XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
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- Júlio Lisboa Bacelar
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1 SUPERESTIMAÇÃO DO CUSTO DA DÍVIDA ONEROSA PELO MÉTODO CONTÁBIL TRADICIONAL DE AFERIÇÃO - EVIDÊNCIAS PARA UM GRUPO DE EMPRESAS DO NOVO MERCADO DA BOVESPA ADAIL MARCOS LIMA DA SILVA (UFCG) adail.marcos@hotmail.com Juliana Eneas Porto (PET/UFCG) juliana.e.porto@gmail.com CAMILA MEDEIROS BEZERRA (UFCG) camilamedeiros@live.com O método contábil tradicional apregoa a divisão da despesa financeira pelo valor total dos empréstimos e financiamentos como opção à aferição do custo da dívida onerosa das empresas brasileiras. Em virtude de a composição da despesa financeeira não comtemplar de forma exclusiva itens originários da contratação de crédito no mercado financeiro, o método contábil tradicional comete o equívoco de divulgar taxas efetivas superestimadas. Um procedimento contábil alternativo sustenta: substituição da despesa financeira pela despesa onerosa, formada exclusivamente por despesas derivadas direta e indiretamente da contratação de crédito no mercado financeiro; a identificação do valor da despesa onerosa pode ser viabilizada a partir da análise da composição da despesa financeira, detalhada nas notas explicativas às demonstrações contábeis. Este trabalho tem por objetivo demonstrar a superestimação imputada pelo método contábil tradicional de aferição ao custo da dívida onerosa de um grupo de empresas não financeiras listadas no Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo. Com base nas demonstrações contábeis do ano de 2009, de todas as empresas não financeiras listadas no segmento mencionado, apenas 4 (quatro) apresentaram em suas notas explicativas a despesa financeira devidamente detalhada, a ponto de permitir o levantamento da despesa onerosa: Amil Participações S.A., Estácio Participações S.A., Eternit S.A. e CIA Hering S.A. A partir da aplicação conjunta dos dois métodos contábeis disponíveis, as taxas efetivas apuradas pelo procedimento convencional apresentaram as seguintes superestimações: 340,50%, Amil Participações S.A.; 295,05%, Eternit S.A.; 249,15%, Estácio Participações S.A.; 113,32%, CIA Hering S.A. As superestimações resultaram da maior participação de itens desvinculados da contratação de empréstimos e financiamentos, como por exemplo, descontos condicionais e parcelamentos de tributos, na composição da despesa financeira.
2 Destarte: aferir o custo da dívida onerosa sem o equívoco cometido pelo método contábil tradicional exprime uma eventualidade, quando, por uma coincidência, a despesa financeira figurar nas notas explicativas às demonstrações contábeis com seus componentes detalhados segundo os fatos geradores. Palavras-chaves: Custo da dívida onerosa, aferição contábil, método tradicional, superestimação 2
3 1. Introdução O método contábil tradicional, empregado no processamento do custo da dívida onerosa das empresas brasileiras, encontra-se difundido na literatura especializada no quociente entre a despesa financeira, localizada na demonstração do resultado do exercício, e o valor total do passivo oneroso, resultante do somatório dos saldos dos empréstimos e financiamentos distribuídos no balanço patrimonial (ASSAF NETO, 2009; 2010; ASSAF NETO; LIMA, 2009; BRAGA, 2009; BRASIL; BRASIL, 2005; IUDÍCIBUS, 2009; KASSAI; CASA NOVA; SANTOS; ASSAF NETO, 2005). Aferir o custo efetivo total dos empréstimos e financiamentos a partir do método contábil tradicional, arraigado na literatura especializada há anos, constitui-se em uma atitude de destacada fragilidade (SILVA, 2009; 2010): indevidamente, despesas financeiras desvinculadas da contratação de empréstimos e financiamentos exercem ingerência direta na apuração do custo da dívida onerosa descontos condicionais, por exemplo. Por incluir despesas sem vínculo com a contratação de empréstimos e financiamentos na apuração do custo do passivo oneroso, o método contábil tradicional promove a apuração de taxas efetivas superestimadas. A superestimação aludida desencadeia graves problemas ao estudo da performance econômica das empresas brasileiras: importantes indicadores, como o custo médio ponderado de capital, o retorno sobre o investimento e o grau de alavancagem financeira, por exemplo, absorvem diretamente o equívoco cometido pelo método contábil tradicional no cálculo do custo da dívida onerosa, imputando severas distorções à avaliação