SUPERFÍCIES INANIMADAS COMO POSSÍVEIS FONTES DE CONTAMINAÇÕES MICROBIOLÓGICAS
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- Milton Casqueira
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1 SUPERFÍCIES INANIMADAS COMO POSSÍVEIS FONTES DE CONTAMINAÇÕES MICROBIOLÓGICAS Caroline Vitório Aguiar¹ UNITOLEDO Evelyn Laguna Bianchi Cominali² UNITOLEDO RESUMO O ambiente hospitalar é um facilitador de transmissão de infecções, e as superfícies inanimadas têm a possibilidade de atuar não só como reservatório, mas também como meio de transmissão dos microrganismos. O estudo teve como objetivo a avaliação microbiológica superfícies inanimadas, demonstrando os padrões de limpeza e desinfecção destes locais. Realizado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital do Noroeste Paulista, com 126 amostras divididas em três superfícies diferentes. Foram obtidas sete amostras positivas, demonstrando que o microrganismos com maior prevalência foi para o Bacillus sp. (57%). Conclui-se que as superfícies inanimadas apresentam importantes patógenos causadores de infecções hospitalares na UTI. Palavras-chave: Superfícies inanimadas, Limpeza, Desinfecção, Microrganismos ABSTRACT The hospital environment is a facilitator of transmission of infections, and inanimate surfaces have the possibility of acting not only as a reservoir, but also as a means of transmitting the microorganisms. The study aimed at the microbiological evaluation of inanimate surfaces, demonstrating the standards of cleaning and disinfection of these sites. Performed in an Intensive Care Unit (ICU) of a hospital in Northwest Paulista, with 126 samples divided into three different surfaces. Seven positive samples were obtained, demonstrating that the microorganisms with the highest prevalence were Bacillus sp. (57%). It is concluded that inanimate surfaces present important pathogens that cause hospital infections in the ICU. Keywords: Inanimate Surfaces, Cleaning, Disinfection, Microorganisms ¹Graduanda em Biomedicina Centro Universitário Toledo Araçatuba ²Orientadora e Professora Centro Universitário Toledo Araçatuba.
2 1. INTRODUÇÃO As superfícies inanimadas no ambiente hospitalar compreende em instrumentos de naturezas diversas utilizados na assistência médico hospitalar, ou seja, instrumentos cirúrgicos, utensílios de refeição, acessórios de equipamentos, materiais de assistência respiratória, que são objetos, tais como: laringoscópio, ambú (reanimador manual), esfigmomanômetro, cobertor, estetoscópio, colchão, leito, termômetro, endoscópios, suportes de soro, eletrodos e todos os materiais utilizados pela equipe de enfermagem (FERREIRA et al. 2015). Os artigos usados nos locais de saúde são classificados segundo os riscos potenciais de propagação das infecções para os pacientes, em 3 grupos: semicríticos, críticos e não críticos. Os artigos semicríticos são aqueles que não entram em contato com as camadas da pele ou com mucosas íntegras, onde o contato se limita a pele não íntegra e necessitam da desinfecção de médio a alto nível e de esterilização, como cânula endotraqueal, equipamentos respiratórios, sonda nasogástrica, entre outros. Os artigos críticos são aqueles destinados a procedimentos invasivos, tanto na pele, quanto em mucosas adjacentes, nos tecidos subepiteliais e no sistema vascular. Estes necessitam de esterilização, que são eles: cateteres intravenosos, agulhas, materiais de implante, entre outros. Os artigos não críticos são aqueles que não entram em contato direto com o paciente. Estes necessitam de limpeza e desinfecção de baixo até médio nível, como bacias, estetoscópio, termômetro, cuba rim, roupas de cama do paciente, entre outros (BRASIL, 2011). A limpeza é o primeiro passo para o processamento dessas superfícies, e fundamentase na remoção de sujidades contidas nas superfícies inanimadas, fazendo uso de meios físicos que utiliza a temperatura, químicos utilizando saneantes ou mecânicos através da fricção (BRASIL, 2011). Está ligada a qualidade final do processo, onde pode reduzir até 4 log de organismos contaminantes. A limpeza pode ser desenvolvida através de métodos manuais ou mecânicos. No método mecânico pode ser utilizado três tipos de equipamentos, a lavadora ultra-sônica, lavadora esterilizadora e lavadora desinfetadora. Já a limpeza manual, é onde a sujidade é removida por meio da ação física com auxilio de detergente, água e artefatos como esponja e escova (BRASIL, 2005). A limpeza e a secagem dos materiais antes da desinfecção ou esterilização são obrigatórias, e é importante definir qual procedimento será realizado (BRASIL, 2005). A desinfecção é um processo onde são destruídos os microrganismos patogênicos e não patogênicos de objetos inanimados e superfícies, mas com exceção de esporos bacterianos,
