Contextualização: A Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo e a Fazesp - Escola Fazendária do Estado de São Paulo
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- Maria das Neves Borba Espírito Santo
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1 TV Fazesp - Um Projeto Interativo de Educação a Distância Antônio Filipe de Siqueira Linhares* Laura Ibiapina Parente** Contextualização: A Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo e a Fazesp - Escola Fazendária do Estado de São Paulo O Estado de São Paulo e a Secretaria da Fazenda Pretendemos, neste trabalho, apresentar um projeto de educação a distância em desenvolvimento na Escola Fazendária do Estado de São Paulo Fazesp, setor responsável pela capacitação dos funcionários da Secretaria da Fazenda de São Paulo. A Secretaria da Fazenda é o órgão da administração estadual responsável pela arrecadação dos impostos de competência estadual e pelo controle financeiro relativo à execução orçamentária paulista. No desempenho de sua função arrecadadora a Secretaria da Fazenda controla a arrecadação do ICMS, IPVA e ITCD. Destes o mais importante é o ICMS, responsável em 1998 por 89% da arrecadação paulista. Em 1998 foram arrecadados R$ ,00 de ICMS em São Paulo, o que representa 38,3% do total de R$ ,00 do ICMS do país. Em relação ao IPVA a arrecadação paulista foi de R$ ,00, equivalentes a 49,5% da arrecadação nacional (R$ ,00). A participação relativa de São Paulo na arrecadação desses dois tributos reflete sua condição de unidade da federação brasileira com maior participação no PIB nacional. O controle financeiro implica o acompanhamento da execução de um orçamento de R$ ,00 em 1999 distribuído entre 130 Unidades Orçamentárias, subdivididas em 950 Unidades Gestoras Executoras. A Fazesp Escola Fazendária do Estado de São Paulo Para o desempenho dessas funções a Secretaria da Fazenda conta com um quadro de aproximadamente 8500 funcionários, dos quais cerca de 4000 são Agentes Fiscais de Rendas, corpo que detém a competência privativa para fiscalizar o recolhimento dos tributos estaduais. É esse total de funcionários que a Fazesp tem a responsabilidade de capacitar, além de funcionários dos demais órgãos estaduais envolvidos na coordenação financeira e orçamentária. Criada em 1987, a Fazesp era na sua origem responsável pela formação do quadro de fiscais da Secretaria. Desde 1994 sua atuação foi ampliada para o conjunto dos funcionários fazendários e para os funcionários das demais secretarias, desenvolvendo programas de formação nas áreas tecnológica, gerencial, tributária e de controle financeiro. Contando com um corpo técnico de 26 funcionários, a Fazesp, para atingir seu público alvo distribuído entre a sede da Secretaria (aproximadamente 2500 funcionários) e 18 unidades regionais, tem recorrido a outros funcionários da secretaria formados pelos técnicos da 1
2 capapnafe.jpg(15491bytes) IV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, México, D.F., Oct Fazesp para atuar como multiplicadores e, para alguns conteúdos de maior complexidade técnica, como a formação tributária, utilizado o recurso de produção de vídeos, a serem reproduzidos em telessalas ou mesmo adquiridos pelo corpo de fiscais. O Programa de Modernização e a Escola Fazendária Em 11 de dezembro de 1996, o Banco Interamericano de Desenvolvimento BID aprovou empréstimo de U$ 500 milhões ao Brasil, em apoio à modernização fiscal do Distrito Federal e dos estados brasileiros. Tal aporte de recursos destina-se a investimentos dirigidos à instrumentalização das gestões tributária e financeira das secretarias estaduais de fazenda, finanças ou tributação. Na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, o esforço de modernização fiscal resultou na organização de 12 macroprojetos dos quais um relativo à modernização da área de capacitação da Secretaria: a Fazesp. O objetivo geral do Macroprojeto da Fazesp é ampliar a capacidade da Escola para realizar a formação e o treinamento dos servidores da Secretaria da Fazenda de modo adequado ao processo de modernização do conjunto da Secretaria. Esse objetivo deve ser realizado mediante: Implantação de novas tecnologias de educação a distância integrando um canal de TV corporativo e a rede interna da Secretaria da Fazenda; Adequação física e tecnológica dos locais de treinamento e instrumentos de apoio à formação (Biblioteca, por exemplo); Implantação