Intervir em Rede no Apoio a Alunos com Necessidades Educativas Especiais

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1 Intervir em Rede no Apoio a Alunos com Necessidades Educativas Especiais Vila Real, 30 de Abril de 2005

2 Autismo 1

3 Autismo 2 Identificação das Formandas Nome: Maria Emília Gonçalves da Silva Mourão Situação Profissional: Professora do Quadro de Zona Pedagógica CAE Douro Sul Funções Docentes: Professora do Ensino Especial numa sala de Apoio na EB2/3 de Santa Marta de Penaguião. Nome: Teresa Maria Ferreira Simões Situação Profissional: Professora do Quadro de Zona Pedagógica CAE Douro Sul Funções Docentes: Professora do 1º ano de escolaridade na EB1 de Santa Marta de Penaguião

4 Autismo 3...) um bebé ou uma criança não abraça, não fixa o seu olhar nos olhos dos outros, não estabelece contacto visual, não responde a demonstrações afectivas ou ao tacto (...) internet A capacidade de encontrar um lado divertido nos problemas segue às vezes de mãos dadas com uma atitude basicamente séria, e uma tal combinação tem aspectos positivos e saudáveis. Lorna Wing

5 Autismo 4 Índice Introdução... pág. 5 Definição de Autismo... pág. 6 Descrição do Síndroma... pág. 10 Características do Síndroma... pág. 15 Causas... pág. 18 Sintomas... pág. 22 Diagnóstico... pág. 24 Tratamento e Avaliação... pág. 30 Intervenção... pág. 33 Dificuldades de Aprendizagem... pág. 40 Metodologia... pág. 42 Métodos de Ensino... pág. 45 O Papel dos Pais... pág. 48 A Nossa Ajuda... pág. 50 Xavier... pág. 54 Conclusão... pág. 56 Dados Bibliográficos... pág. 58 Recomendações... pág. 59 Anexos... pág. 61

6 Autismo 5 Introdução As perturbações do desenvolvimento e as psicopatologias da criança constituem os temas principais deste trabalho. E a partir deles, desenvolvem-se outros temas também importantes. O objectivo geral do trabalho é descrever o síndroma do autismo nas crianças (Autismo Infantil). Será igualmente importante caracterizar detalhadamente o síndroma, sem esquecer de abordar as consequências e as dificuldades que este síndroma provoca a nível do desenvolvimento da criança, assim como os problemas que traz aos pais e às suas famílias. É um facto que o Autismo Infantil é uma afecção rara em comparação com o síndroma de Down (nome correcto do mongolismo) e, por isso, talvez não seja suficientemente comum para que a maioria das pessoas tenha conhecimento de pelo menos um caso de autismo. Assim, procuramos descrever neste trabalho o comportamento dessas crianças e a maneira como esse comportamento afecta as suas famílias. Por outro lado, damos algumas sugestões quanto ao auxílio que pode ser prestado por amigos, vizinhos e parentes. Esperamos que este trabalho possa interessar quer às pessoas da nossa acção (o qual lhes vai ser apresentado), quer a todas as outras pessoas da nossa sociedade, sejam elas alunos ou professores. Assim como também gostaríamos que este trabalho interessasse, de alguma maneira, aos leitores que não têm contactos com crianças autistas quer àqueles que fazem ou poderão vir a fazer parte do seu convívio (futuros professores).

7 Autismo 6 Definição de autismo Apenas em 1943, um psiquiatra infantil americano, Leo Kanner, descreveu pela primeira vez o síndroma do Autismo Infantil Precoce. A palavra autismo vem do grego autos, que significa eu ou próprio. Kanner usou este termo porque as crianças passam por um estádio em que estão muito voltados para si mesmas e não se interessam muito pelas outras pessoas. Contudo, muitas delas apenas se comportam desse modo quando muito novas (até 5/6 anos) e por isso aquela designação não é realmente satisfatória. É então necessário encontrar outro termo, mais rigoroso, simples e preciso. Durante os últimos sete anos, o autismo foi definido como o protótipo das perturbações profundas do desenvolvimento. (Necessidades Educativas Especiais) O autismo é uma anormalidade grave que se caracteriza por graves problemas na comunicação, no comportamento e por uma incapacidade para estabelecer relação com as pessoas de uma maneira normal. O autismo parece ser mais frequente no sexo masculino. As estatísticas indicam uma incidência geral de, aproximadamente, 4 ou 5 em Manifesta-se praticamente desde a nascença, mas é sobretudo, entre os dois e quatro anos que os sintomas típicos se estabelecem com toda a intensidade. Quando um bebé ou uma criança não abraça, não fixa o olhar nos olhos das outras pessoas, não estabelece contacto visual ou não responde a demonstrações afectivas ou ao tacto, os seus pais são os primeiros a preocuparem-se seriamente. Esta falta de resposta pode estar acompanhada de inabilidade para comunicar e de uma incapacidade para

8 Autismo 7 estabelecer algum tipo de inter-relação social. Muitas crianças não demonstram ter preferência pelos seus pais em relação a outros adultos e não desenvolvem amizades com outras crianças. A capacidade para falar e comunicar com outros é muito pobre e, em certas ocasiões pode até não existir. Estas crianças não utilizam as habilidades verbais e não verbais, como expressões faciais ou gestos, como modo de comunicação e para estabelecer relações interpessoais. O autismo é uma doença. A criança autista pode ter um problema sério e incapacitante, de carácter permanente. Sem dúvida, com tratamento e treino apropriado algumas crianças podem desenvolver certas destrezas que lhes permitem obter um maior grau de independência nas suas vidas. Os pais devem estimular e apoiar a criança no desenvolvimento daquelas destrezas, principalmente naquelas em que ela usa nas suas habilidades, de maneira que possa sentir-se melhor consigo mesma. Actualmente, desconhecem-se as suas causas. Alguns investigadores atribuem-nas a alterações bioquímicas; outros, por contrário, atribuem a causas motivadas por factores psíquicos. Não obstante, existem tratamentos prometedores. O síndroma é definido como o isolamento profundo do contacto com pessoas, desejo obsessivo de manter relações afectuosas e mesmo habilidosas com objectos, fisionomia inteligente, e autismo, ou pelo menos, um tipo de linguagem que não parece destinado à comunicação interpessoal.

