AS ASSOCIAÇÕES E A LIDERANÇA
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- Wilson Bergler Borges
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1 AS ASSOCIAÇÕES E A LIDERANÇA 1. À medida que se acumulam as experiências ao longo da história, as perspectivas de poder pela segurança tendem a se transformar em perspectivas de poder pelo bem estar. 2. As perspectivas são expressas através das lideranças. Liderança é o "controle interno e a representação externa de um grupo por um ou algum de seus membros que derivam seu poder de: Prestígio Autoridade delegação Idade Ou investidura sobrenatural A atuação do líder tem o poder de provocar: Interação social Interação mental Interação ideológica 3. líder, como órgão de interação, detém consigo considerável parcela da experiência coletiva e fará prevalecer os conceitos de representação coletiva resultantes do acervo que detém consigo enquanto este acervo representar instrumento válido e adequado de sobrevivência e adesão coletivas, para os liderados. Quando dizemos sobrevivência e adesão queremos nos referir aos objetivos do indivíduo conjugados com sua existência dentro do grupo. Na realidade o líder surge, predomina, cria, institui, orienta, luta, vence ou é vencido dentro do processo dialético de extensão do conceito de sobrevivência ou seja, dentro do processo dinâmico pelo qual este se desenvolve e com ele o líder se identifica. A extensão do conceito de sobrevivência também acompanha a extensão do conceito de número, como se verá a seguir: NÚMERO Concreto Abstrato Absoluto Relativo Inteiro Fracionário Racional Irracional Real Imaginário Complexo SOBREVIVÊNCIA Longevidade (veneração) Força Autoridade Prestígio Discriminação Acumulação Reserva (abastança) Subsistência Representação Liberdade Desenvolvimento O processo de extensão progressista do conceito de sobrevivência deu origem a expressões significativas do contexto de liderança, como sejam: - venerável ancião
2 - força militar - autoridade real - a mais distinta nobreza - judeu avaro - abastado comercial - regime de subsistência - representação condigna - livre pensador - desenvolvimento 4. A experiência recomendou a criação e institucionalização de agrupamentos válidos para a preservação dos critérios de sobrevivência: são as instituições. As instituições têm os seguintes graus e correspondências: 1º concreto: Município Empresa 2º abstrato : Estado Fundação 3º absoluto : País Superintendência 4º relativo: ONU Fundo rotativo No campo oposto ou configurado como "de geral consenso", ora descrito, existe outro, o campo do contradomínio, isto é, aquele das futuras instituições latentes, e que são: - Departamento, entre empresa e fundação - Cooperativa, entre fundação e superintendência - C.E.C.A, entre superintendência e fundo rotativo. Os modelos atualmente existentes se comportam diversamente, dentro de um quadro de competição ideológica. Assim, as mais antigas instituições associativas eram precípuamente escravocratas e servis; hoje são patronais e operárias. As antigas eram oriundas de poder despótico; os modernos do poder limitado, ou melhor, auto-limitado. Os lideres controlam as associações, mediante detenção pessoal de: a. Idéia de quantidade: Conjunto de pessoas Cálculo de relações Perspectivas de ação; b. Idéia de qualidade: Tipo de instituição: Conselho Campanha Paço Feudo Sindicato Partido Câmara Universidade
3 Cooperativa. 5. No mundo atual as perspectivas da coletividade para sobrevivência dos indivíduos, giram em torno da experiência de: - classe: adquirida nos sindicatos; - comunidade: adquirida nos partidos; - massa: adquirida nas cooperativas. As categorias de liderança abrangidas neste quadro institucional moderno para a sobrevivência e ação socais são as seguintes: - banqueiro - burguês - proletário - político - humanista - companheiro. 