Expediente: Autor: Érika Andreassy Editor Responsável: Érika Andreassy Diagramação: Érika Andreassy Abril/
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1 A mulher no mercado de trabalho e na organização sindical
2 Expediente: Produzido pelo Instituto Latinoamericano de Estudos Socioeconômicos. Praça Padre Manuel da Nóbrega, 16-4º andar. Sé - São Paulo SP. CEP: /CNPJ / Atividade Principal Tel.(11) ilaese@ilaese.org.br Autor: Érika Andreassy Editor Responsável: Érika Andreassy Diagramação: Érika Andreassy Abril/
3 A mulher no mercado de trabalho e na organização sindical 3
4 A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO Ao longo das últimas décadas, a inserção das mulheres na atividade econômica do país vem crescendo continuamente. Motivada, sobretudo pela expansão econômica e o acelerado processo de urbanização e industrialização da década de 70, esse crescimento prosseguiu apesar de cenários desfavoráveis como a estagnação econômica dos anos 80 e a reestruturação produtiva da década de 90. 4
5 A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO População economicamente ativa por sexo - Brasil 2009 Fonte: PNAD 2009 Elaboração: Própria Homens Mulheres As mulheres representam 44% da classe trabalhadora do país Somente entre 1976 e 2007, 32 milhões de mulheres ingressaram na força de trabalho brasileira, desempenhando um papel muito mais relevante no crescimento da população economicamente ativa que os homens. A consequência disso é que se em 1976 as mulheres representavam apenas 28,8% do conjunto da classe trabalhadora do país, em 2009 já eram 43,9%. 5
6 A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO 17% das mulheres ocupadas são trabalhadoras domésticas, menos da metade delas (36,1%) tem carteira assinada Apenas 44,6% das mulheres empregadas (excluindo as empregadas domésticas) trabalham formalmente, seja com carteira assinada no setor privado (35,5%) ou no serviço público/militar (9,1%) Isso significa que a grande maioria não tem direito à benefícios trabalhistas e previdenciários como férias, 13º salário, FGTS, licença maternidade, auxílio doença, entre outros 6
7 A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO As mulheres representam 95% dos trabalhadores em serviços doméstico no país. 7
8 A MULHER NO MERCADO DE Distribuição da população ocupada no setor público, por sexo 2009 TRABALHO homens mulheres Entretanto as mulheres são maioria também no setor público (55%), isso significa que a forma de ingresso por concurso oferece maiores oportunidades para as mulheres. Fonte: PNAD/IBGE 2009 Elaboração: Própria 8
9 A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO faixa salarial/sexo/região Brasil Norte Nordeste Sudeste Até 1 salário mínimo 25,2 29,1 39,7 18, ,4 homens 21,2 25, ,6 13,5 17,3 mulheres 28,9 32,7 42,2 22,3 22,3 27,3 1 a 3 salários mínimos 29,6 25,1 19,6 34,2 36,2 31,6 homens 34,8 31,9 23,6 39,7 40,9 39,2 mulheres 24,7 18, ,9 24,4 3 a 5 salários mínimos 6,7 4,7 3,2 8,5 9,2 6,7 homens 8,9 6,2 4,1 11,3 12,4 8,8 mulheres 4,6 3,2 2,3 5,8 6,2 4,6 5 a 10 salários mínimos 3,9 2,6 1,9 4,8 5,4 4,6 homens 5,2 3,4 2,5 6,5 7,3 5,7 mulheres 2,7 1,8 1,4 3,4 3,6 3,5 10 a 20 salários mínimos 1,5 0,8 0,8 1,9 1,9 2,2 homens 2,2 1,2 1,1 2,6 2,8 3 mulheres 0,9 0,4 0,6 1,1 1 1,5 Mais de 20 salários mínimos 0,5 0,3 0,3 0,6 0,6 1,0 homens 0,8 0,4 0,4 1,0 1,0 1,6 mulheres 0,2 0,2 0,1 0,3 0,2 0,5 Sem rendimentos 31,1 36,6 33,8 29,6 27,8 30,5 homens 25,1 30,4 30,5 22,4 21,2 23 mulheres 36,7 42,6 36,9 36, ,5 Fonte: PNAD/IBGE 2009 Elaboração: Própria 1 em cada 3 trabalhadoras do país ganha até 1 salário mínimo. Mais da metade (53,6%) ganha até 3 salários. 90,3% das mulheres não tem rendimento ou tem rendimentos que não ultrapassam 3 salários mínimos. Sul Centro- Oeste 9
10 A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO Por que o salário das mulheres são menores? Divisão sexual do trabalho social: trabalho doméstico x trabalho assalariado, homem provedor x mulher cuidadora; Desvalorização do trabalho feminino: trabalho de mulher x trabalho de homem; Segregação do trabalho considerado feminino e masculino (tanto em casa quanto na empresa); Quase não há intercambio entre funções e tarefas estabelecidas para cada sexo; Polivalência das atividades femininas x especialização das atividades masculinas; Pouca automação dos setores em que predominam mulheres; Qualificação do trabalho feminino e masculino são diferenciados; 10
11 A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO 33% das famílias brasileiras são chefiadas por mulheres que apesar de provedoras do lar não passam a ter salários de homens 11
12 A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO Reestruturação produtiva: Aumento da terceirização e precarização de setores em que predominam a mão-de-obra feminina Precarização, tempo parcial, trabalho temporário atingem mais as mulheres Mulheres são maioria nos setores menos qualificados das empresas Lógica capitalista: trabalho masculino sustenta a família x trabalho feminino é complemento 12