3 por meios químicos ou físicos, utilizando-se soluções desinfetantes e são realizados em superfícies que entraram em contato com matéria orgânica, como sangue e fluidos corporais (BRASIL, 2011). Existem três níveis de desinfecção, mas o mais indicado para a área hospitalar é o alto nível, onde destruirá todos os microrganismos. Temos alguns fatores que afetam a eficácia da esterilização, e devemos ficar atentos as qualidades intrínsecas do organismo e/ou das qualidades físico-químicas do agente e/ou em fatores externos do ambiente (BRASIL, 2005). A esterilização é dividida em dois tipos. A primeira é a esterilização pelo calor, realizada em autoclaves e estufas, onde os microrganismos vão ser destruídos pela ação combinada do calor, da pressão e da umidade, que favorecem a termocoagulação e a desnaturação das proteínas presentes nas estruturas genéticas celulares. A segunda é feita na estufa através de calor seco onde o processo de esterilização ocorre com o aquecimento por irradiação do calor das paredes laterais e da base da estufa, e tem como consequência a destruição dos microrganismos através de um processo de oxidação das células, após a desidratação do núcleo. Para assegurar que as condições de esterilização estejam corretas, existe o indicador biológico, que testa diretamente assegurando que não haverá crescimento de microrganismos após a realização do processo (BRASIL, 2012). Para que não haja risco de recontaminação e para facilitar a distribuição, todos os materiais processados devem possuir um local certo para serem armazenados. A qualidade da embalagem e as condições de armazenagem estão relacionadas com o prazo de validade da esterilização. O local de armazenamento tem que ser distantes de janelas abertas, de portas, de drenos, de tubulações expostas e de fontes de água, com mínima manipulação, e o transito só é permitido para pessoas autorizadas (BRASIL, 2012). A biossegurança no contexto hospitalar é indispensável, pois previne, minimiza e até elimina os riscos de contaminações biológicas, atuando na manutenção e prevenção da saúde de todos os envolvidos (DOS SANTOS; PEÇANHA, 2012). Os riscos biológicos são divididos em quatro níveis de acordo com a sua endemicidade, virulência, patogenicidade, modo de transmissão, disponibilidade de profilaxia e tratamento eficazes. Os níveis de biossegurança são: primeiro nível: baixo risco para profissionais da saúde e comunidade; segundo nível: risco moderado para profissionais da saúde e baixo risco para a comunidade; terceiro nível: alto risco para profissionais da saúde e chances de disseminação de doenças na comunidade; quarto nível: alto risco para profissionais da saúde e coletivo (DOS SANTOS; PEÇANHA, 2012). Qualquer objeto pode atuar como fonte de contaminação no ambiente hospitalar,
4 transportando patógenos para dentro e para fora do hospital. Dessa forma se faz necessário o uso correto dos Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs) para o desenvolvimento das técnicas de limpeza e desinfecção, como aventais impermeáveis e descartáveis, luvas antiderrapantes grossas de borracha cano longo/curto, óculos de proteção, máscaras e outros. Os EPIs são muito importantes para que não haja transmissão de microrganismos, fluídos corpóreos ou agentes contaminantes dos ambientes e pacientes para os profissionais da saúde e vice-versa. Com a conscientização dos profissionais da área da saúde, e com a aceitação dos protocolos de controle de infecção hospitalar será legítimo a redução, o controle dos riscos biológicos e a preservação dos preceitos que visam a biossegurança (DOS SANTOS; PEÇANHA, 2012). A técnica de higienização das mãos é considerada indispensável para a remoção dos microrganismos oportunistas, ou seja, aqueles que diante de uma oportunidade tem a capacidade de se transferir como habitantes da flora