6. Para o líder são princípios de ação: a. Todo sistema é dogmático; b. A cooperação é um fato concreto; c. A massa se rege por reflexos condicionados; d. equilíbrio institucional é abstrato; e. A informação dialética propicia o companheirismo, estimula o desenvolvimento e propõe um sistema de bem estar. Em último termo, tende-se para um limite em que - "um por todos, todos por um"; ou - "todo membro da comunidade é responsável pelo bem estar coletivo". 7. As lideranças e as associações unem esforços para planejar ou planificar a ação social em termos de segurança e de bem estar. Os conceitos de segurança e bem estar são desiguais em seu significado valorativo, porém estão sempre aparelhados, dois a dois, nos pontos de curva representativa da evolução social. Tendo em vista suas concepções de segurança e bem estar, - o ancião planeja o costume - o militar planeja a campanha - o rei planeja o direito divino, a ordenação, a dinastia - o conselheiro planeja a jurisprudência - o nobre planeja a hierarquia - o banqueiro planeja o crédito - o burguês planeja o negócio - o operário planeja a união - o político planeja a representação - o humanista planeja a paz - o companheiro planeja a cooperação. De infinitas ações de planejamento resultam: Clã Dinastia
4 Casta Classe Comunidade Massa Modelos típicos de ações desta natureza são: Invasão Legitimação Acordo ou compromisso Concentração Integração. Nestas formas de ação sempre lideradas, está implícita a logística - do grego logistikos - que sabe calcular. 8. Ao longo da história o vocábulo aparece com os seguintes sentidos: - em grego, o que sabe calcular - em latim, o administrador ou intendente dos exercícios romanos e bizantinos (logista); - em ciência antiga, sistema de calcular praticamente com números, em contraposição às máquinas que representam o método cientifico de calcular; - Cf. Vieté (1591), distinguiam-se: - logística numerosa para cálculo numérico - logística especiosa para cálculo por meio de letras. - Cf. Boursherd (1782), logística era estratégia; - Cf. Lloyd (1813) e Cambray (1829/30): filosofia da guerra; - Cf. barão de Jomini, em seu compendio A arte da guerra, divide esta em três partes: I. A estratégia II. A tática III. A logística. Esta era: a. Arte prática de mover exércitos; b. Arte de dispor os pormenores materiais das marchas e formações; c. Estabelecimento de acampamentos e acantonamentos, sem atrincheirar. - Cf. Almirante e Rustow, a. exército é um organismo completo; b. a tática é a idéia da idéia de ação; c. a logística é a arte de execução das operações de guerra; d. a logística é a ciência do Estado Maior. - Cf. autores modernos, a logística é o mesmo que lógica matemática: a. transcrição algébrica do raciocínio; b. também chamada lógica teórica lógica simbólica álgebra da lógica cálculo lógico
5 algoritmo lógico. c. Acentuadas tendências formalisticas; d. Construção metodológica à base do máximo número de pessoas puramente formais; e. Momentos históricos: Leibnitz: "De arte combinatória" Raymundo Lullo: "Ars magna et ultima" Kircher: "Ars magna sciendi" Máquina de pensar (R. Lullo) Tabuada de Pythagoras Triângulo de Pascal f. Marcel Boll: I. Elementos de Lógica Cientifica, 1942; II. Manual de Lógica Cientifica, Em Atenas, logista era nome de um membro de uma comissão de dez cidadãos, eleita anualmente, com o encargo de verificar as contas dos magistrados que deixavam os seus cargos. O termo provinha de logos, conta. Assim também logística era a designação antiga de uma parte da álgebra na qual se tratava das primeiras operações, isto é, da soma, subtração, etc. Veio, pois, a significar a aplicação à lógica formal de símbolos algébricos ou análogos aos da álgebra, com o nome de "lógica nova" e outros já citados. Foi no Congresso de Filosofia de Genebra (setembro de 1904) que Itelson, Lalande e Couturat propuseram a adoção do termo logística em lugar daqueles nomes. De tudo se conclui que os líderes, valendo-se da logística, calculam taticamente as ações, em seus modelos típicos, e planejam estrategicamente as instituições de segurança e Bem Estar. A praxis gera as formas de sociabilidade.
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