A Seguridade Social e o Financiamento do SUS no Brasil / DF
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- Daniel Vilalobos Avelar
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1 A Seguridade Social e o Financiamento do SUS no Brasil / DF EQUIPE DA ECONOMIA DA SAÚDE Profº Elias Antônio Jorge Ana Cleusa Serra Mesquita Andrea Barreto de Paiva Ruyter de Faria Martins Filho Jomar Miranda Rodrigues 19/11/2007
2 Breve Histórico Século XIX Primeiras Iniciativas de Proteção Social Em Vila Rica (atual Ouro Preto) surgiu a primeira cooperativa de que se tem notícia no Brasil. Ela visava a assegurar aos seus cooperados caixão e velório, isto é, buscava-se a dignidade na hora de morrer. Século XX Intensificação das demandas por proteção social Surgiram as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP) e, com elas, a Lei Eloy Chaves, em 1923, a qual regulamentava sua atuação e acabou por marcar o início da Previdência Social no Brasil. Tratava-se do embrião de um sistema de proteção social presidido, no entanto, pela lógica de seguro.
3 Breve Histórico Anos 30. CAP's foi ampliada pelo surgimento dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP). Os IAP absorveram a maior parte das antigas CAP e buscaram prover cobertura aos trabalhadores dos mais diversos segmentos contra alguns riscos sociais Decreto nº 72: agregação dos IAPs e crição da previdência no INPS Instituto Nacional de Previdência Social. Esta mudança, no entanto, não alterou a lógica de seguro; Os benefícios permaneciam restritos aos trabalhadores do mercado formal que contribuíam ao sistema previdenciário. Aos indivíduos excluídos do mercado formal de trabalho, uma dupla penalidade: privação de melhores condições de trabalho e exclusão da cobertura médico-hospitalar. Restava-lhes disputar com os mais pobres e indigentes a assistência ofertada pelas Santas Casas de Misericórdia.
4 Breve Histórico Constituição Federal e seus objetivos redistributivos Financiamento da Seguridade por orçamento próprio (OSS) e responsabilidade de financiamento pelos três níveis de governo. Além disso, criação de novas fontes de receita para a Seguridade (COFINS, PIS/PASEP, CSLL). O fortalecimento do FPE e FPM para reduzir as desigualdades regionais. Pelo FPE, 21,5% da arrecadação líquida (arrecadação bruta deduzida de restituição e incentivos fiscais) do Imposto sobre a Renda (IR) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) são repassados aos Estados. No caso do FPM, 22,5% da arrecadação líquida do IR e do IPI são repassados aos municípios, entretanto, do montante do FPM são deduzidos 15% para o FUNDEF/ FUNDEB. O FPM ainda recebe 50% do IPVA e 25% do ICMS arrecadado pelos estados.
5 Impasses na questão do Financiamento Art. 55, do ADCT: até a edição da primeira LDO (1990), 30% do OSS para as ações e serviços públicos de saúde. As LDO para os anos de 1990 a 1993 reproduziram o disposto no art. 55 do ADCT. Apesar disto, as LOAs do mesmo período não respeitaram o disposto na LDO respectiva. Crise de financiamento da saúde em 1992, sanada com empréstimo junto ao FAT. Em 1993, a crise foi agravada, pois além de não cumprir o disposto na LDO, o Ministério da Previdência suspendeu o repasse dos valores arrecadados pelo INSS e os previstos no orçamento para a Saúde. O MS foi obrigado novamente a recorrer ao FAT. Sob a gestão de Jamil Haddad, o MS passa então a exigir nas negociações com a área econômica o cumprimento da LDO (30% do OSS para a Saúde). O resultado foi o veto presidencial a este dispositivo na LDO de 1994.
6 Impasses na questão do Financiamento O descumprimento da destinação original dos recursos do OSS começou a ser institucionalizado com a criação do Fundo Social de Emergência (FSE) em Esse mecanismo se renova em 1997, sob a denominação de Fundo de Estabilização Fiscal (FEF). Em 2000, este se torna Desvinculação das Receitas da União (DRU). Apesar das variantes expressões, na essência, trata-se do mesmo: mecanismos que possibilitam o desvio de recursos do seu destino original, constitucionalmente determinado.
7 Criação da CPMF e Resultado do OSS Criação da CPMF em A alíquota foi posteriormente elevada, de 0,20% para 0,38%, destinando-se a diferença para a Previdência Social (0,10%) e Assistência (0,08% - Fundo de Erradicação da Pobreza). Caso fosse observado o conceito de Seguridade Social escrito na Constituição e não houvesse o desvio dos recursos do OSS do destino original para outras finalidades, através da DRU, a Seguridade apresentaria superávits significativos, como mostra a tabela seguinte.
