Por conta da complexidade e extensão do tema, achei por bem separarmos uma aula apenas para falarmos sobre sociedade anônima.
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- Baltazar Barros
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1 AULA 5: ASSUNTO: SOCIEDADE ( SOCIEDADE ANÔNIMA) Caro aluno, Por conta da complexidade e extensão do tema, achei por bem separarmos uma aula apenas para falarmos sobre sociedade anônima. Vamos aumentar nosso número de aula, visto que no cronograma, este tema estaria inserido na aula 4. Acredito que a qualidade de nosso estudo será muito maior... Bom, vamos ao que realmente interessa! DA SOCIEDADE ANÔNIMA Meu aluno, a sociedade anônima recebeu do nosso ordenamento jurídico tratamento diferenciado, regida por uma lei específica (lei 6.404/76), não sendo tratada no Código Civil, como as demais sociedades. Da prática de governança corporativa:
2 Tem como fim estabelecer padrões de gestão das sociedades anônimas, com o intuito de passar aos seus acionistas mais confiança. Provavelmente você já ouviu falar na BOVESPA, mas não identifica exatamente o que vem a ser. Expliquemos agora a sua utilidade: em fora criado o Novo Mercado da BOVESPA, justamente com o fim de passar aos sócios os padrões de gestão adotados pelas sociedades, conferindo àqueles mais segurança quanto a sua participação social. Entretanto, a adesão à BOVESPA é ato voluntário, conferido às sociedades anônimas que queiram atrair investidores, passando a estes mais confiança, visto que as sociedades que aderem, proporcionarão aos seus acionistas boa gestão dos negócios e constante monitoramento da atuação gerencial. O fundamento da BOVESPA, para proporcionar tais benefícios aos acionistas das sociedades que a aderirem, encontra-se: Na transparência Equidade de tratamento entre os acionistas majoritários e minoritários Prestação de contas confiável PANORAMA GERAL DA SOCIEDADE ANÔNIMA 1- Natureza capitalista:
3 Em regra, a entrada de estranhos ao seu quadro social independerá da anuência dos demais sócios. Entretanto, em nosso ordenamento contemporâneo, não se pode mais afirmar que toda sociedade anônima é capitalista. Não é difícil encontrarmos sociedades anônimas que limitem a entrada de estranhos. Tal situação é muito normal nas sociedades anônimas de capital fechado de cunho familiar. Tais limitações, por exemplo, ocorrem quando o estatuto ou acordo de acionistas da sociedade prevê a limitação de circulação de ações nominativas. 2- Da natureza empresarial Como já vimos, nas aulas anteriores, a sociedade anônima é tipo societário que sempre será empresária! Ainda que uma sociedade anônima desenvolva atividade econômica sem organização, será considerada empresária. 3- Adotará denominação como nome social A sociedade anônima designará seu objeto social (descrição da atividade que realiza), acompanhada das expressões: sociedade anônima ou companhia, por extenso ou de forma abreviada. A expressão companhia não poderá estar no final. Somente poderá aparecer no começo ou no meio. Veja: Cia de fabricação de roupas (pode)
4 Roupas Cia de fabricação (pode) Fabricação de roupas Cia (não pode) 4- Da responsabilidade dos acionistas A responsabilidade dos sócios será limitada e cada um só responde por aquilo que subscreveu. 5- Da classificação das sociedades anônimas As sociedades anônimas podem ser de: a) Capital aberto: São aquelas que têm autorização da CVM para negociar seus valores mobiliários no mercado de capitais. b) Capital fechado: É justamente o contrário da definição anterior. É aquela que não tem autorização da CVM, e por isso, não poderá negociar seus valores mobiliários no mercado de capitais. Do mercado de capitais: Trata-se do local onde os valores mobiliários emitidos pela companhia de capital aberto serão negociados. Verifica-se que para negociar tais valores no mercado, a Cia precisará de uma autorização, concedida pela CVM.
5 A CVM é uma autarquia federal que tem a função de fiscalizar e controlar as operações no mercado de capitais. Trata-se na verdade de uma agência reguladora. Logo, podemos concluir que a competência da CVM consiste em: Regulamentar Autorizar Fiscalizar A bolsa de valores é uma associação privada, formada por sociedades corretoras, que por meio de autorização da CVM, mantém local adequado para a realização de operações de compra e venda de valores mobiliários. A finalidade da bolsa de valores é dinamizar as operações do mercado de capitais, ampliando o volume de negócios por meio de pregão diário, em que os agentes das corretoras que participam da bolsa, se encontram constantemente. O mercado de balcão consiste em qualquer operação realizada fora da bolsa de valores. Podem atuar no mercado de balcão, as sociedades corretoras e instituições financeiras autorizadas pela CVM. Assim, o mercado de capitais é formado pela bolsa de valores e mercado de balcão.