de um sistema de avaliação da capacitação dos servidores. Nesta apresentação, nos limitaremos a comentar o trabalho relativo ao uso do canal de TV e da Intranet com o fim de realizar Educação a Distância (EAD). A decisão de usar esses recursos para a capacitação dos funcionários fazendários decorre da identificação de limitações do modelo presencial de capacitação adotado pela Fazesp (exclusão de número significativo de funcionários, deslocamento de funcionários e complexidade dos conteúdos tratados) e da existência da Intranet com potencial inexplorado como canal de capacitação e comunicação horizontal na organização. Acreditamos que o uso desses recursos permite melhor acesso às atividades de formação e reduz a necessidade de deslocamento de funcionários, além de propiciar o contato direto e imediato com as fontes de conhecimento pela TV ou via rede, sem atraso ou distorção das informações. I. O Projeto da TV Fazesp As Origens Em seu modelo tradicional de funcionamento, a Fazesp já havia produzido uma série de vídeos tratando de conteúdos da área de Fiscalização para utilizar em cursos apoiados presencialmente pelos multiplicadores. Em função dessa experiência, foi negociado um 2
3 contrato de transmissão de sinal de TV digital via satélite para 16 telessalas instaladas nas unidades da Secretaria dispersas pelo Estado. A prestadora desse serviço seria a Fundação Padre Anchieta, que controla a rede TV Cultura, uma emissora pública de programação educativa de qualidade internacionalmente reconhecida. Pensava-se, na época, utilizar os programas já gravados e promover regularmente teleconferências, com uma grade de programação prevista composta por uma hora ao vivo e três em videoteipe por semana. Para definir o perfil da então já batizada TV Fazesp e estruturar sua grade de programação, foi contratada uma equipe de três consultores com especializações em áreas complementares: educação a distância, produção de TV e redes telemáticas. Do trabalho desses especialistas e da equipe interna da Fazesp dedicada ao projeto, chegou-se a duas conclusões principais: O custo da transmissão de videoteipe por satélite não justificaria a substituição do modelo de cursos apoiados com o uso de videocassete, a menos que se explorasse melhor os recursos de interatividade possibilitados pela linguagem televisiva e pelo uso conjugado de recursos de redes telemáticas. O formato didático dos vídeos refletia um modelo de aula presencial, inadequado para transmissão de conhecimentos por educação a distância. Objetivos, Diretrizes Gerais da Programação e uma Nova Concepção Com a ajuda dos consultores e levando em conta o contexto do Programa de Modernização da Secretaria da Fazenda, diante da necessidade de revisão do modelo de capacitação adotado pela Escola Fazendária, estabelecemos um conjunto de objetivos para a TV Fazesp, que viria a ser determinante, então, nos caminhos a serem escolhidos daí por diante: Atingir a todos os públicos da Secretaria da Fazenda, sem privilegiar setores ou funções específicas; proporcionar, ainda, uma visão completa da Secretaria, de seu funcionamento, objetivos e integração na economia e sociedade; Ter um caráter informativo e formativo, promovendo valores éticos e humanos além de transmitir conhecimentos técnicos aplicados; Facilitar a mudança de perfis de funções e a modernização dos processos de trabalho, trabalhando com a capacitação para a mudança e a educação continuada; Agregar valor à informação transmitida, uniformizar a linguagem e os procedimentos. Para atingir os objetivos propostos, foram definidas diretrizes gerais para um formato adequado de programação segundo as quais o enfoque deve ser jornalístico, com ênfase em programas de debates, mas também com uso de recursos da linguagem televisiva como reportagens, estudos de caso, efeitos de computação gráfica e reconstituições ficcionais de situações concretas, evitando-se uma linguagem que apenas reproduza uma aula presencial. 3