8 Tabela 1 - Receitas e Despesas da Seguridade Social Em R$ milhões (nominais) Categorias I - Receitas (antes da DRU) Receitas de Cont. Sociais Previdenciárias , , , , , (1) ,5 Cofins , , , , , ,1 CPMF , , , , , ,2 CSLL , , , , , ,7 Concursos de Prognósticos 1.053, , , , , ,9 Pis/Pasep (2) 7.776, , , , , ,9 Receitas Próprias (Min. Prev.) 349,9 199, ,1 797,6 731,9 729,6 Outras receitas 1.715, ,6 194,7 265,6 304,7 287,3 I - Total , , , , , ,2 II - Despesas (por função) Saúde , , , , , ,6 Previdência , , , , , ,5 Trabalho 8.477, , , , , ,3 Assistência Social 6.513, , , , , ,2 II -Total , , , , , ,5 II - Resultado do OSS 9.235, , , , , ,8 III - Despesa (por órgão) Ministério da Previdência , , , , , ,2 Ministério da Saúde , , , , , ,2 Ministério do Trabalho , , , , , ,1 Ministério do Desenv. Social (3) , , , , ,8 III - Total , , , , , ,3 III - Resultado do OSS , , , , , ,9 Fonte: STN. Notas: 1. Previsões de receita e despesa 2. Já deduzido de 40% destinado ao BNDES. 3. Em 2002, Ministério da Previdência e Ass. Social; Em 2003, Ministério da Assist. e Promoção Social.
9 Matriz de Benefícios da Seguridade em ÁREA Tipos de benefícios por área ATENÇÃO BÁSICA PRODUÇÃO AMBULATORIAL ESPECIALIZADOS (QTDE. APROVADA) ALTA COMPLEXIDADE SAÚDE Nº INTERNAÇÕES ATENÇÃO BÁSICA (população coberta) PACS, PSF e outros COBERTURA VACINAL MÉDIA (% dos menores de 1 ano) 95,4 99,6 PREVIDENCIÁRIOS Benefícios do RGPS ACIDENTÁRIOS PREVIDÊNCIA Amparos Assistenciais (LOAS-BPC) SOCIAL Benefícios Assistenciais da Previdência Rendas/Pensões Mensais Vitalícias EPU TOTAL PREVIDÊNCIA ASSISTÊNCIA SOCIAL Bolsa Família (nº de famílias atendidas) Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS), Ministério da Previdência (MP) e Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Notas: PACS - Programa de Agentes Comunitários de Saúde. PSF - Programa Saúde da Família. RGPS - Regime Geral da Previdência Social. EPU - Encargos Previdenciários da União. BPC: Benefício de Prestação Continuada, é um benefício não contributivo, no valor de 01 (um) salário mínimo mensal pago às pessoas idosas com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais e às pessoas portadoras de deficiência incapacitadas para a vida diária e para o trabalho, ambos pertencentes a famílias com renda familiar, por pessoa, inferior a ¼ do salário mínimo. Em vigor desde 01/01/96, é previsto na CF/88, Art. 203, consagrado na Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS (Lei n 9720/1998 e /2003) e
10 Propostas de vinculação como solução da crise de financiamento (PEC 169) Proposta de Vinculação Constitucional Definitiva de 30% da OSS + 10% da receita de impostos da União, Distrito Federal, Estados e Municípios Tramitação de propostas (PECs) de destinação plena das contribuições sobre faturamento e o lucro; Proposta do Deputado Pinotti (5% do PIB); Proposta Aglutinativa PEC 82-A: Após algumas discussões, esta proposta logrou ser aprovada no senado, sob a identificação Emenda Constitucional 29 (EC/29)
11 2000. Aprovação da EC 29/2000. Estabelece a Vinculação Constitucional de Receitas: Estados - 12% da receita de impostos e transferências constitucionais e legais; Municípios - 15% da receita de impostos e transferências constitucionais e legais; União - o montante aplicado no ano anterior corrigido pela variação nominal do PIB. Para Estados e Municípios, aumento gradual a partir do mínimo de 7% em 2000, até atingirem 12% e 15%, respectivamente, em Aplicação das regras de transição. Resoluções do CNS n os 316 e 322. Expectativa de regulamentação da EC 29, por Lei Complementar, conforme previsto na emenda.