humana. Além disso, ainda é a técnica mais antiga e que tem o menor custo, mas o mais importante é a eficácia que possui na prevenção do controle de infecções (CARVALHO et al. 2014). As infecções hospitalares ou nosocomiais são definidas como infecções adquiridas em uma unidade hospitalar, e que pode apresentar-se durante a internação ou após a alta do paciente, proveniente da hospitalização ou devido a algum procedimento hospitalar (FERREIRA; NOLASCO; ESPÍNDULA, 2010). No Brasil, de acordo com Júlio (2013), a estimativa é de que 5% a 15% dos pacientes que estão internados irão adquirir alguns dos tipos de infecções hospitalares. E os problemas relacionados a esse assunto vêm crescendo muito, aumentando cada vez mais os casos, sendo a central causa da morbidade (JÚLIO, 2013). Vários fatores auxiliam para o predomínio e aumento dos números de casos de infecção na UTI. Com relação ao paciente destacamos à idade avançada, queimaduras, transplantes, imunodepressão (PEREIRA et al. 2005). A ocorrência de infeções hospitalares, vai variar de acordo com os aspectos de cada UTI, como a infraestrutura, educação continuada, tipo de patologia atendida e recursos humanos. Muitos dos pacientes já chegam à UTI portando algum tipo de infecção comunitária e a associação de doenças, procedimentos invasivos e devido à iatrogenia por parte da equipe levam os pacientes ao acometimento de infecções. O paciente em terapia intensiva que lida com um processo infeccioso tem a resposta imunológica deficiente, pelo fato da sua imunidade e os mecanismos de defesa estar comprometidos devido à doença que foi a motivadora da hospitalização e pelas intervenções necessárias para chegarem até o
5 diagnóstico e ao tratamento (PEREIRA et al. 2005). As causas relevantes das infecções estão relacionadas com a situação clínica do paciente, como doenças de base, os números elevados de técnicas invasivas e erros nas medidas, no controle e precauções das infecções urinárias, pneumonias, feridas cirúrgicas, e os métodos invasivos de cateteres intravasculares, a ventilação mecânica e intervenções cirúrgicas são responsáveis pela maioria das infecções (PEREIRA et al. 2005). A infecção do trato urinário é uma das infecções nosocomiais mais frequentes na UTI, sendo causadora de 40% em média das infecções hospitalares. Normalmente os pacientes que contraem infecção urinária usam cateteres urinários. Grande parte das infecções urinárias são causadas por bactérias. As enterobactérias como Escherichia coli, Proteus sp, Klebsiella sp, Staphylococcus sp, aparecem como microrganismos mais comum na UTI e pode atingir o trato urinário por via ascendente, linfática e hematogênica (BLATT; MIRANDA, 2005). A pneumonia, definida como infecção do trato respiratório inferior, é uma infecção hospitalar que acomete pacientes em UTI, podendo ser nosocomial ou de origem comunitária, normalmente relacionada à ventilação mecânica. A pneumonia associada à ventilação mecânica se dá através da falta de homeostasia entre o mecanismo de defesa do paciente e o agente infecioso, de acordo com a virulência do microrganismo ou ao tamanho do inoculo (DERELI et al. 2013). Já a infecção de feridas cirúrgicas ou ferida operatória é adquirida na maioria das vezes durante o ato cirúrgico (JÚLIO, 2013). Segundo Dereli et al. (2013), a infecção da corrente sanguínea primária tem como importante fonte de contaminação o uso de cateteres, e é a causa com mais frequência de morbimortalidade. A causa da infecção vai depender da via, do tempo que o cateter permaneceu no local, por outra parte anatômica estar contaminada ou até pelas mãos das pessoas que trabalham no local. As principais fontes é a colonização do canhão ou do à colonização do sítio de inserção. Pseudomonas aeruginosa é um patógeno humano e está associado a infecções na UTI, atingindo com mais frequência pacientes imunocomprometidos. Os aparelhos de respiração, pias, artefatos de limpeza e sistema de hemodiálise são as fontes de maior contaminação, podendo ser igual ou maior que 50% a taxa de colonização em pacientes que utilizam de mecanismos artificiais de respiração. Está ligada a infecções do trato urinário, tendo fácil disseminação devida sua natureza ubíqua (JÚLIO, 2013). Staphylococcus aureus meticilina-resistente (MRSA) causam comumente infecção hospitalar, e é considerado um importante patógeno devido à resistência ao antibiótico
