PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

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1 PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO PROCESSO nº (RO) RECORRENTE: CORINTO HOTEL LTDA RECORRIDO: MONIQUE VIEIRA OLEGÁRIO RELATOR: DESEMBARGADOR CESAR MARQUES CARVALHO PEDIDO DE DEMISSÃO - O art. 477, 1º, da CLT dispõe expressamente que a validade de pedido de demissão está condicionada à assistência do sindicato da categoria do empregado ou autoridade do Ministério do Trabalho e Emprego, quando o trabalhador contar com mais de um ano de serviço. Trata-se de norma imperativa, de ordem pública, que não pode ser afastada Vistos, relatados e discutidos estes autos de recurso ordinário em são partes CORINTO HOTEL LTDA., recorrente, e MONIQUE VIEIRA OLEGÁRIO, recorrida. Trata-se de recurso ordinário interposto pela ré contra os termos da respeitável sentença ID 6ef214d, proferida pelo eminente Juiz Gustavo Farah Correa, em exercício na MM. 8ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, que acolheu parcialmente o pedido. Embargos de declaração opostos pela ré, rejeitados no ID 415c95b. Sustenta a ré (ID 48f9ad8) que válido o pedido de demissão, não havendo prova de que a autora foi coagida; que não há prova de que a autora se encontrava grávida, nem de nascimento de seu filho; que descabe a indenização no valor de R$ ,70; que a autora laborava de 7h às 19h, em escala de revezamento, não cabendo condenação quanto aos minutos extrapolados destinados, eventualmente, a troca de roupa ou banho, ante a alta rotatividade da atividade da empresa; que a autora sempre gozou de uma hora de intervalo; que os controles de ponto não foram impugnados; que indevido o pagamento de feriados; que mantida a sentença quanto à supressão do intervalo, só cabe o pagamento do adicional; que deve ser esclarecido qual a multa foi aplicada à ré, se a do artigo 467 ou do artigo 477, 8º, da Consolidação das Leis do Trabalho; que indevida a multa por embargos protelatórios. Preparo nos IDs 9c76499 e 456d0bc. manutenção da decisão. Contrarrazões ID 2259dec, sem preliminares e, no mérito, firmes na Os autos não foram remetidos ao Ministério Público do Trabalho, conforme artigo 83, incisos II e XII, da Lei Complementar nº 75/93, e por não se configurar a hipótese prevista no item I do artigo 85 do Regimento Interno.

2 É o relatório. CIMENTO CONHE Conheço do recurso, por tempestivamente interposto e por preenchidos os demais pressupostos legais de admissibilidade. RITO MÉ PEDIDO DE DEMISSÃO A autora declarou que foi coagida a assinar o pedido de demissão. O artigo 477, 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho dispõe expressamente que a validade de pedido de demissão está condicionada à assistência do sindicato da categoria do empregado ou autoridade do Ministério do Trabalho e Emprego, quando o trabalhador contar com mais de um ano de serviço, que é o caso da autora. Trata-se de norma imperativa, de ordem pública, que não pode ser afastada. À ausência de tal requisito, presume-se o vício no pedido de demissão, ante o princípio da continuidade da relação de emprego, ou seja, somente caberia à reclamante o ônus da prova de coação, se homologação houvesse, porém não é o caso. Observe-se que a autora contava com um ano e um mês de serviço, não cabendo qualquer alegação da empregadora para pretender a validade do alegado pedido de demissão. ESTABILIDADE DA GESTANTE Aduz a recorrente que não há prova de que a autora se encontrava grávida no curso do contrato. O documento ID ae0489b - p.1 indica que em , a autora estaria com 21 semanas de gestação, o que aponta a concepção por volta de Na medida em que é incontroverso que a relação entre as partes se extinguiu em , constata-se que a autora encontrava-se com mais ou menos dois meses de gravidez. Descabida a alegação da recorrente que a inicial não menciona a gravidez, uma vez que expressamente relata os fatos, bem como aduz ter sido perseguida pela ré, em virtude da mesma, sendo certo que a defesa sim, é silente no aspecto. Comprovado que a autora estava grávida quando da dispensa,

