Centro de Ciências da Saúde Curso: Nutrição
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1 Centro de Ciências da Saúde Curso: Nutrição RESUMO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Título do Trabalho: Aspectos nutricionais de mulheres submetidas à cirurgia bariátrica relacionados ao período gestacional e pós-parto Autores: Letícia De França Ferraz Margrethe Silva Andreassen Silvana Nazareth Rodrigues De Jesus Orientador: Dra. África Isabel de la Cruz Perez Neumann Co- Orientador: Profº Ms. Cezar Henrique de Azevedo Resumo: INTRODUÇÃO A obesidade pode ser definida como uma doença resultante do acúmulo anormal ou excessivo de gordura sob a forma de tecido adiposo, resultando em prejuízos à saúde (PEREIRA, et al., 2003). De acordo com Fandiño et al (2004), a obesidade é considerada grave e acarreta prejuízos para a saúde a cada dia, surgindo novas estratégias para esta doença sendo uma delas a cirurgia bariátrica (RIBEIRO; BIZON; SANTOS, 2005). O número de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica vem aumentando constantemente no mundo, tendo como fator determinante o aumento da prevalência da obesidade em todas as faixas etárias. A nível mundial observa-se um aumento no número de mulheres obesas em idade fértil que se submetem à cirurgia bariátrica (SALINAS et al, 2006). Muitos pacientes obesos já apresentam deficiências nutricionais clínicas ou subclínicas antes da cirurgia. Por essa razão deveriam ser evidenciados os níveis séricos de vitaminas e minerais antes da cirurgia, para evitar ou minimizar as complicações nutricionais no período pós-cirúrgico (SALINAS et al, 2006). Os principais nutrientes afetados pela cirurgia bariátrica são: proteínas, tiamina, ferro e
2 cálcio (SALINAS et al, 2006). Durante a gestação, como conseqüência das deficiências nutricionais, a mãe e o feto em desenvolvimento podem apresentar sérias complicações a curto e longo prazo. O acompanhamento pós-operatório com suplementação de vitaminas e minerais prévios a uma gravidez é o ideal (SALINAS et al, 2006). Mulheres que perderam peso com sucesso depois de um procedimento cirúrgico e engravidaram devem ser observadas com extremo cuidado por causa das várias deficiências nutricionais que ocorrem. Operações restritivas limitam a ingestão de calorias. Mulheres que se submeteram a procedimentos malabsortivos possivelmente terão deficiências de ferro, vitamina B 12 e/ou vitaminas lipossolúveis (MARTIN et al, 2000). É desaconselhável engravidar no início do pós-operatório, pois nesse período há uma rápida perda de peso, sendo prejudicial para a mãe e feto (PRINTER, SCOTT, 1982). Ternamian (2000), refere que após a cirurgia bariátrica, os suplementos de vitaminas e minerais devem ser aumentados. Para o ferro deve-se acrescer a DRI para gestantes, respeitando seu trimestre, mais a recomendação pós-cirurgia bariátrica. Para vitamina B 12, é recomendado utilizar 1000 mg/ mês. O ácido fólico está relacionado com o tubo neural, por isso idealmente deve-se oferecer 1mg/dia via oral durante toda a gestação. As vitaminas lipossolúveis, o cálcio, magnésio e zinco também podem estar deficitários. As suplementações devem ser monitoradas mensalmente e se deve realizar exame físico para detecção de déficit de algum micro ou macronutriente (CARLINI, 2001). OBJETIVOS Objetivo Geral Avaliar aspectos nutricionais de mulheres que se submeteram à cirurgia bariátrica, relacionados ao período de gestação e pós - parto. Objetivos Específicos Verificar: Procedimento cirúrgico realizado; Estado nutricional anterior e posterior à cirurgia;
3 Uso de suplementação nutricional e medicamentosa após cirurgia e durante a gestação; Condições da criança ao nascer. CASUÍSTICAS E MÉTODOS O estudo foi caracterizado como transversal, sem ocorrência de intervenção. A amostra foi composta por um grupo de 38 mulheres de diversas faixas etárias, de várias localidades do país. O contato foi realizado por meio de sites de relacionamentos e comunidades afins da Internet. As mulheres que concordaram em participar da pesquisa foram convidadas a responder um questionário composto por perguntas fechadas e de múltipla escolha. Para tal, foi desenvolvido um questionário eletrônico, composto de 103 perguntas, que esteve hospedado no endereço da página virtual da Universidade. Porém, para o presente estudo foram analisadas 75. O instrumento de pesquisa utilizado consistiu de cinco módulos: informações gerais (sociodemográficos, informações da época da cirurgia e atuais), períodos pré e pós-operatório, gestacional e pós-gestacional relacionados ao concepto. A duração média da coleta de dados foi de três meses (junho a agosto de 2007). As principais variáveis consideradas para análise foram: IMC prévio à gastroplastia e por ocasião do diagnóstico de gestação, comorbidades associadas à obesidade, intercorrências clínicas no pós-operatório, sinais equitoscópicos, deficiências nutricionais pós-cirurgia e pós-gestação. RESULTADOS E DISCUSSÃO A maior parte da população estudada encontra-se na região Sudeste, sendo que o estado de São Paulo concentra a maior parte. Em relação à escolaridade, 78% relataram ter nível superior completo ou incompleto. A grande parte desta população apresentava nível de escolaridade alto (superior completo/ incompleto), devendo haver um maior poder aquisitivo por parte das mesmas, o que pode ser relacionado ao tipo de assistência médica prestada, sendo a particular correspondente a 76%. Em relação à opção pela cirurgia o motivo mais relatado foi em relação à melhora do colesterol e na dificuldade em se conseguir emprego. Segundo Segal, Cardeal e Cordas (2002) a presença da obesidade grau III está associada à piora da qualidade de vida, a alta freqüência de comorbidades, a redução da expectativa de vida e a probabilidade de
