EMERGÊNCIA DE Salmonella RESISTENTE A QUINOLONAS NO ESTADO DE SÃO PAULO

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1 EMERGÊNCIA DE Salmonella RESISTENTE A QUINOLONAS NO ESTADO DE SÃO PAULO Monique Ribeiro Tiba*, Josefa Maria Lopez da Silva, Carolina Amorim, Carlos Henrique Camargo, Sueli Aparecida Fernandes INSTITUTO ADOLFO LUTZ, SÃO PAULO *mrtiba@yahoo.com.br

2 INTRODUÇÃO Salmonella enterica representa um dos principais patógenos responsáveis por doenças transmitidas por alimentos (DTAs), causando infecções gastrointestinais e graves infecções extra-intestinais, o que torna essencial à necessidade de terapia com antibióticos no tratamento dos pacientes. A vigilância laboratorial de resistência antimicrobiana para Salmonella tem sido realizada, rotineiramente, no laboratório de Enteropatógenos do Instituto Adolfo Lutz-SP, para uma amostragem representativa dos principais sorotipos de Salmonella. OBJETIVO O objetivo deste estudo é verificar a resistência ao ácido nalidíxico e susceptibilidade reduzida a ciprofloxacina dos diferentes sorotipos de Salmonella isolados de casos de infecções humanas e de outras origens, em sua maioria alimentos.

3 Metodologia Foram estudadas 88 cepas de Salmonella resistentes ao ácido nalidíxico isoladas no Estado de São Paulo no período de 999 a. A identificação dos sorotipos foi realizada utilizando antisoros específicos produzidos em nosso próprio laboratório, segundo Esquema de White-Kauffmann-Le Minor (9ª Ed). A distribuição das cepas, de acordo com a origem de isolamento e sorotipos estão apresentadas nas Figuras e. Os testes de susceptibilidade antimicrobiana foram realizados pelo método de difusão de disco em ágar Müeller Hinton, de acordo com a padronização do Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI). Os agentes antimicrobianos (Oxoid) utilizados foram: Ácido Nalidíxico (NA), Amoxicilina + Ácido clavulânico (AMC), Amicacina (AMI) Ampicilina (AMP), Aztreonam (ATM), Cefepime (CPM), Ceftazidima (CAZ), Cefotaxima (CTX), Ceftriaxona (CRO), Ciprofloxacina (CIP), Cloranfenicol (C), Estreptomicina (S), Gentamicina (GEN), Imipenem (IPM), Trimetoprim-sulfametoxazol (SXT), Sulfonamidas (SSS), Tetraciclina (TE). Para cepas que apresentaram resistência ao Ácido Nalidíxico foram realizados testes para determinação da Concentração Mínima Inibitória (MIC) para ácido nalidíxico e ciprofloxacina pelo método E-test. A fezes sangue/cateter secreções urina liquor B 5 9 Animal Ambiente Alimento Figura. Distribuição das cepas de Salmonella resistentes ao ácido nalidíxico estudadas de acordo com a origem: Humana (A) e Não Humana (B)

4 Resultados Todas as 88 cepas de Salmonella resistentes ao ácido nalidixico (halo de inibição mm) apresentaram altos níveis de resistência com MIC 5 µg/ml. Destas, cepas apresentaram susceptibilidade reduzida a ciprofloxacina, com a prevalência de S. Enteritidis e S. Typhimurium (Tabela). Sorotipos Nº cepas N (%) de cepas resistentes à Ác. Nalidíxico (NA) MIC 5 µg/ml N (%) de cepas com susceptibilidade reduzida à Ciprofloxacina (CIP) MIC,5 µg/ml Concentração Inibitória Mínima que inibiu 5% dos isolados (MIC5) (µg/ml) S. Enteritidis 9,5 S. Typhimurium,5 S.I,5,:i:-,8 Outros sorotipos 5,5 Total MIC Ciprofloxacina (CLSI) - Sensível:, µg/ml; Intermediário:,5-,5µg/mL; Resistente:,µg/mL. Na tabela estão discriminados os valores de MIC para ciprofloxacina detectados para os diferentes sorotipos de Salmonella. Os resultados evidenciaram cepas resistentes a ciprofloxacina, em sua maioria S. Typhimurium e S. I,5,:i:-. Outras 57 (95,%) cepas apresentaram uma faixa de resistência intermediária para ciprofloxacina de,5-,75 µg/ml. Tabela. Distribuição dos valores de MIC (µg/ml) para ciprofloxacina em sorotipos de Salmonella Sorotipo Valor de MIC (µg/ml) para CIP Enteritidis,5,:i:- Typhimurium Outros (5),5 9, ,5 9 7,8,5,75,5 8 Total 7

5 Conclusões Neste estudo, os resultados do diagnóstico laboratorial de resistência antimicrobiana para Salmonella, demonstrou um aumento dramático de resistência a quinolona (ácido nalidíxico) associada com a diminuição da susceptibilidade a ciprofloxacina, ao longo dos anos. Os resultados evidenciaram cepas resistentes a ciprofloxacina. Este dado é por nós considerado bastante relevante e de impacto em saúde pública, sendo as primeiras cepas de Salmonella resistentes a ciprofloxacina identificadas em nosso laboratório e do nosso conhecimento, as primeiras cepas de Salmonella resistentes a ciprofloxacina no estado de São Paulo. Nos diferentes sorotipos de Salmonella incluídos neste estudo verificou-se altos níveis de resistência ao ácido nalidíxico, e na maioria das cepas (7%) susceptibilidade reduzida a ciprofloxacina, o que revela uma preocupação na eficácia do tratamento de pacientes. É de grande relevância o monitoramento laboratorial da resistência antimicrobiana, visando estratégias para implementar as medidas de controle da resistência em Salmonella, com ênfase no uso consciente dos agentes antimicrobianos em medicina humana e veterinária.