6 O mercado de capitais pode operar no setor primário ou secundário. Aquele consiste nas operações de subscrição dos valores, enquanto o secundário consistirá apenas na compra e venda de ações já subscritas. Perceba que o mercado primário apresenta uma ligação entre a Cia e aquela pessoa que está subscrevendo. Trata-se da primeira negociação daquele valor mobiliário. Já no mercado secundário, verifica-se que um investidor não mais tem interesse em permanecer detentor daquele valor mobiliário e o transfere a outro interessado. Verifique: A bolsa de valores somente operará no mercado secundário, ou seja, somente poderá intermediar a relação entre aquele que detém o valor mobiliário e o interessado em adquiri-lo. (perceba que não há aqui qualquer participação da Cia)
7 Já o mercado de balcão, poderá operar no setor primário ou secundário. 6- Da constituição da sociedade anônima Como a sociedade anônima não é uma sociedade de pessoas, ela não é contratual, mas sim institucional, a ser regida por um estatuto, e não um contrato social. É no artigo 80 da lei que encontramos requisitos preliminares de constituição da sociedade anônima, a ser obedecido por quaisquer delas (tanto a s.a de capital aberto, quanto a s.a de capital fechado). Observe: A constituição da Cia depende dos seguintes requisitos preliminares: I. Subscrição, pelo menos por 2 pessoas, de todas as ações que se divide o capital; Todas as ações deverão ter imediatamente um proprietário, desde o início da constituição da sociedade anônima. Não se pode por exemplo, ter uma sociedade com 3 ações e apenas 2 estarem subscritas por alguém e a outra a ganhar subscritor após a constituição da Cia. II. Realização, como entrada de ao mínimo 10%, no mínimo, do preço de emissão das ações subscritas, em dinheiro
8 Na subscrição não é necessário a integralização daquilo que subscreveu, imediatamente. Apenas 10% desse valor precisa ser integralizado imediatamente. III. Depósito no Banco do Brasil ou em outro estabelecimento bancário autorizado pela CVM, da parte do capital realizado em dinheiro. Os 10% imediatamente integralizados deverão ser depositados no Banco do Brasil. Tal depósito somente poderá ser levantado pela s.a após a aquisição de sua personalidade jurídica. Como a personalidade se adquire com o registro na junta comercial, a sociedade somente poderá levantar os valores depositados, após o efetivo registro. Portanto, se a sua constituição não ocorrer em 6 meses da data do depósito, o dinheiro depositado será devolvido pela instituição financeira aos seus devidos subscritores. Requisitos específicos para a constituição de uma sociedade anônima de capital aberto: se constituem por meio de subscrição pública, que se dará com o registro prévio na CVM, colocação das ações à disposição dos subscritores interessados e realização de assembleia inicial de fundação. Tanto na busca da autorização, quanto na colocação das ações à disposição dos
9 interessados, os fundadores precisarão contratar uma instituição financeira, que intermediará essas duas atividades. Trata-se do chamado serviço de underwriting. após a conquista da autorização e a colocação de tais ações no mercado, a Cia deverá realizar uma assembleia- geral de fundação, que deverá obedecer ao seguinte quórum específico: 1ª convocação: com subscritores que representem ao menos metade do capital 2ª convocação: com qualquer número Nessa assembleia, será aprovado o projeto de estatuto. Cada ação, independentemente de sua classe ou tipo, dará ao seu subscritor direito a um voto. A manifestação em contrário pela maioria, não terá o poder de alterar o estatuto. Para a sua alteração, será necessário inanimidade. O estatuto será considerado aprovado, desde que não ocorra oposição de mais da metade do capital social. E m n o Aprovação Alteração do projeto Não aprovação Não oposição de mais da metade do capital social Unanimidade Oposição por mais da metade do capital social
10 máximo 30 dias da realização da assembleia, os fundadores deverão levar seus atos constitutivos à registro na junta comercial. Junto ao estatuto, deverão levar a ata da reunião, devidamente assinada ao menos por subscritores que bastem à validade das deliberações ou todos os presentes. Dos requisitos específicos para a constituição de uma sociedade anônima de capital fechado O procedimento é bem mais simples, e pode ser chamado de subscrição particular, a ocorrer em assembleia geral ou por escritura pública. Se a constituição se der por assembleia, tem-se, aqui, as mesmas regras elencadas na assembleia de constituição das sociedades anônimas de capital aberto. Se a escolha for por escritura pública, a ser lavrada em cartório, deverá esta ser assinada por todos os subscritores, com suas respectivas qualificações. 7- Da participação no capital social com bens Pode ser que ao subscrever uma parte do capital, um determinado acionista queira integralizá-la com um bem imóvel seu. Nesse caso, efetivará a transferência do bem à sociedade. Em termos gerais, a transferência de um bem imóvel somente ocorrerá após a prática de dois atos, quais sejam: escritura pública e posterior registro no RGI. Entrementes, o legislador civil previu que a lei poderá afastar a necessidade da escritura pública, e foi justamente o que a lei fez.
11 Em seu artigo 89, a referida lei dispensou a necessidade de escritura pública quando a transferência do bem imóvel se der em composição do capital social, bastando uma certidão, a ser expedida pela junta comercial, sobre os atos constitutivos da s.a, para que se efetive a transferência. Tal dispensa somente será aplicada às sociedades anônimas e às sociedades comanditas por ações, visto que são regidas subsidiariamente pelas regras da lei Observações gerais Enquanto não registrados os seus atos constitutivos na junta comercial, a sociedade anônima deverá usar a expressão: em organização Os fundadores e as instituições financeiras responderão pelos prejuízos causados, por conta da inobservância dos preceitos legais. Quanto às operações realizadas antes da constituição da Cia, os seus fundadores responderão, solidariamente, pelo prejuízo decorrente de culpa ou dolo. Nenhuma companhia poderá funcionar antes do arquivamento e publicidade, que deverá se dar nos 30 dias seguintes ao arquivamento, em órgão oficial, dos seus atos constitutivos na junta comercial. Um exemplar do órgão oficial deverá ser arquivado no registro de comércio. 9 Do capital social O capital social consiste no montante das contribuições dos sócios para a sociedade. O capital social, corrigido anualmente, será fixado pelo estatuto da Cia.
