TEA Módulo 3 Aula 2. Processo diagnóstico do TEA
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- Amália Arruda Godoi
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2 TEA Módulo 3 Aula 2 Processo diagnóstico do TEA Nos processos diagnósticos dos Transtornos do Espectro Autista temos vários caminhos aos quais devemos trilhar em harmonia e concomitantemente para que o diagnóstico possa ser feito. São eles: - A suspeita dos pais, cuidadores e professores; - Avaliação médica e não-médica com o uso de escalas de triagem diagnóstica; - Registro documental (fotos, vídeos e registros familiares); - CID-10; - DSM-5; - Uso de escalas de avaliação diagnóstica, ou seja, de escalas mais complexas (M-CHAT, CARS, ADOS, ADI-R); e - Avaliação neuropsiquiátrica infantil, neuropsicológica e também a utilização de avaliações interdisciplinares com fonoaudiólogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais CID-10 É conhecido como o Código Internacional de Doenças e descreve os mais diversos transtornos e doenças do ser humano. É um documento da Organização Mundial de Saúde e serve como referência não somente clínica para diagnóstico, mas como uma espécie de consulta para a busca de parâmetros clínicos. Especialmente, no Brasil, é utilizado como referência. Para que a criança seja considerada portadora de TEA, segundo o CID-10: a) Alteração marcante na interação social recíproca, manifestada por pelo menos 3 dos próximos 5 itens descritos:
3 - dificuldade em usar adequadamente o contanto ocular, a expressão facial, gestos e postura corporal para lidar com interação social; - dificuldade no desenvolvimento de relações de companheirismo; - Raramente procura conforto ou afeição em outras pessoas em caso de tensão ou ansiedade e/ou oferece conforto ou afeição a outras pessoas que apresentem ansiedade ou infelicidade; - Ausência de compartilhamento de satisfação com relação a ter prazer com a felicidade de outras pessoas e/ou de procura espontânea para compartilhar suas próprias satisfações através de envolvimento de outras pessoas; - falta de reciprocidade social e emocional. b) Marcante alteração na comunicação: - ausência de uso social de quaisquer habilidades de linguagem existentes; - diminuição de ações imaginativas e de imitação social; - pouca sincronia e ausência de reciprocidade em diálogos; - pouca flexibilidade na expressão de linguagem e relativa falta de criatividade e imaginação em processos mentais; - ausência de resposta emocional a ações verbais e não-verbais de outras pessoas. c) Padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento, interesses e atividades, manifestado por pelo menos 2 dos 6 itens: - obsessão por padrões estereotipados (repetitivos, sem finalidade) e restritos de interesse; - apego excessivo a objetos incomuns; - fidelidade compulsiva a rotinas ou rituais sem sentido funcional; - hábitos motores estereotipados e repetitivos; - obsessão por elementos sem função ou objetos parciais do material de recreação (fragmenta o brinquedo e brinca só com a parte do mesmo); - ansiedade com relação à mudanças em detalhes sem função relacionada com o ambiente. d) Tais sintomas devem ser percebidos nos primeiros 3 anos de vida da criança
4 Tipos de Autismo no CID-10 (Obs: o Cid-10 encontra-se em processo de atualização). - F84: Transtorno Global do Desenvolvimento - F84 0: Autismo Clássico - F84 1: Autismo Atípico - F84 2: Síndrome de Rett - F84 3: Transtorno desintegrativo da infância (aparece a partir dos 3, 4 anos) - F84 4: Transtorno Hipercinético associado com retardo mental e movimentos estereotipados - F84 5: Síndrome de Asperger - F84 8: Outros Transtornos Globais do Desenvolvimento - F84 9: Transtornos Globais não-especificados do Desenvolvimento DSM-5 Enquanto o CID-10 é um documento da OMS, o DSM-5 é um Manual Diagnóstico e Estatístico da Academia Americana de Psiquiatria e sua última atualização ocorreu em O DSM-5 trouxe uma mudança radical, transformando todas as dimensões clínicas e tipos do autismo do DSM-IV num só grupo: os Transtornos do Espectro Autista. Critérios Diagnósticos do DSM-5 para os TEA (tradução livre) a) Inabilidade persistente na comunicação social e na interação social nos mais variados contextos, não justificada por atraso geral no desenvolvimento, e que se manifesta por 3 características a seguir: a1) déficits na reciprocidade sócio-emocional; a2) déficits nos comportamentos não-verbais de comunicação usuais para a interação social; a3) déficits nos processos de desenvolver e manter relacionamentos. b) Padrões restritos, repetitivos de comportamento, de interesses ou atividades manifestado por, pelo menos, 2 dos seguintes itens: b1) A fala, movimentos motores ou uso de objetos de forma repetitiva e estereotipada;
5 b2) Adesão excessiva a rotinas, rituais verbais ou não-verbais ou excessiva resistência à mudanças; b3) Interesses fixos e altamente restritos que são anormais em intensidade e foco; b4) Hiper ou hiporreatividade para percepção sensorial de estímulos do ambiente ou interesse anormal e excessivo para estímulos senso-perceptivos. c) Tais sintomas devem estar presentes em fase precoce da vida, considerando-se até os 8 anos, mas podem aparecer aos poucos, em ordem ou sequência incompleta, de forma progressiva levando a problemas cada vez maiores na interação e nas demandas sociais; d) Os sintomas, em conjunto, limitam ou impossibilitam o funcionamento no cotidiano. Intensidade do TEA O DSM-5 divide o Autismo em 3 níveis de intensidade: - Nível 1 (leve): requer suporte A criança tem uma atitude mais espontânea, mas tem dificuldade de interação e comunicação social, reduzida vontade de socializar e leve fixação nos seus interesses restritos. - Nível 2 (moderado): requer um substancial suporte Tem uma dificuldade maior de comunicação, necessita de ajuda para poder fazer o processo de interação com o meio e tem muita frustração quando é contraria ou colocado em situações de mudança de contexto. - Nível 3 (severo): requer intenso e substancial suporte Há um déficit severo de comunicação e a interação é extremamente limitada e possui enorme resistência a mudanças com auto-mutilação. Essa classificação dos níveis colabora para que se possa definir qual a abordagem e quais os meios de intervenção que se devem adotar com relação a essa criança e também dá uma ideia da possível evolução da mesma.
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