A RELEVÂNCIA DAS INSTITUIÇÕES ESPECIALIZADAS PARA A FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA OU SURDEZ
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- Yago Diegues Pinto
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1 A RELEVÂNCIA DAS INSTITUIÇÕES ESPECIALIZADAS PARA A FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA OU SURDEZ Kaliana da Silva Correia 1 UFRN Lydiane Fonseca de Carvalho 2 UFRN Orientadora: Professora Drª. Lúcia de Araújo Ramos Martins UFRN/CCSA/DEPED RESUMO A partir de estudos na disciplina Introdução à Educação Especial, durante o Curso de Pedagogia, surgiu a necessidade de sistematização e ampliação de conhecimentos acerca da deficiência auditiva e da aprendizagem das pessoas que apresentam tal deficiência, no contexto educacional. O contato com a área da Educação Especial, empreendido durante a disciplina, serviu como caminho na escolha de um foco para esta investigação. Neste trabalho, objetivamos colher dados sobre a proposta pedagógica da Instituição para o trabalho de inclusão das crianças com necessidades especiais em relação às demais crianças, quais os métodos utilizados pelos professores para auxiliar na aprendizagem delas, e se o resultado é favorável ao desenvolvimento de todos os discentes da Instituição. Assim, surge a nossa questão da pesquisa: como se apresenta o ensino e aprendizado das crianças com deficiência auditiva numa instituição especializada para este tipo de ensino? A investigação foi desenvolvida na forma de um Estudo de Caso, do tipo exploratório, no qual foram utilizados os seguintes procedimentos: entrevista semi-estruturada com professores da Instituição; observação do tipo não participativa. O lócus da investigação foi o Centro SUVAG (Sistema Universal Verbotonal de Audição Guberina), tendo como sujeitos do estudo os alunos, os professores, a coordenadora pedagógica e uma fonoaudióloga da Instituição. No que se refere aos resultados, podemos destacar que o SUVAG é um centro de ensino para pessoas com deficiência auditiva, que desenvolve um trabalho de excelência no seu segmento há mais de vinte e cinco anos em Natal/RN, do ponto de vista pedagógico e de reabilitação. Sua proposta pedagógica fundamenta-se em teorias construtivistas e sócio-interacionistas, tendo como aporte teórico os princípios filosóficos de Freinet e, do ponto de vista estrutural, quanto a sua organização por competências e habilidades, é priorizada a interdisciplinaridade e estimulado o desenvolvimento das múltiplas inteligências. Essa instituição é um centro preferencialmente especializado, para tanto conta com uma ótima estrutura física, administrativa e pedagógica. A sua avaliação é contínua e diagnóstica, possibilitando à equipe acompanhar os avanços e dificuldades dos alunos/as freqüentemente, e assim refletir, discutir e redimensionar a prática do processo de ensino-aprendizagem. Esse trabalho nos mostrou que a inclusão de sujeitos com deficiência auditiva na escola regular, quando bem trabalhada, ajuda não só a esses, mas também acaba o preconceito dos demais envolvidos no processo de ensinoaprendizagem, que aprendem a conviver com as diferenças. Observamos, ainda, que as crianças com deficiência auditiva ou surdez, como quaisquer outras, possuem limitações, mas, essas apresentam também inúmeras capacidades. Basta que elas recebam o estímulo necessário desde cedo para que assim possam levar uma vida normal, fazendo tudo que as outras crianças fazem, ainda que respeitando seus próprios limites, como por exemplo: estudar, trabalhar e construir para a sociedade. Palavras-chave: Inclusão; Instituição Especializada (SUVAG); Sujeitos com deficiência Auditiva 1 Graduanda do 7º período do Curso de Pedagogia da UFRN. Integrante do Grupo de Pesquisa Processos de Aprender e Ensinar na Educação Infantil Departamento de Educação Centro de Ciências Sociais Aplicadas. kaliana.kk@hotmail.com 2 Graduada em Letras Língua Portuguesa UFRN. Atualmente, graduanda do 4º período do Curso de Pedagogia da UFRN. Integrante do Grupo de Pesquisa Ensino e Linguagem Departamento de Educação Centro de Ciências Sociais Aplicadas. lylokha@yahoo.com.br