do desempenho econômico por demonstrações contábeis (SILVA, 2009; 2010). Com base no exposto, este trabalho tem por objetivo demonstrar a superestimação imputada pelo método contábil tradicional de aferição ao custo da dívida onerosa de um grupo de empresas não financeiras listadas no Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo. Este trabalho encontra-se dividido nas seguintes partes: fundamentação teórica, contendo esclarecimentos atinentes ao processamento contábil do custo da dívida onerosa das empresas brasileiras; metodologia, contemplando a classificação da pesquisa quanto ao objetivo e às técnicas empregadas, as explicações referentes à coleta e ao tratamento dos dados e os passos implementados na estruturação e discussão dos resultados; apresentação e análise dos resultados, formada com base nos passos executados no alcance do objetivo geral. 2. Custo da Dívida Onerosa 2.1 Processamento Contábil Tradicional O custo da dívida onerosa exprime a taxa efetiva total derivada da contração de empréstimos e financiamentos, interferindo diretamente na avaliação do desempenho econômico auferido pelas empresas (ABATE; GRANT; STEWART III, 2004; COSTANTINI, 2006; DAMODARAN, 2007; SANTOS; MUSSA; MULLER, 2007; SANTOS; WATANABE, 2005; STEWART III, 2003; THOMAS; GUP, 2010). Na análise do desempenho econômico das empresas brasileiras por demonstrações contábeis, o custo da dívida onerosa tem seu processamento calcado na relação entre a despesa financeira (DF), destacada na demonstração do resultado do exercício, e o passivo oneroso (PO), resultante do somatório dos saldos circulantes e não circulantes dos empréstimos e financiamentos localizados no balanço patrimonial. 3
4 A fórmula 1 apresenta o tradicional processamento contábil da versão bruta do custo da dívida onerosa (ASSAF NETO, 2009; 2010; ASSAF NETO; LIMA, 2009; BRAGA, 2009; BRASIL; BRASIL, 2005; IUDÍCIBUS, 2009; KASSAI; CASA NOVA; SANTOS; ASSAF NETO, 2005). Considerando a economia com imposto de renda e contribuição social, a fórmula 2 %IR, alíquota do imposto de renda; %CS, alíquota da contribuição social apresenta o tradicional processamento contábil da versão líquida do custo da dívida onerosa no Brasil (ASSAF NETO, 2009; 2010; ASSAF NETO; LIMA, 2009; BRAGA, 2009; BRASIL; BRASIL, 2005; IUDÍCIBUS, 2009; KASSAI; CASA NOVA; SANTOS; ASSAF NETO, 2005). Os procedimentos indicados nas fórmulas 1 e 2 encontram-se largamente difundidos na literatura especializada no assunto, subsidiando a realização de pesquisas envolvendo o estudo do desempenho econômico das empresas brasileiras. Por exemplo: no VII Congresso USP de Controladoria e Contabilidade, Cruz, Colauto e Lamounier (2007) apresentaram e publicaram o artigo intitulado Valor Econômico Agregado e Lucro Contábil: evidências para uma amostra de empresas do Novo Mercado da BOVESPA ; no cumprimento do objetivo geral, explícito no título do artigo, Cruz, Colauto e Lamounier (2007) empregaram as fórmulas 1 e 2: o de acordo com os resultados apresentados na pesquisa, a Embraer S.A. uma das empresas envolvidas no estudo assumiu um k d de 11,53% ao ano, em 2005; o a partir de consultadas às demonstrações contábeis da Embraer S.A. (2005), a DF, em seu valor bruto, alcançou a marca de ,00 (R$ mil), enquanto o PO assumiu o valor de ,00 (R$ mil); o a divisão da DF pelo PO divulga exatamente o valor de 11,53% ao k d da Embraer S.A., no ano de Além de nortear a elaboração de pesquisas científicas, o tradicional processamento contábil do custo da dívida onerosa é empregado no desenvolvimento de análises fundamentalistas, sob o intento de subsidiar importantes informações ao mercado financeiro. O site fornece ferramentas financeiras de uso gratuito, incluindo a análise fundamentalista das empresas listadas na BOVESPA. A figura 1 apresenta uma imagem retirada do site retratando o custo de capital da Inepar S.A. Indústria e Construção, no ano de 2009: segundo o site em questão, a empresa assumiu um k d de 35,74% ao ano; a partir de consultadas às demonstrações contábeis da Inepar S.A. Indústria e Construção, disponível no mesmo site, o valor de 35,74% ao ano resultou da aplicação da fórmula 1. 4