6 meticilina, devido sua virulência e também associação de várias doenças como infecções cutâneas, infecções oportunistas, intoxicação alimentar, enfermidades sistêmicas sendo mais frequentes em infecções na UTI. As razões pelas quais as infecções estafilocócicas serem mais adquiridas na UTI é devido o S. aureus ser encontrado na região da nasofaringe e fossas nasais, que pode causar desde infecções simples na pele até uma infecção mais grave em pacientes com doenças crônicas de base, queimaduras e imunossupressoras (RATTI; SOUSA, 2009). Enterococcus é uma bactéria comensal que está presente na microbiota do homem, mas pode se tornar um agente infeccioso em pacientes com fatores de riscos, e por ser um patógeno oportunista. Uma vez, que o Enterococcus está adquirindo resistência a vários antimicrobianos, a terapêutica contra esta infecção está se tornando limitada (DERELI et al. 2013). O acometimento da infecção normalmente ocorre através da microbiota endógena, seja por manipulação gastrointestinal, transmissão cruzada, através de equipamentos médicos como termômetros, estetoscópios e superfícies como mesa, telefone, maçaneta, bandeja de medicação que estão contaminadas e atua como fontes de transmissão (JÚLIO, 2013). As espécies de Klebsiella spp. causam vários tipos de infecções, tendo como principais as hospitalares, e vem sendo destacada pelos seus mecanismos de resistência, sendo a espécie mais comum a Klebsiella pneumoniae. A ventilação mecânica, cirurgia cardíaca e escores clínicos são os principais fatores de riscos encontrados na UTI, causando infecções no sistema nervoso central e em diferentes órgãos (BLATT; MIRANDA, 2005). A Klebsiella está presente no solo, na água, no esgoto e em plantas, e devido o contato com fontes ambientais colonizam os seres humanos, podem ser encontradas colonizando fezes de pessoas saudáveis e na orofaringe. Em pessoas com o sistema imunocomprometidos a bactéria se encontra no ambiente propício para crescer, levando a quadros de infecções graves (JÚLIO, 2013). Após a promulgação da portaria 196/83, no Brasil, o Ministério da Saúde realizou um estudo onde foram avaliados pacientes com mais de 24 horas de internação, sendo que o tempo médio de permanência foi de 11,8 dias. Obtiveram pacientes com infecções hospitalares taxa de 13%, sendo que os maiores índices foram nos hospitais públicos com taxa de 18,4% e nos hospitais privados sem fins lucrativos foi de 10%. Essa diferença aparece porque os hospitais públicos atendem casos com maior complexidade, enquanto que os hospitais privados atendem casos seletivos e menos complexos. Os mesmos índices mostram região centro-oeste com 7,2%, sul 9%, norte 11,5%, nordeste com 13,1% e com a maior taxa
7 aparece a região sudeste com 16,4%.. Os dados justificam a importância da inclusão dos índices de infecções hospitalares como um parâmetro para o controle de qualidade do serviço que um hospital presta (DA MATA ABEGG; DA SILVA, 2011). 2. OBJETIVOS Realizar a avaliação microbiológica em superfícies inanimadas, demonstrando os padrões de limpeza e desinfecção destes locais. 3. MATERIAL E MÉTODOS Foi feito um estudo descritivo, realizado na Unidade de Terapia Intensiva de um Hospital Municipal do Noroeste Paulista. Através de dados obtidos por coletas em superfícies inanimadas, que foram realizadas em dias e horários pré-determinados. As coletas foram feitas num período de três finais de semana seguidos, sendo realizadas aos sábados às 8:00 horas da manhã antes do horário de visitas e aos domingos às 11 horas e 30 minutos após o horário de visitas. Por final de semana foram coletadas 42 amostras, sendo 21 amostras em cada dia, totalizando 42 amostras para cada superfície, 126 amostras ao fim da pesquisa. Foi coletado três amostras de superfícies diferentes nos sete leitos disponíveis, independentemente de estarem vazios ou ocupados foram realizadas as coletas. As três superfícies utilizadas como amostra, foram a cama juntamente com o colchão, os eletrodos e os equipamentos de monitoramento incluindo suportes de soros e de medicamentos. As amostras foram coletadas por meio de swab estéril e adicionadas ao meio de transporte Stuart. O material será até o Laboratório Didático de Análises Clínicas do