9 Autismo 8 Incidência Não é fácil calcular a incidência. Calcula-se que apenas 4 ou 5 em cada crianças possam estar afectadas por esta psicose. Antigamente muitas crianças autistas foram tratadas em hospitais para crianças com deficiências mentais, ou em centros de treino e classificadas erradamente como subnormais. Em certos casos, crianças fundamentalmente normais podem passar por uma fase autista, como resultado de uma experiência traumática, e mais tarde, voltar à normalidade. O conhecimento sobre o número de crianças com estes sintomas existentes na nossa sociedade começa a ser mais exacto. E os estudos realizados demonstram que o autismo é mais frequente nos rapazes do que nas raparigas, numa proporção de três a quatro para um. Problemática Não surpreende que as crianças com esta anormalidade apresentem, para elas e para os que as rodeiam, graves problemas, como por exemplo: desconhecimento, por parte da sociedade, das características essenciais do Autismo, o que impede o seu diagnóstico; ausência de centros terapêuticos e pedagógicos especiais que possibilitem tratamento adequado; falta de centros de ensino que promovam a total integração destas crianças na sociedade. Esta situação é tanto mais lamentável se se tiver em conta o facto de que a criança autista que não é um deficiente mental pode ser recuperável com um diagnóstico precoce e um tratamento oportuno.

10 Autismo 9 Actualmente com as técnicas de modificação do comportamento e com um ensino persistente, constante, estruturado, permanentemente fectuoso e disciplinado consegue-se a recuperação parcial, por vezes notável. Pelo contrário, a ausência dos meios indicados, pode conduzi-las a um processo de degradação mental irreversível.

11 Autismo 10 Descrição do síndroma Alterações de comunicação Esta designação refere-se à incapacidade da criança autista para estabelecer relações sociais, para a falta de resposta e de motivação para contactar com as pessoas. Segundo Rutter (1987), as dificuldades de interacção da criança autista manifestam-se de várias formas: apreciação inadequada de sinais sócio-emocionais, falta de resposta às atitudes afectivas por parte das outras pessoas, falta de flexibilidade de comportamento de acordo com o contexto social, fraca utilização de sinais sociais, assim como fraca integração dos comportamentos sócio-afectivos e ausência de reciprocidade afectiva. Podem-se distinguir dois tipos de crianças autistas, segundo Lorna Wing (1982): as que são extraordinariamente calmas e praticamente não solicitam atenção e as que choram sem parar, sem que seja possível acalmá-las. Mas, ambos mostram desde muito cedo, o desinteresse pelas relações e uso das relações sociais. Os bebés autistas, praticamente não respondem à voz humana, não pedem por sua iniciativa que a peguem ao colo e têm fracas capacidades de adaptação de expressão facial, corporal, gestual e visual (têm bastante dificuldade em seguir as coisas com o olhar). O sorriso aparece na idade normal, embora seja mais uma respostas a um estímulo, como por exemplo, fazer cócegas, do que propriamente uma tentativa de relação social. Não exploram o meio, nem solicitam a atenção dos pais quando necessitam de consolo ou afecto. Por volta dos 5 meses as crianças autistas não reconhecem visualmente a figura dos pais. Apresentam também alguma dificuldade para realizar jogos interactivos e de imaginação.

12 Autismo 11 Nalguns casos, à medida que a criança vai crescendo, vai diminuindo as dificuldades de relacionar-se socialmente, a pouco e pouco, vão-se tornando mais sociáveis, se existir uma evolução na compreensão e uso da linguagem. No entanto, não desaparecem as suas dificuldades sociais para os jogos de grupo e para compreender os sentimentos dos outros. Alterações da linguagem As crianças autistas mostram défices básicos na capacidade para usar a linguagem como um meio de comunicação com as outras pessoas. Apresentam dificuldades na aquisição da linguagem e no seu uso, além de dificuldades para a compreensão e utilização de regras fonológicas, morfológicas, sintácticas e semânticas, bem como dificuldades nas regras pragmáticas, que são geralmente as mais afectadas. Existem crianças autistas que nunca chegam a adquirir uma linguagem falada, nem outro tipo de meio para comunicar, excepto quando querem satisfazer alguma necessidade material, por exemplo, pegar na mão do adulto para que lhe dê o que deseja. No entanto, aquelas que conseguem adquirir uma linguagem falada, apresentam normalmente alguns problemas de fala: alterações do timbre, ênfase, velocidade, ritmo e entoação; repetição das palavras imediatas ou retardadas; falta de iniciativa para começar e manter um diálogo; uso da terceira pessoa do singular em vez de eu ; falta de expressão emocional; linguagem formal; ausência de fantasia e imaginação;

13 Autismo 12 uso abusivo de imperativos (palavras limitadas a um contexto particular para conseguir respostas do ambiente); utilização pouco frequente de declarativos (dar informação ou pedila). Deficiências cognitivas Nas crianças autistas, o atraso intelectual não é global. Mas no entanto deve-se referir, segundo Rutter, que há diversas funções cognitivas que se encontram alteradas. Os défices cognitivos são os seguintes: défices de abstracção, sequencialização e compreensão de regras; dificuldades na compreensão da linguagem falada e utilização do gesto; défices na transição de uma actividade sensorial para a outra; dificuldade em entender um determinado estímulo que transmite várias sensações, visto que as crianças autistas, perante um estímulo complexo, só conseguem responder apenas a um aspecto desse estímulo, isto faz com que estas crianças tenham dificuldades de aprendizagem em geral; dificuldades em processar e elaborar sequências temporais; dificuldade em perceber as contingências dos seus comportamentos e dos outros. Todos estes processos anteriormente referidos são necessários para a compreensão da linguagem e dos sinais sócio-afectivos, estes défices poderiam explicar as alterações atrás mencionadas.