5 Fonte: Figura 1 custo de capital da INEPAR S.A. INDÚSTRIA E CONSTRUÇÃO. A motivação ao uso das fórmulas 1 e 2 em pesquisas, atividades de ensino em nível de graduação e pós-graduação e análises fundamentalistas se deve à consagração do tradicional processamento contábil do custo da dívida onerosa por parte dos principais manuais especializados no assunto (ASSAF NETO, 2009; 2010; ASSAF NETO; LIMA, 2009; BRAGA, 2009; BRASIL; BRASIL, 2005; IUDÍCIBUS, 2009; KASSAI; CASA NOVA; SANTOS; ASSAF NETO, 2005). 2.2 Imprecisão do Processamento Contábil Tradicional Definitivamente: o tradicional processamento contábil do custo da dívida onerosa, fundamentado no quociente entre a DF e o PO, exatamente como sustentam as fórmulas 1 e 2, pode identificar qualquer coisa, menos o custo efetivo incorrido com a alavancagem financeira praticada por uma empresa (SILVA, 2009; 2010). Como forma de subsidiar a compreensão da desqualificação das fórmulas 1 e 2, enquanto métodos de aferição do custo efetivo assumido junto ao crédito oneroso contratado: na composição da DF figuram elementos desvinculados da contratação de empréstimos e financiamentos, tais como: o descontos condicionais concedidos (IUDÍCIBUS; MARTINS; GELBCKE, 2007); o perdas com variações cambiais, decorrentes de transações comerciais internacionais; o perdas e custos com derivativos, contratados sob o intento de arrefecer o risco de exposições cambiais vinculadas às contas a pagar de fornecedores no exterior. imagine a DF de uma empresa, destacada na demonstração do resultado do exercício, contendo descontos condicionais, variações cambiais decorrentes de transações comerciais e perdas e custos com derivativos contratados para amenizar exposições cambiais resultantes de contas a pagar de fornecedores no exterior: o o processamento contábil do custo da dívida onerosa, conforme divulgam as fórmulas 1 e 2, indicará percentuais totalmente imprecisos, distorcidos ou alheios à política de financiamento adotada pela empresa. Resgatando o exemplo da Embraer S.A., explorado na pesquisa desenvolvida por Cruz, Colauto e Lamounier (2007), onde o tradicional processamento contábil da dívida onerosa prega o patamar de 11,53% ao ano, para o exercício social de 2005: o quadro 1 apresenta o detalhamento da DF da Embraer S.A (2005), exatamente como consta em suas notas explicativas; dos itens listados no quadro 1, apenas Juros e comissões sobre financiamentos pode ser considerado uma despesa genuinamente derivada da contratação do crédito oneroso; 5
6 os demais itens apresentam vínculo parcial ou nulo com a contratação do crédito oneroso; portanto, o custo da dívida da Embraer S.A., para o ano de 2005, contabilmente estimado em 11,53% ao ano, encontra-se, com certeza, superestimado. Despesas financeiras: Juros e comissões sobre financiamentos Juros sobre impostos, encargos sociais e contribuições Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira CPMF Seguro de crédito PIS/COFINS sobre receitas financeiras e variação cambial Provisão para perdas em valores mobiliários Perdas com debêntures Perda com marcação ao mercado de aplicações financeiras Outras Fonte: notas explicativas do relatório financeiro da Embraer (2005). Quadro 1: detalhamento da despesa financeira da Embraer S.A. 2.3 Processamento Contábil Alternativo Aferir de forma satisfatória o custo incorrido com a contratação de empréstimos e financiamentos por dados contábeis exige a apuração da despesa onerosa (DO), composta por desembolsos derivados direta e indiretamente da contratação do crédito oneroso, como por exemplo, juros, comissões de intermediação financeira, encargos operacionais (tarifas atreladas à concessão e à manutenção do crédito oneroso) e encargos fiscais (impostos sobre operações financeiras), devendo substituir a DF nas fórmulas 1 e 2 (SILVA, 2009). Sendo possível identificar a DO nas demonstrações contábeis, a aferição de taxas efetivas sem imprecisões deve seguir as orientações das fórmulas 3 e 4 k d e k i, respectivamente. Com a utilização das fórmulas 3 e 4, no levantamento da taxa efetiva associada ao custo da alavancagem financeira, em suas versões bruta e líquida, as distorções imputadas à avaliação econômica por demonstrações contábeis, por conta da aplicação das fórmulas 1 e 2, são nulas; todavia, a DO não recebe tratamento formal na literatura especializada, muito menos é destacada na demonstração do resultado do exercício das empresas. Uma alternativa à viabilização das fórmulas 3 e 4 encontra-se no resultado financeiro, apresentado pelas empresas em suas notas explicativas às demonstrações contábeis; quanto mais detalhado o resultado financeiro, prestigiando esclarecimentos acerca dos componentes da DF, mais facilmente dar-se-á o levantamento da DO. Finalmente: aferir o custo da dívida onerosa, em suas versões bruta e líquida, livre do equívoco cometido pelo método contábil tradicional, exprime uma eventualidade, quando, por uma coincidência, a DF figurar nas notas explicativas às demonstrações contábeis com seus componentes devidamente detalhados e explicados segundo o tipo de fato gerador. 3. Metodologia da Pesquisa 6
