CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO

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1 DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Origem: PRT 10ª Região Palmas/TO Interessado(s) 1: Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Estado do Tocantins SINTEC/TO Interessado(s) 2: Caixa Econômica Federal - CEF Assunto(s): Temas Gerais 09. Procuradora oficiante: Dra. Lilian Vilar Dantas Barbosa RECURSO ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. CADASTRO RESERVA. É válida a realização de novo concurso público para criação de cadastro reserva quando ainda em vigência concurso anterior, desde que preservados os direitos dos candidatos já aprovados, obedecendo-se a ordem de classificação. Pelo conhecimento e NÃO PROVIMENTO do Recurso Administrativo. Em análise revisional, pela HOMOLOGAÇÃO do arquivamento proposto. RELATÓRIO Trata-se de procedimento administrativo instaurado com gênese em denúncia apresentada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Estado do Tocantins SINTEC/TO em face do Banco do Brasil S/A e da Caixa Econômica 1

2 Federal, noticiando a preterição de candidatos já aprovados em concurso público com a realização de novo certame para o preenchimento de cadastro reserva, além de outras irregularidades: terceirização irregular, estagiários ocupando funções e cargos inerentes a bancários, excesso de jornada e reduzido número de vagas oferecidas no concurso, não atendendo à demanda existente. Determinado o desmembramento da Notícia de Fato (fl. 29), restou o presente procedimento em face da Caixa Econômica Federal, sendo autuada nova Notícia de Fato em face do Banco do Brasil S/A (fl. 30). A d. Procuradora oficiante indeferiu liminarmente o requerimento de instauração de inquérito civil (fls. 35/36v), nos seguintes termos, verbis: Após análise do edital em comento observa-se que o representado não atua fora dos limites previstos nos certames. Sendo que o edital nº 01 de 22 de janeiro de 2014, prevê expressamente em seu item 1.5 o resguardo ao direito dos mesmos à nomeação, desde que haja necessidade, na forma que segue: Ficam asseguradas as admissões, conforme necessidade de provimento, dos(as) candidatos(as) classificados(as) no concurso público de 2012 para o cargo de Técnico Bancário Novo até o término de sua vigência, ou seja, 14 de junho de 2014, ou até o esgotamento do cadastro de reserva no polo/macropolo de opção, prevalecendo o que ocorrer primeiro. Da exposição até aqui feita pode-se concluir que a expectativa do direito dos candidatos aprovados em certame anterior para 2

3 cadastro reserva estão abarcados pelo posterior não havendo motivo para suspensão deste. Com relação às irregularidades apontadas pelo sindicato a partir do relatório da SRTE, tais como: falta de registro de empregados, falta de pagamento integral do salário (como bancário), falta de recolhimento do FGTS, omissão na declaração da RAIS, jornada de trabalho não condizente com o estabelecido em lei para bancários, impedimento de associação sindical e falha na prevenção dos riscos que possam se originar nos locais de trabalho, foi ajuizada Ação Civil Pública de âmbito nacional na 4ª Vara do Trabalho de Rio Branco/AC, tendo como objeto as mesmas irregularidades noticiadas no referido relatório da SRTE. Nessa senda, uma vez judicializada a questão pelo Ministério Público do Trabalho, não há que se falar na hipótese reapreciação administrativa da matéria, nos termos do artigo 5º, b da resolução 69/2007. (...) No tocante ao desvirtuamento de função dos estagiários e à contratação de terceirizados para exercerem funções semelhantes às dos aprovados, a notícia de fato é demasiadamente genérica e não traz informações que possam levar sequer à identificação das agências bancárias em que tais irregularidades possam estar ocorrendo. De outra banda, o próprio sindicato Representante possui legitimidade ativa para pleitear a medida judicial porventura cabível, senão veja-se. Primeiramente, para fins de delimitação da própria atuação do Ministério Público do Trabalho, a Constituição Federal de 1988, após afirmar que é o Ministério Público do Trabalho uma instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, estabeleceu como suas funções a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (art. 127). Ao mesmo tempo em que outorga ao Ministério Público importante função, assegura uma verdadeira democracia participativa e permite a corpos intermediários (sindicatos, associações, órgãos de classe) a ampla participação na defesa dos interesses sociais, atuando tanto nas instâncias primárias, como na via judicial, esta última com alargamento da legitimação ativa para a defesa dos interesses transindividuais (art. 5º, XXI, LXX, 103, VII, VIII e IX, art. 129, III, 1º). Nesse sentido, o art. 8º, inciso III, da Constituição Federal assegurou aos sindicatos ampla legitimidade (judicial e administrativa) para defesa dos interesses coletivos ou individuais de toda a categoria. Neste mesmo diapasão, o art. 5º, inciso V, legitima as Associações (aí compreendidos os 3