14 Autismo 13 Tipos de comportamentos repetitivos e estereotipados Mais uma vez Rutter (1987) apresenta seis tipos de comportamentos: interesses muito restritos e estereotipados; têm formas de brincar pouco comuns (bater com um carrinho, agrupar objectos em série, repetitivamente ); quando as crianças se tornam mais velhas e com um nível intelectual suficiente, podem ter interesses ligados a temas muito concretos, como por exemplo rodas de autocarros (Rutter); algumas crianças desenvolvem preferência e atracção por um objecto concreto (cordas, pedras) e gostam de levá-lo consigo para todo o lado; rituais compulsivos: aparecem frequentemente na adolescência e desenvolvem-se compulsivamente ( rotina para entrar ou sair da sala, na hora das refeições), e qualquer alterações nessas rotinas provoca grande ansiedade na criança autista; maneirismos motores estereotipados e repetitivos- aparecem sobretudo quando existe uma deficiência mental grave, autoestimulações cinestésicas (baloiçar o corpo), auto- estimulações perceptivas do tipo visuais (olhar para os dedos à altura dos olhos, luzes), táctil (arranhar superfícies, acariciar determinados objectos) ou auditiva (cantar, dar pancadas numa superfície); preocupação numa parte fixa de um objecto (os cordões dos sapatos, as rodas dos carrinhos); mostram ansiedade perante uma mudança de ambiente (certas crianças autistas não suportam mudanças, nem que seja uma simples mudança de móveis);

15 Autismo 14 Além destes comportamentos acima referidos, as crianças autistas podem ainda apresentar outro tipo de comportamentos, como por exemplo a hiperactividade, agressividade, hábitos errados de alimentação e de sono, que são problemas muitos complicados de tratar.

16 Autismo 15 Características do síndroma Nem todos os autistas apresentam as características a seguir apresentadas. No entanto, as que se seguem são consideradas características típicas do autismo: as crianças apresentam dificuldades no relacionamento com pessoas, objectos ou eventos uso invulgar de brinquedos ou objectos incapacidade de estabelecer interacções sociais com outras crianças incapacidade de ter consciência dos outros relacionamento em que os outros são tratados como objectos inanimados contacto visual difícil sendo normalmente evitado incapacidade para receber afectividade intolerância a contactos físicos dependência de rotinas e resistência à mudança comportamentos compulsivos e ritualísticos comportamentos de auto-estimulação comportamentos que produzem danos físicos próprios, como bater persistentemente com a cabeça hiper ou hipossensibilidade a vários estímulos sensoriais acessos de cólera, muitas vezes sem razão aparente comportamentos violentos dirigidos a outros competências comunicativas verbais e não- verbais severamente afectadas incapacidade para comunicar com palavras ou gestos vocalizações não relacionadas com a fala

17 Autismo 16 repetição de palavras proferidas por outros (ecolalia) repetição de expressões anteriormente ouvidas (ecolalia retardada) preocupação com as mãos A criança pode parecer surda e, no entanto, ser capaz de ouvir palavras sussurradas à distância. A recusa em ouvir é uma característica muito comum no autista. Os pais e todos o que trabalham com estas crianças nunca devem tomar esta recusa e os seus comportamentos em termos pessoais. É ainda de notar que uma ou mais destas características podem ocorrer em crianças que apresentam outras deficiências. Nestes casos, é usada a expressão comportamento de tipo autista. Desenvolvimento Social e Emocional As crianças autistas têm tendência para serem solitárias e retraídas. Parece que usam uma máscara, porque transmitem muito pouco através da expressão facial. Isto é, raramente mostram expressão e emoção, mas ocasionalmente, são capazes de mostrar uma raiva violenta com fúrias prolongadas, se forem contrariados ou se entrarem em pânico com medo duma situação não familiar, ou sem motivo aparente. O mundo parece-lhes desagradável, talvez incompreensível, incontrolável e ameaçador. Gradualmente estas crianças começam a mostrar algum interesse no adulto que passa a maior parte do tempo com eles. Mostram sentir algum prazer quando são acariciados ou postos no colo. Podem tornar-se mais exigentes em relação à atenção exclusiva do adulto e mais discriminatórios nas suas relações, sendo o seu favorito um

18 Autismo 17 adulto. O ciúme sentido em relação aos irmãos pode ser transferido para outras crianças, que também reclamem o adulto amado. Estas explosões têm evidentemente de serem controladas, mas constituem um início do regresso à saúde mental e do desenvolvimento emocional normal. A criança pode então mostrar abertamente os seus sentimentos. Finalmente, durante curtos períodos, pode começar a consciencializar-se dos sentimentos dos adultos e das outras crianças. Pode também mostrar maior capacidade para tolerar o atraso ou a frustração e a partilhar a atenção dos adultos. Além disso, começa a ter mais interesse e mais atenção sobre o mundo que o rodeia, mostrando curiosidade, estabelecendo pontos de contacto, tentando comunicar duma forma mais afectiva e começando a aprender. Neste estágio, a criança autista começa a melhorar.

19 Autismo 18 Causas Existe uma divergência notável de opiniões sobre os factores causativos, que produzem esta trágica doença. O Gorman (1967) fez um resumo das opiniões actuais sobre a etiologia do síndroma. Parece provável que esteja intimamente ligado a factores orgânicos e factores emocionais. Alguns psiquiatras dão maior ênfase às causas orgânicas e outros às causas emocionais. As doenças orgânicas que afectam o sistema nervoso, tais como a feniloquetonuria, ou os danos cerebrais provocados pela anóxia, as perturbações endocrina-metabólicas, ou o retardamento da maturação do sistema nervoso, foram aceites como factores de predisposição da doença, que pode ter sido provocada por doenças físicas graves ou por crises emocionais, actuando sobre essa pré-disposição geral. As interpretações de natureza emocional tendem a focar a deterioração da relação emocional entre a mãe e o filho num estádio inicial, e a inadequação dos pais no cumprimento das suas funções. As relações conjugais fracassadas podem perturbar a ligação natural entre a mãe e a criança. Os defeitos físicos que possam dificultar a sucção e as circunstâncias que possam interferir com a alimentação, normalmente satisfatória, ou com a alimentação artificial, também podem perturbar a relação normal entre a mãe e o filho. Se esta primeira relação, de maior importância, não for estabelecida duma forma adequada, a tendência para a criança se afastar dos contactos humanos e do meio ambiente pode tornar-se exagerada. Tendo em consideração as histórias dos casos de muitas crianças apresentando sintomas autistas, estudados durante os últimos anos, é possível salientar alguns factores relacionados com o desenvolvimento da criança e com o seu meio ambiente:

