PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

Transcrição

1 Acórdão 1a Turma AGRAVO DE PETIÇÃO. CUSTAS. BASE DE CÁLCULO. TOTAL ATUALIZADO DA LIQUIDAÇÃO. Inteligência do art. 789, inciso I, da CLT, as custas são fixadas sobre o valor da condenação, na sentença, exatamente porque, nesse fase não sendo o caso de feito que tramite pelo rito sumaríssimo não se pode delimitar o quantum devido. O valor arbitrado à condenação na sentença tem natureza intrinsecamente provisória. Tornada líquida a sentença, é sobre o valor atualizado da condenação que incidirão as custas. Cuida-se de vinculação necessária e inafastável entre o valor da condenação e as custas (art. 789, I, CLT), de sorte que, havendo acréscimo à condenação, a mesma sorte se reservará ao acessório, isto é, às custas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de agravo de petição, em que são partes PETROBRAS PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. REDUC, como Agravante, e GUNTHER SACIC, como Agravado

2 I RELATÓRIO Trata-se de agravo de petição interposto pela executada, às fls. 275/278, em face da decisão da MM. 2ª Vara do Trabalho de Duque de Caxias (fl. 263), de lavra da Juíza RAQUEL RODRIGUES BRAGA, que não acolheu os embargos à execução de fls. 252/254. A Agravante, de início, requer o chamamento do feito à ordem, alegando que foi expedido alvará à Receita Federal relativo ao valor controvertido das custas. No mérito propriamente, insurgese contra a apuração de diferença de custas sobre o total da liquidação, sob o argumento de que as custas são pagas uma única vez no processo, conforme se infere da Súmula 25 e OJ 186 da SDI- 1, do C. TST, aduzindo que, no caso, as custas processuais já foram pagas quando da interposição do Recurso Ordinário (fl. 277). Contraminuta às fls. 285/286. Os autos não foram remetidos ao Ministério Público do Trabalho por não configurada hipótese de sua intervenção. É o relatório. VOTO II CONHECIMENTO Conheço do recurso por preenchidos os pressupostos legais de admissibilidade. III FUNDAMENTAÇÃO MÉRITO DA DIFERENÇA DE CUSTAS A Agravante, na verdade, não se conforma que as

3 custas tenham sido apuradas sobre o total da condenação, após a liquidação do título executivo. Alega que, uma vez recolhidas as custas na fase de conhecimento, na forma ali arbitrada, nada mais seria devido. Consequência inevitável de as custas terem sido apuradas sobre o total atualizado é evidentemente a existência de diferença a tal título. E nisto consiste a insurgência da Agravante. Razão, contudo, não lhe assiste. Inteligência do art. 789, inciso I, da CLT, as custas devem ser fixadas sobre o valor da condenação, na sentença, exatamente porque, nesse fase não sendo o caso de feito que tramite pelo rito sumaríssimo, é claro não se pode delimitar o quantum devido. Por isso é que o valor arbitrado à condenação na sentença tem natureza intrinsecamente provisória. Tem-se, aí, a dupla face do comando contido no art. 789, inciso I, e 2º, do Texto Consolidado, qual seja a provisoriedade do valor atribuído à condenação e a iliquidez do título executivo. Justifica-se desse modo que, em face de tal iliquidez, seja definido um critério plausível de fixação do valor da causa ou seja, o valor arbitrado à condenação na sentença, base de cálculo das custas. A funcionalidade desse critério, no entanto, perde sua razão de ser a partir do momento em que se estabelece a expressão monetária do título executivo, de modo que o valor atribuído à causa na sentença é abandonado como parâmetro a ser adotado no cálculo das custas. A condenação já se tornou líquida, e sobre ela é que incidirão as custas. Há, portanto, uma vinculação necessária e inafastável entre o valor da condenação e as custas (art. 789, I,

4 CLT), de sorte que, havendo acréscimo à condenação, a mesma sorte se reservará ao acessório, isto é, às custas. Por oportuno, destaco que a OJ nº 186 da SDI-1, do C. TST, não vai em socorro da Agravante. Bem ao contrário, o entendimento jurisprudencial em questão, assim como a OJ nº 104, da mesma SDI, ambas transcritas a seguir, subsidiam a ilação de que o acréscimo à condenação importará, necessariamente, na majoração do valor das custas: OJ-SDI1-186 CUSTAS. INVERSÃO DO ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. DESERÇÃO. NÃO-OCORRÊNCIA (inserida em ) No caso de inversão do ônus da sucumbência em segundo grau, sem acréscimo ou atualização do valor das custas e se estas já foram devidamente recolhidas, descabe um novo pagamento pela parte vencida, ao recorrer. Deverá ao final, se sucumbente, ressarcir a quantia. [destaquei] OJ-SDI1-104 CUSTAS. CONDENAÇÃO ACRESCIDA. INEXISTÊNCIA DE DESERÇÃO QUANDO AS CUSTAS NÃO SÃO EXPRESSAMENTE CALCULADAS E NÃO HÁ INTIMAÇÃO DA PARTE PARA

5 O PREPARO DO RECURSO, DEVENDO, ENTÃO, SER AS CUSTAS PAGAS AO FINAL (alterada) Res. 150/2008, DEJT divulgado em 20, 21 e Não caracteriza deserção a hipótese em que, acrescido o valor da condenação, não houve fixação ou cálculo do valor devido a título de custas e tampouco intimação da parte para o preparo do recurso, devendo, pois, as custas ser pagas ao final. [destaquei] Observo, outrossim, que a Súmula nº 25, igualmente invocada pela Agravante, não lhe traz êxito, porque o verbete apenas cuida das custas provisoriamente fixadas em sentença, enquanto que, no caso, como se viu, de provisoriedade já não se trata. Do mesmo modo, a obrigação contida no 1º do art. 789, da CLT, de recolhimento das custas, pelo vencido, após o trânsito em julgado da decisão não afasta, de forma alguma, o dever de recolhimento sobre o valor atualizado da condenação, provisoriamente arbitrado na forma do 2º do referido dispositivo legal. Por último, mas não menos importante, observo que não há falar em chamamento do feito à ordem, tendo em vista que os alvarás de fls. 268/272 foram cancelados. Isto posto, nego provimento ao agravo de petição

6 DISPOSITIVO A C O R D A M os Desembargadores que compõem a 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, conhecer do Agravo de Petição, e, no mérito, NEGAR- LHE PROVIMENTO. Rio de Janeiro, 1 de Outubro de Desembargador do Trabalho Mário Sérgio M. Pinheiro Relator