2 2 A partir de estudos na disciplina Introdução à Educação Especial, durante o Curso de Pedagogia, surgiu a necessidade de sistematização e ampliação de conhecimentos acerca da deficiência auditiva e da aprendizagem das pessoas que apresentam tal deficiência, no contexto educacional. O contato com a área da Educação Especial, empreendido durante a disciplina, serviu como caminho na escolha de um foco para esta investigação. Partimos da concepção de que a Escola inclusiva deve contribuir para a formação do indivíduo, capacitando-o a se relacionar melhor na escola regular, incentivando a inclusão, considerando-se as especificidades da criança como pessoa em desenvolvimento, concreta e contemporânea, ou seja, sua organização pedagógica envolve diferenciações em relação a outras etapas educativas de modo a respeitar as especificidades das crianças. Mostraremos através deste artigo que, desde o século XVI, os educadores vêm se preocupando com as pessoas com deficiência auditiva e surdez para que a comunicação não só entre surdos e surdos, mas também entre surdos e ouvintes que se estabeleça de forma eficaz. O Surdo não é deficiente, é apenas diferente, com signos diferentes de ouvintes, nós temos signos visuais enquanto que ouvinte têm signos auditivos (PINTO 2004 apud OLIVEIRA et al, 2007, p. 44). Até o século XV, não só os surdos, mas todo indivíduo com deficiência, era tratado com desprezo e vivia à margem da sociedade como um todo. Somente a partir do século XVI, é que temos notícias do surgimento dos primeiros educadores para surdos. Alguns educadores se baseavam, apenas, na língua oral e outros defendiam a língua de sinais. E ainda, tiveram alguns educadores que criaram os Códigos Visuais. Na Espanha, no século XVI, um monge beneditino Pedro Ponce ensinou quatro surdos (filhos de nobre) a falar grego, latim e italiano, numa metodologia de Datilologia 3. Porém só em 1644, é que foi publicado o primeiro livro em inglês sobre a língua de sinais, chamado Chrirologia de J. Bulwer. Quando falamos em educação de surdos, não podemos deixar de citar o nome Charles Michel de L. Epée, um francês preocupado com a educação dos surdos, que aprendeu a língua de sinais com pessoas com deficiência auditiva que perambulavam pelas ruas de Paris e criou os Sinais Metódicos 4. Foi no século XVIII, que a educação dos surdos teve um avanço tanto quantitativo, com o aumento do número de escolas; quanto qualitativo, com o empenho dos educadores para se comunicarem com os surdos e fazê-los se comunicarem entre si. Foi surgindo vários profissionais preocupados com a educação dos surdos que tinham a idéia do aprendizado através da língua oral, tendo com seu maior defensor Alexander Graham, o inventor do telefone. No século XX, até 1970, as escolas de todo mundo deixam de utilizar a língua de sinais e focalizam suas forças no treinamento da Oralização, porém os educadores deixam de lado as outras disciplinas relegando-as a segundo plano e assim, fazendo surgir um problema: uma queda no nível de escolarização dos surdos. 3 que era a representação manual das letras do alfabeto. 4 uma combinação da língua de sinais com a gramática.
