RELAÇÃO LDL E HDL- COLESTEROL E DOENÇAS CARDIOVASCULARES: UMA REVISÃO DE LITERATURA
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- Antônio Beltrão Sales
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1 CONEXÃO FAMETRO: ÉTICA, CIDADANIA E SUSTENTABILIDADE XII SEMANA ACADÊMICA ISSN: RELAÇÃO LDL E HDL- COLESTEROL E DOENÇAS CARDIOVASCULARES: UMA REVISÃO DE LITERATURA (Maria Samara Pereira Braz) (Orquidéia de Castro Uchoa Moura) (MSc. Jackeline Lima de Medeiros) para contato (jackeline.medeiros@fametro.com.br) Título da Sessão Temática: Processo de Cuidar RESUMO A aterosclerose caracteriza-se por inflamar a parede das artérias formando placas. Ela é a base fisiopatológica para doenças cardiovasculares. É um processo que se desenvolve lentamente ao longo de décadas. O objetivo do presente trabalho foi investigar, na literatura, a relação de LDL e HDLcolesterol com doenças cardiovasculares. Foi pesquisado via internet, nas bases de dados: Medline, lilacs, Scielo, Google Acadêmico e Bireme, nos idiomas português e inglês, utilizando os descritores: LDL, HDL, colesterol, doença cardiovascular, consumo alimentar. As principais causas de morte são as doenças cardiovasculares, as quais estão relacionadas com estilo de vida. Os lipídeos precisam das lipoproteínas que permitem a solubilização e o transporte destes. Os níveis elevados de LDL-colesterol são responsáveis pelo aumento da incidência de doença cardiovascular aterosclerótica. O aumento desse risco é atribuído ao HDL baixo. Conclui-se que os atuais hábitos alimentares favorecem as doenças cardiovasculares. Deve ser motivado hábitos alimentares saudáveis. Palavras-chave: Aterosclerose. Doença cardiovascular. LDL. HDL. Consumo alimentar. INTRODUÇÃO As principais causas de morte em mulheres e homens no Brasil, são provenientes das doenças cardiovasculares, sendo responsáveis por cerca de 20% de todas as mortes em indivíduos de 30 anos (MANSUR; FAVARATO,2012). Segundo Gomes et al. (2010), a aterosclerose caracteriza-se inflamar de forma crônica a parede das artérias formando placas, assim como
2 pela ativação de diferentes células inatas do sistema imune que estão envolvidas diretamente na gênese do depósito das substâncias constituintes destas placas, que são compostas principalmente de lipídios, cálcio e células inflamatórias. Essas lesões ateroscleróticas são uma série de respostas celulares e moleculares, bastante dinâmicas, específicas e inflamatórias naturalmente. A aterosclerose é a base fisiopatológica para os eventos cardiovasculares. Esse processo aterosclerótico se desenvolve vagarosamente ao longo de décadas, onde seus primeiros sinais podem ser fatais ou altamente limitantes (SANTOS, 2013). Ela é a principal causa de morbidade e mortalidade nas populações ocidentalizadas, responsável pela patogênese do infarto miocárdico, pelo acidente vascular cerebral e por doenças vasculares periféricas, como a gangrena (RAPOSO, 2010). Foi observado no estudo de Silva et al. (2016), que a população adolescente, das mais diversas regiões do mundo, possui um padrão alimentar Ocidental, caracterizado pelo consumo de fast foods, refrigerantes, alimentos com elevado teor de açúcar simples e gordura. Esse resultado é preocupante, pois é associado a risco de doenças cardiovasculares (DCV) como colesterol total e síndrome metabólica (SM), enquanto que resultados metabólicos satisfatórios associados ao HDL estão ligados a um padrão saudável. Para Xavier (2013), ao se tratar de DCV, deve ser pensado na prevenção primária, nos tradicionais fatores de risco a ela associados (hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, dislipidemia, dentre outros), e ainda, nos marcadores de risco e diagnóstico para esses eventos, sendo os mais usados: colesterol total (CT) e frações, HDL colesterol (HDL-C) e LDL colesterol (LDL-C), TAG e pressão arterial. É relevante o conhecimento sobre a relação de HDL e LDLcolesterol nas doenças cardiovasculares e seus riscos no desenvolvimento da mesma, bem como a consequência da alimentação nesse processo. Diante do exposto acima, o objetivo do presente trabalho foi investigar, na literatura, a relação de LDL e HDL- colesterol com doenças cardiovasculares, com destaque na aterosclerose. DESENVOLVIMENTO / PERCURSO METODOLÓGICO
3 Trata-se de estudo descritivo realizado por meio de revisão bibliográfica. Foi pesquisado via internet, nas bases de dados: Medline, lilacs, Scielo, Google Acadêmico e Bireme, com ênfase nos últimos 10 anos ( ), nos idiomas português e inglês, referente a LDL, HDL-colesterol e doenças cardiovasculares, utilizando os descritores: LDL, HDL, colesterol, doença cardiovascular, consumo alimentar. A busca foi realizada em agosto de Dentre os trabalhos encontrados, após a leitura do resumo, foram selecionados 16 artigos, os quais apresentaram a temática: definição de aterosclerose, prevalência e manifestações clínicas da mesma, metabolismo de LDL, HDL e riscos de doenças cardiovasculares. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Fatores de Risco para as Doenças Cardiovasculares Atualmente, as principais causas de morte são as doenças cardiovasculares e a OMS (Organização Mundial de Saúde) prevê nos próximos anos essa liderança ainda mais consolidada. Para a redução desses índices, muitos avanços terapêuticos e preventivos têm contribuído, contudo, para diminuir consideravelmente as mortes de causas cardíacas, são necessárias maiores conquistas no controle dos fatores de risco (INEU, 2006). Os fatores de riscos cardiovasculares se mostram frequentes na população jovem, representando uma advertência ao estilo de vida moderno (PETRIBU et al., 2009). Levados pela crença de que nessa fase do desenvolvimento humano, no qual o organismo é mais eficiente e as doenças e agravos são escassos, as DCV vêm tomando espaço paulatinamente. Os agravantes são devido aos riscos cardiovasculares, próprios do ritmo de vida contemporâneo e das exigências impostas nessa fase tão produtiva da vida (GOMES, 2010). O aumento do índice dos fatores de risco para as doenças cardiovasculares está relacionado ao estilo de vida que contribui para o aumento de pessoas com essa doença (YAGI, 2010). Nas últimas décadas tem sido adotado um padrão dietético com elevado teor de gordura saturada, somado a uma redução dos níveis de atividade física (COUTINHO, et al., 2008).