7 Quanto ao objetivo geral, esta pesquisa deve ser classificada como exploratória, como pode ser constatado a partir dos argumentos listados abaixo: a demonstração da superestimação do custo da dívida onerosa a partir da manipulação de dados contábeis no Brasil é um assunto ainda pouco estudado por pesquisadores nacionais; a discussão pretendida dar-se-á sob o intento de estabelecer padrões, ideias ou hipóteses pertinentes à viabilização do cálculo de taxas livres de distorções ao custo da dívida onerosa por meio da manipulação de dados extraídos da demonstração do resultado do exercício e do balanço patrimonial. Sobre as técnicas de pesquisa: a concretização de um estudo exploratório acerca da superestimação do custo da dívida onerosa pelo método contábil tradicional de aferição exige o cumprimento de simulações práticas envolvendo situações reais, justificando a utilização do estudo de caso como técnica de pesquisa; a demonstração prática da superestimação do custo da dívida onerosa exige a manipulação de dados secundários contidos em manuais e relatórios contábeis, explicando o emprego da técnica de pesquisa classificada por bibliográfica pois os documentos mencionados não apresentam quaisquer restrições em termos de acesso. As empresas utilizadas no cumprimento do objetivo geral desta pesquisa foram selecionadas do segmento Novo Mercado da BOVESPA: todos os cálculos e análises tomaram como referência os dados contábeis do ano de 2009; a definição do grupo de empresas utilizou como critério a possibilidade de identificação da DO, a partir do estudo da composição da DF nas notas explicativas às demonstrações contábeis; de todas as empresas não financeiras, listadas no referido segmento, apenas 4 (quatro) fizeram constar em suas notas explicativas a composição da DF devidamente detalhada e explicada, a ponto de permitir a identificação da DO; Amil Participações S.A. (AMIL3), Estácio Participações S.A. (ESTC3), Eternit S.A. (ETER3) e CIA Hering S.A. (HGTX3) integram o grupo de empresas. Sobre a coleta dos dados: todos os dados secundários foram coletados das demonstrações contábeis e das notas explicativas das empresas selecionadas; os documentos mencionados, publicados no exercício social de 2009, foram extraídos do banco de dados contido no site Ao cumprimento do objetivo geral desta pesquisa foram implementados os seguintes passos: passo 1 aferição das taxas efetivas indicadas ao custo da dívida onerosa de cada empresa selecionada, conforme o tradicional procedimento contábil, ilustrado nas fórmulas 1 e 2; passo 2 análise da composição da DF, sob o intendo de identificar a DO; passo 3 cálculo das taxas efetivas indicadas ao custo da dívida onerosa de cada empresa selecionada, conforme o procedimento contábil alternativo, ilustrado nas fórmulas 3 e 4; passo 4 apuração das superestimações cometidas pelo método contábil tradicional de aferição na determinação do custo da dívida onerosa das empresas selecionadas. 4. Apresentação e Análise dos Resultados 7
8 4.1 Custo da Dívida Onerosa segundo o Tradicional Procedimento Contábil A tabela 1 apresenta os dados contábeis necessários ao cálculo do custo da dívida onerosa das empresas AMIL3, ESTC3, ETER3 e HGTX3. Dados contábeis (R$ MIL) AMIL3 ESTC3 ETER3 HGTX3 Empréstimos e financiamentos , , , ,00 Despesa financeira , , , ,00 Fonte: demonstrações contábeis das empresas (AMIL S.A., 2009; ESTÁCIO S.A., 2009; ETERNIT S.A, 2009; HERING S.A, 2009). Tabela 1 Dados contábeis para o processamento do custo da dívida onerosa (2009) A tabela 2 divulga os resultados bruto e líquido ao custo da dívida onerosa das empresas AMIL3, ESTC3, ETER3 e HGTX3 valores apurados a partir da aplicação das fórmulas 1 e 2. Como forma de comprovar a utilização dos percentuais descritos na tabela 2 por profissionais do mercado financeiro e acadêmicos da área de finanças, recomenda-se a realização de consultas ao site através do código de cada empresa é possível visualizar diversos indicadores de análise fundamentalista, inclusive o custo da dívida onerosa, processado de acordo com o método contábil convencional. Custo da dívida onerosa AMIL3 ESTC3 ETER3 HGTX3 k d 