Luiz Carlos Aceti Júnior Especialista em Direito Empresarial Ambiental Pós-graduado em Direito das Empresas.
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- Carlos Eduardo Cabral Balsemão
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1 Luiz Carlos Aceti Júnior Especialista em Direito Empresarial Ambiental Pós-graduado em Direito das Empresas
2 A Responsabilidade Ambiental Tutela Administrativa Tutela Criminal Tutela Cível Copyright Proibida Reprodução.
3 Tutela Administrativa A Lei nº 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente) dispôs mecanismos para estruturar o SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente), unificando atitudes e integrando órgãos Federais, Estaduais e Municipais. No mesmo diploma conferiu ao CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) a competência para estabelecer normas para o licenciamento de atividades efetivamente ou potencialmente poluidoras (EIA - RIMA). Este por sua vez, pela Resolução 237, de 19 de dezembro de Distribui as competências para o licenciamento nos três níveis da federação. A fiscalização é realizada também nos 03 (três) níveis, cada qual com sua competência, porém a Polícia Ambiental dos Estados atua mediante convênio firmado entre o respectivo Governo do Estado e o Governo Federal conjuntamente com os Órgãos Ambientais Estaduais e Federais. Toda fiscalização é realizada com o objetivo de evitar degradação ambiental, tendo a possibilidade de imposição de multa ao predador (poluídor). Decreto 3.179/99 - Art. 5º - O valor da multa de que trata este Decreto será corrigido, periodicamente, com base nos índices estabelecidos na legislação pertinente, sendo no mínimo de R$50,00 (cinqüenta reais), e o máximo de R$ ,00 (cinqüenta milhões de reais).
4 Tutela Administrativa Decreto 3.179/99 - Art Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou em seus regulamentos: Multa de R$500,00 (quinhentos reais) e R$ ,00 (dois milhões de reais). Decreto 3.179/99 - Art Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentos pertinentes: Multa de R$500,00 (quinhentos reais) a R$ ,00 (dez milhões de reais). Decreto 3.179/99 - Art Deixar de obter o registro no Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais, as pessoas físicas e jurídicas, que se dedicam às atividades potencialmente poluidoras e à extração, produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim, como de produtos e subprodutos da fauna e flora: Multa de R$500,00 (quinhentos reais) a R$20.000,00 (vinte mil reais). Lei nº 9.605/98 - Art. 6º - Para imposição e gradação da penalidade, a autoridade competente observará: I - a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüências para a saúde pública e para o meio ambiente; II - os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental; III - a situação econômica do infrator, no caso de multa.
5 Tutela Administrativa A Resolução CONAMA 237, de 19 de dezembro de 1997, regulamentou a atuação dos órgãos competentes do SISNAMA (Sistema Nacional do Meio Ambiente), no exercício do licenciamento previsto no art. 10 da Lei nº 6.938/81. Art. 1º - Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições: I - Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso; II - Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental;/.../ Art. 2º - /.../; 1º - Estão sujeitos ao licenciamento ambiental os empreendimentos e as atividades relacionadas no Anexo 1, parte integrante desta Resolução. Anexo 1: /.../ - Fabricação de Combustíveis não Derivados de Petróleo; /.../ - Beneficiamento, Moagem, Torrefação e Fabricação de Produtos Alimentares; /.../ - Fabricação e Refinação de Açúcar; /.../
6 Tutela Civil Conceito de Dano Ambiental: Prof. Dr. José Rubens Morato Leite: /.../ Portanto, um conceito de dano ambiental pode ser: toda lesão intolerável, causada por uma ação humana, seja ela culposa ou não, diretamente ao meio ambiente, classificado como macrobem de interesse da coletividade, em uma concepção totalizante e, indiretamente, a terceiros, tendo em vista interesses próprios e individualizáveis e que refletem no macrobem. A gravidade do dano é ponto fundamental para exigir-se reparação. A tolerabilidade exclui a ilicitude e, em conseqüência, não deriva responsabilidade civil. Um dano passa de tolerável a intolerável sempre que a qualidade ambiental, quer na capacidade atinente ao ecossistema, quer na sua capacidade de aproveitamento ao homem e a sua qualidade de vida, perder seu equilíbrio. (in Tese de Doutorado - Dano Ambiental - Do Individual ao Coletivo Extrapatrimonial, Florianópolis, Universidade Federal de Santa Catarina, 1999.) Lei nº 6.938/81 (art. 14, 1º): Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade /.../ Lei nº 6.938/81 (art. 3º, IV): Poluidor é a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental /.../