Centro Universitário Unitoledo. No laboratório, o material foi semeado em Ágar Sangue, e em Ágar MacConkey, ambos a 37ºC por horas, após isso realizei as análises microscópicas e macroscópicas pela coloração de Gram, das colônias nos meios de cultura. Em seguida, foram submetidas aos testes bioquímicos para a identificação bacteriana. Para a identificação dos Bacilos Gram Negativos fermentadores de glicose (Enterobactérias) foi utilizado um kit que é uma série de testes distribuídos em 5 tubos diferentes. Tubo nº1: Desaminação do L- Triptofano, Fermentação da glicose, Produção de gás a partir da glicose, Produção de gás sulfídrico, Hidrólise da uréia; Tubo nº2: Descarboxilação da lisina; Tubo nº3: Descarboxilação da ornitina, Motilidade; Tubo nº4: Rhamnose; Tubo nº5: Citrato. Os cocos
8 Gram Positivos foram identificados por meio dos testes bioquímicos da catalase e coagulase. 4. RESULTADOS Na primeira semana foram obtidas três amostras positivas, ambas de leitos diferentes onde duas foram coletadas no sábado da cama e uma no domingo também amostra da cama, e uma dentre as duas de sábado era de um leito vazio. O microrganismo isolado foi o mesmo para as três amostras sendo o Bacillus sp. Na segunda semana foram obtidas quatro amostras positivas, ambas de leitos diferentes onde uma é referente à coleta de sábado colhida da cama e colchão e três de domingo onde duas das três são amostras da cama e colchão e a outra é referente a equipamentos de monitoramento, sendo que duas dentre as três amostras de domingo eram leitos desocupados. Foi isolado três gêneros de microrganismos diferentes, Staphylococcus coagulase negativa, Serratia sp e Bacillus sp. E por fim, na terceira e última semana todas as amostras foram negativas, não houve nenhum crescimento bacteriano. Figura 1 Gráfico representativo da porcentagem dos microrganismos isolados nas camas referentes as seis amostras positivas. Na superfície eletrodo não foram obtidas amostras positivas e na superfície equipamentos de monitoramentos foi obtida apenas uma amostra positiva dentre as 42
9 coletadas para esse dispositivo. 5. DISCUSSÃO O gênero Bacillus é composto de microrganismos ambientais onde o seu habitat principal é o solo. Mas também além do solo, eles podem ser isolados em água salgada e em água doce, e ainda em gêneros alimentícios, isso devido à resistência dos esporos e a diversidade fisiológica das suas formas vegetativas. Essa resistência dos esporos constitui um problema importante na epidemiologia de certas infecções, pois certas espécies do gênero Bacillus produzem esporos que são hidrófobos, ou seja, aderem fortemente a diversos materiais, sendo resistentes aos procedimentos de limpeza. Os bacilos são igualmente causa de infecções oculares, após traumatismos acidentais ou cirúrgicos (GOMES; HEMÁTICO, 2013). A Serratia é um patógeno importante, pois possui propriedades invasivas e tem alta resistência a muitos antibióticos da atualidade, podendo ser implicadas em várias doenças infecciosas. As espécies de Serratia possuem importantes fatores de patogenicidade, pois produzem as enzimas lipase, gelatinase e Dnase. O gênero Serratia é causador de graves infecções hospitalares, sendo considerada atualmente uma bactéria emergente (MENEZES et al. 2004). Os Staphylococcus coagulase negativa são encontrados na pele e mucosas dos seres humanos, fazendo parte e compondo a microbiota normal. Antigamente não tinha-se muita importância clínica, mas nas últimas duas décadas a incidência deste microrganismo vem aumentando, são conhecidos como agentes oportunistas causadores de infecções comunitárias e nosocomiais. Infecções urinárias, associadas a dispositivos permanentes, bacteremias em hospedeiros comprometidos, endocardites de válvulas cardíacas naturais e protéticas, osteomielite e endoftalmite pós-cirúrgica são os tipos de infecções frequentemente associadas ao Staphylococcus coagulase negativa (BEZERRA et al.). Embora as principais causas de infecção hospitalar estejam relacionadas com o doente suscetível à infecção e com os procedimentos, técnicas e terapêuticos utilizados no tratamento, não podem deixar de considerar a grande parcela de responsabilidade da equipe multiprofissional, relacionada aos padrões de assepsia, higiene e as técnicas empregadas na recuperação do paciente na UTI.
