Agosto de VALORIZAÇÃO DO FARELO DE SOJA E DO MILHO ELEVA GASTOS COM CONCENTRADO
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1 VALORIZAÇÃO DO FARELO DE SOJA E DO MILHO ELEVA GASTOS COM CONCENTRADO Em julho, o preço das principais matérias-primas que compõem o concentrado continuou subindo em todos os estados pesquisados pelo Cepea: GO, MG, PR, RS, SC e SP. A fonte proteica do concentrado, o farelo de soja, registrou valores recordes, impulsionados pela quebra de produção da soja brasileira, recordes de exportação e possível redução da safra norte-americana. Na mesma linha, o milho, que representa a parte energética do concentrado, encareceu em julho apesar do recorde de colheita da segunda safra brasileira. Esta alta, considerada surpreendente, é o resultado dos recordes de exportação e da baixa disponibilidade no mercado interno. A possível quebra na safra de grãos dos Estados Unidos favoreceu o aumento das exportações brasileiras, limitando a oferta do produto no mercado interno. Com isso, os preços do milho e da soja atingiram valores recordes nos últimos meses. Em julho, os preços do milho estiveram 15% mais elevados na comparação com junho; porém, os valores estavam em patamares mais baixos que no mesmo período de 2011 (- 4%). Já o farelo de soja, que vinha registrando sucessivas valorizações desde março, apresentou preços recordes em julho, considerando-se a série de preços do Cepea, que começou em janeiro/06. Em relação a junho, a elevação foi de 22%; porém, na comparação com julho de 2011, as altas superaram 100%. Em relação aos fertilizantes, mais especificamente os nitrogenados, os preços recuaram em julho. A demanda retraída pressionou as cotações das matérias-primas no mercado internacional. Além disso, os estoques elevados também influenciaram a queda na cotação dos fertilizantes. Isso aliviou parcialmente os custos, visto que os gastos com manutenção e formação de pastagens e forrageiras suplementares diminuíram. Além disso, a ureia também é utilizada como aditivo na ração animal e, em algumas regiões da pesquisa, o uso desse insumo conteve um pouco os custos. Em Goiás, apesar do aumento nos custos do concentrado, a desvalorização tanto dos fertilizantes quanto da suplementação mineral impediu fortes altas nos custos do produtor. O poder de compra do produtor goiano frente ao farelo de soja e ao milho piorou consideravelmente em julho, 23% e 19%, respectivamente. No caso da ureia, apesar do preço mais baixo do leite, a relação de troca melhorou quase 10% para o produtor no mesmo período, devido à desvalorização do insumo, que, por sua vez, ocorreu por causa da demanda retraída. No Sul e no Sudeste, o movimento do mercado de insumos foi semelhante. Os gastos com a alimentação concentrada foram os principais responsáveis pelo aumento nos custos nessas regiões. Os custos com pastagens, cana-de-açúcar e silagem, itens usados na produção de volumosos, não tiveram aumentos expressivos em julho, devido à desvalorização dos fertilizantes no mesmo período. Na região Sul, a relação de troca por farelo de soja e milho para o produtor de leite piorou, em média, 22,2% e 11,7%, respectivamente. Já o poder de compra do produtor em relação à ureia melhorou
2 2,3%, com exceção de Santa Catarina. No Sudeste, o poder de compra do produtor de leite frente ao farelo de soja e milho também piorou, cerca de 20% para ambos, e melhorou 3,5% para comprar uma tonelada de ureia. Tabela 1. Relação de troca de leite por farelo de soja, milho e ureia nas regiões da pesquisa Insumos Farelo de Soja Milho Ureia Unidade tonelada saca (60 kg) tonelada jun/ ,9 28,2 1576,9 PR jul/ ,2 31,6 1503,6 Variação 24,5% 11,9% -4,6% jun/ ,7 29,5 1560,06 RS SUL jul/ ,0 32,3 1507,94 Variação 21,2% 9,3% -3,3% jun/ ,6 32,1 1613,1 SC jul/ ,6 36,5 1629,4 Variação 20,8% 13,7% 1,0% jun/ ,5 23,1 2004,8 MG jul/ ,4 27,3 1968,4 Variação 21,9% 17,9% -1,8% SUDESTE jun/ ,0 27,1 1591,2 SP jul/ ,6 32,9 1508,0 Variação 19,1% 21,4% -5,2% jun/ ,3 21,5 1771,2 GO CENTRO-OESTE jul/ ,2 25,6 1596,3 Variação 23,3% 19,0% -9,9% Fonte: Cepea/CNA. EM JULHO, OS CUSTOS ATINGEM NOVO RECORDE Em julho, o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira, que contempla todos os dispêndios correntes da atividade, e o Custo Operacional Total (COT), que é a junção do COE com o pró-labore e as depreciações dos bens de produção, atingiram os maiores patamares da série histórica do Cepea, iniciada em janeiro de De janeiro a julho/12, os incrementos do COE e do COT, na ponderação