12 O valor mobiliário representativo do capital social é a ação. As ações podem ser emitidas com ou sem valor nominal. (valor nominal corresponde ao valor total do capital, dividido pelo número de ações emitidas pela Cia). A emissão de ações sem valor nominal permitirá que a Cia, caso emita novas ações, as emita com valor inferior ao valor nominal das primeiras. Isso acarretará um prejuízo ao acionista anterior, que terá uma redução injustificada no valor nominal de suas ações. Já se a emissão da ação for com valor nominal, caso a sociedade posteriormente emita novas ações, não poderá cobrar valor inferior ao valor nominal das ações já existentes. As novas ações sempre serão emitidas por valor igual ou superior às já existentes. Caso a emissão seja Por valor superior ao valor nominal, a diferença entre o preço cobrado e o valor nominal será chamada de ágio e será destinada à reserva de capital da Cia. Exemplo: Capital social: 1000 Ações emitidas: 10 Valor nominal das ações: 1000 : 10 = 100 (cada ação valerá 100 reais. todas as ações sempre terão o mesmo valor) Se as ações tiverem valor nominal de 100 reais, as novas ações não podem ter preço inferior a 100. Se o preço for, por exemplo, 150, os 50 reais de diferença, será destinado à reserva de capital, que funcionará como se fosse uma poupança da sociedade. Se as ações não tiverem valor nominal, e a Cia decidir emitir mais 100 ações, por 50 reais cada, o valor das ações agora sofrerá a seguinte modificação: Capital: = 6000 Total de ações: = 110
13 Valor nominal das ações: 6000 : 110 = 54,54 (cada ação passará a valer 54,54 reais. observe que o acionista antigo sofreu uma diminuição no seu valor nominal e o novo está na vantagem, visto que pagou 50, mas o valor nominal de sua ação será de 54. O princípio da intangibilidade do capital social é no sentido de tornar impossível a alteração no capital social por conta da devolução da parte do sócio que não mais queira continuar no quadro societário. Esses acionistas insatisfeitos deverão por conta própria, a princípio, promover a transferência de sua ação a outro interessado. Diferente do que ocorre nas sociedades contratuais, não há que se falar aqui em liquidação parcial da sociedade. Como já fora comentado, é possível que a integralização do capital se dê por bens. Nesse caso, tais bens deverão ser avaliados por 3 peritos ou por empresa especializada. A escolha do avaliador deverá ser feita em assembleia, convocada para esse fim, a ser instalada em primeira convocação por subscritores que representem no mínimo metade do capital social, ou em segunda chamada, por qualquer número. O laudo pericial realizado será apresentado ao subscritor, que poderá concordar ou não com o valor; Se houver concordância, haverá uma assembleia para aprovar o valor apresentado. O valor da perícia não poderá ser superior ao valor arbitrado pelo subscritor Se não houver aprovação do valor pela assembleia ou subscritor, ficará sem efeito o projeto de constituição da Cia. Os avaliadores e o subscritor responderão por culpa ou dolo na avaliação dos bens.
14 A responsabilidade civil dos subscritores que contribuírem com bens será idêntica ao do vendedor, que responderá pelo vício redibitório, evicção ou solvência, sendo neste último caso, quando a integralização se der com transferência de crédito. 10 Da integralização do capital social As condições e prazos de pagamento da integralização deverão ser definidos no próprio estatuto ou pelo boletim de subscrição. Caso sejam omissos, caberá aos órgãos administrativos efetuar chamada, mediante avisos publicados na imprensa, por 3 vezes, fixando prazo não inferior a 30 dias, para pagamento. O acionista que não satisfizer o crédito de acordo com os prazos fixados nas situações anteriores será considerado constituído em mora, sujeitando-se a pagar juros, correção monetária e multa, determinada pelo estatuto, que não poderá ser superior a 10% do valor da prestação. Ao ser constituído em mora, o acionista inadimplente passa a ser chamado de acionista remisso, podendo sofrer as seguintes conseqüências: Art. 107, lei segundo o referido dispositivo, a Cia poderá tomar uma das seguintes atitudes: Promover processo de execução servindo o boletim de subscrição e o aviso de chamada como título executivo extrajudicial.
15 Mandar vender as ações em bolsa, por conta e risco do acionista. Assim, se a venda for por valor superior ao que falta para integralizar, o saldo positivo será entregue ao remisso. Do contrário, caso a venda seja por valor inferior, o saldo remanescente continuará a perseguir o remisso. Tal leilão deverá ser especial, a ser publicado por 3 vezes, com antecedência mínima de 3 dias. Promovendo a execução, sendo esta frustrada, no todo ou em parte, poderá a companhia promover a alienação das ações em bolsa. Do contrário, caso opte pela venda em bolsa e não se consiga alienar todo o necessário à integralização, poderá a companhia executar o saldo remanescente. É possível ainda que nenhuma dessas duas medidas adotadas seja eficaz. Assim, infrutíferas tais mediadas, o parágrafo 4º do artigo 107 da lei 6.404, dispõe que a companhia terá de declará-las caducas, realizar a integralização, com os lucros e reservas, exceto a legal, da sociedade, tomando as ações para si. Caso a companhia não tenha lucros ou reservas suficientes, terá 1 ano para colocar as ações caídas em comisso, findo qual não tendo sido encontrado comprador, a assembleia deliberará sobre a redução do capital em importância correspondente. 11- Das ações É o principal valor mobiliário emitido pela Cia. Na verdade, representa parcela do capital social, conferindo ao seu titular o status de sócio. São consideradas bens móveis e podem assim ser classificadas: a) Quanto aos direitos e obrigações:
16 Ordinárias Conferem direito a voto Conferem ao seu titular direitos ordinários, elencados no artigo 109, da lei 6.404/76 Na sociedade anônima de capital aberto, não podem ser divididas em classes diferentes. Preferenciais Podem afastar do seu titular o direito a voto. Preferência ou vantagem em relação às ações ordinárias. Tais preferências podem consistir em: Prioridade na distribuição de dividendo, fixo ou mínimo; Prioridade no reembolso do capital, com prêmio ou sem ele Acumulação das vantagens anteriores ou outras vantagens dispostas no estatuto Podem ser divididas em diversas classes, seja a Cia de capital aberto ou fechado. Observações: O STJ entendeu válida cláusula estatutária que iniba a participação do acionista preferencial, cuja preferência consista em dividendos fixos, no saldo remanescente do lucro. (exemplo disso pode ser verificado quando o acionista já recebeu o dividendo fixo, estabelecido no estatuto, mas ao final, os sócios acabam recebendo valor bastante superior ao dividendo fixo. É possível que o estatuto determine que nesse caso, o sócio preferencial não receba mais do que aquilo que fora pago a título de dividendo fixo). Há uma outra categoria de ações preferenciais, usada em processo de privatização das companhias estatais brasileiras ou ainda nos casos de alienação do controle acionário. Tais ações preferenciais são conhecidas como golden share. Estas ações serão de titularidade do ente, e lhe conferirá o
17 poder que especificar, e ainda, o poder de veto em determinadas deliberações em assembleia. O número de ações preferenciais emitidas com restrição ao direito de voto não poderá ultrapassar a 50% do total das ações emitidas pela Cia. Assim, caso a Cia emita 30 ações ordinárias e 70 ações preferenciais, necessariamente, 20 dessas ações preferenciais precisarão conferir direito a voto. As outras 50 podem ou não conferir direito a voto, a depender do que estipulará o estatuto. Isso significa dizer que ao menos metade das ações emitidas pela Cia deverá conferir aos seus titulares direito a voto. Ação de fruição São emitidas em substituição a ações ordinárias ou preferenciais que foram totalmente amortizadas, conferindo aos seus titulares direito de gozo ou fruição. A amortização consiste na distribuição aos acionistas, a título de antecipação e sem redução do capital, de quantias que lhes poderiam tocar em caso de liquidação da Cia. Assim, as ações integralmente amortizadas poderão ser substituídas por ações de fruição. Ocorrendo a liquidação da Cia, as ações amortizadas só concorrerão ao acervo líquido depois de assegurado às ações não amortizadas valor igual ao da amortização, corrigido monetariamente. Exemplo: fulano teve a sua ação amortizada por 10 reais. Em troca recebera ação de fruição. Esta somente será usada se a Cia um dia vier a ser extinta. 5 anos depois da amortização, a Cia vem a ser extinta. Nela há apenas 2 acionistas, e cada um receberá 20 reais, a título de rateio do que sobrou após o pagamento de todo o passivo.