4 Para garantir maior eficácia educacional, foi proposto que o enfoque do projeto deixasse de ser exclusivamente voltado para a mídia TV, passando-se então a considerar o uso integrado de mídias complementares TV e redes Intranet/Internet, sem desprezar os recursos de ensino presencial num projeto de educação a distância interativo. Mais que desejada, a interatividade permitida pelo uso conjugado desses meios de comunicação passa a ser vista como essencial para o aprendizado e para a troca horizontal de conhecimentos entre os alunos, promovendo o desenvolvimento da organização como um todo. A Grade de Programação A composição de uma grade de programação exigia, ainda, que fossem levadas em consideração a viabilidade de se produzirem os programas com a qualidade e continuidade necessárias. A estimativa inicial de quatro horas semanais foi avaliada como impossível de ser executada, diante da nova concepção de uma TV dinâmica e interativa, além do que os programas poderiam ser gravados em videocassete nas próprias telessalas para depois serem distribuídos para um público ampliado, em horários mais flexíveis. Outro fator que passou a ser considerado foi o custo de produção dessas horas de programação, já que até então não se havia pensado em produzir material novo, mas apenas reciclar vídeos já produzidos. Com a nova concepção da TV, reduziu-se a carga de programação para duas horas e meia inéditas por mês, o que já exige grande esforço do pequeno contingente de instrutores da Fazesp, responsáveis pela preparação de conteúdos didáticos a serem trabalhados nos roteiros dos programas. Essas duas horas e meia mensais de produção na verdade devem resultar na transmissão de uma hora semanal, dividida em dois blocos de trinta minutos. O primeiro deles composto de programas curtos e variados de interesse geral, o segundo de um programa de formação específico, com conteúdo direcionado a um público de perfil ou função determinada. Afinal, prevê-se que o público das transmissão da TV Fazesp será rotativo, dentro da disponibilidade inicial de 16 telessalas com capacidade para em média 30 pessoas. BLOCO MENSAL DA PROGRAMAÇÃO: Combinação de programas curtos variados, dentre a lista abaixo, totalizando 30 Programas Duração Formato Notícias da SEFAZ 5 Programa jornalístico A Secretaria Responde 3 Resposta a dúvidas técnicas ou institucionais formuladas pelos funcionários via telefone, fax ou Comunicados 5 Comunicados oficiais de autoridades da Secretaria da Fazenda 4
5 Toques 5 Programas curtos com dicas práticas e reportagens relacionadas a temas de interesse mais amplo, como os inicialmente selecionados: Informática, Comportamento e Cidadania Chamadas (spots) 30 Publicidade interna de eventos, programas e cursos PROGRAMA DE FORMAÇÃO: Dirigido a um público específico, de conteúdo formativo, com duração de 30 Programa de Formação Duração Formato (Título conforme o Conteúdo) 30 Variável, conforme adequação ao conteúdo, mas provavelmente com ênfase em debates, intercalando reportagens curtas, reconstituições ficcionais e recursos gráficos Pensando Interativamente Como já expusemos, é essencial a força da interatividade no trabalho de capacitação que pretendemos desenvolver, e para manejá-la sem uma quebra de expectativas é preciso pensar na capacidade de atender às demandas do público neste sentido, bem como em desenvolver as habilidades nas tecnologias e linguagens das mídias interativas. Por essa razão, elaborou-se um plano de implantação gradual desses recursos de interatividade. A primeira etapa dessa evolução seria, antes mesmo da estréia das transmissões de TV, utilizar a Intranet e Internet como ferramentas de educação, aprendendo a fornecer cursos da Escola Fazendária on-line, com a disponibilização de materiais didáticos para download, formação de fóruns de discussão, chats e FAQs, seja em iniciativas isoladas ou em cursos estruturados. Uma vez estando estabelecidas as transmissões dos programas pela TV, já teríamos como manter uma home page da TV Fazesp ou mesmo páginas dedicadas aos programas. Desde o início, além do uso de apoio da rede, se estimularia a participação dos espectadores por fax, secretária eletrônica ou . Num segundo momento, pretendemos implantar a participação do público com intervenções de voz ao vivo pelo telefone. Por fim, pensamos utilizar o recurso de videoconferência, com transmissão audiovisual ao vivo pelas redes telemáticas, quando esta possibilidade estiver tecnologicamente consolidada a um custo acessível e já tivermos desenvolvido competência técnica no tratamento de material audiovisual para formatos digitais. Ao longo de todo esse caminho a percorrer, não podemos perder de vista a interatividade inerente aos cursos presenciais, que continuará sendo um recurso valioso e utilizado, dentro de uma abordagem de integração das mídias educacionais. 5