19,46% 268,60% 60,68% 50,00% k i 12,85% 177,28% 40,05% 33,00% Fonte: formulação própria. Tabela 2 Custo da dívida onerosa segundo o procedimento tradicional (2009) Analisando os resultados da tabela 2: dentre todos os valores apontados ao custo da dívida onerosa, os percentuais supostamente praticados pela AMIL3 podem ser considerados os mais próximos à realidade; as empresas ETER3 e HGTX3 contrataram empréstimos e financiamentos sob um custo efetivo total superior e igual a 50,00% ao ano, respectivamente, sugerindo indícios de superestimação pelo método contábil convencional ETER3 e HGTX3 supostamente arcaram com um pagamento anual de juros equivalente à metade do crédito oneroso contratado junto ao mercado financeiro, pelo menos; a situação da ESTC3 mostra-se ainda mais dramática, pois, segundo o tradicional processamento contábil do custo da dívida onerosa, a empresa assumiu um pagamento de despesas equivalente a 268,60% do capital contratado para cada R$1,00 em dívida onerosa contraída, a empresa assumiu o compromisso de pagar R$2,69 em despesas com juros, impostos sobre operações financeiras e tarifas de crédito. 4.2 Análise da Composição da Despesa Financeira No resultado financeiro da AMIL3, detalhado em suas notas explicativas, a composição da DF encontra-se esclarecida conforme apresenta a tabela 3; dos três itens especificados, apenas Empréstimos e financiamentos pode ser efetivamente tratado como DO; da forma como está exposto, Empréstimos e financiamentos sugere englobar todas as despesas derivadas da contração do crédito oneroso; as explicações referentes aos itens Parcelamento de tributos e Outras foram extraídas das notas explicativas; encargos sobre impostos e contribuições inscritas em programas de parcelamento e descontos concedidos decorrentes de transações comerciais não podem figurar no processamento do custo da dívida onerosa; apesar de ter 8
9 apresentado os menores valores ao custo da dívida onerosa, as taxas efetivas atribuídas a AMIL3, na tabela 2, encontram-se superestimadas. Despesas financeiras (R$ MIL) ,00 Empréstimos e financiamentos ,00 Parcelamento de tributos (i) ,00 Outras (ii) ,00 (i) Encargos sobre impostos e contribuições inscritas nos programas de parcelamento REFIS e PAES. Esses valores são atualizados monetariamente pela variação da TJLP e SELIC; (ii) Basicamente, descontos que a Companhia e suas controladas concedem comercializando planos de saúde, com o objetivo de captar novos clientes e aumentar a sua base de beneficiários. Fonte: notas explicativas (AMIL S.A., 2009). Tabela 3 Composição da despesa financeira da AMIL3 (2009) Através da tabela 4 é possível identificar as causas da apuração de uma taxa efetiva de 268,60% ao ano à ESTC3; dos quatro itens listados como componentes da DF, apenas um exprime vínculo com o crédito oneroso; o elemento Juros e encargos financeiros possivelmente consegue contemplar todos os desembolsos derivados da contratação do crédito oneroso; Despesas bancárias tendem a evidenciar com maior ênfase os gastos com emissão, cancelamento e cobrança de boletos emitidos aos clientes, justamente por se tratar de uma empresa do setor de ensino superior; o fato gerador do elemento Descontos financeiros está explícito no esclarecimento contido nas notas explicativas, não devendo participar do cálculo do custo da dívida onerosa. Despesas financeiras (R$ MIL) ,00 Despesas bancárias 5.044,00 Juros e encargos financeiros 4.285,00 Descontos financeiros (i) 5.217,00 Outras 415,00 (i) A rubrica de descontos financeiros correspondem aos descontos concedidos quando das renegociações de mensalidades em atraso. Fonte: notas explicativas (ESTÁCIO S.A., 2009). Tabela 4 Composição da despesa financeira da ESTC3 (2009) O caso da ETER3 requer uma análise mais minuciosa; através da observação dos itens listados na explicação da composição da DF, como mostra a tabela 5, pode-se concluir: Descontos concedidos, PIS-juros sobre capital próprio e COFINS-juros sobre capital próprio não apresentam, com certeza, nenhuma relação com a contratação do crédito oneroso no mercado financeiro, não devendo figurar no processamento do custo da dívida onerosa por demonstrações contábeis da ETER3; descontos concedidos estão atrelados em grande parte às atividades comerciais, representando a concessão de deságios sobre duplicatas a receber liquidadas antecipadamente por clientes; o pagamento de juros sobre o capital próprio representa uma modalidade de remuneração aos acionistas das empresas, logo, PIS e COFINS decorrentes não podem ser atribuídos à contratação do crédito oneroso; a tabela 6 descreve a exposição cambial assumida pela ETER3 no ano de 2009; 9