18 Os 10 reais pagos ao acionista de fruição hoje valem 15 reais, por conta da correção monetária. A Cia pode entregar 20 reais a cada acionista, mas não fará, visto que ela deverá entregar apenas aquilo que corresponde ao valor das ações que foram amortizadas anteriormente. Como ela poderia pagar 20 a cada e apenas pagará 15, terá uma sobra de 10 reais. Quanto a essa sobra, haverá um novo rateio, participando deste o acionista portador da ação de fruição. Logo, os 10 reais que sobraram será dividido por 3 (2 sócios + 1 que teve a sua ação amortizada) Repare que no final das contas, todos receberão a mesma quantia. É como se o amortizado tivesse recebido apenas de forma antecipada. Caso o que tenha sobrado, após dividido entre os acionistas não supere o que foi pago ao amortizado, corrigido monetariamente, não haverá a chamada ao portador da ação de fruição! Conclusão: ela não terá servido para nada! b) Quanto à forma de transferência: Nominativas Escriturais São transferidas através de São mantidas em conta registro em livro específico depósito, em nome de seu titular Trata-se de ato formal, a São mantidas por uma exigir certa solenidade, consistente no comparecimento do adquirente e alienante A prova de sua titularidade se dará por certificado instituição financeira autorizada pela CVM. A transferência se efetivará à débito na conta de ações do alienante e a crédito na conta de ações do adquirente Não possuem certificado. A prova de sua titularidade ocorrerá por extratos todas as vezes que o titular requerer, sempre que houver
19 movimentação e uma vez por ano. 12- Do valor da ação Imagine uma casa construída. Este bem apresentará diversos valores, visto que o valor da obra será um, o valor da casa por conta da localidade será outro. Assim, podemos dizer que essa mesma casa tem dois valores diferentes, quais sejam: valor de construção e valor de mercado. Assim como no fato narrado acima, as ações podem possuir diferentes valores, a depender do fator que se está levando em consideração na avaliação. a) Valor nominal Como já abordado anteriormente, o valor nominal pode ser apurado da seguinte forma: valor do capital dividido pelo número de ações emitidas pela Cia. O estatuto poderá definir se as ações terão ou não valor nominal. b) Valor de negociação Também chamado de valor burístico. Você, meu aluno já sabe que as operações de compra e venda de ações ocorrerá no mercado de capitais secundário. Nessa negociação, o valor da ação oscilará conforme o momento econômico pelo qual passa a companhia. Tudo influenciará... o valor nominal, patrimonial, a fama da companhia no mercado de capitais...entretanto, o valor da
20 venda será definido pelas partes. Pois trata-se de negociação que envolverá apenas o alienante e o interessado. c) Valor patrimonial Esse valor leva em conta o patrimônio líquido da companhia. Para se chegar a esse valor, divide-se o patrimônio líquido da sociedade pelo número de ações existentes na companhia. O resultado dessa operação consistirá no valor patrimonial de cada uma das ações. No momento da constituição da companhia, se as ações tiverem valor nominal, o valor patrimonial e o valor nominal será o mesmo, visto que nesse momento, a companhia não terá assumido nenhuma obrigação. Assim, não haverá passivo. Logo, o ativo que a companhia possui corresponde às contribuições dadas pelos acionistas para a formação do capital. O valor patrimonial da ação é de suma importância, por exemplo se houver amortização de alguma ação. O valor pago ao acionista que teve a sua ação amortizada é o valor patrimonial da companhia ao tempo da amortização. d) Valor econômico Esse valor é obtido através de estudos, realizados por especialistas, no qual se analisa o quanto as ações valeriam se fossem colocadas à venda no mercado de capitais. e) Preço de emissão
21 O preço de emissão consiste no valor que se entrega à companhia, quando da sua constituição ou quando esta resolve aumentar o seu capital social. Percebe-se que essa operação encontra lugar no mercado primário, visto que a operação envolverá a companhia e o interessado em subscrever a ação. 13 Dos direitos e obrigações dos acionistas Existem direitos que pertencem a todo e qualquer acionista. São os chamados direitos essenciais. Tais direitos encontram-se no artigo 109, da lei 6.404/76: Art Nem o estatuto social nem a assembléia-geral poderão privar o acionista dos direitos de: I - participar dos lucros sociais; II - participar do acervo da companhia, em caso de liquidação; III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais; IV - preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado o disposto nos artigos 171 e 172; (Vide Lei nº , de 2013) V - retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei. Cada ação ordinária conferirá ao acionista direito a um voto, nas deliberações da Assembleia- Geral.