6 Já tendo delineado nosso plano de implantação gradual da interatividade, nos demos conta de que o grande gargalo não estaria na infra-estrutura tecnológica (mais que satisfatória diante de nossas necessidades iniciais e evoluindo rapidamente), e sim na capacidade da equipe da Fazesp de produzir conteúdos em linguagens adequadas às mídias disponíveis e responder ao grau de interatividade que desejamos sustentar. Aspectos Gerenciais Uma vez definido o que se pretende, faz-se necessário estabelecer como operacionalizar organizacionalmente as atividades e, seguindo o espírito da modernização no setor público, sem criar novas estruturas burocráticas rígidas. Alie-se a isto o fato de que os trabalhos de produção de TV exigem perfis de profissionais de comunicação inexistentes nos quadros atuais da Escola Fazendária ou da Secretaria da Fazenda e cuja contratação pela administração direta não se justifica por ser uma atividade alheia às atribuições do Estado. Por outro lado, a terceirização total das atividades de produção dos programas da TV Fazesp, poderia levar à perda do vínculo com a fonte primordial de informação para os conteúdos didáticos, que são os funcionários da Escola Fazendária e de outras áreas da Secretaria da Fazenda. O modelo gerencial a ser adotado deve portanto conciliar a qualidade técnica de uma produção profissionalizada com a qualidade técnica da informação a ser transmitida. E sobretudo considerar as outras atividades envolvidas, que escapam do trabalho imediato de produção de TV: o suporte à interatividade, a seleção de conteúdos para a programação e a coordenação e acompanhamento do fluxo de produção da formação via TV e rede como um todo. A complexidade da operacionalização das atividades previstas no projeto nos levou a optar por um modelo gerencial cujas linhas gerais são: Uma equipe composta por funcionários da Fazesp deve ser responsável pela coordenação e acompanhamento dos trabalhos, seleção de conteúdos e suporte à interatividade. Esta equipe deve trabalhar diretamente e em conjunto com profissionais de comunicação contratados como consultores para exercerem os papéis de âncora, repórter e roteirista. Os consultores na função de repórter e roteirista elaboram o roteiro dos programas em contato direto com instrutores da Fazesp e outros especialistas conhecedores dos conteúdos da formação a realizar, assessorados por especialistas em Educação a Distância contratados como consultores. A produtora terceirizada é responsável pela gravação dos programas assim roteirizados. As diretrizes estratégicas e de linguagem de programação da TV Fazesp devem ser mensalmente reavaliadas por um Conselho Editorial de composição mista formado por representantes da direção da Secretaria da Fazenda (áreas de comunicação institucional, de assessoria de imprensa e de tecnologia da informação) e por membros externos com experiência em educação e TV educativa. 6
7 Consultorias externas de avaliação com periodicidade semestral devem fazer o acompanhamento da evolução do projeto. Os Próximos Passos Capacitação da equipe Fazesp A definição do projeto, conforme exposto, evidenciou a necessidade da própria equipe da Fazesp capacitar-se para atuar utilizando recursos de Educação a Distância, de modo a que os conteúdos oferecidos nos cursos presenciais sejam adequadamente adaptados às novas mídias disponíveis. Com esse objetivo iniciamos um trabalho de identificação de entidades que desenvolvam e/ou assessorem projetos similares ao nosso e de centros de capacitação em Educação a Distância. A formação da equipe está sendo feita de modo a combinar palestras e workshops especialmente formatados para a Fazesp, participação em cursos externos sobre EAD, participação em cursos oferecidos por outras entidades que usam as mesmas mídias previstas no nosso projeto (TV, vídeo, Internet), estágio em produtora de programas educativos, leitura e discussão de textos. Construção de Estúdio de TV e Programação Visual da TV O estúdio a ser construído no prédio sede da Secretaria já tem seu projeto estrutural pronto e deve estar pronto até novembro. A logomarca da TV está definida e sua vinheta em fase final de produção. Seleção e contratação de roteirista e repórter Estamos levantando currículos de profissionais interessados em atuar no nosso projeto e sua seleção prevê a elaboração do roteiro de um programa institucional sobre a Secretaria da Fazenda. Experiência piloto de uso da Intranet para educação Com o intuito de experimentar o uso da rede da Secretaria da Fazenda como mídia foi implantado um grupo de discussão no curso Qualidade Total do Auto de Infração e Imposição de Multa da área Tributária. Desenvolvimento de roteiros e início de produção dos programas Decidimos escolher as áreas Tributária (mais precisamente Contabilidade) e de Informática para iniciar os cursos com recursos de Intranet e TV, tendo em vista que atendem a dois critérios importantes para justificar o investimento necessário para desenvolver materiais de EAD: grande número de alunos e conteúdos que não exigem atualização muito freqüente. 7
