PERFIL DE SENSIBILIDADE DE AGENTES CAUSADORES DE MASTITE BOVINA NA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

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1 PERFIL DE SENSIBILIDADE DE AGENTES CAUSADORES DE MASTITE BOVINA NA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL GOMES, Paula 1 ; BAPTAGLIN, Mariane 1 ; SPEROTTO, Vitor R. 2 ; ZANATTA, Liliane 1 ; Palavras-chave: Mastite. Antibacterianos. Leite. Introdução A mastite é uma inflamação da glândula mamária e caracteriza-se por alterações físicas, químicas e organolépticas do leite, além de alterações no tecido glandular (RIET- CORREA et al.; 2006), afeta a lucratividade desta atividade, pois influencia negativamente em quantidade e qualidade do leite produzido, trazendo prejuízos econômicos para o produtor e para a indústria (FONSECA; SANTOS, 2000). De acordo com Radostits et al., (2000) a mastite é causada por vários agentes infecciosos e geralmente classificada quanto a forma de transmissão, em mastite contagiosa, que se dissemina de um quarto infectado para outro ou até mesmo para outro animal, e mastite ambiental que encontram-se no ambiente que a vaca vive e acabam alcançando a glândula; também classificada pela apresentação de clínica e subclínica. Os patógenos encontrados causando a doença são relacionados com essa classificação, onde Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae e Mycoplasma spp são microrganismos contagiosos e o principal reservatório é o próprio animal. Já os coliformes ambientais, incluem Escherichia coli, Klebsiella spp, Enterobacter e outras bactérias como Pseudomonas e Proteus (CARLTON; McGAVIN, 1998). A mastite bovina é a doença mais importante da bovinocultura de leite, pelos prejuízos que determina ao produtor, onde os agentes envolvidos na grande maioria das vezes são bactérias. Pela importância do assunto este trabalho tem por objetivo descrever o perfil de sensibilidade de bactérias isoladas a partir de amostras de leite bovino com mastite, obtidas de animais da Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Metodologia Foi realizado um estudo retrospectivo através de dados obtidos dos protocolos do Laboratório de Microbiologia e Diagnóstico Veterinário, da Universidade de Cruz Alta RS, 1 Acadêmicas do Curso de Medicina Veterinária da Universidade de Cruz Alta. lilianezan@hotmail.com ² Med. Vet., Docente do Curso de Medicina Veterinária da Universidade de Cruz Alta.

2 onde foram analisadas amostras de leite de bovinos com suspeita de mastite, a forma de apresentação da doença foi tanto clínica como subclínica, todas as amostras foram de período de lactação. Os animais eram maioria da raça Holandesa, também havia da raça Jersey e suas cruzas, sendo o período compreendido entre janeiro de 2010 a dezembro de Todas as propriedades estavam localizadas na região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. O teste de susceptibilidade aos antimicrobianos (TSA) foi realizado para a obtenção da sensibilidade conforme o método de difusão em discos descrito por Bauer et al. (1996). As colônias foram ajustadas na Escala 0,5 de Mac Farland e semeadas em placas com Agar Mueller Hinton após foram adicionados os discos contendo o princípio ativo dos antibacterianos. As drogas utilizadas foram: amoxicilina (AMO), amoxicilina mais ácido clavulânico (AMC), cefalexina (CFE), ceftiofur (CFE) cefuroxima (CRX), ciprofloxacina (CIP), enrofloxacina (ENO), florfenicol (FLF), gentamicina (GEN), lincomicina (LIN), oxacilina (OXA), sulfadiazina associada a trimetropin (SUT) e tetraciclina (TET). Resultados e Discussões Neste período foi analisado um total de 302 amostras de leite, onde 175 amostras foram positivas para crescimento de agentes causadores de mastite bovina e posteriormente foi realizado o TSA. Os resultados podem ser vistos na forma de percentuais indicados abaixo na Tabela 1. TABELA 1: Percentuais do teste de susceptibilidade aos antimicrobianos, conforme as espécies bacterianas isoladas e identificadas como agentes causadores de mastite bovina, em amostras de leite. Antimicrobiano Coliforme S. aureus SCN Streptococcus dysgalactiae Corynebacterium P. aeruginosa S R S R S R S R S R S R AMO AMC AMP CFE CTF CRX CIP ENO FLF GEN LIN OXA SUT TET R: Resistente; S: Sensível; Neste trabalho o patógeno classificado como contagioso menor, Corynebacterium bovis apresentou sensibilidade à maioria dos antibióticos testados.