22 Apesar de cada ação permitir direito a um voto, a lei confere a possibilidade do estatuto limitar a quantidade de votos por acionista, quando este detiver um determinado número de ações ordinárias. O voto plural, que consiste na possibilidade de mais de um voto por ação é vedado. Não o confunda com o voto múltiplo, este sim permitido em nosso ordenamento. Seu fundamento encontra-se no artigo 141, da lei Este será usado quando da eleição dos membros da administração da companhia, e confere a possibilidade de cada uma das ações ordinárias emitir tantos votos quanto for o número de vagas. É sabido por você, meu aluno, que as ações preferenciais podem não conferir aos seus titulares, direito a voto. Entretanto, se o titular da ação preferencial, sem direito a voto, pelo prazo previsto no estatuto, que não poderá superar a 3 anos, não receber dividendo fixos ou mínimos, passará a ter direito a voto, que permanecerá até que ocorra o pagamento de todos os dividendos devidos. Essa regra somente passará a vigorar a partir do término da implantação do empreendimento inicial da companhia. A ação poderá ser objeto de garantia. Nesse caso, temos a garantia pignoratícia, que consistirá no penhor das ações. Esse penhor não impedirá ao titular de exercer seu direito de voto. Entretanto, querendo as partes, poderá haver no contrato cláusula que impedirá o titular, sem consentimento do credor, votar em determinadas deliberações. Se a garantia fora fiduciária, o direito de voto deve ser exercido pelo devedor (titular). Se a ação for gravada com usufruto, em regra, o direito de voto deve ser regulado no gravame de usufruto. Se o contrato for omisso quanto a esse ponto, o voto somente poderá ser exercido mediante prévio acordo entre o proprietário e usufrutuário. O acionista deverá sempre exercer o direito de voto em benefício da companhia, alcançando os interesses desta. Caso tal direito seja realizado, com desvio, ou seja, para interesse próprio ou alheio, ou
23 ainda, com o fim de causar dano à companhia e a outros acionistas, trazendo prejuízos a esta e aos respectivos acionistas, terá cometido voto abusivo. Para que o acionista seja responsabilizado, diferente das sociedades contratuais, não haverá necessidade do seu voto ter prevalecido. Sendo assim, basta que tenha agido com abuso. Presente o abuso, encontra-se possível a sua responsabilização. O acionista deverá abster-se de votar, quando seus interesses forem conflitantes com os da companhia. Assim, por exemplo, o acionista que contribuir com a transferência de um determinado bem não poderá participar da assembleia que realizará a votação sobre a avaliação. Você se lembra dessa situação? Segundo o artigo 116, da lei 6404, acionista controlador é aquele que é titular da maioria dos votos nas deliberações (requisito objetivo) e usa efetivamente o seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia (requisito subjetivo). O acionista controlador responderá pelos danos causados à companhia, quando agir com abuso de poder. Segundo o STJ, a caracterização do abuso de poder independerá da intenção do agente, mas será imprescindível a ocorrência do dano. O artigo 117, parágrafo primeiro elenca situações que são consideradas abuso de poder, que segundo o STJ, trata-se de rol meramente exemplificativo. Observe que o acionista comum, quando praticar abuso de poder será responsabilizado independentemente de causar prejuízos, mas agir com a intenção de atender interesse pessoal, que possa causar danos à companhia ou ainda, com a intenção de prejudicar esta ou
24 os demais acionistas. Entretanto, o acionista controlador, somente responderá se gerar à companhia efetivo prejuízo, quando agir com abuso de poder. O poder de controle pode ser dividido da seguinte forma: a) Controle totalitário: ocorre nas companhias em que todos os acionistas possuem direito de voto. b) Controle majoritário: exercido pelo acionista que detém a maioria das ações com direito a voto. c) Controle minoritário: o poder de controle é exercido por acionista detentor de menos da metade das ações com direito a voto. Exemplo: quando uma assembleia é realizada na sua segunda convocação, tendo apenas a presença de um quórum muito pequeno para deliberar. d) Controle gerencial: quando o capital social encontra-se super distribuído entre vários acionistas, e ninguém detém quantidade considerável. Nesse caso, o verdadeiro controle será exercido pelos administradores da companhia. Geralmente, as sociedades anônimas de capital aberto possuem controle gerencial, por conta do vasto número de acionistas. O controle da companhia poderá ser alienado. Seus efeitos estão previstos no artigo 254-A, da lei 6.404, que prevê o famoso tag along, também conhecido como direito de venda conjunta. Esse fenômeno exige que o adquirente do controle se obrigue a fazer oferta pública de aquisição de ações, com direito a voto, pertencente aos demais acionistas. Assim, esse adquirente deverá anunciar que comprará as respectivas ações, sendo garantido que este pagará ao menos por estas, 80% do valor que pagara por cada ação pertencente ao bloco de controle. A aquisição de controle de uma companhia aberta poderá ser feita através da oferta pública, em que o interessado na
25 aquisição desse controle demonstrará o número mínimo e máximo de ações que se propõe a adquirir, preço e condições de pagamento, prazo de validade da oferta, que não poderá ser inferior a 20 dias, subordinação da oferta a número mínimo de aceitantes... As companhias abertas somente farão a oferta pública por intermédio de uma instituição financeira, que garantirá o cumprimento das obrigações assumidas pelo ofertante. Até que seja publicada a oferta, a instituição financeira, a companhia e a CVM devem manter sigilo sobre a oferta projetada. A oferta poderá ser amigável, quando preceder de negociação com os administradores da companhia ou hostil, quando a aquisição se der sem essa prévia negociação ou mesmo quando essa for rejeitada. É possível também que os acionistas realizem um Acordo de Acionistas, também chamado de contrato parassocial. Tal acordo poderá consistir em: a) Forma de compra e venda de ações; b) Preferência para a aquisição de ações; c) Exercício do direito de voto; d) Exercício do poder de controle Esse acordo tem como fim reunir as forças dos acionistas, em regra minoritários. O acordo quando arquivado na companhia deverá ser respeitado e poderá ser objeto de execução judicial. Entretanto, as obrigações desse acordo somente poderão ser oponíveis a terceiros, depois de averbados nos livros de registro e nos certificados das ações. Assim, quem não é parte no acordo somente será por este atingido se o mesmo estiver averbado. Os acionistas que através de suas ações, participarem do acordo, não poderão negociá-las na bolsa ou no mercado de balcão.