20 Autismo 19 é por vezes notada uma certa instabilidade mental na história familiar. São muitas vezes notadas histórias obstétricas anormais, convulsões ou ataques de certo tipo, com febre, infecções agudas, tais como bexigas ou escarlatina contraídas antes dos 2 anos de idade, encefalite ou uma doença não diagnosticada com temperaturas elevadas, especialmente na primeira infância. São frequentemente notados casos em que o desenvolvimento inicial, aparentemente normal, é interrompido por um acontecimento como por exemplo, uma doença da mãe ou uma operação que obrigue ao internamento da criança num hospital, uma mudança da pessoa que trata da criança num ambiente não familiar, o nascimento dum irmão. É bastante comum um esquema conjugal perturbado, por exemplo, o divórcio, a separação, o novo matrimónio, especialmente se a criança tem menos de 3 anos. A existência duma relação inadequada entre a mãe e a criança, que parece ser, em certos casos devido à debilidade do filho, dificuldades na alimentação, choro constante, lentidão no desenvolvimento ou incapacidade de reagir normalmente ao sono e à linguagem. A criança pode ser geralmente passiva ou indiferente. A mãe é incapaz de mostrar o calor normal da afeição à criança e esta tem tendência a refugiar-se em si própria e começa a perder o contacto com as pessoas e o ambiente que a rodeia. A criança parece não ter nenhum incentivo em aprender e se isto acontece, como é costume, num período de sensibilidade cerebral elevada, no período crucial da aprendizagem duma aptidão particular, como a fala, pode haver um dano sério que torna a subsequente aprendizagem extremamente difícil ou mesmo impossível. O retardamento parece ser um processo duplo, por parte da mãe, alguns elementos de rejeição, e por parte da criança, uma incapacidade de estabelecer contactos.

21 Autismo 20 Recentes estudos sugerem que a criança autista demonstra possuir uma desordem fisiológica, que é uma desordem da hiper-estimulação crónica de certas estruturas inferiores do cérebro. Este permanente estado de excitação deve ser a causa da necessidade sentida pela criança autista, de se manter distante, de se afastar da companhia doutras crianças, de procurar a solidão ou a protecção dos adultos. Os estereótipos, os maneirismos repetitivos, tais como balançar, bater, torcer os dedos, dar estalidos com os pulsos que são tão característicos das crianças autistas, têm tendência em se verificarem devido ao aumento da excitação, à alteração inesperada da rotina ou a uma nova experiência. É sugerido que estes maneirismos são actividades de deslocamento, uma espécie de mecanismo de segurança que serve para reduzir e regular o nível da excitação. O sistema nervoso da criança autista parece ser altamente sensitivo e têm de ser encontrados alguns modos de descarga de tensão. Está referido que a actividade eléctrica do cérebro do autista não segue o esquema normal dos ritmos lentos regulares entre as voltagens média e alta. Em contraste, consiste predominantemente em voltagem baixa, generalizada, actividade irregular, sem ritmos estabelecidos. Assim as crianças neste estado de super excitação, serão especialmente perturbadas por estimulações excessivas, estados de excitação ou de tensão no seu meio ambiente, ou pela presença de muitas pessoas. Têm tendência para procurar conforto no contacto físico intimo ou estimulação táctil, semelhantes aos animais superexcitados. Esta teoria parece pretender explicar duma certa forma alguns aspectos do comportamento estranho dos autistas. A continuação de investigações neste sentido poderá auxiliar a clarificar alguns dos problemas preceptivos e de aprendizagem destas crianças.

22 Autismo 21 É evidente que a etiologia é extremamente complexa, e parece haver demasiados factores diferenciados em operação, podendo ser evitados alguns, sendo outros irremediáveis. Parece que são os factores orgânicos que predispõe uma criança a tornar-se autista: o grau do autismo e a sua evolução nos anos futuros é indubitavelmente influenciado pelas reacções dos pais e pelo tratamento que dispensam à criança.

23 Autismo 22 Sintomas do Autismo Os sintomas variam consideravelmente de caso para caso, podendo afirmar-se, sem receio, que não existem dois casos iguais. O autismo predomina no sexo masculino e o seu diagnóstico raramente é feito antes dos dois anos. Contudo, em relação aos estudos que foram feitos, o que se sabe dos comportamentos autistas, é que na maior parte deles verifica-se alterações nos mesmos. As mais importantes são relacionadas com a alimentação. Algumas crianças apresentam muita dificuldade em alimentar-se devido a movimentos difíceis de deglutição (passagem do bolo alimentar da boca para o estômago) que têm de efectuar, pelo que, em casos raros, foi utilizado um tubo, por total impossibilidade de manter as crianças vivas por outros meios. Na maior parte dos casos, apesar da dificuldade na sucção e deglutição conseguem alimentar-se devido aos cuidados constantes e intensos das mães. Este sintoma melhora, ou eventualmente desaparece entre os 3 e 4 meses de idade mantendo-se ainda na idade escolar, observando-se movimentos anormais de deglutição, o que em alguns casos não condiciona alteração do tipo de alimentação, mas que noutros leva à recusa do alimento sólido. Alguns bebés autistas são extremamente calmos e muito pouco exigentes, não choram, mesmo quando têm necessidade de alimentação, enquanto outros são bastante difíceis, e têm hábitos irregulares de alimentação e de sono e com períodos de sono incontroláveis. O seu corpo é por vezes rígido, enquanto outros são moles nos braços das mães e nem sequer reagem ao carinho maternal. Quando a criança faz um ano e meio e daí em diante, falta muitas vezes a curiosidade que normalmente precede o aparecimento da