8 Há ainda a necessidade de programas que contemplem aspectos de capacitação gerencial, além do aprendizado de inglês e português, temas para os quais pretendemos utilizar inicialmente produções de outras instituições. Prevemos que até novembro estejamos iniciando a produção dos primeiros materiais para TV e uso via rede. O início das transmissões da TV é previsto para março de Convênio com outras entidades para cessão de produtos Como mencionamos, acreditamos que alguns conteúdos importantes para a formação dos funcionários da Secretaria da Fazenda são comuns a outras organizações (Língua Portuguesa, Inglês, Capacitação gerencial e Informática, por exemplo) e que possamos através de convênios dispor de material já elaborado para TV e/ou rede telemática. Desafios do Prometo Continuidade de Recursos O primeiro desafio enfrentado está no custo do projeto. O volume de recursos necessários para garantir a continuidade da produção de programas de TV para educação a distância com essas características é considerável, e apenas se justifica pelo impacto de penetração da mídia televisiva como fomentadora de mudanças de atitudes num esforço de modernização da administração pública. Mesmo o financiamento do PNAFE não justificaria a realização de um investimento de tamanho porte se não houvesse a devida provisão orçamentária para evitar uma interrupção futura e precoce. Para implantar um projeto de educação a distância a Escola Fazendária poderia prescindir da transmissão de TV ou mesmo da produção de fitas de vídeo), utilizando apenas as redes telemáticas a um custo muito mais acessível. Porém a comunicação apenas escrita não transmite tantas informações ou tem o mesmo impacto de uma mídia audiovisual, ainda mais se seu uso é tão familiar e amigável quanto o da TV. Assim, percebe-se que a opção por prosseguir com um projeto de transmissão de TV foi feita pela característica de potencializar o processo de modernização e mudança e promover o uso das ferramentas de interatividade já disponíveis. É preciso mencionar, ainda, que pesou como fator em defesa do projeto a expectativa de se ampliar o público-alvo dos programas da TV. Num primeiro plano, temos como público imediato o contingente de funcionários da Secretaria, e em seguida todas as pessoas que possuam uma relação direta com suas atividades funcionários de outras Secretarias de Estado e mesmo empresários do setor privado. Por fim, o alcance se estende a todo o conjunto da sociedade, no que se refere à Educação Tributária para a Cidadania. Para permitir a ampliação do público, já se pensa em articular parcerias com canais de TV aberta e a cabo, associações empresariais e entidades da sociedade civil. Por fim, trata-se da oportunidade de implantar um projeto de educação a distância interativo que, consolidado, pode servir como modelo para outros órgãos da administração pública. 8
9 Herança da Burocracia Paradoxalmente ameaçando um projeto que aflora de contexto amplo de modernização do serviço público, a estrutura tradicionalmente burocrática da Secretaria pode atuar contrariamente à agilidade necessária para a implantação e manutenção de um projeto de TV. A velocidade característica da produção de TV não segue o ritmo de uma instituição de cultura burocrática. Ainda estamos por descobrir como conciliar as particularidades da administração direta com as de uma mídia dinâmica, sempre preservando o princípio da legalidade. Por outro lado o uso da Intranet com fins educacionais supõe sua incorporação aos hábitos de trabalho, se não de todos, da maior parte dos funcionários da Secretaria, o que por hora não é verdade. Essa é uma das razões da eleição da formação em Informática como prioritária. Constitui também um desafio a incorporação às práticas funcionais da livre