26 Os votos proferidos em desacordo com o acordo de acionistas, quando devidamente arquivado na companhia, não serão computados. O não comparecimento dos acionistas pertencentes ao acordo, ou dos administradores eleitos por este assegurará à parte prejudicada, ou seja, aos acionistas presentes que aderiram ao acordo, a possibilidade de votar com as ações pertencentes aos ausentes. 14- Dos valores mobiliários: Além das ações, a companhia poderá emitir outros valores mobiliários que terão como fim captar recursos para a companhia. Assim, a companhia consegue recursos financeiros, sem se sujeitar às imposições de uma instituição financeira. Esse autofinanciamento poderá consistir em capitalização, quando a companhia emite novas ações ou securitização, quando a companhia emitir outros valores mobiliários, que veremos a seguir. Bom...vamos agora, meu aluno, conhecer especificamente cada um desses valores mobiliários: a) Debêntures: Tem como fim conferir ao adquirente direito de crédito contra a companhia. Trata-se na verdade de um contrato de mútuo. O adquirente emprestará à companhia o valor da debênture, e esta deverá lhe pagar com juros e correção. A vantagem, meu aluno, é que nesse contrato de empréstimo, caberá à companhia estipular prazos e condições de pagamento. Assim, a companhia pega um pouquinho de cada um, até chegar ao valor que necessita trata-se do famoso ditado que diz:...de grão em grão, a galinha enche o papo A debênture será considerada título executivo extrajudicial.
27 A companhia poderá emitir debêntures que estipule que o seu vencimento somente ocorrerá no caso de inadimplemento do pagamento de juros, dissolução da companhia, ou outras condições. A debênture poderá ofertar ao seu titular juros fixos ou variáveis, participação no lucro da companhia e prêmio de reembolso ou ainda, estipular a sua conversão em ações. Neste último caso, verifica-se que o titular deixará de ser credor e se tornará acionista. Em regra, quem tem competência para deliberar sobre a emissão de debênture é a assembleia. Entretanto, na sociedade anônima de capital aberto, essa competência poderá ser exercida pelo conselho de administração em duas situações: a) Por delegação da assembleia ao conselho, caso a debênture seja conversível em ação; b) Por previsão estatutária conferindo ao conselho de administração a emissão de debêntures conversíveis em ações. c) Quando a debênture não for conversível em ação Podemos esquematizar da seguinte forma:
28 Espécies de debêntures: a) Com garantia real b) Com garantia flutuante c) Quirografárias e d) Subordinadas b) Partes beneficiárias: Caro aluno, agora vamos falar das partes beneficiárias que são espécies de valores mobiliários, fundamentadas no artigo 46 da lei 6.404/76, que confere ao seu titular direito de crédito eventual contra a companhia. Trata-se de título sem valor nominal, estranho ao capital social, que consistirá na participação nos lucros anuais. Fácil agora entender porque que se trata de direito eventual de crédito: se não houver lucro, seu titular nada receberá. Bem como as debêntures, as partes beneficiárias também podem ser convertidas em ações. Com o fim de garantir aos acionistas a efetiva participação nos lucros, a lei determina que não poderá a companhia dispor de mais de 10% do seu lucro anual, para o pagamento de partes beneficiárias. Somente as companhias de capital fechado podem emitir partes beneficiárias.
29 As partes beneficiárias podem ser usadas para remunerar a prestação de serviços. Nesse caso, temos a emissão de partes beneficiárias a título oneroso. Ex.: Suponha-se que uma companhia ao invés de pagar mensalmente por uma prestação de serviço emita em favor do prestador, partes beneficiárias. Isso significa dizer que esse prestador de serviço acabou de efetuar um contrato que pode ser ou não vantajoso para ele, visto que se ao final do exercício social a companhia não obtiver lucro, não haverá qualquer pagamento a esse prestador de serviço. Esse contrato é um contrato de risco em que se ele ganhar poderá receber muito mais do que receberia mensalmente. Entretanto, se não houver lucro naquele exercício social esse prestador de serviços arcará com todos os prejuízos e não poderá realizar qualquer cobrança por fora pela prestação do serviço. As partes beneficiárias também poderão ser emitidas a título gratuito. Por exemplo, isso ocorre quando a companhia quer ajudar socialmente um orfanato, mas também não quer assumir um compromisso que não possa cumprir. Nesse caso, a companhia emite em favor do orfanato um título chamado partes beneficiárias e este só poderá receber algum recurso se por ventura ao final do exercício social a companhia obtiver lucro. Um outro exemplo de partes beneficiárias a título gratuito também pode ser visualizado quando a companhia quer construir alguma coisa em prol dos seus funcionários, como por exemplo, um clube para que estes possam usufruir. Entretanto, não quer assumir o
30 compromisso de manter o clube mensalmente e, assim, emite partes beneficiárias com o fim de financiar os custos do clube. Cabe salientar que as partes beneficiárias emitidas a título gratuito quando não for em favor dos funcionários da companhia não podem ultrapassar o prazo de dez anos. Diante disso, no exemplo em que a companhia emite partes beneficiárias em favor do clube custa salientar que essa emissão poderá ser por prazo indeterminado. Quando ela emite em favor do orfanato essa emissão terá como prazo máximo o período de dez anos. c) Bônus de subscrição Trata-se de valor mobiliário emitido pela companhia que assegura ao seu titular o direito de preferência na subscrição de novas ações. Assim, sempre que a companhia emitir novas ações, os acionistas da companhia que em regra têm preferência para subscrevê-la perderão este lugar, perderão este direito, para aqueles que são portadores de bônus de subscrição. Isso significa dizer que o portador de bônus de subscrição vai ter direito e ser praticamente o número um em adquirir as novas ações da companhia. Em regra, esse direito pertence aos acionistas, e é por isso que quando a companhia emite bônus de subscrição antes de oferecer a terceiros oferece aos próprios acionistas da companhia. Meu aluno, o valor que é pago para a aquisição de bônus de subscrição corresponde tão somente ao direito de ter preferência na fila de aquisição das novas ações, ou seja, corresponde apenas ao