3 dos estados de SP, MG, GO, PR, SC e RS, foram de 6% e de 5%, respectivamente. De junho/12 para julho/12, os aumentos foram de quase 2% para o COE e de 1,7% para o COT. De todos os insumos utilizados na atividade leiteira, os custos com alimentação vêm se destacando, especialmente os gastos com o concentrado, devido às sucessivas valorizações desse insumo e à sua elevada representatividade nos custos do pecuarista leiteiro. Apesar da valorização expressiva dos principais componentes da alimentação concentrada, o preço da ração negociada em julho em algumas regiões ainda não absorveu proporcionalmente a alta da matéria-prima, tendo em vista o estoque remanescente do produto, que estava com preço mais baixo. Assim, em estados como Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo, a alta da alimentação concentrada considerada no cálculo dos custos foi menor que a observada diretamente nos mercados de milho e de farelo de soja. Assim, agentes de mercado indicam que é aguardada uma alta mais significativa neste item (ração) em agosto. Dentre os estados analisados por esta pesquisa, Goiás registrou as maiores altas do COE e do COT entre junho e julho, de 4% e de 3,2%, respectivamente. O aumento do concentrando, de 9,8%, foi o principal fator responsável pela elevação dos custos do produtor. Já o sal mineral e a manutenção de forrageiras perenes, por sua vez, tiveram quedas de 6% e 3%, respectivamente. Frente ao mesmo período de 2011, o COE teve aumento de 13,7% e o COT, de 10,2%. Em Minas Gerais, houve leve alta nos custos de junho para julho, de 1,2% para o COE e de 1% para o COT. Os aumentos estiveram atrelados à alta de 4,4% na alimentação concentrada. Já os itens silagem e manutenção de forrageiras anuais registraram queda de 1%, em função do recuo no preço dos fertilizantes, em especial dos nitrogenados. Em relação a julho/11, os custos no estado mineiro tiveram fortes altas, de 12,3% para o COE e 10,4% para o COT. No Paraná, foram observadas as variações mais modestas do COE e do COT de junho para julho, ambos com alta em torno de 2%. Os custos com alimentação tiveram comportamentos distintos no período, com alta de 5,5% no concentrado e queda de 3% na silagem e nas forrageiras anuais, em função da retração dos preços dos fertilizantes nitrogenados, em 3,7% Quando a comparação é realizada frente julho/11, as altas do COE e do COT foram de 12,6% e de 11,3% respectivamente. No Rio Grande do Sul, o COE e o COT tiveram aumentos de 1,9% e de 1,6%, respectivamente, frente a junho/12. O concentrado foi o insumo que apresentou a maior alta, de 5%, enquanto os custos com forrageiras anuais diminuíram 5%. O restante dos insumos se manteve em patamares relativamente estáveis. Já as variações anuais, de julho/11 para julho/12, foram as maiores dentre os estados acompanhados pelo Cepea, 12,8% para o COE e 11,5% para o COT. Em Santa Catarina, foram observados aumentos do COE e do COT de junho para julho, de 1,7% e 1,4%, respectivamente. A alta foi decorrente do encarecimento de 4,8% do concentrado. Já os
4 desembolsos com a mineralização do rebanho seguiram em queda, de 3% em julho. Frente a julho/11, o COE e o COT tiveram altas de 9,7% e de 7,6%, respectivamente. No estado paulista, o COE e o COT tiveram aumentos de 2,1% e 1,7%, respectivamente, em julho frente ao mês de junho. O concentrando, assim como nos outros estados, teve destaque, com aumento de 5,5% no período. Os medicamentos seguiram em queda, de 6%, mas esse item tem pequena representatividade nos custos do produtor. Na comparação anual, tanto o COE como o COT tiveram os menores aumentos dentre os estados analisados, de 9,5% e de 8,2%, respectivamente. AUMENTO DE 10% NO PREÇO DO CONCENTRADO PODE DIMINUIR EM 60% A MARGEM BRUTA DO PRODUTOR Visando avaliar os itens de maior influência nos custos da pecuária leiteira e seus impactos sobre a rentabilidade da produção leiteira, o Cepea utilizou a ferramenta de Análise de Sensibilidade (utilizando o com os dados obtidos em painéis. Foram avaliadas as variações nos valores do concentrado, da mão de obra, dos medicamentos e da suplementação mineral e suas consequências na margem bruta do produtor de leite que é o resultado da receita do leite menos o custo operacional efetivo (COE). O estudo indicou o concentrado como a variável que mais influencia na margem bruta do produtor de leite. Segundo os cálculos do Cepea, uma variação positiva em 10% no preço do concentrado ocasiona diminuição de quase 60% na margem bruta caso a receita se mantenha constante. Da mesma forma, há um aumento de 60% na margem bruta se o preço do concentrado diminuir 10%. O resultado foi obtido por meio da média ponderada dos estados de GO, MG, PR, RS, SC e SP em julho/12, utilizando-se como base os painéis de custo de produção realizados nesses estados pela equipe do Cepea/CNA. Além do concentrado, outro item significativo é a mão de obra contratada para o manejo do rebanho o acréscimo de 10% nos gastos com esse item ocasiona redução de 16% na margem bruta do produtor, sem considerar a variação no preço do leite. Os resultados podem ser observados na Tabela 2. Tabela 2. Redução da margem bruta do leite em % a partir de um aumento de 10% no valor dos insumos Variação de +10% Concentrado -58,5% Mão de obra contratada -16,2% Medicamentos -8,5% Suplementação Mineral -3,4% Fonte: Cepea/CNA.