10 como pode ser constatado, a despesa com variações cambiais passivas da ETER3 teve como fato gerador a atividade comercial internacional, não devendo participar do cálculo do custo da dívida onerosa. Despesas financeiras (R$ MIL) ,00 Juros sobre financiamentos 488,00 Juros passivos 2.949,00 Despesas bancárias 883,00 Descontos concedidos 837,00 IOF 549,00 PIS juros sobre capital próprio 97,00 COFINS - juros sobre capital próprio 448,00 Outras 79,00 Variações cambiais líquidas ,00 Fonte: notas explicativas (ETERNIT S.A., 2009). Tabela 5 Composição da despesa financeira da ETER3 (2009) Total da exposição cambial (R$ MIL) Clientes no mercado externo Adiantamento de cambiais entregues ACE Adiantamento para Contrato de Câmbio ACC Comissões no exterior -47 Fretes internacionais -98 Fonte: notas explicativas (ETERNIT S.A., 2009). Tabela 6 Exposição cambial da ETER3 (2009) Na tabela 7 consta a composição da DF da HGTX3; apenas o componente Juros sobre operações financeiras apresenta ligação explícita com o crédito oneroso, estando relacionado à divulgação da DO classificada por remuneratória; os componentes Encargos financeiros sobre tributos e Ajuste a valor presente não devem participar do cálculo do custo da dívida onerosa; a DO não remuneratória, exatamente os encargos derivados da concessão do crédito oneroso, deve estar inserida no item Outras despesas, justificando sua ingerência no levantamento da taxa efetiva por dados contábeis. Despesas financeiras (R$ MIL) ,00 Juros sobre operações financeiras ,00 Encargos financeiros sobre tributos ,00 Ajuste a valor presente 1.171,00 Outras despesas 7.205,00 Fonte: notas explicativas (HERING S.A., 2009). Tabela 7 Composição da despesa financeira da HGTX3 (2009) A tabela 8 expõe de forma agrupada todos os itens lançados como DF nas empresas AMIL3, ESTC3, ETER3 e HGTX3, mas sem vínculo com a contratação de empréstimos e financiamentos; como pode ser observado, existe um conjunto de fatos geradores variados; as 10
11 despesas da tabela 8 devem ser classificadas por DF não onerosa ou DF de origem diversificada. Despesa financeira não onerosa (R$ MIL) Parcelamento de tributos ,00 Outras ,00 Despesas bancárias 5.044,00 Descontos financeiros 5.217,00 Outras 415,00 AMIL3 ESTC3 ETER3 HGTX , , , ,00 Descontos concedidos 837,00 PIS juros sobre capital próprio 97,00 COFINS - juros sobre capital próprio 448,00 Outras 79,00 Variações cambiais líquidas ,00 Encargos financeiros sobre tributos ,00 Ajuste a valor presente 1.171,00 Fonte: adaptado das notas explicativas das empresas. Tabela 8 despesas financeiras não onerosas responsáveis pela superestimação do custo da dívida (2009) Com base nas discussões acerca da composição da DF das empresas AMIL3, ESTC3, ETER3 e HGTX3, subsidiadas pelas tabelas 3 a 7, os supostos valores assumidos pela DO em cada caso estão expostos na tabela 9. Despesa onerosa (R$ MIL) AMIL3 ESTC3 ETER3 HGTX , , , ,00 Empréstimos e financiamentos ,00 Juros e encargos financeiros 4.285,00 Juros sobre financiamentos 488,00 Juros passivos 2.949,00 Despesas bancárias 883,00 IOF 549,00 Juros sobre operações financeiras ,00 Outras despesas 7.205,00 Fonte: adaptado das notas explicativas das empresas (AMIL S.A., 2009; ESTÁCIO S.A., 2009; ETERNIT S.A, 2009; HERING S.A, 2009). Tabela 9 Valor e composição da despesa onerosa (2009) De acordo com os esclarecimentos levantados a partir da análise conjunta das tabelas 8 e 9, a DF não onerosa, portanto sem vínculo com a contratação de empréstimos e financiamentos, assumiu maior proporção na composição da DF, explicando a imprecisão do tradicional método contábil de cálculo do custo da dívida onerosa. Conforme esclarece a tabela 10: nos casos envolvendo as empresas AMIL3, ESTC3 e ETER3 a DO variou entre 22,70% e 25,24%, em termos de participação na composição da DF; a HGTX3 teve uma DO com maior proporção na formação da DF, porém, não chegou a equivaler sequer à metade, ficando em exatos 46,88%. Despesa financeira (R$ MIL) AMIL3 ESTC3 ETER3 HGTX3 11
