Curso/Disciplina: Direito Empresarial Objetivo Aula: Direito Empresarial Objetivo - 26 Professor : Priscilla Menezes Monitor : Virgilio Frederich
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1 Curso/Disciplina: Direito Empresarial Objetivo Aula: Direito Empresarial Objetivo - 26 Professor : Priscilla Menezes Monitor : Virgilio Frederich Aula 26 CONTROLE SOCIETÁRIO 1. Formas de Controle Societário. Existem algumas formas de controle societário, dentre as quais estão o majoritário, o minoritário e o gerencial. O primeiro diz respeito a possuir maioria absoluta do capital social com direito a voto, geralmente prevalente em países com alto grau de concentração acionária 1. O controle minoritário é exercido por quem possui maioria relativa, tendo em vista a variada distribuição de ações, permitindo que alguém com 13% das ações, por exemplo, desde que seja o maior acionista, seja o controlador. O controle gerencial é decorrente da distribuição muito pulverizada das ações, fazendo com que o órgão de administração possua o controle com diminuto número acionário, tipicamente prevalente em países maduros no mercado acionário 2. Página1 1 O Brasil possui esse perfil em geral. Famílias que abrem o capital de suas empresas continuam concentrando boa parte das ações. 2 O controle minoritário gerencial é prevalente, por exemplo, nos Estados Unidos e Inglaterra. 3 2 O controle minoritário gerencial é prevalente, por exemplo, nos Estados Unidos e Inglaterra. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 disponível em:
2 2. Acionista controlador. Segundo a Lei das Sociedades Anônimas 3, Lei nº 6.404/1976, (LSA) em seu artigo 116, o acionista controlador deve possuir: - titularidade de direitos de sócio que assegurem de modo permanente a maioria dos votos na Assembleia Geral e eleição dos administradores; - usar efetivamente este poder para movimentar os negócios da companhia. Art Entende-se por acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que: a) é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos votos nas deliberações da assembleia-geral e o poder de eleger a maioria dos administradores da companhia; e b) usa efetivamente seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia. Parágrafo único. O acionista controlador deve usar o poder com o fim de fazer a companhia realizar o seu objeto e cumprir sua função social, e tem deveres e responsabilidades para com os demais acionistas da empresa, os que nela trabalham e para com a comunidade em que atua, cujos direitos e interesses deve lealmente respeitar e atender. Esses dois fatores são combinados para garantir que a maioria acionária esteja conjugada com o ânimo de exercer o controle. Desse controle deriva a obrigação de o controlador garantir a função social da empresa, que se ampara em quatro pilares: -Direito ambiental -Direito do consumidor -Direito do trabalho -Direito da concorrência Esse não é o caso de empresas que poluem o meio ambiente, como ocorreu em Mariana, MG, ou empresas que formam cartéis ou empresas que empregam mão de obra escrava, como algumas confecções na indústria da moda ou várias empresas que descumprem o Código de Defesa do Consumidor. Caso haja descumprimento da observância da função social da empresa ou abuso de poder pelo controlador, aplica-se o artigo da Lei nº 6.404/ Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 disponível em: 4 Lei nº 6.404/1976, Art O acionista controlador responde pelos danos causados por atos praticados com Página2 abuso de poder. 1º São modalidades de exercício abusivo de poder: a) orientar a companhia para fim estranho ao objeto social ou lesivo ao interesse nacional, ou levá-la a favorecer outra sociedade, brasileira ou estrangeira, em prejuízo da participação dos acionistas minoritários nos lucros ou no acervo da companhia, ou da economia nacional;