24 Autismo 23 linguagem: a investigação do meio ambiente, dos objectos familiares, dos brinquedos, etc.. Costumam utilizar brinquedos ou objectos diferentes dos que usam as crianças da mesma idade. Inicia-se, por vezes, neste período, o hábito de se balancearem, o de bater com a cabeça na parede ou num móvel e o de arranharem superfícies ásperas, aparentemente para apreciarem o som resultante. Os marcos do desenvolvimento motor são normais ou pouco atrasados, excepto quando há alterações neurológicas importantes, contudo, algumas crianças só conseguem gatinhar ou andar após serem ensinadas. Muitos pais contam que os seus filhos não levantavam os braços antes de serem pegados ao colo, nem mostravam nenhum interesse em serem levantados do berço. Outros, contam ainda que durante a 2ª infância gritavam e choravam sem lágrimas. Num terço dos casos, os pais não notam qualquer alteração durante a maior parte da 1ª infância, cujo desenvolvimento foi aparentemente normal até uma mudança gradual e súbita. Neste caso, o início dos sintomas pode ter sido precedido por um acontecimento bem definido, tal como uma infecção, um acidente ou o nascimento de um irmão. É depois dos dois anos que o síndroma se estabelece em toda a sua extensão e gravidade. Entre os dois e os cinco anos o comportamento da criança autista é particularmente difícil. Os elementos do síndroma podem ser divididos em dois grupos: os relacionados com os problemas subjacentes de compreensão e motores; os relacionados com o comportamento perturbado.

25 Autismo 24 Diagnóstico O diagnóstico do autismo infantil apresenta muitas dificuldades. O principal problema está em diferenciar as crianças autistas daquelas que estão incapacitadas de aprender de um modo normal ou de desenvolver relações sociais e emocionais amadurecidas, em virtude do retardamento mental, danos cerebrais, ou de algum grau de perda de audição. Numa tentativa de tornar mais simples o diagnóstico e para descrever o síndroma esquizofrénico, ou autismo infantil, elaboraram-se critérios de diagnóstico, conhecidos pelos nove pontos, por uma comissão presidida pelo Dr. Milred Creak (1961). Estes critérios baseiam-se em observações feitas por um grupo de pessoas que teve a oportunidade de estudar algumas destas crianças, por vezes durante períodos bastantes prolongados. Os nove pontos podem ser resumidos da seguinte maneira: 1. Retraimento do contacto e incapacidade acentuada para estabelecer relações pessoais adequadas; 2. Inconsciência aparente da sua própria identidade pessoal; 3. Preocupação com objectos, muitas vezes com objectos inanimados e deficiência na sua utilização de forma adequada; 4. Resistência acentuada às mudanças do meio ambiente; 5. Dificuldades preceptivas com interferência com a aprendizagem normal; 6. Ansiedade aguda e aparentemente ilógica; 7. Incapacidade de desenvolvimento da fala; 8. Maneirismos e movimentos bizarros; 9. Atraso generalizado em relação à aptidão ou habilidades normais ou excepcionais.

26 Autismo 25 Estes critérios de diagnóstico ajudam a reconhecer as crianças com síndromas particulares. Estes critérios de diagnóstico têm sido modificados pelo Dr. O Gorman quando os põe em discussão na base da sua vasta experiência pessoal com este tipo de crianças no Smith Hospital. Tendo como base a sua experiência como psicólogo numa equipa de especialistas no Belmont Hospital Children Units, durante os últimos oito anos, foi-se tornando gradualmente mais fácil o estabelecimento do diagnóstico diferencial. Hoje em dia conseguem-se distinguir cinco grupos principais de diagnóstico apesar de muitas crianças apresentarem características próprias. Os cinco grupos são: 1. Crianças que apresentam um atraso mental, generalizado, e que não podem ser classificadas, com um certo grau de segurança, como crianças subnormais, grave ou educacional; 2. Crianças cujo grau da perda de audição prejudicou o desenvolvimento da linguagem e aquisição da fala, e teve interferência na realização educativa; 3. Crianças que são incapazes de falar ou de aprender normalmente por um funcionamento deficiente do cérebro, e que podem ser classificadas como afásicas ou com paralisia cerebral mínima; 4. Crianças que estão emocionalmente perturbadas em resultado de relações familiares falseadas ou de privações no seu meio ambiente e que portanto se desenvolveram anormalmente; 5. Crianças com incapacidade de comunicação, que se afastam dos contactos sociais e que apresentam alguns dos nove pontos, acima mencionados, e que podem ser classificadas como autistas.

27 Autismo 26 O último grupo de crianças caracteriza-se pelo seu comportamento desusado. Estabelecem contactos muito limitados com o seu meio ambiente e não mostram sinais de curiosidade normal. São solitárias, e parecem estar a sonhar ou estar preocupadas com alguma coisa. Estabelecem contactos pouco afectivos com os adultos, apesar de os saberem usar para atingir os seus próprios fins. Por vezes seguram nas mãos dos adultos para apanharem o que pretendem, para abrir armários, para vestir a roupa, para receberem um abraço ou qualquer coisa para comer. Por vezes afastam uma outra criança dum adulto, tiram-lhe o brinquedo ou atacam-no agressivamente. A maior parte destas crianças não faz uso da fala e corresponde duma forma passiva e automática à rotina estabelecida. Alguns comunicam por gestos, por palavras ocasionais ou por sons expressivos para se fazerem compreender. Com frequência mostram ser indiferentes a estímulos visuais e auditivos. Pois muitas vezes não olham para as pessoas e fingem não ouvir os pedidos dos adultos ou as conversas que lhes são dirigidas. No entanto, muitas vezes parecem absorver mais do que seria de esperar. Estas crianças aceitam uma rotina organizada e não gostam de alterações, muitas vezes não querem sair para passear, nem mesmo brincar no jardim. Dão a impressão que têm necessidade do seu meio ambiente familiar e da rotina de acontecimentos familiares, para se sentirem seguras. Parecem procurar desesperadamente um mundo organizado ou uma realidade que saibam controlar. Muitos observadores repararam nos seus maneirismos obsessivos, na sua necessidade de arrumar os brinquedos e os objectos em linhas direitas, de seguir os desenhos dos tapetes ou do papel das paredes. São muitas as vezes que mostram a sua predilecção por objectos inanimados, os quais levam para todo o lado e dos quais se recusam separar, entrando em pânico quando os perdem.