4 fracassos dos tratamentos menos invasivos. O procedimento cirúrgico mais citado pelas mesmas foi o procedimento misto que faz uso tanto dos mecanismos disabsortivos como dos restritivos, causando ao mesmo tempo restrição mecânica ao bolo alimentar e má absorção intestinal. A média de redução de peso corporal foi de 50 kg. De acordo com Lima (2006), a técnica de Capella (procedimento misto) é uma das técnicas mais utilizadas em todo o mundo. De acordo com os dados antropométricos, verifica-se que 21% apresentavam IMC entre 38 a 41 kg/m 2 antes da cirurgia bariátrica. Após a cirurgia bariátrica 21% apresentavam IMC entre 21 a 24 kg/m 2. De acordo com os dados da amostra, 60,52% fizeram acompanhamento com nutricionista. Houve utilização de suplementos vitamínicos e minerais por 100% das participantes. Os sinais e sintomas carenciais predominantes após a cirurgia e durante o período gestacional foram dor articular, queda de cabelo, gengivas sangrantes, cárie dental, formigamento em membros, raciocínio prejudicado, tonturas, infecções freqüentes, problemas renais entre outros. A grande maioria das mulheres estudadas relatou nunca haver fumado, houve uma pequena porcentagem que relatou ter fumado durante a gestação, o que é de extremo malefício ao respectivo concepto. Segundo Leopércio; Gigliotti (2004) o fumo na gravidez é responsável por 20% dos casos de fetos com baixo peso ao nascer, 8% dos partos prematuros e 5% de todas as mortes perinatais. Quanto aos exames laboratoriais, verificou se que após o procedimento cirúrgico, grande parte da amostra analisada manteve todos os níveis no patamar normal. Em relação ao ganho de peso das mulheres no período gestacional a maioria se encontrou no intervalo de peso adequado para pessoas eutróficas. Em relação ao desenvolvimento fetal, 21% referiram desenvolvimento anormal como crescimento intra-uterino inadequado. Quanto às condições de nascimento da criança, 90% nasceram de parto cesariana. Muitas vezes o parto cesariano está associado com um parto prematuro onde a mãe ou o feto correm risco de vida ou se é uma opção do médico ou da mãe. 39% referiram problemas após o nascimento, com predomínio de problemas respiratórios e infecções. 49% nasceram pré-termo; 23% com peso inferior a 2,5 kg. O peso dos bebês obteve maior porcentagem entre 2500 a 2999g. Segundo o estudo proposto por Lima et al (2006), as crianças apresentaram respectivos pesos entre 2775g a 3715g e apenas 10% amamentaram exclusivamente até os 6 meses, o que é extremamente prejudicial pois o desmame precoce contribui positivamente para o comprometimento do crescimento e desenvolvimento do bebê.
5 CONCLUSÃO Apesar das evidências de comprometimento do estado nutricional após a realização da cirurgia, a grande maioria das pesquisadas afirmou que a faria novamente. A literatura ainda é deficiente de informações sobre as implicações e riscos da gravidez após a realização da cirurgia bariátrica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁGICAS CARLINI, M. P. Avaliação nutricional e de qualidade de vida de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica. Disponível em: < Acesso em: 10/2/2007. LEOPÉRCIO, W.; GIGLIOTTI, A. Tabagismo e suas peculiaridades durante a gestação: uma revisão crítica. J. bras. pneumol. v.30, n.2, São Paulo, Mar./Apr., LIMA, J. G. de. Gestação após gastroplastia para tratamento de obesidade mórbida: série de casos e revisão da literatura. Rev. Bras. Ginecol. Obstet, v. 28, n. 2, Rio de Janeiro, Feb., MARTIN, L. F.; FINIGAN, K. M.; NOLAN, T. E. Pregnancy After Adjustable Gastric Banding. Obstetrics & Gynecology, v 95, n 6, p , June, PEREIRA, Luciana O.; FRANCISCHI, Rachel P. de; LANCHA JR., Antonio H. Obesidade: hábitos nutricionais, sedentarismo e resistência à insulina. Arq Bras Endocrinol Metab. São Paulo, v. 47, n. 2, Disponível em: < Acesso em: 26 Maio RIBEIRO, C. P. et al. Aspectos emocionais do paciente submetido à cirurgia bariátrica f. Monografia (Conclusão de Curso de Enfermagem) - Universidade Católica de Santos. SALINAS, Hugo, et al. Cirurgia Bariátrica Y Embarazo. Rev. Chilena Obstetrícia Ginecológica, p , v. 7, n.5, SEGAL, A.; CARDEAL, M. V.; CORDÁS, T. Aspectos psicossociais e psiquiátricos da obesidade. Rev. Psiquiatria Clínica. São Paulo, v. 29, n. 2, p , Palavras-Chave: Cirurgia Bariátrica; Obesidade; Gestação Santos, de novembro de 2007
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