12 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% Onerosa 22,70% 28,64% 25,24% 46,88% Não onerosa 77,30% 71,36% 74,76% 53,12% Fonte: adaptado das notas explicativas das empresas. Tabela 10 Proporções das despesas onerosas e não onerosas na formação da despesa financeira (2009) Não resta dúvida: os valores das proporções assumidas pela DO, na formação da DF, indicam superestimações severas ao custo da dívida onerosa das empresas AMIL3, ESTC3, ETER3 e HGTX3, promovidas pelo tradicional método contábil de aferição, fundamentado na aplicação direta das fórmulas 1 e Custo da Dívida Onerosa Fundamentado na Despesa Onerosa Com os valores da tabela 8, as fórmulas 3 e 4 podem ser aplicadas, sob o intento de divulgar taxas livres de distorções ao custo da dívida onerosa. A tabela 11 apregoa novos percentuais, referentes ao custo efetivo total da contratação do crédito oneroso nas empresas AMIL3, ESTC3, ETER3 e HGTX3. Custo da Dívida Onerosa AMIL3 ESTC3 ETER3 HGTX3 k d 4,42% 76,93% 15,36% 23,44% k i 2,92% 50,77% 10,14% 15,47% Fonte: formulação própria. Tabela 11 Custo da dívida onerosa segundo a despesa onerosa (2009) Os valores contidos na tabela 11 simultaneamente conseguem: ratificar a superestimação do tradicional procedimento do custo da dívida onerosa; provar a possibilidade de serem aferidas taxas livres de distorções por demonstrações contábeis, quando a DF figurar nas notas explicativas sob um elevado rigor de detalhe. 4.4 Superestimação do Custo da Dívida Onerosa pelo Método Contábil Tradicional As tabelas 12 e 13, respectivamente, tratam do valor e da intensidade da superestimação imputada ao custo da dívida onerosa por dados contábeis, subsidiando as análises a seguir: mesmo apresentando as menores taxas ao custo da dívida onerosa da AMIL3, como mostra a tabela 2, o método convencional distorceu os percentuais das versões bruta e líquida em 15,04% e 9,93%, ao ano, respectivamente, causando uma superestimação de 340,50% em relação aos valores divulgados na tabela 11; a ETER3 experimentou a segunda maior superestimação, em torno de 295,05%, fruto de distorções estimadas em 45,32% e 29,91%, ao ano, nas taxas bruta e líquida do custo da alavancagem financeira implementada; a terceira maior superestimação ocorreu no custo da dívida onerosa da ESTC3, de 249,15%, com as distorções alcançando os valores de 191,67%, a versão bruta, e 126,50%, a versão líquida, ao ano; a menor superestimação ocorreu no custo do alavancagem financeira da HGTX3, estimada em 113,32%, decorrente das distorções bruta e líquida de 26,56% e 17,53%, ao ano; com base nos valores da distorções, e não na intensidade de superestimação, a ordem é alterada para ESTC3, ETER3, HGTX3 e AMIL3. Custo da dívida onerosa AMIL3 ESTC3 ETER3 HGTX3 k d 15,04% 191,67% 45,32% 26,56% 12
13 k i 9,93% 126,50% 29,91% 17,53% Fonte: formulação própria. Tabela 12 Distorção causada pelo processamento contábil tradicional do custo da dívida onerosa (2009) Custo da dívida onerosa AMIL3 ESTC3 ETER3 HGTX3 k d k i 340,50% 249,15% 295,05% 113,32% Fonte: formulação própria. Tabela 13 Superestimação do tradicional processamento contábil do custo da dívida onerosa (2009) 5. Considerações Finais Tendo como causa a composição da despesa financeira, o equívoco cometido pelo método contábil tradicional de aferição do custo da dívida onerosa fundamentado na divisão da despesa financeira pelo passivo oneroso manifesta-se na divulgação de taxas efetivas superestimadas aos empréstimos e financiamentos contratados pelas empresas brasileiras. Atualmente, a apuração de taxas livres de distorções ao custo do endividamento oneroso das empresas brasileiras por via contábil calcada na divisão da despesa onerosa pelo passivo oneroso deve ser considerada uma eventualidade, quando, por uma coincidência, a despesa financeira figurar nas notas explicativas às demonstrações contábeis com sua composição detalhada e explicada conforme os fatos geradores onerosos e não onerosos. Em relação ao exercício social de 2009: de todas as empresas não financeiras comércio, indústria e serviço listadas no Novo Mercado da BOVESPA somente quatro integrantes AMIL3, ESTC3, ETER3 e HGTX3 apresentaram em suas notas explicativas às demonstrações contábeis a despesa financeira devidamente detalhada e explicada, permitindo: identificar a despesa efetivamente onerosa, aferir o custo da dívida onerosa de forma mais precisa e, principalmente, mensurar a superestimação cometida pelo método contábil tradicional na aferição do custo da dívida onerosa. Segundo o método contábil calcado no valor da despesa onerosa, efetivamente mais confiável, o método contábil tradicional de aferição imputa às versões bruta e líquida do custo dos empréstimos e financiamentos as superestimações a seguir: 340,50%, para