3 3 No Brasil, a educação dos surdos se nos deu mesmos moldes do resto do mundo, diante dessas considerações. No Brasil, a educação de surdos tem como marco a fundação em 1857, por dom Pedro II da primeira escola especial para os surdos do país: Instituto Nacional de Surdos-Mudos no Rio de Janeiro, passando posteriormente em 1957 a se chamar INES Instituto Nacional de Educação de surdos [...]. (OLIVEIRA [et al] 2007, p. 45). Dessa forma objetivamos colher dados sobre a proposta pedagógica da Instituição para o trabalho de inclusão das crianças com necessidades especiais em relação às demais crianças, quais os métodos utilizados pelos professores para auxiliar na aprendizagem delas, e se o resultado é favorável ao desenvolvimento de todos os discentes da Instituição. Assim, surge a nossa questão da pesquisa: como se apresenta o ensino e aprendizado das crianças com deficiência auditiva numa instituição especializada para este tipo de ensino? O desenvolvimento da investigação orienta-se pelos princípios da abordagem qualitativa de pesquisa que, segundo Lüdke e André (1986), privilegia mais os processos que os produtos; privilegia os significados que os sujeitos têm sobre o objeto em investigação; prioriza a obtenção dos dados através do contato direto com seus contextos de origem; é essencialmente descritiva e interpretativa/reflexiva. Seguindo esses princípios, desenvolvemos uma pesquisa do tipo exploratória que visa à construção de uma primeira aproximação para sistematização do objeto (GIL, 2007), desenvolvida na forma de um estudo de caso, no qual foram utilizados os seguintes procedimentos: entrevista semiestruturada com professores da Instituição; observação do tipo não participativa. Para se chegar a essa resposta, foi realizada uma Pesquisa Bibliográfica. Dentre outras teorizações citamos BOTELHO (1998); ALLAGHER (1993); GOLDEFELD (2002); LACERDA (1998); MONTE (2004); OLIVEIRA (2007); THOMA (2004); SKLIAR (1998). O lócus da investigação foi o Centro SUVAG 5 (Sistema Universal Verbotonal de Audição Guberina), tendo como sujeitos do estudo os alunos, os professores, a coordenadora pedagógica e uma fonoaudióloga da Instituição. No que se refere aos resultados, podemos destacar que o SUVAG é um centro de ensino para pessoas com deficiência auditiva, que desenvolve um trabalho de excelência no seu segmento há mais de vinte e cinco anos em Natal/RN, do ponto de vista pedagógico e de reabilitação. Sua proposta pedagógica fundamenta-se em teorias construtivistas e sócio-interacionistas, tendo como aporte teórico os princípios filosóficos de Freinet e, do ponto de vista estrutural, quanto a sua organização por competências e habilidades, é priorizada a interdisciplinaridade e estimulado o desenvolvimento das múltiplas inteligências. O SUVAG é uma Instituição não governamental, conveniada com os governos estadual, municipal e federal. O atendimento do SUVAG era feito, por ocasião da investigação (2008), atingindo 158 pessoas surdas, sendo desenvolvido por professores capacitados na área da deficiência auditiva e 5 Localizado a Av. Lima Silva, Natal - RN, , Bairro Nossa Senhora de Nazaré.
4 4 com fluência em LIBRAS 6, nos turnos matutino, das 7h30 às 11h30; e vespertino, das 13h30 às 17h30. Esse atendimento é feito a pessoas de qualquer idade, qualquer classe social e advindas de qualquer cidade do Rio Grande do Norte. [...] o Signwriting (Língua escrita de Sinais) representa os quimeras (do grego quiro: mão) de que se compõem os sinais nas diversas línguas de sinais. E o surgimento deste sistema é justificado por Capovilla como um lastro escrito correspondente com a língua de sinais, que na visão deste e de outros autores, como Skliar (2001), Sutton (1998) e Quadros (1995), esta deveria ser a língua materna das pessoas surdas. (OLIVEIRA [et al] 2007, p. 46). Acreditamos na importância da língua de sinais e da escrita de sinais para as pessoas surdas, porém observamos que a aquisição e o uso da língua de sinais por parte da maioria das pessoas surdas é feito de forma fragmentada, ou desenvolvida em paralelo a gestos espontâneos. [...] a pessoa surda pensa e se comunica em língua de sinais ou gestos espontâneos (em alguns casos em que não domina a LIBRAS), que é uma modalidade visual e quiro-articulatória. Mas, no momento da escrita, esperase que o faça por meio das palavras de uma língua falada, o que dificulta ainda mais a aprendizagem, pois enquanto a criança ouvinte pode fazer uso intuitivo das propriedades fonológicas naturais de sua fala interna em auxílio a leitura e escrita, a criança surda não pode. (CAPOVILLA 2000 apud