31 direito de ser um dos primeiros a adquirir novas ações. Entretanto, ao realizar essa aquisição o portador de bônus de subscrição também deverá pagar pelo preço da ação. Logo, cabe ratificar que o bônus de subscrição não garante ao seu portador a entrega de novas ações. Ele tem, nesse caso, apenas a preferência em adquiri-las, mas também deverá pagar por estas. O bônus de subscrição também pode ser atribuído adicionalmente ao subscritor de uma ação ou debênture. Isso significa dizer que dependendo do que dispuser a assembleia ou o estatuto, uma ação emitida ou uma debênture, também pode ser acompanhada com um bônus de subscrição, garantindo ao seu titular direito de preferência na aquisição de novas ações, quando emitidas pela companhia. 14- dos órgãos societários Os órgãos societários são: Assembleia Geral, que se chama Assembleia de Acionistas, Conselho de Administração, Diretoria e Conselho Fiscal. a) Assembleia Geral: Trata-se de órgão máximo de deliberação da sociedade anônima. A Assembleia que é composta por todos os acionistas, ou seja, sócios
32 da companhia, pode deliberar qualquer assunto, desde os mais simples aos mais complexos. Entretanto, existem assuntos que são de competência privativa da Assembleia. As matérias de competência privativa estão elencadas no art. 122 da lei 6404/76 e estão assim expressas: I-Reformar o estatuto social; II- Eleger ou destituir a qualquer tempo os administradores e fiscais da companhia; III- Tomar anualmente as contas dos administradores e deliberar sobre as demonstrações financeiras por eles apresentadas; IV Autorizar a emissão de debêntures; V- Suspender o exercício dos direitos do acionista; VI Deliberar sobre a avaliação de bens com que o acionista concorrer para a formação do capital social; VII- Autorizar a emissão de partes beneficiárias; VIII Deliberar sobre transformação, fusão, incorporação e cisão da companhia, dissolução e liquidação e ainda eleger e destituir liquidantes e julgar as suas contas; IX Autorizar os administradores a confessar a falência e pedir a recuperação judicial; Diante disso, havendo necessidade de deliberar sobre as matérias elencadas anteriormente tem-se a convocação de uma Assembleia,
33 que em regra será feita pelo Conselho de Administração, se houver, ou pela Diretoria, no caso de ausência do Conselho de Administração. A competência para a convocação de Assembleia não é exclusiva do Conselho de Administração ou da Diretoria. A Assembleia pode ser convocada por outros órgãos da sociedade anônima ou ainda por acionistas. Tudo isso se encontra descrito no art. 123 que assim dispõe: a) o Conselho Fiscal nos casos previstos nesta lei poderá convocar a assembleia; b) qualquer acionista poderá convocá-la quando os administradores retardarem por mais de 60 (sessenta) dias a convocação dos casos previstos em lei ou no estatuto; c) por acionistas que representem no mínimo 5% do capital social quando os administradores não atenderem no prazo de oito dias pedido de convocação, apresentado devidamente fundamentado com indicação das matérias a serem tratadas; d) por acionistas que representem 5% no mínimo do capital votante ou 5% no mínimo do capital não votante quando os administradores não atenderem no prazo de oito dias pedido de convocação de assembleia para a instalação do Conselho Fiscal. Percebe-se que a convocação da Assembleia por acionistas ocorrerá quando os administradores permanecerem inertes a esse tipo de pedido. Toda convocação será publicada no mínimo três
34 vezes. Nessa publicação será consignado o local, a data, a hora e a ordem em que a assembleia será realizada. Companhia fechada Sociedade Anônima de capital aberto primeira convocação publicação com no mínimo de 8 dias de antecedência, publicação com no mínimo de 15 dias de antecedência. segunda convocação não havendo o quórum necessário na primeira convocação, a segunda publicação acontecerá com cinco dias de antecedência. não havendo o quórum necessário na primeira convocação, a segunda acontecerá com oito dias de antecedência. Se houver desobediência a alguma formalidade da convocação, a Assembleia ainda assim poderá ser considerada válida se todos os acionistas comparecerem. Entretanto, a ausência de um ou outro acionista poderá gerar a anulação da Assembleia que fora realizada em desobediência a tais dispositivos legais. Perceba, meu aluno, que a Assembleia poderá ser convocada duas vezes. Foi explicitado que uma segunda convocação ocorrerá se não houver o atingimento do quórum necessário para a realização da Assembleia na primeira convocação.
35 Em regra, a Assembleia somente irá se instalar na primeira convocação com a presença de acionistas que representem no mínimo um quarto do capital social, com o direito a voto. Se este quórum não for atingido realizar-se-á uma segunda convocação, em que a Assembleia será instalada com qualquer número. Como visto inicialmente, quando começamos a discutir sobre Sociedades Anônimas, nem todos acionistas terão direito a voto, entretanto, todos os acionistas podem comparecer e expor suas opiniões. Não terão direito a voto, mas terão direito a voz. É possível que o acionista que não possa comparecer seja representado por procurador constituído a menos de um ano, desde que este seja acionista, administrador da companhia ou advogado. Se a Sociedade Anônima for de capital aberto o procurador poderá ser também uma instituição financeira. A Assembleia terá um presidente e um secretário que serão escolhidos pelos acionistas presentes. Instalada a Assembleia, passa-se à votação que será considerada realizada quando atingir o quórum da maioria relativa dos acionistas, ou seja, maioria dos presentes. Esta regra encontra-se disposta no art. 129 da lei Tal dispositivo usa a expressão maioria absoluta de votos. Neste ponto, equivocou-se o legislador que na verdade, queria fazer referência à maioria relativa, ou seja, à maioria daqueles que encontram-se presentes na Assembleia. Esta conclusão pode ser ratificada quando se verifica que o quórum de instalação de uma Assembleia é de um quarto dos acionistas