comunicação entre os diferentes níveis hierárquicos, característica das redes telemáticas, bem como do trabalho em equipe usando a rede. Adequação da Intranet às necessidades do Projeto de EAD A rede foi implantada anteriormente à elaboração do projeto de EAD, por isso precisa ser revista no que diz respeito à distribuição das estações de trabalho, de modo que se assegure que nenhum funcionário deixe de ter acesso a um programa de formação a ele destinado por não dispor de equipamento. Outra adaptação necessária é a instalação de equipamentos multimídia nos pontos de recepção. TV Corporativa: educativa e de comunicação institucional O Canal de TV proposto destina-se à formação do quadro de funcionários, mas também à transmissão de conteúdos relativos à comunicação institucional. A definição dos conteúdos e a supervisão dos roteiros desta parte da programação é atribuição não da equipe da Fazesp, mas das Assessorias de Imprensa e de Comunicação da Secretaria. No entanto, essa divisão de responsabilidades não pode comprometer a unidade de linguagem da TV. A atuação do Conselho Editorial será fundamental nesse sentido. Incorporando o Paradigma de Educação a Distância e de Gestão do Conhecimento O modelo proposto de EAD interativa implica romper com a identificação entre formação e sala de aula e adotar a integração de diferentes mídias educacionais. Mas como implantar novas metodologias sem comprometer as atividades atuais da Escola que continuam necessárias? Como remunerar a atuação dos conteudistas e dos funcionários 9
10 fazendários envolvidos na produção das novas mídias educacionais sem o recurso do pagamento de horas-aula? Como mobilizar os próprios funcionários para formas mais flexíveis de formação para as quais, em alguns casos não se justificaria a emissão de certificados? Por outro lado, o modelo de formação proposto supõe a incorporação dos conceitos de aprendizagem horizontal e bidirecional; de trabalho em equipe e em redes inerentes à idéia de gestão do conhecimento por uma organização extremamente tradicional em que os processos de comunicação seguem as relações hierárquicas formalmente estabelecidas. O modelo pretendido exige também que a própria Fazesp seja capaz de extrapolar as fronteiras dos seus atuais Centros de Capacitação e aprenda a trabalhar interna e externamente em rede. Mais uma dificuldade surge com a heterogeneidade do público a ser atingido e com as implicações dessa heterogeneidade para a escolha da linguagem de TV a adotar. Nossa resposta é que temos consciência do tamanho do desafio a que nos propomos. Sabemos que a realização de nosso projeto não será isenta de tropeços, reações contrárias e toda sorte de dificuldades de implantação. Temos tudo a aprender para realizarmos um projeto minimamente bem sucedido de educação a distância. Mas, tanto quanto das dificuldades, temos certeza de que a melhoria da qualidade dos serviços públicos prestados à população, objetivo último de qualquer projeto de modernização da administração pública, é inviável sem uma mudança no atual patamar de qualificação e informação do funcionalismo e de que hoje essa mudança só se viabiliza com o auxílio de formas de comunicação mais amplas e rápidas que as permitidas pela sala de aula. Além disso, temos já instalada uma Intranet cujo potencial para formação dos funcionários é imenso. Subutilizá-lo seria no mínimo irresponsável. Cabe à Fazesp assumir seu papel de agente da mudança em curso na Gestão da Secretaria da Fazenda inovando na forma de capacitar e promovendo a transformação das formas de produção, comunicação e transmissão de conhecimentos na Secretaria. Informações Biográficas: Antônio Filipe de Siqueira Linhares: Administrador de Empresas, Agente Fiscal de Rendas, Assistente Fiscal no Centro de Capacitação Tributária da Escola Fazendária do Estado de São Paulo e Líder do Projeto Educação a Distância Interativa TV Fazesp Endereço: Av. Rangel Pestana, 300, 16 andar, CEP , São Paulo, SP, Brasil Telefone: (5511) Fax: (5511) flinhares@fazenda.sp.gov.br Laura Ibiapina Parente: Administradora Pública e Socióloga, Diretora do Centro de Estudos Estratégicos da Escola Fazendária do Estado de São Paulo e Gerente do Macroprojeto Capacitação e TV Fazesp Endereço: Av. Rangel Pestana, 300, 16 andar, CEP , São Paulo, SP, Brasil Telefone: (5511) Fax: (5511) liparente@fazenda.sp.gov.br 10
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