28 Autismo 27 As crianças autistas não brincam como as crianças normais. Andam sem sentido no quarto. Por vezes apanham coisas, examinam-nas brevemente e deixam-nas. Às vezes são muito destruidoras. Rasgam papéis, mordem ou mastigam a plasticina e batem ou atiram com as peças que constróem. Entornam água, deixam passar a areia entre os dedos das mãos e dos pés. Deitam tinta no papel, mas raramente desenham ou pintam um objecto definido. Passam muito tempo em jogos físicos, saltando no trampolim, baloiçando-se no baloiço ou numa cadeira de baloiço e escorregando no escorrega. Raramente fazem uma brincadeira construtiva ou imaginativa, e é muito raro vê-las brincarem com outras crianças. As brincadeiras das crianças autistas com idades compreendidas entre os 4 e os 8 anos, observadas no Belmont Hospital Children Units, podem ser descritas numa forma corrente como estereotipadas, associadas e estranhas. Foi executado um número considerável de trabalhos experimentais sobre as características das crianças autistas. Hermelin e O Connor (1963, 1965) chegaram à conclusão que as crianças autistas de baixa inteligência, que estudaram, respondiam positivamente aos adultos e mostravam ter uma mobilidade maior, especialmente em relação aos movimentos do braço e da mão, do que as crianças do seu grupo de controlo. Encontraram também evidências da impercepção visual e da impercepção verbal nas crianças psicóticas com idades compreendidas entre os 7 e os 14 anos. Foram feitos estudos sobre o domínio sensorial e sobre as reacções aos estímulos sensoriais e verbais. As crianças autistas reagiam melhor aos estímulos da luz e do som do que aos estímulos verbais. A observação destas crianças demonstrou a sua particular dificuldade em relação à comunicação, à compreensão verbal e à fala executiva.

29 Autismo 28 Lotter (1966) calcula que apenas 4 ou 5 de cada crianças podem ser afectada por esta psicose. Neste momento, depois de terem sido formulados duma forma mais clara os critérios de diagnóstico, deve ser mais fácil estabelecer um cálculo mais correcto. Antigamente muitas crianças autistas foram tratadas em hospitais para crianças com deficiências mentais, ou em centros de treino e classificadas erradamente como subnormais. Parece que em certos casos, crianças fundamentalmente normais podem passar por uma fase autista, como o resultado duma experiência traumática, e mais tarde, voltar à normalidade. Nos últimos anos foram sendo gradualmente criados centros para o estudo e análise das crianças autistas e o conhecimento sobre o número de crianças com estes sintomas existentes na nossa sociedade começa a ser mais exacto. Num levantamento minucioso efectuado em Middlesex (Wing, 1967), ficou evidente que, em 1964, 4.5 em apresentavam sintomas autistas na primeira infância. Ficou evidente que mais crianças autistas tinham sofrido de complicações na altura do parto, e que metade apresentava um atraso acentuado no desenvolvimento motor. Os pais estavam acima da média em relação à sua inteligência, à capacidade educativa e ao nível ocupacional, duma forma geral. Para se fazer o diagnóstico é necessária a presença de pelo menos sete destes catorze sintomas: grandes dificuldades em brincar ou juntar-se a outras crianças; actuação como se fosse surda; resistência forte a aprendizagens; ausência de receios perante perigos reais; resistência à alteração da rotina; preferência por indicar as necessidades por gestos;

30 Autismo 29 riso imotivado intenso e prolongado insensibilidade ao apego e mimos durante a 1ª e 2ª infância hiperactividade (por exemplo, estar acordado a maior parte da noite e no dia seguinte mostrar-se cheia de energia); ausência de contacto pelo olhar; afeição anormal a objectos ; hábito e gosto de girar objectos, sobretudo quando são redondos; brincadeiras excêntricas repetidas incansavelmente; aspecto reservado: escassa comunicação com pessoas, as quais são tratadas mais como objectos do que propriamente pessoas.

31 Autismo 30 Tratamento e Avaliação É muito importante obter uma história detalhada do desenvolvimento e comportamento da criança, do seu ambiente e relações familiares. O inicio dos sintomas devem ser cuidadosamente anotados e deve ser referida qualquer associação a eventuais doenças ou crises familiares. Devem ser feitos testes de rotina, como análises ao sangue e à urina, raiox ao crânio, electroencefalogramas, testes de audição e testes psicológicos. São ainda imprescindíveis relatórios periódicos acerca da resposta da criança à rotina e à aprendizagem. Por final, feito o devido diagnóstico, as crianças devem ser transferidas para instituições, associações ou escolas apropriadas e que reconheçam, se adeqúem e dêem a devida importância a estas crianças e aos seus problemas. A Educação é considerada uns dos melhores e principais tratamentos, sendo conhecida como a forma mais adequada de melhorar a qualidade de vida das crianças autistas e de as aproximar do mundo das outras pessoas. Como afirmou Riviére em 1989: Através da educação, a criança autista sai de um mundo essencialmente alheio ao nosso próprio mundo.. No entanto, a criança autista é uma criança que apresenta grandes dificuldades de aprendizagem, e por vezes só aprende aquilo que lhe é ensinado de uma forma explícita, e ausente de formas abstractas. São crianças que não aprendem através dos métodos de ensino, utilizados com outras crianças como a imitação, observação, entre outras. Para ensinar uma criança autista devem estar presentes respostas às questões como:

32 Autismo 31 o que queremos ensinar-lhe? (resposta objectiva) Como vamos ensinar-lhes? (metodologia) Objectivos Educacionais e Avaliação: A criança autista não se adapta às habituais formas de avaliação, devido especificamente ao seu tipo de comportamento, pois esta apresenta comportamentos paradoxais (fazem determinadas coisas em determinados ambientes e pelo contrário têm grandes dificuldades em áreas que deveriam dominar); não se ajustam às tradicionais aplicações de testes e questionários estandardizados; suportam mal a frustração para que consigamos que façam alguma coisa bem feita é necessário darlhes incentivos fora do comum quando lhes estamos a aplicar provas. Existem provas estandardizadas para avaliar este tipo de crianças, como por exemplo a C.A-R.S e a P.E.P de Schopler, que nos dão três níveis diferentes em nove áreas e três níveis de autismo. Outras provas não específicas, cuja utilidade na avaliação do nível de inteligência em autistas já se mostrou eficaz, são o W. I. S. C., o teste de Brunet-Lézine, Raven, Leither, dependendo do nível inicial de inteligência atribuído à partida. As escalas de desenvolvimento também se mostram muito úteis, pois ajudam a determinar os objectivos educativos. Temos como exemplo a Portage, a escala do centro de Gautena, a de West Virginia, questionários de comunicação pré-verbal de Kieman, entre outros. São da mesma forma importantes os questionários e entrevistas que são fitas aos pais, pois transmitem informações preciosas e imprescindíveis sobre hábitos, utilização de objectos, nível de autonomia,