3 O abuso de poder é caracterizado pelas ações descritas no artigo 117 da Lei das Sociedades Anônimas, como, por exemplo, a liquidação da companhia rentável para obtenção de lucro ou lesar os acionistas minoritários. Página3 b) promover a liquidação de companhia próspera, ou a transformação, incorporação, fusão ou cisão da companhia, com o fim de obter, para si ou para outrem, vantagem indevida, em prejuízo dos demais acionistas, dos que trabalham na empresa ou dos investidores em valores mobiliários emitidos pela companhia; c) promover alteração estatutária, emissão de valores mobiliários ou adoção de políticas ou decisões que não tenham por fim o interesse da companhia e visem a causar prejuízo a acionistas minoritários, aos que trabalham na empresa ou aos investidores em valores mobiliários emitidos pela companhia; d) eleger administrador ou fiscal que sabe inapto, moral ou tecnicamente; e) induzir, ou tentar induzir, administrador ou fiscal a praticar ato ilegal, ou, descumprindo seus deveres definidos nesta Lei e no estatuto, promover, contra o interesse da companhia, sua ratificação pela assembleia-geral; f) contratar com a companhia, diretamente ou através de outrem, ou de sociedade na qual tenha interesse, em condições de favorecimento ou não equitativas; g) aprovar ou fazer aprovar contas irregulares de administradores, por favorecimento pessoal, ou deixar de apurar denúncia que saiba ou devesse saber procedente, ou que justifique fundada suspeita de irregularidade. h) subscrever ações, para os fins do disposto no art. 170, com a realização em bens estranhos ao objeto social da companhia. (Incluída dada pela Lei nº 9.457, de 1997) 2º No caso da alínea e do 1º, o administrador ou fiscal que praticar o ato ilegal responde solidariamente com o acionista controlador. 3º O acionista controlador que exerce cargo de administrador ou fiscal tem também os deveres e responsabilidades próprios do cargo.
4 3. Acordo de Acionistas. O acordo entre acionistas pode versar sobre qualquer assunto, porém a aplicação do artigo da Lei das Sociedades Anônimas fica restrita a estes temas: - compra e venda de ações; - preferência para adquirir ações; - exercício do direito de voto; - exercício do poder de controle. 5 Lei nº 6.404/1976, Art Os acordos de acionistas, sobre a compra e venda de suas ações, preferência Página4 para adquiri-las, exercício do direito a voto, ou do poder de controle deverão ser observados pela companhia quando arquivados na sua sede.(redação dada pela Lei nº , de 2001) 1º As obrigações ou ônus decorrentes desses acordos somente serão oponíveis a terceiros, depois de averbados nos livros de registro e nos certificados das ações, se emitidos. 2 Esses acordos não poderão ser invocados para eximir o acionista de responsabilidade no exercício do direito de voto (artigo 115) ou do poder de controle (artigos 116 e 117). 3º Nas condições previstas no acordo, os acionistas podem promover a execução específica das obrigações assumidas. 4º As ações averbadas nos termos deste artigo não poderão ser negociadas em bolsa ou no mercado de balcão. 5º No relatório anual, os órgãos da administração da companhia aberta informarão à assembléia-geral as disposições sobre política de reinvestimento de lucros e distribuição de dividendos, constantes de acordos de acionistas arquivados na companhia. 6o O acordo de acionistas cujo prazo for fixado em função de termo ou condição resolutiva somente pode ser denunciado segundo suas estipulações. (Incluído pela Lei nº , de 2001) 7o O mandato outorgado nos termos de acordo de acionistas para proferir, em assembléia-geral ou especial, voto contra ou a favor de determinada deliberação, poderá prever prazo superior ao constante do 1o do art. 126 desta Lei.(Incluído pela Lei nº , de 2001) 8o O presidente da assembléia ou do órgão colegiado de deliberação da companhia não computará o voto proferido com infração de acordo de acionistas devidamente arquivado.(incluído pela Lei nº , de 2001) 9o O não comparecimento à assembléia ou às reuniões dos órgãos de administração da companhia, bem como as abstenções de voto de qualquer parte de acordo de acionistas ou de membros do conselho de administração eleitos nos termos de acordo de acionistas, assegura à parte prejudicada o direito de votar com as ações pertencentes ao acionista ausente ou omisso e, no caso de membro do conselho de administração, pelo conselheiro eleito com os votos da parte prejudicada.(incluído pela Lei nº , de 2001) 10. Os acionistas vinculados a acordo de acionistas deverão indicar, no ato de arquivamento, representante para comunicar-se com a companhia, para prestar ou receber informações, quando solicitadas.(incluído pela Lei nº , de 2001) 11. A companhia poderá solicitar aos membros do acordo esclarecimento sobre suas cláusulas.(incluído pela Lei nº , de 2001).