3 A sensibilidade encontrada nesse estudo do S. aureus foi para cefuroxima com 80%, de 63 casos do total de 79 amostras, seguida da gentamicina e cefalexina com 70% (56 casos). A eficácia da gentamicina também é visualizada por Cunha et al. (2006), o autor cita a enrofloxacina como possível droga de escolha o que corrobora com o achado de 62% (49 casos) deste estudo. Já a resistência foi atribuída às drogas mais utilizadas pra o tratamento de mastites e que já eram datadas como resistentes por Radostits et al. (2000) onde amoxicilina e ampicilina apresentaram 26% e 21%, respectivamente. Santos (2006) cita um alto número de espécimes resistentes aos β-lactâmicos superiores a 80%, o que se confirma com este estudo onde os Staphylococcus coagulase negativa (SCN) representaram 71% de resistência a ampicilina. Em contrapartida foi única bactéria testada em todas as amostras que apresentou 100% de sensibilidade a cefuroxima, que também é classificada como uma cefalosporina de segunda geração. Com base nos estudos de Santos (2013) em relação ao tratamento da mastite causada por SCN, as taxas de cura variaram de 80% a 90% com o uso de antimicrobianos, denota-se assim a importância do TSA pela enorme variação que se obtém dentro de um mesmo grupo. A mastite ambiental é causada por coliformes e estreptococos ambientais e citada pelo autor como menos comum a Pseudomonas aeruginosas (RADOSTITS et al., 2000). Incluem Escherichia coli, Klebsiella spp, Enterobacter como coliformes e Streptococcus uberis e Streptococcus dysgalactiae (CARLTON; McGAVIN, 1998). Neste estudo a presença de coliformes foi de 21,1%. O TSA indicou que este grupo de bactérias tem maior sensibilidade à gentamicina (72% testada em 27 casos), cefuroxima (59% em 22 casos) e florfenicol (56% em 21 casos) que pode ser visualizado na Tabela 1. Dados de Santos (2006) mostram a resistência múltipla a ampicilina e amicacina de 100% e a gentamicina de 5%, neste estudo o maior percentual de resistência foi obtido em 15 casos pelo ceftiofur representando 40% de resistência seguida pela ampicilina 32% em 12 casos. O Streptococcus dysgalactiae, citado por Radostits (2000), Cunha et al. (2006) a prevalência do gênero em 25% dos casos clínicos e 13% nos casos subclínicos demonstrou no TSA eficiência de 72% para gentamicina, cefuroxima, amoxicilina e cefalexina e resistência em 5 casos a lincomicina, representando 29%. Silva et al. (2008) citou resistência frente a gentamicina e sensibilidade a amoxicilina. A mastite causada pela Pseudomonas aeruginosa é rara e esporádica, após inoculação da bactéria no úbere, geralmente o tratamento é ineficaz e não é recomendado (RADOSTITS et al., 2000). Já para Ogilvie (2000) embora ineficaz possa ser administradas

4 cefalosporinas. Neste estudo sua identificação foi em 9 amostras, representando 5,1% e visualizada resistência além das cefalosporinas, superior a 70%, para sulfadiazina associada a trimetropim com 77%, para lincomicina, florfenicol e tetraciclina com 55%. A droga que melhor apresentou sensibilidade foi a enrofloxacina com 88% de eficácia. Conclusão O trabalho mostrou como é variável a resposta das drogas utilizadas no controle dos agentes bacterianos causadores de mastite bovina, através do Teste de Susceptibilidade aos Antibacterianos. Destacando ainda a importância de o teste ser realizado com mais frequência nos casos de mastites clínicas e subclínicas e não somente nos casos de mastites crônicas. Referências BAUER, A. W. et al., Antibiotic susceptibility testing by a standardized single disdisk method. An J. Clin. Pathol Apr;45(4): CARLTON W. W.; McGAVIN M. D. Patologia Veterinária Especial. Porto Alegre: Ed. Artmed, 2.ed CUNHA, A. P. et al., Perfil de sensibilidade antimicrobiana de agentes contagiosos e ambientais isolados de mastite clínica e subclínica de búfalas. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.73, n.1, p.17-21, Disponível em: < Acesso em: 10 set FONSECA, L. F. L.; SANTOS, M. V. Qualidade do leite e controle de mastite. SP: Editorial Lemos, OGILVIE H. T.; Medicina Interna de Grandes Animais. Porto Alegre: Artmed, QUINN, P. J. et al., Clinical Veterinary Microbiology, Mosby-Year, 648p RADOSTITS, O. M. et al.; Clínica veterinária. RJ: Guanabara Koogan S.A. 9.ed RIET-CORREA, F. et al., Doenças de Ruminantes e Equinos. 2 ed. V. 1. SP: Varela, SANTOS, C. D. M., Staphylococcus sp e Enterobactérias isoladas de mastite recorrente em oito rebanhos da região de Uberlândia MG: Perfil de Sensibilidade aos Antimicrobianos. Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Ciências Veterinárias Produção Animal. Uberlândia, Disponível em: < pdf>. Acesso em: 14 set SANTOS, M. V., Como prevenir e controlar a mastite causada por Staphylococcus coagulase negativa Disponível em:

5 < da_por_staphylococcus_coagulase_negativa_5281.aspx>. Acesso em 15 set SILVA, C. C., et al; Susceptibilidade in vitro de bactérias causadoras de mastite frente a antibióticos. XVII Encontro de Iniciação Científica - UFPel, Disponível em: < Acesso em 15 set