Oliveira et al, 2007, p. 47). A Libras é a língua materna dos surdos brasileiros, e como tal poderá ser aprendida por qualquer pessoa interessada pela comunicação com essa comunidade. Possui todos os elementos classificatórios de uma língua e demanda de prática para seu aprendizado como qualquer outra. Foi na década de 60 que as línguas de sinais foram estudadas e analisadas, passando então a ocupar status de língua. É uma língua viva e autônoma, reconhecida pela lingüística. A língua de sinais tem papel importante no desenvolvimento cognitivo e social da criança e permite a aquisição de conhecimentos sobre o mundo circundante. Essa língua baseou-se primeiramente na língua de sinais francesa. Assim como as diversas línguas existentes, a qual é composta por níveis lingüísticos como: fonologia, morfologia, sintaxe e semântica. A única diferença é que sua modalidade é viso-espacial, e com isso surgem a combinação de configuração de mão, movimentos, e de pontos de articulação. O número total de usuários da Libras, são mais de O decreto de dezembro de 2005, garante a inclusão da Libras nos sistemas educacionais do Brasil. O Centro oferece, ainda, curso de LIBRAS para os familiares, no horário que as crianças estão na reabilitação. Todos os alunos têm aulas de LIBRAS duas vezes por semana. Essas são agrupadas em função da perda auditiva, usando fardamento em cores exclusivas de acordo com o grupo que pertencem. É um centro preferencialmente especializado, para tanto conta com uma ótima estrutura 6 Língua Brasileira de Sinais.
5 5 física, administrativa e pedagógica. [...] a linguagem oral não é a mais importante de qualquer pessoa[...] o contato depende mais da sensibilidade, que se traduz em um toque, uma expressão de felicidade ou de tristeza. (REDONDO, 2001, p. 9). Uma habilidade adicional importante para as crianças surdas ou com audição reduzida é a leitura da fala ou leitura labial 7. É o meio pelo qual as pessoas surdas recebem comunicação daqueles que podem ouvir. Devido ao fato de que poucas pessoas com audição normal dedicam-se a aprender um sistema complexo de comunicação manual, o indivíduo surdo que quer manter o contato significativo com o mundo auditivo precisa aprender a leitura da fala. Uma criança típica de quatro anos de idade já dominou a maior parte das propriedades sintáticas da linguagem, mas a criança surda tem problemas sérios de estrutura sintática. Ensina-se a criança surda a construção padrão da língua portuguesa sujeito-verbo-objeto (SVO) às sentenças, quando está escrevendo ou falando. No exemplo: O menino jogou a bola, uma possível interpretação de uma criança ouvinte seria: O menino foi ajudado pela menina. Já a interpretação pela criança surda seria: O menino ajudou a menina. E com isso à medida que as crianças crescem, agravam-se esses problemas. A compreensão dessa estrutura lingüística é fundamental para o indivíduo efetivar o domínio da língua portuguesa, fundamental para a convivência em sociedade. As representações que surdos e ouvintes têm de si influenciam sobre a maneira das situações discursivas. O que mantém o estigma e compartilhar da crença de que há diferenças intrínsecas e humanas entre surdos e ouvintes. Por essa razão, a interação entre surdos e ouvintes costuma ser marcada por clima de tensão, constrangimento e escrúpulo. (BOTELLHO, p , 1998). A maioria das crianças com perdas auditivas leves freqüentam escolas públicas comuns, mas não há estatísticas sobre a natureza de sua colaboração nos vários serviços oferecidos.uma criança que apresenta uma perda auditiva leve será em muitos aspectos, mais semelhantes às crianças com audição do que às de uma criança surda. Nesse caso apresentará incapacidade ao receber ou expressar mensagens através do som. O problema de comunicação das crianças surdas consiste em duas partes significativas: Limitações no modo de comunicação e limitações progressivas no desenvolvimento normal da linguagem. Essas limitações afetam gravemente os processos de desenvolvimento da criança desde a cognição até o ajustamento ocupacional. Embora haja grande diversidade de estilo e de abordagem entre os educadores especializados em deficiência auditiva, todos concordam a respeito da importância de se começar cedo a estimulação. O estabelecimento de uma rotina deve ser uma preocupação das professoras desde o primeiro dia de aula. A sequência de atividades favorece a construção gradativa de uma estrutura de apoio das relações, ou seja, as trocas entre os sujeitos também, possibilita a criança ter uma noção 7 A leitura da fala é a interpretação visual da comunicação falada.