5 As ações vinculadas ao acordo de acionistas não podem ser negociadas nem no mercado de balcão, nem na bolsa de valores. Quando há descumprimento de acordo, em decorrência de: (i) Abstenção ou ausência, soluciona-se conforme artigo 118, parágrafo 9º: 9o O não comparecimento à assembleia ou às reuniões dos órgãos de administração da companhia, bem como as abstenções de voto de qualquer parte de acordo de acionistas ou de membros do conselho de administração eleitos nos termos de acordo de acionistas, assegura à parte prejudicada o direito de votar com as ações pertencentes ao acionista ausente ou omisso e, no caso de membro do conselho de administração, pelo conselheiro eleito com os votos da parte prejudicada. (ii) Voto contrário, soluciona-se conforme artigo 118, parágrafo 3º: 3º Nas condições previstas no acordo, os acionistas podem promover a execução específica das obrigações assumidas. Página5 Em se tratando de abstenção (comparece, mas não vota) ou ausência (sequer comparece), se o acordo estiver registrado na sede da companhia, o acionista prejudicado pode votar com as ações daquele que se absteve ou se ausentou. Em se tratando de voto contrário, como houve manifestação de vontade, se o acordo estiver registrado na sede da companhia, enquanto não houver a propositura da ação de execução específica para o juiz suprir a manifestação de vontade, o presidente da mesa não computa os votos contrários ao acordo de acionistas.
6 O Acordo não exime o acionista de responsabilidade por eventual voto em conflito de interesses, conforme artigo da Lei das Sociedades Anônimas. O acionista pode ser representado por um advogado, acionista ou administrador da mesma companhia com instrumento de procuração renovado anualmente, porém o prazo de validade dessa procuração pode ser válido pelo mesmo prazo do acordo. 4. Tag along e drag along. Tag along Mecanismo de proteção para acionistas minoritários. Garante a eles o direito de deixarem uma companhia (direito de retirada), caso o controle dela seja adquirido por um investidor que até então não fazia parte do quadro de sócios. Drag along Mecanismo de proteção do adquirente do controle da companhia (novo acionista controlador). Determina que os acionistas minoritários de uma empresa têm a obrigação de vender suas ações caso o acionista majoritário decida vender sua participação e o novo investidor não queira ter a companhia com parte das ações diluída entre vários sócios. Não há dispositivo legal sobre tag along e drag along, são cláusulas contratuais muito utilizadas. 6 Art O acionista deve exercer o direito a voto no interesse da companhia; considerar-se-á abusivo o voto Página6 exercido com o fim de causar dano à companhia ou a outros acionistas, ou de obter, para si ou para outrem, vantagem a que não faz jus e de que resulte, ou possa resultar, prejuízo para a companhia ou para outros acionistas.(redação dada pela Lei nº , de 2001) 1º o acionista não poderá votar nas deliberações da assembléia-geral relativas ao laudo de avaliação de bens com que concorrer para a formação do capital social e à aprovação de suas contas como administrador, nem em quaisquer outras que puderem beneficiá-lo de modo particular, ou em que tiver interesse conflitante com o da companhia. 2º Se todos os subscritores forem condôminos de bem com que concorreram para a formação do capital social, poderão aprovar o laudo, sem prejuízo da responsabilidade de que trata o 6º do artigo 8º. 3º o acionista responde pelos danos causados pelo exercício abusivo do direito de voto, ainda que seu voto não haja prevalecido. 4º A deliberação tomada em decorrência do voto de acionista que tem interesse conflitante com o da companhia é anulável; o acionista responderá pelos danos causados e será obrigado a transferir para a companhia as vantagens que tiver auferido.
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