7 Tutela Civil O Brasil adotou através da Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81) a responsabilidade objetiva ambiental, tendo a Constituição Brasileira de Outubro de 1988, considerado imprescindível a obrigação de reparação dos danos causados ao meio ambiente. Prof. Paulo Affonso Leme Machado: /.../ A responsabilidade objetiva ambiental significa que quem danificar o ambiente tem o dever jurídico de repará-lo. Presente, pois, o binômio dano/reparação. Não se pergunta a razão da degradação para que haja o dever de reparar. Incumbirá ao acusado provar que a degradação era necessária, natural ou impossível de evitar-se. Portanto, é contra o Direito enriquecerse ou ter lucro à custa da degradação do meio ambiente. /.../ (Direito Ambiental Brasileiro, Editora Malheiros, 8ª ed. p. 322) Dr. Édis Milaré: /.../ há duas formas principais de reparação do dano ambiental: a) o retorno ao status quo ante; e, b) a indenização em dinheiro. Não estão elas hierarquicamente em pé de igualdade. A modalidade ideal - e a primeira que se deve ser tentada, mesmo que mais onerosa - de reparação do dano ambiental é a reconstituição ou recuperação do meio ambiente lesado, cessando-se a atividade lesiva e revertendo-se a degradação ambiental. É, pois, imperioso que o aplicador da lei atente para a constatação, já que não são poucas as hipóteses em que não basta indenizar, mas fazer cessar a causa do mal, pois um carrinho de dinheiro não substitui o sono recuperador, a saúde dos brônquios, ou a boa formação do feto. /.../ (in Direito do Ambiente - Ed. RT, 2000).
8 Tutela Criminal Existem várias leis que definem crimes no âmbito do direito ambiental, sendo: Crimes contra a fauna - Lei nº 5.197/67 (código de Caça). Dano à Unidade de Conservação Lei 9985/00 Crime de Poluição - Art. 54 da Lei nº 6.938/81. Dentre muitos outros. A Lei mais utilizada é a 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente, conforme o disposto nessa lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de sua representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. (art. 3º da Lei nº 9.605/98). Parágrafo Único: A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato. Condições para a responsabilização da Pessoa Jurídica: I - existência da infração penal; II - ser cometida por representante legal, ou órgão colegiado; III - no interesse ou benefício da sua entidade. Participação por omissão: Quem de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou o mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir sua prática, quando podia agir para evitá-la. (Art. 2º da Lei nº 9.605/98).
9 Tutela Criminal Parte Geral Tutela constitucional: As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. (CF, art. 225, 3º) Abrangência: aplicação de sanções penais (crimes ambientais) e administrativas. A Lei não cuida de responsabilidade civil (polêmica do art. 3º). Tipicidade: aberta - recorrência a conceitos técnicos, licenças e autorizações. - em branco - complementada por outra norma (p.ex. espécies raras ou ameaçadas de extinção - art. 29, 4º, inciso I; período de pesca proibida ou lugares interditados - art. 34, caput). Culpabilidade: art. 29 e ss. - dolosos: intenção livre e consciente de produzir o resultado. - culposos: imprudência, negligência ou imperícia. novidade - risco perigo probabilidade magnitude do dano grau de conhecimento do agente
10 Tutela Criminal Lei nº 9.605/98 - Art Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos seus regulamentos: Pena - reclusão, de 01 (um) a 04 (quatro) anos, e multa. Lei nº 9.605/98 - Art Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes: Pena - detenção, de 01 (um) a 06 (seis) meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Lei nº 9.605/98 - Art Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e recuperação do meio ambiente. O Artigo 15 da Lei nº 9.605/98, prevê as circunstâncias agravantes de pena, e dentre estas estão: e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a regime especial de uso; f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos; h) aos domingos e feriados; i) à noite; j) em época de secas ou inundações; o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental; etc.