6 6 dos acontecimentos dentro de um tempo e espaço determinado (RÊGO, 1999, p.74) Até mesmo no berço a criança obtém pistas da mãe através do toque e de expressões faciais materna. Recomenda-se um programa de treinamento regular, dirigido por profissionais, que deve começar o mais cedo possível a inserção de indivíduos com surdez na instituição especializada. O treinamento pré-escolar intensivo é considerado por todos os interessados como um passo fundamental na preparação do jovem para o período escolar, que é mais difícil. Os únicos modelos, ou pelo menos, os modelos fundamentais na escola são ouvintes: o tempo de interação e de identificação entre surdos de diferentes idades é escasso, porque se quer evitar que existam contágios gestuais entre os alunos; os adultos surdos, presentes na instituição, estão isolados ou são levados a cumprir tarefas menores longe das crianças; além disso, muitas crianças surdas passam seu limitado tempo livre entre hospitais e clínicas ou, simplesmente com a sua família ouvinte. (SKLIAR, p , 1998). Os principais objetivos desses programas de educação da primeira infância são desenvolver a linguagem e as habilidades de comunicação, oferecer experiências, brincar, ajudar a criança a aproveitar a audição resídua pelo treinamento auditivo e pelo desenvolvimento de aparelhos auditivos para amplificar o som. A avaliação do SUVAG é contínua e diagnóstica, possibilitando à equipe acompanhar os avanços e dificuldades dos alunos/as freqüentemente, e assim refletir, discutir e redimensionar a prática do processo de ensino-aprendizagem. Há a presença em todas as salas do aparelho SUVAG CT10 8. Algumas salas possuem um pequeno tablado de madeira que serve para estimular os alunos, principalmente os menores com alto grau de perda auditiva, para que eles sintam as vibrações. Esses ambientes também apresentam acessórios como: fones de ouvido, microfones, distribuidores e vibradores Suvag, que, junto às técnicas, vieram a permitir a aplicação prática de suas descobertas e propiciar o desenvolvimento da fala através da estimulação e do controle auditivo em pessoas surdas. Embora a maioria dos sujeitos surdos pesquisados no Suvag tenha adquirido a deficiência no período pré-uterino, por conseqüência da rubéola adquirida pela mãe durante o período da gestação, a deficiência auditiva também pode surgir de: sífilis, meningite bacteriana, herpes, toxoplasmose, citomegalovírus, doenças capazes de afetar o desenvolvimento do feto. É importante destacarmos, também, que se o período de incubação nas crianças prematuras for muito longo, pode ocasionar problemas auditivos. Observamos que os alunos do SUVAG participam de várias atividades, dentre as quais podemos citar a educação física, que, como componente curricular na instituição, surgiu desde 1994, pois a instituição entende que o corpo é o principal componente para comunicação das pessoas com 8 É um aparelho de amplificação e filtragem do som.