5 Sabendo disso, com a queda do preço do leite em julho e com as perspectivas altistas no preço do concentrado, fundamentadas no comportamento dos mercados de milho e farelo de soja, o produtor deve planejar seus gastos de forma consciente e, sobretudo, eficiente. Além disso, a substituição parcial desses ingredientes por outros produtos e/ou subprodutos mais baratos também pode ser uma alternativa vantajosa. Na mesma linha, o produtor deve fazer melhor uso da mão de obra, de modo que o processo de gestão da propriedade melhore. Com os funcionários treinados quanto aos procedimentos corretos de manejo do rebanho, há menores desperdícios de alimentos, menor ocorrência de doenças, aumento de produção e consequente aumento da rentabilidade. CAPTAÇÃO NO SUL AVANÇA 7% EM JUNHO; PREÇO CAI EM JULHO A safra de inverno no Sul do País ganhou força em junho com o clima favorável à produção de forrageiras. No Rio Grande do Sul, o Índice de Captação de Leite (ICAP-Leite) elaborado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, registrou significativo aumento de 11% frente ao mês de maio. Em toda a região Sul, o acréscimo foi de 7,4% no período. A expectativa, segundo agentes do setor consultados pelo Cepea, é de que a captação continue aumentando até agosto, quando deve ocorrer o pico de produção. Na média geral, considerando-se os sete estados incluídos nesta pesquisa (RS, PR, SC, SP, MG, GO e BA), o índice subiu 4%. Houve aumento da captação em todos os estados. Em relação a junho/11, o ICAP-Leite/Cepea esteve em patamar 6% superior; no primeiro semestre do ano, o índice apresentou aumento de 2,4% se comparado a igual período do ano passado. Além do aumento da oferta especialmente nos últimos meses, também a maior pressão das indústrias/cooperativas em função da queda da margem de lucro que estão tendo pesou para nova baixa dos preços do leite recebidos pelo produtor em julho (referente à produção entregue no mês anterior). A média ponderada dos sete estados caiu 1,2%, indo para R$ 0,7821/litro - valor líquido. O preço bruto (com frete e impostos) também recuou, 0,9%, com média de R$ 0,8478/litro. Comparando-se com o mesmo período do ano passado, houve o preço médio esteve 7% menor em termos reais, ou seja, já descontando a inflação (IPCA, jun/12). Ao mesmo tempo, os custos continuam se elevando, impulsionados pela alta do milho e do farelo de soja. No mercado de derivados, graças a uma retomada da demanda, os preços tiveram ligeira alta, após alguns meses de estabilidade. No caso do leite UHT comercializado no atacado do estado de São Paulo, o preço médio de julho foi de R$ 1,79/litro (incluídos frete e impostos), 1,1% superior ao valor observado em junho. Em relação a julho/11, porém, houve queda de 5,3% no preço médio em termos nominais. O mercado de queijo muçarela também reagiu levemente, com alta de 1,1% em julho, com
6 o quilo indo para R$ 10,48. Já no comparativo com julho/11, o preço médio também apresentou queda, de 1,9% em termos nominais. Essas médias mensais provêm dos valores diários apurados pelo Cepea com apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL). De acordo com agentes do setor, a expectativa é de que os preços de derivados se sustentem nesses patamares em agosto. O elevado volume importado especialmente de leite em pó e queijos, segundo eles, continua atrapalhando as vendas do produto nacional. Gráfico 1: ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite - JUNHO/12. (Base 100=Junho/2004) Patamar de Junho de ,08 139,81 134,77 134,16 134, jun/04 set/04 dez/04 mar/05 jun/05 set/05 dez/05 mar/06 jun/06 set/06 dez/06 mar/07 jun/07 set/07 dez/07 mar/08 jun/08 set/08 dez/08 mar/09 jun/09 set/09 dez/09 mar/10 jun/10 set/10 dez/10 mar/11 jun/11 set/11 dez/11 mar/12 jun/12 ICAP-L/CEPEA-Esalq/USP IBGE - PTL Fonte: Cepea-Esalq/USP. Gráfico 2: Série de preços médios pagos ao produtor - deflacionada pelo IPCA (média de RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA)
7 0, R$/liyto 0,90 0,85 0,80 0, ,70 Média 2001 a ,65 0,60 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Fonte: Cepea-Esalq/USP.
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