33 Autismo 32 problemas de comportamento, estereotipias, formas de comunicação e interacção, tipo de linguagem, interesses e recompensas que geralmente a criança utiliza. Todas estas formas de avaliação citadas, fornecem informação suficiente para a definição dos objectivos, em função dos critérios de Riviere (1989): adequação à evolução da criança; estarem de acordo com as linhas de evolução normal; funcionalidade, na medida do possível; adaptação da criança autista a ambientes naturais. Por norma, as áreas prioritárias na educação da criança autista são a comunicação e a linguagem. Concluindo, os blocos específicos na educação da criança autista são aqueles em que elas apresentam realmente maiores dificuldades como: Comunicação Interacção Linguagem Desenvolvimento cognitivo As principais potencialidades que se devem desenvolver numa criança autista são: psicomotricidade (motricidade fina e grossa); coordenação visuomotora; autonomia; comportamentos agressivos e desajustados. É ainda importante focar o facto de que existem cinco por cento das crianças autistas capazes de adquirir técnicas instrumentais e em alguns casos conhecimentos académicos.

34 Autismo 33 Intervenção Intervenção na Área da Comunicação/Interacção: Apenas em casos de comportamentos totalmente desajustados é que se torna complicado educar crianças nesta área. Para se educar uma criança a nível de comunicação basta que ela possua algumas aptidões. Para promover a comunicação é necessário que o educador: Tenha com a criança um relacionamento que seja facilmente compreendido por esta, porque tudo é estabelecido ordenadamente e não ao acaso; Ponha limites às suas condutas não adaptadas; Reforça os seus comportamentos adaptados e funcionais; Planifique situações estáveis e estruturadas; Ajude a criança a dominar as auto-gratificações e a faça compreender quais dos seus comportamentos e atitudes são caprichos não permitidos; Seja claro nas ordens e instruções que dá à criança; Tenha geralmente uma atitude directiva na planificação de actividades e duração das mesmas. Em resumo, pretende-se que a criança autista seja capaz de compreender o que lhe é pedido, pois se a criança conseguir prever o que se vai passar, a interacção com ela será facilitada. Segundo Curcio em 1978, reconhece-se que as alterações nas aquisições normais do período sensório-motor estão relacionadas com as perturbações do desenvolvimento normal da comunicação. Por isso, todo o treino das capacidades para a comunicação/interacção tem vários

35 Autismo 34 objectivos que incidem sobre aquisições a fazer no período sensóriomotor, que são: contacto através do olhar; a proximidade e contacto físico; a co-orientação do olhar, com ou sem sinal prévio; as chamadas de atenção funcionais sobre factos, objectos, ou sobre si mesmo; uso funcional de emissões, vocalizações, palavras ou frases, olhando e dirigindo-se ao adulto; uso do sorriso como contacto social; pedido de ajuda ao adulto quando precisa de alguma coisa; comportamento instrumental: o reconhecimento e a utilização de uma ou várias formas para alcançar um fim; dirigir-se ao adulto olhando-o de frente e/ou vocalizando; reproduzir para o adulto uma determinada actividade ou parte dela; dar e mostrar objectos; antecipar-se numa realização antes que lhe seja pedida; jogo recíproco. Neste tipo de treino, dar modelos através do gesto e do olhar a uma criança autista, será o instrumento principal da modificação de comportamentos. Intervenção sobre Linguagem: A reeducação da linguagem da criança autista não pode ser feita exclusivamente pelo terapeuta da fala. O educador e os pais devem desempenhar um papel activo no ensino da linguagem.

36 Autismo 35 Até finais dos anos 70, o treino da linguagem limitava-se à tarefa de compreender e emitir mensagens verbais. Havia crianças que nunca conseguiam compreender ou emitir mensagens dentro ou fora de um contexto. Algumas apenas aprendiam ou comunicavam em determinadas situações de treino, era preciso pedir-lhes para dizerem qualquer coisa pois apenas eram espontâneos nas suas emissões verbais. Segundo Halliday em 1975, o ensino da linguagem deveria basear-se nas funções comunicativas e na etapa de desenvolvimento em que surge: Instrumental ( quero esse objecto ); Regulador ( quero essa actividade ); Interactiva ( olá, tu e eu juntos ); Pessoal ( fala egocêntrica ); Referencial (só nomear); Hermenêutica ( que é isto? ); Imaginativa (jogo imaginativo); Conversão. Através do Programa de Comunicação Total de Benson Schaefter em 1980, as crianças são ensinadas a escolher os símbolos e imitar a fala como capacidades independentes, esperando que gradualmente vão aprendendo a linguagem de sinais e espontaneamente associando-lhes palavras. O Programa explicita regras para promover a espontaneidade, a fala de sinais e a linguagem verbal, assim como técnicas especificas para incentivar a imitação verbal. A linguagem simbólica é um aspecto bastante deficitário nas crianças autistas. A interacção em si mesma é um aspecto importante a ter em atenção em relação ao processo de simbolização e ao jogo simbólico, pelo que é importante promovê-lo através de : Jogos com sequências fixas de objectos;