4 Sindicatos) à propositura da Ação Civil Pública para a defesa dos interesses coletivos (assim entendidos os difusos, coletivos e individuais homogêneos) da categoria profissional. Diante do exposto, indefere-se liminarmente o requerimento de instauração de inquérito civil, nos termos do art. 5º, a e b, da Resolução n. 69/2007, devendo a Secretaria da CODIN providenciar as baixas de estilo. Dada ciência do arquivamento às partes, o Sindicato Denunciante apresentou recurso administrativo, conforme fl. 39/45. Notificado, o Banco do Brasil S/A ofereceu contrarrazões ao recurso (49/54). Em despacho de fl. 57, a d. Procuradora oficiante manteve o arquivamento do Procedimento Preparatório, encaminhando os autos à Câmara de Coordenação e Revisão. os autos a esta Relatora (fl. 59). Por distribuição deste feito na CCR/MPT, vieram É o relatório. VOTO-FUNDAMENTAÇÃO O Recurso Administrativo em análise apresenta-se hábil e tempestivo (fls. 37/38), merecendo conhecimento. 4

5 No mérito, esclarece o Sindicato-Recorrente que sua intenção com a apresentação da denúncia em comento não é o ingresso de uma ação civil pública em desfavor da Caixa Econômica Federal S/A, mas punir a empresa por agir em desconformidade com o próprio edital do concurso.... Argumenta que o ajuizamento de Ação Civil Pública em outro Estado não impede nova a atuação do Ministério Público do Trabalho e que, contrariamente ao disposto no relatório de Indeferimento Liminar, o Sindicato não possui legitimidade ativa neste caso. Requer a atuação do Ministério Público com a elaboração de Termo de Ajuste de Conduta para obrigar o Banco Denunciado a se abster da realização de novo concurso público. Não merece reparo a conclusão da ilustre Colega. Ao contrário do alegado pelo Recorrente, a existência de Ação Civil Pública já ajuizada em outra Regional com abrangência nacional, afasta a necessidade de nova atuação do Parquet quanto aos mesmos temas já objeto de judicialização, quais sejam: falta de registro de empregados, falta de pagamento integral do salário, recolhimento do FGTS, omissão na declaração da RAIS, excesso de jornada, impedimento de associação sindical e falha na prevenção dos riscos. No que pertine ao concurso público, tampouco merece reforma a decisão indeferitória. Conforme bem exposto pelo 5

6 Membro Oficiante, o Edital nº 1, de 22 de janeiro de 2014, em seu item 1.5, assegura o direito dos candidatos aprovados para o cargo de Técnico Bancário Novo no concurso público de 2012, até o término da vigência do certame (14/06/2014) ou até o esgotamento das vagas para o cadastro de reserva no polo/macropolo de opção. Deste modo, considera-se preservada a expectativa de direito dos candidatos já aprovados no concurso públicos de 2012, não havendo impedimento à realização de novo certame, desde que no ato da nomeação seja observada a preferência daqueles aprovados no concurso anterior, dentro da ordem de classificação. Portanto, restou clarificada a prescindibilidade da atuação do Parquet, diante da existência de Ação Civil Pública ajuizada em relação a diversos temas objeto da presente denúncia e, no tocante à realização de novo concurso público para criação de cadastro reserva pela Caixa Econômica Federal, não se verificar lesão jurídica a demandar a atuação do Ministério Público do Trabalho. arquivatória sub examine é medida que se impõe. Isto posto, a homologação da promoção CONCLUSÃO 6

7 Pelo exposto, VOTO pelo CONHECIMENTO e NÃO PROVIMENTO do Recurso Administrativo sub examine e, em função revisional, pela HOMOLOGAÇÃO do arquivamento promovido pela Exma. Procuradora do Trabalho, Dra. Lilian Vilar Dantas Barbosa às fls. 35/36v do presente expediente administrativo. Brasília, 17 de junho de VERA REGINA DELLA POZZA REIS Subprocuradora Geral do Trabalho Coordenadora da CCR RELATORA gpo 7