10 6. CONCLUSÕES Os resultados demonstraram que as superfícies inanimadas frequentemente tocadas e equipamentos próximos ao paciente apresentam patógenos que causam infecções hospitalares. 7. REFERÊNCIAS ANVISA, M. S. Curso Básico de Controle de Infecção Hospitalar. Caderno C. Métodos de Proteção Anti-Infecciosa. BEZERRA¹, Alessandra Barros et al. Staphylococcus coagulase negativa resistente a oxacilina no Hospital Regional Público do Araguaia Pará. BLATT; MIRANDA. Perfil dos microrganismos causadores de infecções do trato urinário em pacientes internados. Rev Panam Infectol, v. 7, n. 4, p. 10-4, CARVALHO et al. Conhecimento dos Profissionais da Saúde Acerca dos Passos da Técnica de Higienização das Mãos. Disponível em: CONHECIMENTO+DOS+PROFISSIONAIS+DA+SA%C3%9ADE+ACERCA+DOS+PAS SOS+DA+T%C3%89CNICA+DE+HIGIENIZA%C3%87%C3%83O+DAS+M%C3%83OS. &hl=pt-br&as_sdt=0,5. Acesso em: 13/04/2016. DA MATA ABEGG; DA SILVA. Controle de infecção hospitalar em unidade de terapia intensiva: estudo retrospectivo. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, v. 32, n. 1, p , DERELI et al. Three-year evaluation of nosocomial infection rates of the ICU. Revista Brasileira de Anestesiologia, v. 63, n. 1, p , DOS SANTOS; PEÇANHA. Avaliação de rotinas de controle de agentes de infecção no ambiente hospitalar. Revista Eletrônica de Biologia (REB). ISSN , v. 4, n. 3, Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis. PARA, MANUAL. Normas e Rotinas de Processamento de Artigos e Superfícies, Disponível em: 97dd7a94b058abd.pdf. Acesso em: 13/04/2016. GOMES; HEMÁTICO. ALIMENTARES, Intoxicações. Gênero Bacillus spp. Disciplina de microbiologia clinica veterinária. JÚLIO, Heitor González. Infecção na Unidade de Terapia intensiva: Principais Fatores Causadores, Disponível em:
11 Acesso em: 12/04/2016. MENEZES, Everardo Albuquerque et al. Freqüência de Serratia sp em infecções urinárias em pacientes internados na Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 37, n. 1, p , Secretaria Municipal de Saúde de Minas Gerais. Processamento de Artigos em Serviços de Saúde, Disponível em: Acesso em 12/04/2016. PEREIRA, Milca Severino et al. A infecção hospitalar e suas implicações para o cuidar da enfermagem. Texto Contexto Enferm, v. 14, n. 2, p , RATTI, R. P.; SOUSA, C. P. Staphylococcus aureus meticilina resistente (MRSA) e infecções nosocomiais. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl, v. 30, n. 2, p , Serviço Público Estadual do Rio de Janeiro. Limpeza e Desinfecção de Superfícies em serviços de Saúde, Disponível em: /file.html. Acesso em: 12/04/2016. Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. Esterilização e Desinfecção de Artigos. Núcleo Municipal de controle de infecção hospitalar, Disponível em: I_03-06[1]_ ppt. Acesso em: 13/04/2016. SVIDZINSKI, Terezinha Inez Estivalet et al. Eficiência do ácido peracético no controle de Staphylococcus aureus meticilina resistente. Ciência, Cuidado e Saúde, v. 6, n. 3, p , FERREIRA et al. Avaliação da desinfecção de superfícies hospitalares por diferentes métodos de monitoramento. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 23, n. 3, p , 2015.
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