4 Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares POF , mostraram um aumento do consumo de alimentos industrializados no domicílio. Nas regiões do Brasil mais desenvolvidas economicamente (Sul, Sudeste e Centro-Oeste), no meio urbano de modo geral, e entre famílias com maior renda, existe consumo elevado de gorduras, na maioria, saturadas (IBGE, 2009). Lipídeos e Doenças cardíacas Os lipídeos são substâncias geralmente hidrofóbicas, no meio aquoso plasmático, e precisam das lipoproteínas que permitem a solubilização e o transporte destes (XAVIER, et al., 2013). Na aterosclerose, a disfunção endotelial aumenta a permeabilidade das lipoproteínas plasmáticas na camada íntima das artérias e isso favorece a retenção das mesmas no espaço subendotelial. Esse processo de adesão de moléculas na superfície endotelial é estimulado pela presença de LDL oxidada (LDL-ox) (HANSSON, 2005). As lipoproteínas são compostas por lipídeos e proteínas denominadas apolipoproteínas (apos). Existem quatro grandes classes de lipoproteínas separadas em dois grupos: as ricas em triacilglicerol (TG), maiores e menos densas, representadas pelos quilomícrons, de origem intestinal, e pelas lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL), de origem hepática, e as ricas em colesterol, incluindo as de densidade baixa (LDL) e as de densidade alta (HDL). Existe ainda uma classe de lipoproteínas de densidade intermediária (IDL) e a lipoproteína Lp, que resulta da ligação covalente de uma partícula de LDL à apo (a) (XAVIER, 2013). Dos pontos de vista fisiológico e clínico, os lipídeos biologicamente mais relevantes são os fosfolípides, o colesterol, os triglicérides (TG) e os ácidos graxos (AG). A estrutura básica das membranas celulares é formada por fosfolipídeos. O colesterol é precursor dos hormônios esteroidais, dos ácidos biliares e da vitamina D. O colesterol atua na fluidez e na ativação de enzimas situadas na membrana celular, sendo constituinte da mesma. Os TGs são depositados no tecido adiposo e muscular, e são formados a partir de três ácidos graxos ligados a uma molécula de glicerol e constituem uma das formas de armazenamento energético mais importantes no organismo. Os ácidos graxos podem ser classificados como saturados, mono ou poli-insaturados, de acordo com o número de ligações duplas na sua cadeia (XAVIER, 2013).