3 devida a indenização pelo período da estabilidade. Nada a alterar. HORAS EXTRAORDINÁRIAS A recorrente se insurge contra a condenação em horas extraordinárias, ao argumento de que minutos eventualmente laborados se deviam a troca de roupa ou banho; que indevidas as horas relativas ao intervalo intrajornada não concedido. Em relação ao pagamento dos minutos acima de dez, não há qualquer amparo legal para o recurso da ré, eis que considerados os controles por ela mesma juntados e, apenas na ausência destes, a jornada da inicial, bem próxima ao que se encontra consignado nos registros trazidos pela empresa. Observe-se que os controles de horário são prova pré-constituída, em poder de apenas uma das partes, impondo-se o ônus de trazê-los à empresa com mais de dez empregados, como é o caso da ré. Com relação ao intervalo intrajornada, a prova oral foi firme e conclusiva, no sentido de que este não superava os dez minutos. O objetivo da norma acerca do intervalo intrajornada é o de proteger a saúde do trabalhador. O artigo 71 da Consolidação das Leis do Trabalho contém princípio de ordem pública, que não poderá ser flexibilizado fora dos limites previstos em seu 3º. O intervalo intrajornada tem por base o esgotamento físico do empregado, só admitindo exceções em casos específicos e, mesmo assim, após autorização da autoridade em medicina do trabalho. Logo, a concessão de fração do período não atende ao escopo da lei, como já consagrado no entendimento contido na Súmula 437 do Colendo Tribunal Superior do Trabalho. Assim, não há como deferir somente o adicional, como pretendeu a ré, ou os minutos não concedidos. No tocante aos feriados laborados, decidiu o MM. Juízo de origem: Por seu turno, é entendimento do Tribunal Superior do Trabalho que os feriados devem ser pagos em dobro, caminhando ao encontro dos imperativos legais do artigo 10 da Lei nº 605/1949, como é explicitado na parte final do teor da Súmula 444 daquela colenda corte. Julgo procedente o pedido "o" no que concerne aos feriados trabalhados no índice de 100%, apurando-se conforme folhas de ponto acostadas e desconsiderando aquelas não existentes, visto não haver menção indicativa dos mesmos pela parte autora na peça de ingresso. A autora não indicou os feriados laborados, porém os controles de ponto juntados pela ré trazem feriados trabalhados.

4 entendimento de que: A Súmula 444 do Colendo Tribunal Superior do Trabalho consagrou o JORNADA DE TRABALHO. NORMA COLETIVA. LEI. ESCALA DE 12 POR 36. VALIDADE. - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e republicada em decorrência do despacho proferido no processo TST-PA / DEJT divulgado em É valida, em caráter excepcional, a jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis de descanso, prevista em lei ou ajustada exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva de trabalho, assegurada a remuneração em dobro dos feriados trabalhados. O empregado não tem direito ao pagamento de adicional referente ao labor prestado na décima primeira e décima segunda horas. Assim, correta a respeitável sentença. MULTA DO ART. 477, 8º, DA CLT qual multa foi condenada. Em razões de recorrente, a empregadora requer que se esclareça em A sentença condenou a ré apenas ao pagamento da multa do artigo 477, 8º, da Consolidação das Leis do Trabalho, uma vez que as verbas foram pagas após o prazo determinado no parágrafo 6º do referido dispositivo legal, não cabendo maiores esclarecimentos. MULTAS Não se vislumbra intenção da recorrente em procrastinar o feito. Limitando-se a parte a defender o seu patrimônio, pelos meios legais cabíveis, não há que se falar em litigância de má-fé. Dou provimento. Pelo exposto, dou parcial provimento ao recurso, para excluir da condenação a multa por embargos protelatórios e por litigância de má-fé, aplicadas na decisão de embargos de declaração. A C O R D A M os Desembargadores da 4ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, em conhecer do recurso ordinário da ré e, no mérito, por unanimidade, em dar-lhe parcial provimento, para excluir da condenação a multa por embargos protelatórios e por litigância de má-fé, aplicadas na decisão de embargos de declaração.

5 Rio de Janeiro, 21 de junho de CESAR MARQUES CARVALHO Desembargador do Trabalho Relator