36 com direito a voto. Ora, se as deliberações necessitassem da maioria absoluta, metade mais um do capital, nunca se conseguiria resolver qualquer coisa em Assembleia, visto que esta pode ser instalada com apenas um quarto do capital votante. O 1º do art. 129 prevê quórum diferenciado para a resolução de determinadas matérias: Art As deliberações da assembleia-geral, ressalvadas as exceções previstas em lei, serão tomadas por maioria absoluta de votos, não se computando os votos em branco. 1º O estatuto da companhia fechada pode aumentar o quórum exigido para certas deliberações, desde que especifique as matérias. O mesmo dispositivo confere às Sociedades Anônimas de capital fechado a possibilidade de seus estatutos apresentarem quórum diferenciado, mais rigoroso, para a deliberação de determinadas situações. O nome desse fenômeno chama-se maioria de bloqueio e se trata de importante mecanismo de defesa dos acionistas minoritários que pode chegar a prever até mesmo a necessidade de deliberação unânime, para a aprovação de determinadas matérias. Quórum diferenciado para deliberação de determinadas matérias encontra-se no art. 136 que assim dispõe: Tal dispositivo exige quórum de pelo menos metade das ações com direito a voto para criação de ações preferenciais ou aumento de classes de ações preferenciais existentes, sem guardar proporção com as demais classes de ações preferenciais, salvo se já previstos ou autorizados pelo estatuto tal aumento;
37 alteração nas preferências, vantagens e condições de resgate ou amortização de uma ou mais classes de ações preferenciais, criação de nova classe mais favorecida; redução do dividendo obrigatório; fusão da companhia ou sua incorporação em outra; participação em grupo de sociedade; mudança do objeto da companhia; cessação do estado de liquidação da companhia; criação de partes beneficiárias; cisão da companhia; dissolução da companhia. Observe que tal dispositivo não traz exigência de quórum diferenciado para a transformação da companhia. Logo, se assim for, posta em pauta, a sua aprovação ocorrerá com a maioria relativa. Voltando ao quórum de instalação da Assembleia, cabe salientar que esta situação também pode trazer em cena quórum diferenciado. Isso ocorre quando houver necessidade e reforma do estatuto. Nesse caso, a Assembleia somente será instalada em primeira chamada se houver a presença de pelo menos dois terços do capital votante da companhia. Sem qualquer exceção, a segunda chamada permitirá a instalação da Assembleia com qualquer número de acionistas. de instalação 1ª chamada 1/4 capital social votante 2/3 capital social votante se houver proposta de reforma dos
38 QUÓRUM S/A de deliberação estatutos 2ª chamada qualquer número de acionistas maioria dos presentes matérias do (salvo no art. 129 quórum estatutário instituído para as companhias fechadas) quórum qualificado (acionistas que representem matérias do metade, no art. 136 mínimo, das ações com direito a voto, salvo no quórum estatutário instituído para as cias. fechadas)
39 É possível que nas deliberações haja empate. Nesse caso, aplicase a regra exarada no art. 129 da lei Segundo esse dispositivo se o estatuto da sociedade não estabelecer o procedimento de arbitragem e não contiver nenhum procedimento próprio, haverá a necessidade da convocação de uma Assembleia com o intervalo mínimo de dois meses, a contar da deliberação que fora empatada. Nesse caso, haverá nova deliberação, e se o empate permanecer os acionistas podem concordar em levar tal deliberação a terceiro, ou seja, arbitragem. Caso os acionistas assim não concordem o Poder Judiciário poderá decidir no interesse da Companhia. EMPATE NAS DELIBERAÇÕES 1º 2º 3º ESTATUTO ARBITRAGEM PODER JUDICIÁRIO Verificar se o estatuto prevê a forma de deliberação em caso de empate. Caso haja Se não houver omissão do acordo da estatuto, a resolução por situação pode ser levada à arbitragem, mas apenas se os acionistas concordarem. meio da arbitragem não restará outra senão a deliberação pelo Poder Judiciário, sendo o Judiciário a última alternativa.
40 Todas as deliberações deverão ser lavradas em uma ata de Assembleia. Tal ata deve ser assinada pelos membros da mesa e pelos acionistas presentes. Para que haja validade da deliberação é suficiente a assinatura de quantos bastem para constituir a maioria necessária para as deliberações tomadas na assembleia. Classificação das assembléias: A Assembleia Geral poderá ser ordinária ou extraordinária. A Assembleia geral ordinária é aquela que tem por objeto as matérias previstas no art. 132 e extraordinária nos demais casos. Art Anualmente, nos 4 (quatro) primeiros meses seguintes ao término do exercício social, deverá haver 1 (uma) assembléia-geral para: I - tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as demonstrações financeiras; II - deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de dividendos; III - eleger os administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o caso; IV - aprovar a correção da expressão monetária do capital social (artigo 167). Na verdade na Assembleia considerada ordinária só pode ser objeto de deliberação as matérias que estão elencadas no art 132. A Assembleia Geral Extraordinária trata de qualquer deliberação.
41 Além disso, uma outra característica da Assembleia Geral Ordinária é que ela ocorre necessariamente todo ano até o quarto mês do exercício financeiro seguinte. Por exemplo: a Assembleia geral ordinária de 2014 vai ter que acontecer agora em 2015 até o mês de abril (o quarto mês). A Assembleia geral ordinária e a extraordinária podem ser convocadas cumulativamente para que aconteçam na mesma data, no mesmo local e no mesmo horário quando, por exemplo, exista alguma matéria que extrapole o limite do art. 132, ou seja, matéria que não esteja no art. 132, mas que venha a ser deliberada por algum acaso no momento em que se julgarão as contas dos administradores. Aproveito então a Assembleia geral ordinária para tratar de outros assuntos além daqueles. O procedimento para a realização da Assembleia geral ordinária é um pouco diferenciado e específico, porque os administradores devem comunicar até um mês antes da data marcada para a realização da Assembleia através de anúncios, aos acionistas que se encontram à disposição destes alguns documentos, como por exemplo, o relatório da administração sobre os negócios sociais, a cópia das demonstrações financeiras, o parecer dos auditores independentes, se houver, o parecer do Conselho Fiscal, os demais documentos pertinentes aos assuntos que vão ser tratados na Assembleia geral ordinária. Isso ocorre para que os acionistas recebam isso previamente, possam ler, pensar sobre o assunto, para quando ocorrer a Assembleia geral ordinária eles venham a deliberar. Então eles chegam na Assembleia geral ordinária já sabendo exatamente quais assuntos serão tratados, e a que pé está a sociedade. Assim, é importante que um mês antes da data
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