AMIL3, repercutindo em taxas bruta e líquida do imposto de renda e contribuição social 15,04% e 9,93%, ao ano, acima dos valores mais confiáveis, respectivamente; 295,05%, no caso da ETER3, com as taxas bruta e líquida assumindo valores situados 45,32% e 29,91%, ao ano, acima dos níveis mais confiáveis, respectivamente; 249,15%, concernente à situação da ESTC3, com os valores bruto e líquido da taxa situados 191,67% e 126,50%, ao ano, acima dos valores mais confiáveis, respectivamente; 113,32%, para HGTX3, com os valores bruto e líquido da taxa apresentando percentuais 26,56% e 17,53%, ao ano, acima dos valores mais precisos, respectivamente. Em virtude de o custo da dívida onerosa exercer ingerência direta na apuração de muitos medidores pertencentes às análises de rentabilidade e de criação de riqueza custo médio ponderado de capital, retorno sobre o investimento, grau de alavancagem financeira, valor de mercado agregado e valor de mercado empresarial, as empresas brasileiras encontram-se seriamente expostas ao risco de terem suas performances econômicas avaliadas de forma significativamente distorcida, no caso de o método contábil tradicional ser empregado no cálculo das taxas correspondentes aos custos dos empréstimos e financiamentos contraídos. 13
14 As empresas AMIL3, ETER3, ESTC3 e HGTX3 conseguem atenuar o risco inerente à superestimação do custo do endividamento oneroso: as iniciativas expressas no detalhamento e na explicação da composição da despesa financeira segundo os fatos gerados onerosos e não onerosos, promovem a apuração de taxas precisas ao custo da dívida onerosa e, consequentemente, o cumprimento de avaliações do desempenho livre de distorções. Referências ABATE, J. A.; GRANT, J. L. & STEWART III, B. G. The EVA style of investing emphasizing the Fundamentals of wealth creation. The Journal of Portfolio Management, AMIL PARTICIPAÇÕES S.A. Demonstrações financeiras padronizadas Amil S.A. (2009). Disponível em: Acessado em 10/12/2010. ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços. 9. ed. São Paulo: Atlas, Finanças corporativas e valor. 4. ed. São Paulo: Atlas, & LIMA, F. G. Curso de administração financeira. São Paulo: Atlas, BRAGA, H. R. Demonstrações contábeis: estrutura, análise e interpretação. 6. ed. São Paulo: Atlas, BRASIL, H. V. & BRASIL, H. G. Gestão financeira das empresas: um modelo dinâmico. 4. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, CIA HERING S.A. Demonstrações financeiras padronizadas Hering S.A. (2009). Disponível em: Acessado em 10/12/2010. COMDINHEIRO. Análise fundamentalista da Inepar S.A. Indústria e Construção (2009). Disponível em: Acessado em 10/12/2010. COSTANTINI, P. Cash return on capital invested: ten years of investment analysis with the CROCI economic profit model. New Jersey: Butterworth-Heinemann, CRUZ, U. O.; COLAUTO, R. D. & LAMOUNIER, W. M. Valor Econômico Agregado e Lucro Contábil: evidências para uma amostra de empresas do Novo Mercado da BOVESPA. In: CONGRESSO USP DE CONTROLADORIA E CONTABILIDADE, 7., 2007, São Paulo. Anais do VII Congresso USP de Controladoria e Contabilidade. São Paulo: USP. CD-ROM. DAMODARAN, A. Avaliação de empresas. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, EMBRAER. Demonstrações financeiras padronizadas Embraer S.A. (2005). Disponível em: Acessado em 10/12/2010. ESTÁCIL PARTICIPAÇÕES S.A. Demonstrações financeiras padronizadas Estácio S.A. (2009). Disponível em: Acessado em 10/12/2010. ETERNIT S.A. Demonstrações financeiras padronizadas Eternit S.A. (2009). Disponível em: Acessado em 10/12/2010. IUDÍCIBUS, S. Análise de balanços: análise da liquidez e do endividamento, análise do giro, rentabilidade e alavancagem financeira. 10. ed. São Paulo: Atlas, ; MARTINS, E. & GELBCKE, E. R. Manual de contabilidade das sociedades por ações (aplicável às demais sociedades). 7. ed. São Paulo: Atlas, KASSAI, J. R.; CASA NOVA, S. P.; SANTOS, A. & ASSAF NETO, A. Retorno de investimento: abordagem contábil e matemática do lucro empresarial. 3. ed. São Paulo: Atlas, SANTOS, J. O.; MUSSA, A. & MULLER, W. R. I. Análise da geração de valor medida pelo EVA e por vetores de desempenho de natureza Contábil um estudo de caso na companhia Vale do Rio Doce. Encontro da ANPAD. Rio de Janeiro, & WATANABE, R. Uma Análise da correlação entre o EVA e o MVA no contexto das empresas brasileiras de capital aberto. Caderno de Pesquisa em Administração, v.12, n.1, p.19-32,
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