11 Tutela Criminal - Circunstâncias atenuantes: - art destaques: - I - baixo grau de escolaridade do agente; - II arrependimento posterior reparação espontânea do dano antes do recebimento da denúncia? (vide CP, art. 16); - III comunicação de perigo iminente; - IV colaboração na vigilância e controle. Circunstâncias agravantes: - art destaques: - I reincidência em crimes de natureza ambiental; - II conseqüências e circunstâncias: - III - exposição a grave perigo a saúde pública (c); - IV - atingindo unidades de conservação (e); - V - atingindo áreas urbanas ou assentamentos humanos (f); - VI - período defeso à fauna (g); - VII - interior de espaço territorial especialmente protegido (l); - VIII - abuso de licença, permissão ou autorização (o); IX - atingindo espécies ameaçadas de extinção (q). Suspensão condicional da pena: - art. 16 pena não superior a 3 anos; Ação penal: - art. 26 pública incondicionada Transação e suspensão condicional do processo: - Lei 9.099/95: - aplica-se integralmente (art. 27 e 28) - condição: efetiva reparação do dano. exceção: art. 41: incêndio em mata ou floresta reclusão de 2 a 4 anos - transação: pena máxima cominada não superior a um ano - suspensão condicional do processo: pena mínima cominada igual ou inferior a um ano. Lei nº /2001: Lei dos Juizados Especiais Federais - crimes de competência federal - pena máxima cominada não superior a dois anos - polêmica: - qual o limite de pena aplicável? um ou dois anos? - lei posterior mesma matéria - derroga a anterior penas - lei penal material aplica-se a mais benéfica (CF, art. 5º, XL CP, art. 2º, par. único).
12 Tutela Criminal Art poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora > reclusão, de 1 a 4 anos, e multa. conceito de poluição: art. 3º, inciso III, da Lei nº 6.938/81 - art. 3º. - III - poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indireta: - a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; - b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; - c) afetem desfavoravelmente a biota; - d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; - e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. - 1º - culposo: detenção, de 6 meses a 1ano, e multa. - 2º - qualificadoras: reclusão, 1 a 5 anos - I - tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana; - II - causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população; - III - causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de água de uma comunidade; - IV - dificultar ou impedir o uso público das praias; - V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos: - obs: incorre nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar, quando assim o exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível. Art executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida. detenção, de 6 meses a 1 ano, e multa. - obs: incorre nas mesmas penas quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente.
13 Tutela Criminal Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que a personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. (art. 4º da Lei nº 9.605/98). As penas aplicáveis, isolada, cumulativa ou alternativamente às pessoas jurídicas, de acordo com o disposto no art. 3º, são: I - multa; II - restritiva de direito; e, III - prestação de serviços a comunidade. (art. 21 de Lei nº 9.605/98). A multa será calculada segundo os critérios do Código Penal; se revelar-se ineficaz, ainda que aplicada no valor máximo, poderá ser aumentada até três vezes, tendo em vista o valor da vantagem econômica auferida. (art. 18 e 19 da Lei nº 9.605/98), podendo chegar ao valor aproximado de R$ ,00 (hum milhão de reais). As penas restritivas de direito da pessoa jurídica são: I - suspensão parcial ou total da atividades; II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade; e, III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações. (art. 22 da Lei nº 9.605/98). A proibição de contratar com o Poder Público poderá ser pelo prazo máximo de 10 (dez) anos (art. 22, 3º da Lei nº 9.605/98). A prestação de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em: I - custeio de programas e de projetos ambientais; II - execução de obras de recuperação e áreas degradadas; III - manutenção de espaços públicos; e, IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas. (art. 23 da Lei nº 9.605/98). Art. 24 da Lei de Crimes Ambientais, prevê a dissolução forçada da pessoa jurídica (pena de morte da pessoa jurídica) tendo seu patrimônio revertido ao Executivo Nacional, para o Fundo Penitenciário Nacional.
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