13 A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO A precarização do trabalho tem rosto de mulher A terceirização da mão de obra, atinge toda a classe trabalhadora, mas está mais presente entre as mulheres. O desemprego e a precarização do trabalho feminino aparecem de forma combinada, simultânea. 13
14 A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO A incorporação das mulheres à produção social significou uma grande conquista, entretanto essa vem carregada de contradições: As mulheres são as mais atingidas pelo desemprego, pela informalidade e pelos baixos salários. Sua localização se dá nos setores mais precarizados da economia. São as principais vítimas das terceirizações. Seus salários representam apenas 70% dos salários dos homens. São a maioria entre os trabalhadores domésticos e as que menos contribuem para a previdência social. São as principais vítimas das doenças profissionais como LER/DORT Sofrem com a dupla jornada. 14
15 A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO No capitalismo a opressão da mulher com todos os seus componentes ideológicos e econômicos, é fundamental para a manutenção da exploração. Engels 15
16 A ORGANIZAÇÃO SINDICAL sindicalizados 18% Taxa de sindicalização no emprego formal Um dos desafios da organização sindical no Brasil é melhorar o desempenho dos sindicatos no trabalho de base e aumentar a taxa de sindicalização que no total do emprego formal é de apenas 18%. 16
17 A ORGANIZAÇÃO SINDICAL Em relação à organização das mulheres no movimento sindical pode-se dizer que é um tema que envolve inúmeros fatores: Discriminação no mercado de trabalho: minoria em setores importantes da economia ou pertencentes a nichos específicos da produção onde acabam estabelecendo vínculos menos sólidos como mão-de-obra, o que dificulta sua participação nas organizações sindicais. Dupla jornada de trabalho: Segundo dados do IBGE em 2008 as mulheres gastavam 25,1 horas por semana em afazeres domésticos contra 10 horas do homens elevando a jornada de trabalho semanal total das mulheres para 60,5 horas contra 52,9 horas dos homens. 17
18 A ORGANIZAÇÃO SINDICAL Jornada de trabalho semanal em horas por sexo Homens Mulheres Mulheres Homens jornada de trabalho 35,4 42,9 tempo para afazeres domésticos 25,1 10 Fonte: PNAD/IBGE Elaboração: Própria 18
19 A ORGANIZAÇÃO SINDICAL Reprodução do processo de marginalização das mulheres no ambiente sindical: estão pouco presente nas posições de destaque como presidência, secretaria geral e tesouraria, as mulheres não se sentem habilitadas na hora de discursar ou propor-se para determinados cargos, sentindo-se melhor na execução de tarefas Machismo: Concepção de que os sindicatos são espaços masculinos. Dificuldade que as mulheres apresentam em se impor e disputar espaço pela condição a que foram submetidas historicamente. Os homens não cedem espaço espontaneamente no interior dos sindicatos. 19
20 A ORGANIZAÇÃO SINDICAL A elaboração de estratégias para ampliar a participação feminina nos sindicatos deve passar tanto pelo o reconhecimento político das desigualdades entre homens e mulheres na sociedade, como levar em consideração as dificuldades que as mulheres enfrentam para ter uma vida sindical ativa, seja do ponto de vista objetivo como do subjetivo. 20
21 ESTRATÉGIAS PARA AMPLIAR A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NO SINDICATO campanhas de sindicalização especialmente dirigidas às mulheres; elaboração de material sindical específico ou colunas específicas no material geral do sindicato; desenvolvimento de reivindicações de interesse das mulheres para incluir na negociação coletiva; organização das reuniões sindicais de maneira mais informal, que estimule a participação das mulheres; 21
22 ESTRATÉGIAS PARA AMPLIAR A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NO SINDICATO organização de creches durante as reuniões e eventos sindicais e divulgação de que haverá as mesmas nos materiais de convocação; criação de uma estrutura organizativa de mulheres no sindicato (secretaria, comissões) como forma de superar o isolamento e apoiar as dirigentes; organização das mulheres no local de trabalho; estabelecer programas de formação sindical voltado para as mulheres; 22
23 ESTRATÉGIAS PARA AMPLIAR A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NO SINDICATO elaborar o perfil das trabalhadoras; averiguar e divulgar a composição da categoria de acordo com o sexo; estabelecer cotas de participação das mulheres nas direções; discutir mudanças de estruturas, práticas e condutas sindicais que dificultem ou impeçam a plena integração das mulheres à vida sindical; 23
24 ESTRATÉGIAS PARA AMPLIAR A PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NO SINDICATO O fundamental é que o sindicato, além de trabalhar os interesses comuns da categoria, demonstre conhecimento das especificidades das mulheres. A luta das mulheres não é complementar a luta dos homens, mas parte da mesma luta comum dos trabalhadores contra a exploração, por isso a importância do sindicato se transformar num espaço de luta também contra a opressão, que só divide a classe e beneficia o capital. 24
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