5 As lipoproteínas de alta densidade, HDL, pertencem à uma família de partículas heterogêneas que variam de tamanho, densidade e composição química resultado de taxas de síntese e catabolismo e de um remodelamento intravascular frequente pela ação de enzimas e de proteínas de transporte. O HDL é conhecido como transporte reverso de colesterol, pois sua principal função parece ser remover o excesso de colesterol livre da periferia, a condução ao fígado e a promoção da metabolização e secreção na bile (INEU, 2006). Além de transportar o colesterol até o fígado, também pode ser destacado como função da HDL, a proteção vascular contra a aterogênese, como: a remoção de lipídeos oxidados da LDL, a inibição da fixação de moléculas de adesão e monócitos ao endotélio e a estimulação da liberação de óxido nítrico (XAVIER, 2013). Os níveis elevados de LDL-colesterol, associado a níveis reduzidos de HDL-colesterol são fatores de risco importantes no aumento da incidência de doença cardiovascular aterosclerótica (LAROSA, 2005). Estrias gordurosas começam a aparecer na camada íntima da aorta aos três anos de idade e nas coronárias durante a adolescência, esse processo pode progredir significativamente nas terceiras e quartas décadas de vida. A lesão do processo aterosclerótico favorece infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral isquêmico, por obstrução do lúmen arterial ou ruptura da placa, com liberação de substâncias trombogênicas (DANIELS, 2008). A redução do LDL-C, com o objetivo de diminuir a mortalidade, tem sido um esforço da comunidade científica nos últimos anos (INEU, 2006). O aumento do risco cardiovascular é atribuído ao HDL baixo, hipercolesterolemia e hipertensão arterial, seguidos de tabagismo e hiperglicemia (LEITE; SAMPAIO, 2011). A diminuição do HDL-c, é um dos fatores associados a formação da placa de ateroma na parede dos vasos sanguíneos, bem como suas consequências clínicas (infarto do miocárdio e Acidente Vascular Encefálico) (SANTOS, 2013). Os riscos de morte por doenças cardiovasculares podem ser reduzidos com o controle adequado dos fatores de risco (YAGI, 2010). Fortes evidências epidemiológicas e dados de estudos experimentais e de estudos angiográficos apontam que o aumento do HDL-C ou a infusão da Apo AI
6 diminui o ateroma (INEU, 2006). CONSIDERAÇÕES FINAIS Os atuais hábitos alimentares da população favorecem as doenças cardiovasculares. Concentrações elevadas de LDL podem, de forma lenta, se depositar nas paredes das artérias, ocorrendo assim a aterosclerose. formando as placas ateroscleróticas, Deve ser motivado, como prevenção de doenças cardiovasculares, hábitos alimentares saudáveis, dentre estes a redução de ácidos graxos saturadas e colesterol dietético. Além de ser estimulado a prática de atividade física. REFERÊNCIAS COUTINHO, Janine Giuberti; GENTIL, Patrícia Chaves; TORAL, Natacha. A desnutrição e obesidade no Brasil: o enfrentamento com base na agenda única da nutrição. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, supl. 2, p. s332-s340, DANIELS, Stephen R.; GREER, Frank R. Lipid screening and cardiovascular health in childhood. AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS, v. 122, n. 1, p , GOMES, Emiliana Bezerra. Análise do risco cardiovascular em escolares adultos jovens de Juazeiro do Norte- Ceará. Fortaleza: UECE, GOMES, Fernando; TELO, Daniela F.; SOUZA, Heraldo P.; NICOLAU, José Carlos; HALPERN, Alfredo; SERRANO, Carlos V. Obesidade e doença arterial coronariana: papel da inflamação vascular. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v. 94, n. 2, p , fev HANSSON, GK. Inflammation, atherosclerosis, and coronary artery disease. The New England Journal of Medicine, v. 352, n. 16, p , IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa de Orçamentos Familiares INEU, Marcelo Lemos; MANENTI, Euler; COSTA, José Luís Vieira; MORIGUCHI, Emílio. Manejo da HDL: avanços recentes e perspectivas além
7 da redução de LDL. Arq. Bras. Cardiol. São Paulo, v. 87, n. 6, p , Dec LAROSA, John C.; GRUNDY, Scott M.; WATERS, David D.; SHEAR, Charles; BARTER, Philip; FRUCHART, Jean-Charles, et al. Treating to New Targets (TNT) Investigators. Intensive lipid lowering with atorvastatin in patients with stable coronary disease. The New England Journal of Medicine, v.352, n. 14, p , LEITE, Luísa Helena Maia; SAMPAIO, Ana Beatriz de Mattos Marinho. Risco cardiovascular: marcadores antropométricos, clínicos e dietéticos em indivíduos infectados pelo vírus HIV. Rev. Nutr., Campinas, v. 24, n. 1, p , feb MANSUR, Antonio de Padua; FAVARATO, Desidério. Mortalidade por doenças cardiovasculares no Brasil e na região metropolitana de São Paulo: atualização 2011.Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v. 99, n. 2, p , Aug PETRIBU, Marina de Moraes Vasconcelos; CABRAL, Poliana Coelho; ARRUDA, Ilma Kruze Grande de. Estado nutricional, consumo alimentar e risco cardiovascular: um estudo em universitários. Rev. Nutr., Campinas, v. 22, n. 6, p , Dec RAPOSO, Helena Fonseca. Efeito dos ácidos graxos n-3 e n-6 na expressão de genes do metabolismo de lipídeos e risco de aterosclerose. Rev. Nutr., Campinas, v. 23, n. 5, p , Oct SANTOS, R.D. et al. I Diretriz sobre o consumo de gorduras e saúde cardiovascular. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v. 100, n. 1, supl. 3, p. 1-40, Jan SILVA, David Franciole de Oliveira; LYRA, Clélia de Oliveira; LIMA, Severina Carla Vieira Cunha. Padrões alimentares de adolescentes e associação com fatores de risco cardiovascular: uma revisão sistemática. Ciênc. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 21, n. 4, p , apr XAVIER, H. T. et al. V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v. 101, n. 4, supl. 1, p. 1-20, oct YAGI, Mara Cristina Nishikawa. Doenças cardiovasculares em adultos: fatores de risco e utilização de serviços preventivos. Londrina: UEL, 2010.
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