancipatória da universidade. 2. ed. São Paulo: Cortez, SILVEIRA, Raquel da Silva. A cultura do polígrafo: práticas de leitura no ensino superior privado Porto Alegre, f. Dissertação (Mestrado em Psicologia Social e Institucional). UFRS. SOUSA, Margarida Marilda de. A biblioteca universitária como ambiente de aprendizagem no ensino superior. São Paulo, f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação). USP. Disponível em: < /disponiveis/.../margarida_m_sousa_dissert.pdf>. Acesso em: 10 mar
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