12 Impactos da EC/29 Gráfico 1 - Participação das três esferas no gasto público com saúde ( ) 0,6 0,60 0,56 0,53 0,5 0,51 0,50 0,49 0,4 0,3 0,2 0,19 0,22 0,21 0,23 0,22 0,25 0,23 0,27 0,25 0,25 0,25 0,25 0, União Estados Municípios
13 Tabela 2 Despesas per capita com ações e Serviços Públicos de Saúde - União, Estados e Municípios: 2000 a 2005 Ano União Estados Municípios ,52 38,01 44, ,37 47,97 53, ,65 61,40 68, ,68 69,11 76, ,10 88,30 90, ,68 93,55 109,40 Fonte: SIOPS (Estados e Municípios) SPO/MS (União) Posição em 10/4/2007
14 Tabela 3 Despesas com ações e Serviços Públicos de Saúde em relação ao PIB - União, Estados e Municípios: 2000 a 2005 Ano União Estados Municípios ,73% 0,54% 0,63% ,73% 0,64% 0,71% ,67% 0,73% 0,81% ,60% 0,72% 0,80% ,68% 0,83% 0,84% ,73% 0,80% 0,94% Fonte: SIOPS (Estados e Municípios) SPO/MS (União) Posição em 10/4/2007
15 Ano Tabela 4 A Evolução do PIB e das Despesas do Ministério da Saúde, 1995 a 2006 PIB (Referência 2000) R$ Milhões Variação Nominal Despesas da União - MS Despesas empenhada do MS (R$ Milhões) Despesas em Ações e Serviços de Saúde - ASPS (R$ Milhões) ASPS x PIB , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , ,75
16 Tabela 5 Relação entre Receita Corrente da União e Despesas com Ações e Serviços Públicos de Saúde, 1995 a 2006 Ano Receita Corrente (em milhares R$) Receita Corrente em % do PIB Despesa do MS em % da Receita Corrente Percentual B / PIB ,01 9,64 1, ,58 7,91 1, ,66 8,82 1, ,47 7,61 1, ,47 8,42 1, ,41 8,06 1, ,23 7,77 1, ,21 7,21 1, ,62 7,07 1, ,21 7,26 1, ,55 7,04 1, ,14 6,98 1,75 As receitas correntes entre 1995 e 2006 elevaram-se de 18,01% para 25,14% do PIB, refletindo a elevação da carga tributária. A participação da despesa do MS nas receitas correntes passou de 9,64%, em 1995, para 6,98%, em 2006.
17 Objetivos da Vinculação de Receitas para ações a e serviços de saude: Comprometer as três esferas de governo com o financiamento da saúde. Estabelecer fontes estáveis de financiamento, prevenindo crises ou situações de insolvência. Propiciar o planejamento necessário à sustentabilidade do SUS. Garantir a continuidade dos gastos do sistema com base no financiamento público e cobertura universal.
18 Programa Total % T SANEAMENTO AMBIENTAL URBANO ,67 VIGILANCIA EPIDEMIOLOGICA E AMBIENTAL EM SAUDE ,25 ATENCAO BASICA EM SAUDE ,42 ATENCAO ESPECIALIZADA EM SAUDE ,98 ATENCAO HOSPITALAR E AMBULATORIAL NO SISTEMA UNICO DE SAUDE ,59 VIGILANCIA SANITARIA DE PRODUTOS, SERVICOS E AMBIENTES ,84 SEGURANCA TRANSFUSIONAL E QUALIDADE DO SANGUE ,19 ASSISTENCIA FARMACEUTICA E INSUMOS ESTRATEGICOS ,97 ATENCAO A SAUDE DA POPULACAO EM SITUACOES DE VIOLENCIAS E OU ,32 VIGILANCIA, PREVENCAO E ATENCAO EM HIV/AIDS E OUTRAS DOENCAS ,66 ATENCAO A SAUDE DE POPULACOES ESTRATEGICAS E EM SITUACOES ES ,00 RESIDUOS SOLIDOS URBANOS ,12 Total Empenhado e Liquidado ,00 Variação anual 16,72% 9,06% 8,76% 7,31% Ano Total DOTAÇÃO AUTORIZADA (LEI + CRÉDITOS) Variação anual 15,26% 10,25% 9,79% -1,78% Ano ¹ Total VALORES NÃO EMPENHADOS (INCINERADOS) (17.983) (22.859) (27.959) (42.188) ( ) Variação anual -2,11% 27,11% 22,31% 50,89% ¹Valores empenhados até 31/10/2007 Fonte: SIOPS \ SIAFI VALORES EMPENHADO E LIQUIDADOS: União para DF (2004 A 2007)
19 O BRIGADO Professor Doutor Elias Antônio Jorge Diretor da Área de Economia da Saúde e Desenvolvimento Secretaria Executiva Ministério da Saúde - Brasil
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