7 7 deficiência auditiva. O trabalho é realizado através de atividades expressivas como: dança, esporte, jogos entre outras atividades, envolvendo alunos na faixa etária entre 2 e 17 anos. Esse trabalho nos mostrou que a inclusão de sujeitos com deficiência auditiva na escola regular, quando bem trabalhada, ajuda não só a esses, mas também acaba o preconceito dos demais envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, que aprendem a conviver com as diferenças. Na realização do estudo observamos que as crianças com deficiência auditiva ou surdez, como quaisquer outras, possuem limitações, mas, essas apresentam também inúmeras capacidades. Basta que elas recebam o estímulo necessário desde cedo para que assim possam levar uma vida normal, fazendo tudo que as outras crianças fazem, porém, com seus limites, como por exemplo: estudar, trabalhar e construir para a sociedade.... Os meios mais capazes para combater atitudes discriminatórias, criando comunidades abertas e solitárias construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todas; para além disso, proporcionam uma educação adequada a maioria das crianças e promovem a eficiências, numa relação custo qualidade, de todo o sistema educativo. (UNESCO, 1994). As pessoas, desde as crianças até os idosos, que apresentem deficiência auditiva ou surdez, assim como todos os outros indivíduos que tenham qualquer tipo de deficiência, não precisam da compaixão de ninguém, nem sendo vitimados, nem tampouco enaltecidos. Pois o que eles necessitam é de oportunidades, que possibilitem o seu crescimento e, principalmente o apoio de todos que estão ao seu redor: família, amigos e, até mesmo, da sociedade, pois se nessa não se encontrasse tanto preconceito a vida dessas pessoas com necessidades especiais não teriam tanto empecilhos, já que elas estariam sendo encaradas como iguais. Os programas de inclusão têm ajudado a inserir essas pessoas na sociedade, entretanto, muito tem que ser feito ainda e cada membro social pode contribuir para que exista realmente essa inclusão. Tivemos a oportunidade de analisar que esse trabalho foi de extrema importância para nossa formação profissional, posto que, nos depararemos com situações semelhantes na sociedade no âmbito profissional, teremos conhecimentos de métodos e técnicas que poderão ser utilizados na educação de crianças/alunos, tanto com deficiência auditiva ou surdez como com qualquer criança que apresente necessidades educacionais especiais de uma maneira mais humana, sendo dessa forma profissionais dedicados à formação pedagógica e pessoal das crianças, atuando na vida delas de forma intensa e duradoura.
8 8 REFERÊNCIAS BOTELHO, Paula. Pensando a surdez como educadora. In: Segredos e silêncios na educação dos surdos. Belo Horizonte: Autêntica, p GALLAGHER, James J. ; KIRK, Samuel A. Crianças com deficiências auditivas. In: Educação da criança excepcional. (Tradução Marília Zanella Sanvicente). 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, p GIL, Antônio Carlos. Como elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, GOLDEFELD, Márcia. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sociointeracionista. 2. ed. São Paulo: Plexus Editora, p LACERDA, Cristina B. F. de. Um pouco da história das diferentes abordagens na educação dos surdos. volume 19, N. 46. caderno CEDES, p
9 9 LÜDKE, Menga e ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, MONTE, Francisca R. F.; SANTOS, Idê B. Saberes e práticas da inclusão: dificuldades de comunicação e sinalização: surdez. Brasília: MEC, SEESP, (Educação Infantil, 7) p OLIVEIRA, Milena Paula Cabral de; Oliveira, Luzia de Fátima Medeiros de; Assunção, Ana Lúcia Aragão. Línguas e linguagens: a educação de pessoas surdas em foco. In: Educação e Inclusão Social de Pessoas com necessidades Especiais: Desafios e perspectivas / Lúcia de Araújo Ramos Martins... [et al.]. João Pessoa, Editora Universitária, p. REDONDO, Maria Cristina da Fonseca. Deficiência auditiva. Brasília: MEC. Secretaria de Educação a distância, RÊGO, Maria Carmem Freitas Diógenes. Os primeiros passos na escola. In: Caderno faça e conte Ano 2 Nº 2 Volume 2 (1999) Natal: 1999 SKLIAR, Carlos. A surdez: um olhar sobre as diferenças. Porto Alegre: Medição, THOMA, Adriana da Silva; LOPES, Maura Corcini (Org.) A invenção da Surdez: Cultura, alteridade, identidades e diferenças no campo da educação. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, p
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