37 Autismo 36 Jogos para reprodução de objectos em sequências fixas; Jogos com objectos; Jogos em objectos, mas em que são simuladas as actividades que se realizam com esses objectos; Jogo de faz de conta. Todas estas actividades devem ser realizadas com indicações de interacção e imitação, claras e muito estruturadas, sobre actividades da vida diária, significativas para a criança como a alimentação, o banho, o deitar, o vestir, etc.. Intervenção na Área Cognitiva: A selecção de objectivos e tarefas nesta área proporcionará basicamente estratégias de aprendizagem para futuros objectivos e situações naturais mais complexas, para além de fornecer objectivos específicos de desenvolvimento. É através dos objectivos de desenvolvimento que lhe são ensinadas estratégias ou processos para resolver a tarefa que lhes é apresentada. Três a quatro partes das crianças autistas apresentam atraso mental. Segundo Rosa Ventoso em 1990, os objectivos a trabalhar para essas crianças incidirão sobre: promoção de mecanismos básicos de atenção; promoção de relações entre objectivos e meios, condutas instrumentais e resolução de problemas simples; promoção de mecanismos e comportamentos básicos de imitação em situações reais e funcionais; promoção de comportamentos básicos de utilização funcional de objectos e primeiras utilizações simbólicas;

38 Autismo 37 promoção de mecanismos básicos de abstracção, primeiros conceitos simples, e caso necessário pré-requisitos para discriminação preceptiva; promoção da compreensão de redundâncias, extracção de regras e antecipação. Temos como exemplo de objectivos que poderiam ser utilizados: aumento da aceitação de estímulos tácteis (tocar e explorar o corpo); a procura e a localização, num lugar, determinado objecto (procurar numa sala uma peça de puzzle); aumento do tempo de olhar para alguma coisa (observar um objecto em movimento). Intervenção nos Problemas de Comportamento: Para comportamentos como birras e agressões, após uma análise funcional do tipo de comportamento, podemos fazer com que este desapareça utilizando as seguintes técnicas de modificação de comportamento: Eliminar, sempre que possível, estímulos discriminativos que desencadeiam o comportamento e aqueles que de alguma forma, possam dar à criança a pista de que nesse momento o seu comportamento vai ser recompensado; Ensinar-lhes formas de fazer frente a determinadas situações que desencadeiam destes comportamentos, em suma, ensinar-lhes comportamentos incompatíveis com aqueles; Reforçar diferencialmente outros comportamentos, já aprendidos e que são comportamentos adaptados de forma a que a criança seja

39 Autismo 38 motivada a empregar estes com maior frequência em substituição dos outros; Eliminação do reforço do comportamento desajustado; Retirada de atenção de forma mais ou menos activa; Castigo positivo: aplicar um castigo suficientemente forte para eliminar o comportamento inadequado antes que possa produzir-se na criança habituação ao castigo que funcionará então como estímulo agressivo; Castigo negativo: não dar à criança aquilo que ela espera obter através do comportamento inadequado de forma contingente. As fobias e os medos perante objectos e situações conhecidas é outro dos problemas com que os terapeutas se deparam ao tratar com estas crianças. Para que desapareçam deve-se utilizar uma nova forma que dessensibilize a sistemática e a imersão, ensinando-lhes novas formas de actuação (relaxação, auto-instrução). No entanto, as técnicas de relaxação e auto-instrução só poderão ser utilizadas com crianças que possuam um bom nível cognitivo. As restantes técnicas serão adaptadas a crianças com baixo nível intelectual, dependendo da situação. A melhor técnica para fazer desaparecer comportamentos inadequados é a aprendizagem de comportamentos adequados. Se nos limitarmos a eliminá-los, podem aparecer de forma diferente.

40 Autismo 39 Intervenção noutras áreas: Grande número de crianças autistas podem apresentar défices na motricidade grossa, fina e na autonomia em geral. Por isso devem ser seguidos os itens das escalas de desenvolvimento tendo em atenção: A utilidade e funcionalidade do objectivo em relação à própria criança; A aplicação das técnicas de modificação de comportamentos, atendendo às dificuldades especificas de aprendizagem destas crianças; É também importante referir que as técnicas com melhores resultados para estas áreas são a imitação de modelos e a ligação com aquisições anteriores.

41 Autismo 40 Dificuldades de Aprendizagem As crianças autistas têm um repertório muito limitado de comportamentos, ou seja, fazem muito poucas coisas. Obviamente que esta situação se deve à grande dificuldade que têm de aprender. Dificuldades de aprendizagem: Segundo Reutter (1985) as dificuldades de aprendizagem podem ser: Dificuldades de atenção - não fixam a atenção sobre aquilo que se pretende que aprendam, têm pouca capacidade para dirigirem a sua atenção para algo; algumas crianças são incapazes de se concentrar mesmo que seja por alguns segundos. Para superar esta dificuldade devem ser planeadas situações de ensino muito estruturadas, dividindo em pequenos passos o que se quer que aprendam. Muitas crianças autistas apresentam comportamentos inadequados em situações de aprendizagem como comportamentos de auto-estimulação (estereotipais) ou comportamentos inadaptados (atirar com objectos, rir, chorar). Durante as tarefas de trabalho devem ser ignorados. Dificuldades em perceber coisas que podem acontecer - têm grande dificuldade em reconhecer a relação espácio-temporal entre acontecimentos dentro da mesma modalidade sensorial. Para diminuir esta dificuldade deve-se fazer com que os acontecimentos dentro de cada tarefa sejam próximos no tempo e no espaço. Dificuldades de generalização - dependem de tal modo do lugar e das pessoas onde e com quem aprendem que parece não poderem fazê-lo noutras circunstâncias. Esta dificuldade pode ser superada realizando

42 Autismo 41 tarefas relacionadas com ambientes naturais ou generalizando-as estruturada e controladamente. Um dos pontos fundamentais nos programas educativos para estas crianças é a organização da generalização, mudando de forma controlada os aspectos do meio envolvente e retrocedendo às etapas anteriores quando é observado que essa aprendizagem está a perder-se. Muitas crianças autistas aprendem mecanicamente, sem compreender a essência ou significado do que é pretendido que aprendam. A planificação da tarefa pode evitar essa mecanização acentuando o que é realmente significativo e esquecendo aspectos supérfluos. Frequentemente estas crianças deixam de responder às nossas chamadas de atenção e ordens, fazendo birras e baixam o nível de atenção, em consequência a aprendizagem não se produz.

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